Aleijadinho

Aleijadinho – Quem Foi

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Escultor e arquiteto brasileiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é considerado a maior expressão da arte brasileira. Filho natural do mestre de obra português Manuel Francisco Lisboa; sua mãe escrava africana, chamava-se Isabel.

Cursou apenas a escola primária, estudou com o pai, e talvez também com o pintor João Gomes Batista. Adulto, sua leitura predileta foi a Bíblia, fonte de sua arte.

Aleijadinho iniciou sua aprendizagem na oficina do pai. Ele concluiu esta obra com 14 anos.

Ainda jovem, tornou-se respeitado nos meios artísticos da Capitania de Minas Gerais, realizando significativos trabalhos como arquiteto, escultor, entalhador e imaginário.

A descoberta da pedra sabão abriu novos horizontes a Aleijadinho, que esculpiu dois púlpitos para a Igreja de São José de Vila Rica.

O ponto mais alto da arquitetura de Aleijadinho seria atingido num projeto da Igreja São Francisco de Assis, que começou a ser construída em 1765 e só foi terminada em 1814.

A Igreja conta com pinturas no teto de autoria de outro grande artista da época: Manuel da Costa Ataíde. Mas foi com as figuras humanas que Aleijadinho realmente se destacou.

Cabelos estilizados, nariz fino com narinas bem delineadas, braços finos e rígidos e ângulos agudos nas pregas dos mantos foram características utilizadas pelo artista.

A obra-prima de Aleijadinho é, indiscultivelmente, o grupo de estátuas representando os Doze Profetas, erguidas no adro do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, executadas em pedra-sabão. (1800-1805).

Seu apelido advém de uma doença de caráter deformador, contraída por volta dos 40 anos de idade, que mudou a forma de sua arte. À medida que o mal aumentava, seus trabalhos ficavam mais encaixados no estilo barroco, de maneira que as obras tornam-se mais retorcidas e sem delicadeza.

Sua doença não fez com que parasse de produzir. Muito pelo contrário, produziu mais e mais. (…) Hoje, muitos artistas fazem silêncio ao se depararem com uma fachada, um chafariz ou qualquer obra de sua autoria.

Aleijadinho está sepultado sob o altar de Nossa Senhora da Boa Morte na Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.

Aleijadinho – Biografia

Antonio Francisco Lisboa

Nascimento: 29 de agosto de 1730, Ouro Preto, Minas Gerais

Falecimento: 18 de novembro de 1814, Ouro Preto, Minas Gerais

Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.

Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.

Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).

Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte.

É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira.

Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois.

Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro.

Aleijadinho – Artísta

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, hoje Ouro Preto MG, por volta de 1730.

Era filho natural de um mestre-de-obras português, Manuel Francisco Lisboa, um dos primeiros a atuar como arquiteto em Minas Gerais, e de uma escrava africana ou mestiça que se chamava Isabel.

A formação profissional e artística do Aleijadinho é atribuída a seus contatos com a atividade do pai e a oficina de um tio, Antônio Francisco Pombal, afamado entalhador de Vila Rica. Sua aprendizagem, além disso, terá sido facilitada por eventuais relações com o abridor de cunhos João Gomes Batista e o escultor e entalhador José Coelho de Noronha, autor de muitas obras em igrejas da região. Na educação formal, nunca cursou senão a escola primária.

O apelido que o celebrizou veio de enfermidade que contraiu por volta de 1777, que o foi aos poucos deformando e cuja exata natureza é objeto de controvérsias. Uns a apontam como sífilis, outros como lepra, outros ainda como tromboangeíte obliterante ou ulceração gangrenosa das mãos e dos pés.

De concreto se sabe que ao perder os dedos dos pés ele passou a andar de joelhos, protegendo-os com dispositivos de couro, ou a se fazer carregar. Ao perder os dedos das mãos, passou a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados aos punhos pelos ajudantes.

PRODUÇÃO ARTÍSTICA

O Aleijadinho tinha mais de sessenta anos quando, em Congonhas do Campo, realizou suas obras-primas: as estátuas em pedra-sabão dos 12 profetas (1800-1805), no adro da igreja, e as 66 figuras em cedro que compõem os passos da Via Crucis (1796), no espaço do santuário de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos.

O Santuário do bom Jesus do Matosinhos é constituído por uma igreja em cujo adro estão as esculturas em pedra sabão de 12 profetas: Isaias, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel, Abdias, Adacuque, Amós e Naum. Cada um desses personagens está numa posição diferente e executa gestos que se coordenam. Com isso, Aleijadinho conseguiu um resultado muito interessante, pois torna muito foret para o obervador a sugestão de que as figuras de pedra estão se movimentando.

Na ladeira que dá de frente para a igreja, compondo o conjunto arquitetônico do Santurário, foram construídas 6 capelas – 3 de cada lado – chamadas de Os Passos da Paixão de Cristo. Em cada uma delas um conjunto de esculturas – estátuas em tamanho natural – narram o momento da paixão de Cristo.

Toda sua extensa obra foi realizada em Minas Gerais e, além desses dois grandes conjuntos, cumpre citar outros trabalhos.

Certamente admirada em seus dias, já que as encomendas, vindas de vários pontos da província, nunca lhe faltaram, a obra do Aleijadinho caiu porém no esquecimento com o tempo, só voltando a despertar certo interesse após a biografia precursora de Rodrigo Bretãs (1858). O estudo atento dessa obra, como ponto culminante do barroco brasileiro, esperou mais tempo ainda para começar a ser feito, na esteira do movimento de valorização das coisas nacionais desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922.

Antônio Francisco Lisboa, segundo consta, foi progressivamente afetado pela doença e se afastou da sociedade, relacionando-se apenas com dois escravos e ajudantes. Nos dois últimos anos de vida se viu inteiramente cego e impossibilitado de trabalhar. Morreu em algum dia de 1814 sobre um estrado em casa de sua nora, na mesma Vila Rica onde nascera.

Principais Obras do Aleijadinho

Em Ouro Preto

Igreja de São Francisco de Assis (risco geral, risco e esculturas da portada, risco da tribuna do altar-mor e dos altares laterais, esculturas dos púlpitos, do barrete, do retábulo e da capela-mor);
Igreja de Nossa Senhora do Carmo (modificações no frontispício e projeto original, esculturas da sobreporta e do lavatório da sacristia, da tarja do arco-cruzeiro, altares laterais de são João Batista e de Nossa Senhora da Piedade);
Igreja das Mercês e Perdões ou Mercês de Baixo (risco da capela-mor, imagens de roca de são Pedro Nolasco e são Raimundo Nonato);
Igreja São Francisco de Paula (imagem do padroeiro);
Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias (quatro suportes de essa);
Igreja de São José (risco da capela-mor, da torre e do retábulo);
Igreja de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos ou de São Miguel e Almas (estátua de são Miguel Arcanjo e demais esculturas no frontispício);
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (imagem de santa Helena); e as imagens de são Jorge, de Nossa Senhora, de Cristo na coluna e quatro figuras de presépio hoje no Museu da Inconfidência.

Em Congonhas: Igreja matriz (risco e escultura da sobreporta, risco do coro, imagem de são Joaquim).

Em Mariana: chafariz da Samaritana.

Em Sabará: Igreja de Nossa Senhora do Carmo (risco do frontispício, ornatos da porta e da empena, dois púlpitos, dois atlantes do coro, imagens de são Simão Stock e de são João da Cruz).

Em São João del-Rei: Igreja de São Francisco de Assis (risco geral, esculturas da portada, risco do retábulo da capela-mor, altares colaterais, imagens de são João Evangelista);

Igreja de Nossa Senhora do Carmo (risco original frontispício e execução da maioria das esculturas da portada).

Em Tiradentes: Matriz de Santo Antônio (risco do frontispício).

Aleijadinho – Obras

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é, sem dúvida, o artista colonial brasileiro mais estudado e conhecido.

Entretanto, alguns pontos de sua vida são ainda obscuros, a começar por sua data de nascimento. A data de 29 de agosto de 1730, encontrada em uma certidão de óbito de Aleijadinho, conservada no arquivo da Paróquia de Antônio Dias de Ouro Preto. Baseado neste segundo documento, o artista teria falecido em 18 de novembro de 1814, com setenta e seis anos, e seu nascimento dataria, portanto, de 1738.

Nasceu bastardo e escravo, uma vez que era “filho natural” do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma de suas escravas africanas.

A mesma incerteza caracteriza o capítulo de sua formação. Provavelmente ele não teria freqüentado outra escola que a das primeira letras, e talvez algumas aulas de latim. Sua formação artística, ao que tudo indica, teve como prováveis mestres, primeiramente, o próprio pai, arquiteto de grande projeção na época, e o pintor e desenhista João Gomes Batista, que exercia as funções de abridor de cunhos da Casa de Fundição da então Vila Rica. Resta, contudo, precisarem-se as origens de formação do escultor, aspecto sem dúvida primordial em sua produção artística e que interessam diretamente ao estudo de suas obras em Congonhas.

Como hipóteses desta formação temos por indicação de alguns biógrafos, nomes como de Francisco Xavier de Brito, e de José Coelho Noronha, ambos artistas entalhadores de renome no período, e que provavelmente atuaram como mestres de Aleijadinho. Não se pode deixar de mencionar, neste terreno, a influência de gravuras européias, principalmente registros de Santos de origem germânica, e com as quais as imagens do Aleijadinho apresentam afinidade estilística.

A primeira menção histórica relativa à carreira artística de Antônio Francisco Lisboa data de 1766, quando o artista recebe a importante encomenda do projeto da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto.

Antes dessa data, a personalidade de Aleijadinho se definia pela plenitude da vida, com gozo de perfeita saúde, boa mesa e afinidade com as danças vulgares da época. Tudo isto, porém, aliado ao exercício de sua arte. Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, vem a falecer em 1767, deixando nome de grande arquiteto e deixando também alguns irmãos, que tinha como mãe do artista e outros que houvera do legítimo matrimônio.

Entre estes, o padre Félix Antônio Lisboa, que tratava Aleijadinho com grande deferência e com quem ele provavelmente apurou o latim, muito freqüente em sua obra. Em 1772 ingressa na irmandade de São José e, em 1775, teve um filho, nascido no Rio de Janeiro, batizado com o nome de Manoel Francisco Lisboa, em homenagem ao pai. A mãe do menino foi Narcisa Rodrigues da Conceição. Ao que consta, seu filho seguiu sua vocação, tornando-se também escultor. Casou-se com Joana de Araújo Corrêa, e teve um filho de nome Francisco de Paula, neto de Aleijadinho.

O ano de 1777 seria o ano que dividiria sua vida. Um ano de doenças, crucial. Até ali, suas obras refletia jovialidade, até uma certa alegria. Depois, e principalmente no final, a obra do artista é triste, amargurada e sofrida.

“Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para poder obrar” (informação do vereador de Mariana, Joaquim José da Silva, citado por Rodrigo Ferreira Brêtas). Há recibos de despesas pelo transporte de Aleijadinho, que confirmam esta citação. Sobre as doenças do grande artista já se publicaram vários estudos, mas nenhum deles pôde ser contundente.

Tancredo Furtado, num excelente estudo, chega a estas conclusões:

“A lepra nervosa é a única afecção capaz de explicar a mutilação (perda dos dedos dos pés e alguns das mãos), a deformidade (atrofia e curvamento das mãos) e a desfiguração facial, as quais lhe valeram a alcunha de Aleijadinho.

“A lepra nervosa (tipo tuberculóide da moderna classificação) é uma forma clínica não contagiosa, em que as manifestações cutâneas podem ser discretas ou mesmo ausentes. É relativamente benigna, poupa os órgãos internos e tem evolução crônica. Compreende-se assim, que Antônio Francisco Lisboa tenha vivido quase 40 anos após haver-se manifestado a doença que não o impediu de completar sua volumosa obra artística”.

A obra e nome de Aleijadinho alcançam imensa fama após 1790. O artista tinha deixado Vila Rica por volta de 1788. Antes, em 1779, fora convocado a Sabará, onde trabalhou em encomendas relativas à ornamentação interna e externa da Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Durante um período de mais de vinte anos, Aleijadinho foi requisitado sucessivamente pela maioria das Vilas coloniais mineiras que passaram a requisitar ou mesmo disputar abertamente o trabalho do artista, cuja vida transformara-se numa verdadeira roda-viva, sendo às vezes, obrigado a trabalhar em obras de duas ou mais cidades diferentes.

A produção artística deixada por Aleijadinho, confirmada por documentos de arquivos, é considerável. Recibos redigidos e assinados de seu próprio punho existem em grande número e constituem, juntamente com os lançamentos correspondentes dos livros de despesas, fonte histórica de certeza indubitável. A maior parte destes documentos encontra-se em seus locais de origem, ou seja, nos arquivos dos templos onde Aleijadinho trabalhou.

São inexistentes estudos e pesquisas aprofundados sobre o “atelier” do Aleijadinho, ao qual, sem dúvida, pertence boa parte das obras que são atribuídas ao artista. Os “oficiais” do “atelier” são mencionados em grande número de documentos e estiveram com seu mestre, na maioria das obras realizadas por ele. Esses oficiais auxiliavam Aleijadinho na execução de obras secundárias, no acabamento, ou até mesmo na confecção de peças inteiras como nos Passos de Congonhas.

É provável que esses artesões tenham executado obras por conta própria mesmo durante o período de vida de Aleijadinho e, certamente, após sua morte também.

Sob esse aspecto, o conjunto de Congonhas oferece material abundante para pesquisa. A amplitude da obra realizada em Congonhas, em apenas nove anos, exigiu a cooperação intensa de auxiliares, mais do que em qualquer outra situação. Já no final de sua vida, gravemente mutilado pela enfermidade, Aleijadinho não teria deixado tão valioso conjunto de obras, sem a colaboração de seus artesões.

Em 1796, no apogeu de uma vitoriosa carreira artística, e considerado pelo próprios contemporâneos como superior a todos outros artistas de seu tempo, Aleijadinho inicia em Congonhas o mais importante ciclo de sua arte.

Em menos de dez anos cria 66 figuras esculpidas em cedro, compondo os passos da paixão de Cristo e em pedra-sabão, esculpe os 12 profetas, deixando em Congonhas o maior conjunto estatutário barroco do mundo.

Aleijadinho – História

Antonio Francisco Lisboa - Aleijadinho
Antonio Francisco Lisboa – Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa, conhecido por Aleijadinho por causa da doença que sofreu e o deformou sem piedade, nasceu dia 29 de Agosto de 1730.

Izabel, mãe de Aleijadinho deu a luz no bairro do Bom Sucesso, na cidade de Ouro Preto, antiga capital da Província de Minas Gerais.

Filho natural de Manuel Francisco Lisboa, arquiteto português, e de Izabel, uma pobre escrava africana: “…nesta Igreja de Nossa Senhora da Conceição com licença minha baptizou o Rdo. Pe. João de Brito a António, fo. de Izabel, escrava de Manoel Francisco da Costa de Bom Sucesso,elhe pôs logo os stos. Oleos edeu odo. seo senhor por forro…”

O nome do pai de Aleijadinho aparece, na Certidão, grafado Manoel Francisco da Costa.

Historiógrafos, como Rodrigo José Ferreira Bretas (1858), afirmam que são nomes pertencentes à mesma pessoa.

Feu de Carvalho, autor do “Ementário da História de Minas” não aceita erros em qualquer documento da época. Argumenta que se o pai do Aleijadinho tivesse da Costa no nome, o Procurador da Câmara jamais consentiria que num contrato ele apenas assinasse parte do seu nome. Afirma que em nenhum documento há uma assinatura com da Costa. Todos estão assinados como Manuel Francisco Lisboa.

Por causa deste fato muitos historiógrafos e a Igreja negam a existência do Aleijadinho.

Momento histórico em que viveu Lisboa

Nos primeiros anos de vida, Aleijadinho deve ter tido conhecimento das perversidades do governador luso, D. Pedro de Almeida.

Este autocrata, Conde de Assumar, decretou a destruição das choupanas de adôbe situadas no Morro de Ouro Podre, local onde se refugiavam os escravos do Mestre-de-campo, Pascoal da Silva Guimarães.

Aleijadino, na adolescência, pode entender as velhas rivalidades entre taubateanos e outros paulistas. Sentiu na própria pele a mesquinhez do Governador D. Luiz da Cunha Menezes.

Soube das sangrentas lutas dos habitantes de São Paulo com os emboabas.

Observou o descontentamento, cada vez maior, pela cobrança dos “quintos”, taxas obrigatórias que a Colônia tinha de pagar ao Reino. Uma condição intolerável já que os fecundíssimos veios auríferos se exauriam.

Os interesses da Metrópole ligados às jazidas determinaram a mudança do Governo Geral para o Rio de Janeiro porque esta medida era mais conveniente do que a defesa da Colonia do Sacramento, localizada à margem esquerda do Rio da Prata.

E assim também se deslocou do sul em direção ao centro a economia brasileira da época.

Sacerdotes de diversas ordens conseguiam licença para esmolar nas Minas onde arrecadavam grandes quantidade de ouro, início do esplendor dos conventos sob o trabalho escravo.

Descontentamentos, roubos, crimes, disputas entre ordens, mineradores, aventureiros e perseguições não impediram a prosperidade de Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Albuquerque, nome dado pelo Governador Antônio de Albuquerque à região descoberta.

Obras de Aleijadinho em Ouro Preto, MG

Há de se ter muito cuidado em atribuir a Aleijadinho a autoria de tantas obras de arte.

Em cada gênero talhado pelo Mestre há diversas características próprias de seu risco: proporções, marcas de golpes do cinzel, número de dobras nas vestimentas.

Aleijadinho não foi o único “santeiro”, abridor de cunhos, escultor, projetista, empreiteiro de sua época: Antônio Francisco Pombal, Domingos Marques, João Gomes Batista, José Coelho de Noronha, José Fernandes Pinto de Alpoim, Felipe Vieira, Manuel Rodrigues Coelho, Antônio Coelho da Fonseca, Pedro Gomes Chaves.

Francisco de Lima Cerqueira, Viricimo Vieira da Mota, além do próprio pai de Aleijadinho, Manuel Francisco Lisboa e do Mestre Valentim da Fonseca e Silva.

Estas a seguir são as obras, com algumas ressalvas, atribuídas ao Mestre Aleijadinho:

Planta da Igreja de São Francisco de Assis, talha e escultura do frontispício, os dois púlpitos, o chafariz da sacristia, imagens das três pessoas da Santíssima Trindade, anjos do altar-mor;

Obras da Igreja de Nossa Senhora do Carmo;

Obras na Capela de São Miguel e Almas, ou Bom Jesus das Cabeças.

Nos arquivos e livros das ordens religiosas ( Franciscana, Carmelita, Beneditina) e das paróquias estabelecidas em Ouro Preto encontramos diversos recibos de trabalhos artísticos passados por Aleijadinho.

E com argumentos sustentado nestes recibos é atribuído ao Mestre a autoria de centenas de obras em toda Gerais.

“Aleijadinho foi invenção do governo Vargas”

O pesquisador paulista Dalton Sala acredita que Aleijadinho foi uma invenção do governo Getúlio Vargas. Para Sala, o Mestre é um mito criado para a construção da identidade nacional – um protótipo do brasileiro típico: “mestiço, torturado, doente, angustiado, capaz de superar as deficiências por meio da criatividade”.

Segundo o pesquisador, nunca ficou provado textualmente que uma pessoa chamada Antônio Francisco Lisboa, conhecida como Aleijadinho, tivesse feito todas as obras que lhe foram atribuídas. Sala atribui a construção do mito Aleijadinho a uma necessidade política e ideológica da ditadura Vargas.

“Criado duas semanas depois do golpe de 1937, o SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tinha como meta colaborar na construção de uma identidade nacional”.

Sala ainda afirma que a criação dessa identidade baseou-se em dois grandes mitos: Aleijadinho e Tiradentes porque a figura de Aleijadinho faz coincidir um processo de autonomia cultural com um processo de autonomia política, personificado em Tiradentes.

O pesquisador diz que o mito Aleijadinho, de origem duvidosa, já existia antes de Vargas. Foi apenas aproveitado pelo Estado Novo.

Em 1858, Rodrigo José Ferreira Bretas publicou no ‘Correio Oficial’ de Minas que havia achado um livro datado de 1790, com a história de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

“Acontece que esse livro, chamado ‘Livro de registros de fatos notáveis da cidade de Mariana’, nunca foi visto por ninguém”, diz Sala.

O paulista conclui sua teoria afirmando que em 1989, o historiador de Arte Germain Basin, disse-lhe que foi pressionado pelo ex-presidente do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade, e pelo arquiteto Lúcio Costa para emitir parecer atribuindo a Aleijadinho a autoria de obras.

Acróstico prova a existência do Santo-bruxo, tombado

Aleijadinho transcende aos rococós e motivos do barroco mineiro que, carregados de ironia, faz de sua iconografia a enunciação de significados profanos.

Não fosse verdadeira essa afirmação fica pelo menos a dúvida uma vez que o padre Júlio Engrácia, administrador do Santuário de Congonhas do Campo, no começo do século XX, tentou eliminar as obras de Aleijadinho.

Contra aqueles que negaram ou ainda negam a sua existência o Mestre Lisboa montou um acróstico.

As iniciais dos Profetas Abdias, Baruc, Ezequiel, Jonas, Jeremias, Amós, Daniel, Joel, Nahum, Habacuc, Oséias e Isaías montam o nome como era conhecido: Aleijadinho.

Bastariam 11 letras. O Mestre além de utilizar as iniciais de Jonas e Joel (o jota tônico tem som de “i”), usa o “i” de Isaías, para homenagear sua mãe, escrava Izabel, de propriedade de seu pai, Manoel Francisco Lisboa.

Ao todo são 12 Profetas: 4 Maiores, 7 Menores e 1 Escriba, Baruc (Berk-yah) que quer dizer Louvado, pois não há Profeta com a inicial L.

Aleijadinho estava além da alegoria, do telúrico, e já passeava pelo Mundo da Criação 200 anos da ciência ter chegado perto da interpretação do Universo.

Nesta audácia, transgride com o seu cinzel. Deixa impresso na arte os momentos e estados da Alma que morria em vida.

Conseguir ver e refletir sobre as mensagens deixadas pelo Mestre é uma conquista sem limites da capacidade criadora que transcende à compreensão dos homens de razão. Só entenderá as mensagens aquele que possuir Alma.

Um grito de libertação: independência ou morte!

Baruc é um escriba entre os Profetas, como Critilo foi o autor das Cartas Chilenas. Ambos, Aleijadinho e Gonzaga, foram perseguidos, oprimidos e possuíam desejos de libertação.

O reforço desta ligação com os Inconfidentes está no conhecimento que possuía sobre a Escola Maçônica que tanto destaca em suas arquiteturas (G.M.:), nos gestos dos Profetas e nos motivos de suas indumentárias.

Sem culpa pela profanação ou medo de castigos, Aleijadinho criou o Adro: um lamento coletivo.

Peregrinos se apresentam diante do Bom Jesus arrependidos de suas culpas. Parece que todo o sofrimento humano flui para lá.

A pedra-fria-sabão naquele conjunto parece disposta a ouvir e a compartilhar dos sofrimentos da humanidade além de “fazer” as advertências que o próprio colóquio dos Profetas nos impõe.

Morrendo em vida mas com sua Vontade viva encontrou o Verbo Perfeito, o Absoluto, que se revelou pela força da palavra e que deu a esta palavra um sentido igual a si mesma: “passagem”.

Com os 12 Profetas (1+2=3, o triângulo, a primeira figura perfeita)somou com ele 13 – a presença da Inteligência trabalhando diretamente ligada à Unidade produzindo uma total varredura de coisas negativas para ressuscitar as positivas, um Novo Ciclo, a Ressurreição.

Aleijadinho deixou para a humanidade muito mais do que sinais, símbolos ou representações da Cabala.

Obrigado por ter deixado tanta informação que, depois de quase 200 anos em silêncio, nós hoje podemos entender e ouvir o seu grito de Libertação: – Independência ou morte!

Aleijadinho: se uma invenção, e daí?

Sem o propósito deliberado de firmar polêmica sobre o tema cuja origem remete à pesquisa de Dalton Sala, segundo quem a autoria das belas esculturas não pertenceria à figura de Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho), interessa-me o fato de enfocar a questão por outro ângulo: a autonomia da arte e a verdade.

Afirmam os positivistas que, contra os fatos, não há argumentos. Já os jornalistas consideram serem mais importantes que os fatos suas possíveis versões. Por fim, os semiólogos julgam estar, acima dos fatos e das versões, a interpretação. Confesso-me inclinado a ser parceiro da terceira vertente, principalmente quando o objeto de discussão envolve a arte.

Aflige o ser humano o fantasma da verdade e da mentira. Há uma irrefreável tentação no sentido de se aprisionar o sentido sobre todas as coisas. Parece-nos que, quando o conseguimos, tornamo-nos menos inseguros e mais fortes. O problema, porém, é que a arte, embora se origine da substância do mundo, não comporta a contaminação do que é mundano.

Por outra via, deseja-se afirmar que o mundano não serve para se tentar extrair a verdade da arte. A arte desliza no tempo-espaço em regime de plena liberdade, o que possibilita que seus conteúdo e forma se reatualizem, à luz das transformações.

É isto que explica o fato de uma obra concebida no século V de Péricles, a exemplo da tragédia Édipo Rei, prestar-se como desafio à compreensão de fenômenos contemporâneos. Nada a alterará, se, num futuro qualquer, alguém encontrar um documento no qual figure que a autoria da peça não é de Sófocles. O que foi criado artisticamente haverá de continuar seguindo seu próprio caminho. O resto fica por conta da “fofoca histórica”. E fim.

Louve-se o espírito diligente do pesquisador Sala. Todavia, sua contribuição, se correta o for, apenas imporá pequenas alterações no campo da informação. Em nada, o conjunto de signos a configurar a estética presente em Congonhas do Campo sofrerá qualquer abalo. Ali está consignado um modo de apreender o real na sua dimensão mais profunda acerca das dores do mundo, de suas tensões, de sua beleza, de suas contradições. Enfim, uma visão de contrastes na mais profunda estetização barroca.

É preciso ainda ressaltar que, em tempos mais antigos, a autoria de qualquer obra era um dado inexpressivo, sujeito a circunstâncias das mais diversificadas. A autoria, como hoje a conhecemos, deriva de uma construção narcisista e patrimonial do imaginário burguês, diante de sua doentia aspiração à eternidade e ao lucro. A obra escultural de Aleijadinho (ou de quem tenha sido) está fora de quaisquer contaminações ocasionais.

Como arte, nada do que sobre ela se venha a descobrir ou a encobrir, a atingirá. E é apenas na condição de criação artística que as esculturas adquirem real e perene interesse.

No mais, são curiosidades, bisbilhiotices de alcova ou de gabinetes, ou seja, tudo aquilo que é menor, mesquinho, simplório, apequenado. Tudo que é recusado e ignorado pela arte. Restabelecer ou ratificar a “verdade autoral” a respeito da obra de arte sinaliza o uso de um olhar estrábico que tende a ver o mundo por um viés torto. Ivo Lucchesi

Aleijadinho – Arquiteto

Antônio Francisco Lisboa nasceu a 29 de agosto de 1730 no arrabalde desta cidade que se denomina o Bom Sucesso, pertencente à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias.

Filho natural de Manuel Francisco da Costa Lisboa, distinto arquiteto português, teve por mãe uma africana, ou crioula, de nome Isabel, e escrava do mesmo Lisboa, que o libertou por ocasião de fazê-lo batizar.

Antônio Francisco era pardo-escuro, tinha voz forte, a fala arrebatada, e o gênio agastado: a estatura era baixa, o corpo cheio e mal configurado, o rosto e a cabeça redondos, e esta volumosa, o cabelo preto e anelado, o da barba cerrado e basto, a testa larga, o nariz regular e algum tanto pontiagudo, os beiços grossos, as orelhas grandes, e o pescoço curto. Sabia ler e escrever, e não consta que tivesse freqüentado alguma outra aula além da de primeiras letras, embora alguém julgue provável que tivesse freqüentado a de Latim.

Detalhe do busto do Profeta Daniel, em pedra sabão, por Aleijadinho, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, MG
Detalhe do busto do Profeta Daniel, em pedra sabão, por Aleijadinho, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, MG

O conhecimento que tinha de desenho, de arquitetura e escultura fora obtido na escola prática de seu pai e talvez na do desenhista pintor João Gomes Batista, que na corte do Rio de Janeiro recebera as lições do acreditado artista Vieira e era empregado como abridor de cunhos na casa da fundição de ouro desta capital.

Depois de muitos anos de trabalho, tanto nesta cidade, como fora dela, sob as vistas e risco de seu pai, que então era tido na província como o primeiro arquiteto, encetou Antônio Francisco a sua carreira de mestre de arquitetura e escultura, e nesta qualidade excedeu a todos os artistas deste gênero, que existiram em seu tempo. Até a idade de 47 anos, em que teve um filho natural, ao qual deu o mesmo nome de seu pai, passou a vida no exercício de sua arte, cuidando sempre em ter boa mesa, e no gozo de perfeita saúde; e tanto que era visto muitas vezes tomando parte nas danças vulgares.

De 1777 em diante, as moléstias, provindas talvez em grande parte de excessos venéreos, começaram a atacá-lo fortemente. Pretendem uns que ele sofrera o mal epidêmico, que, sob o nome de zamparina, pouco antes havia grassado nesta província, cujos resíduos, quando o doente não sucumbia, eram quase infalíveis deformidades e paralisias; e outros que nele se havia complicado o humor gálico com o escorbútico.

O certo é que, ou por ter negligenciado a cura do mal no seu começo, ou pela força invencível do mesmo, Antônio Francisco perdeu todos os dedos dos pés, do que resultou não poder andar senão de joelhos; os das mãos atrofiaram-se e curvaram, e mesmo chegaram a cair, restando-lhe somente, e ainda assim quase sem movimento, os polegares e os índices. As fortíssimas dores que de contínuo sofria nos dedos, e a acrimônia do seu humor colérico o levaram por vezes ao excesso de cortá-los ele próprio, servindo-se do formão, com que trabalhava!

As pálpebras inflamaram-se, e permanecendo nesse estado, ofereciam à vista sua parte interior; perdeu quase todos os dentes, e a boca entortou-se, como sucede freqüentemente ao estuporado; o queixo e o lábio inferior abateram-se um pouco; assim, o olhar do infeliz adquiriu certa expressão sinistra e de ferocidade, que chegava mesmo a assustar a quem quer que o encarasse inopinadamente. Esta circunstância, e a tortura da boca, o tornavam de um aspecto asqueroso e medonho.

Quando em Antônio Francisco se manifestaram os efeitos de tão terrível enfermidade, consta que certa mulher de nome Helena, moradora na Rua do Areião ou Carrapicho, desta cidade, dissera que ele havia tomado uma grande dose de cardina (assim denominou a substância a que se referia) com o fim de aperfeiçoar seus conhecimentos artísticos, e que daí lhe havia provindo tão grande mal.

A consciência que tinha Antônio Francisco da desagradável impressão que causava sua fisionomia o tornava intolerante, e mesmo iroso para com os que lhe parecia observarem-no de propósito; entretanto, era ele alegre e jovial entre as pessoas de sua intimidade.

Sua prevenção contra todos era tal, que, ainda com as maneiras agradáveis de tratá-lo e com os próprios louvores tributados à sua perícia de artista, ele se molestava, julgando irônicas e expressivas de mofa e escárnio todas as palavras que neste sentido lhe eram dirigidas. Nestas circunstâncias costumava trabalhar às ocultas debaixo de uma tolda, ainda mesmo que houvesse de fazê-lo dentro dos templos. Conta-se que um general (talvez D. Bernardo José de Lorena), achando-se em certo dia a presenciar de perto o seu trabalho, fora obrigado a retirar-se pelo incômodo que lhe causavam os granitos de pedra em que escultava o nosso artista e que este deliberadamente fazia cair sobre o importuno espectador.

Possuía um escravo africano de nome Maurício, que trabalhava como entalhador, e o acompanhava por toda a parte; era este quem adaptava os ferros e o macete às mãos imperfeitas do grande escultor, que desde esse tempo ficou sendo geralmente conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Tinha um certo aparelho de couro, ou madeira, continuamente aplicado aos joelhos, e neste estado admirava-se a coragem e agilidade com que ousava subir pelas mais altas escadas de carpinteiro.

Maurício era sempre meeiro com o Aleijadinho nos salários que este recebia por seu trabalho. Era notável neste escravo tanta fidelidade a seus deveres, sendo que entretanto tinha por senhor um indivíduo até certo ponto fraco e que muitas vezes o castigava rigorosamente com o mesmo macete que lhe havia atado às mãos. Além de Maurício, tinha ainda o Aleijadinho dois escravos de nomes Agostinho e Januário; aquele era também entalhador, e este quem lhe guiava o burro em que andava e nele o colocava.

Ia à missa sentado em uma cadeira tirada de um modo particular por dois escravos, mas quando tinha de ir à matriz de Antônio Dias, a que estava contígua a casa em que residia, era levado às costas de Januário. Depois da fatal enfermidade que o acometeu, trajava uma sobrecasaca de pano grosso azul que lhe descia até abaixo dos joelhos, calça e colete de qualquer fazenda, calçava sapatos pretos de forma análoga aos pés, e trazia, quando a cavalo, um capote também de pano preto com mangas, golas em pé e cabeção, e um chapéu de lã parda braguês, cujas largas abas estavam presas à copa por dois colchetes.

O cuidado de furtar-se às vistas de pessoas estranhas dera-lhe o hábito de ir de madrugada para o lugar em que tinha de trabalhar e voltar à casa depois de fechada a noite; e, quando devia fazê-lo antes, notava-se lhe algum esforço para que a marcha do animal fosse apressada e assim se frustrasse o empenho de alguém que sobre ele quisesse demorar suas vistas.

Entrando-se agora na apreciação do mérito do Aleijadinho como escultor e entalhador, tanto quanto pode fazê-lo quem não é profissional na matéria, e somente à vista das obras que deixou na capela de São Francisco de Assis, desta cidade, cuja planta é sua, reconhece-se que ele mereceu a nomeada de que gozou, atendendo-se principalmente ao estado das artes no seu tempo, à falta que sentiu de mestres científicos e dos princípios indispensáveis a quem aspira à máxima perfeição nos referidos gêneros, e sobretudo às desvantagens contra as quais ultimamente lutava em conseqüência da perda de membros necessários à execução de seus trabalhos.

São obras do Aleijadinho a talha e escultura praticada no frontispício da referida capela, os dois púlpitos, o chafariz da sacristia, as imagens das Três Pessoas da Santíssima Trindade e dos Anjos que se vêem no cimo do altar-mor, a talha deste e bem assim a escultura alusiva à ressurreição de Cristo, que se vê na frente da urna do altar-mor, a figura do Cordeiro que se acha sobre o Sacrário, e finalmente toda a escultura do teto da capela-mor.

Apenas atenta-se para estes trabalhos, depara-se logo com o gênio incontestável do artista, mas não se deixa de reconhecer também que ele foi melhor inspirado do que ensinado e advertido; portanto o seu desenho ressente às vezes de alguma imperfeição.

No relevo que representa São Francisco de Assis recebendo as chagas vê-se que ele tem no corpo e no semblante a atitude e a expressão próprias de uma situação tão importante. Junto do Santo vê-se esculpida uma açucena, cujas hastes caem tão lânguidas e pois tão naturalmente que por isso não se pode deixar de vitoriar o artista.

Na frente do púlpito que fica ao lado esquerdo do templo para quem nele entra pela porta principal, vê-se Jesus Cristo sobre uma barca pregando às turbas no mar de Tiberíade. Os vultos que representam o povo têm o ar de quem presta séria atenção, mas o Salvador não tem aí a majestade que se divisava sempre no seu rosto.

Na frente do púlpito do lado oposto acha-se representado um outro assunto tirado do Velho Testamento. É o Profeta Jonas no ato de ser lançado ao mar, e prestes a ser engolido por uma baleia, que faminta o aguarda.

Eis o resumo da respectiva legenda:

Jonas achava-se embarcado quando sobreveio uma tempestade que ameaçava submergir o navio, e tendo alguém pensando que era castigo do Senhor, infligido a algum pecador que nele se achasse, o Profeta denunciou o delito que havia cometido, deixando de ir pregar na cidade de Nínive, como o mesmo Senhor lhe havia ordenado, e pediu que o lançassem ao mar, a fim de serenar a tempestade.

Este grupo parece bem desempenhado.

Aos lados de cada um dos púlpitos vêem-se dois dos quatro Apóstolos Evangelistas, cujos nomes são indicados, pelas figuras alegóricas da visão do Profeta Ezequiel, a saber, o Anjo junto a São Mateus, o leão a São Marcos, o boi a São Lucas, a águia a São João.

Todos eles têm o ar de quem recebe as divinas inspirações.

No chafariz vê-se bem esculpida a imagem da Fé, a qual, com a expressão vaga da cegueira que lhe é própria, apresenta num retábulo o seguinte pentâmetro: Hoec est ad Coelum quae via ducit oves.

Abaixo, e aproximadamente à pia, vêem-se, de um e outro lados, mãos, pescoço e rosto de um Cervo, cuja boca deve correr a água.

O retábulo que os encobre oferece à vista o seguinte hexâmetro: Ad Dominum curro, sitiens, ut cervus ad undas.

Juízo igualmente favorável se deve fazer da execução das demais imagens e esculturas, em vulto ou em relevo, que saíram das mãos do mesmo artista, e acham-se na referida capela.

Também é obra do Aleijadinho a imagem de São Jorge, que anualmente costuma sair a cavalo na procissão de Corpus Christi, nesta cidade.

A respeito da encomenda desta obra deu-se o seguinte fato:

O General D. Bernardo José de Lorena, atendendo a que era mui pequena a imagem do dito Santo, que então havia, deu ordem a que viesse à sua presença o Aleijadinho, que devia ser encarregado de construir uma outra. O estatuário compareceu em palácio depois de muitas instâncias para o fazer. Logo que viu o Coronel José Romão, ajudante-de-ordens do general, exclamou ele, recuando: feio homem! Ao que disse em tom áspero Antônio Francisco, ameaçando retirar-se: é para isso que S. Ex.ª ordenou-me que aqui viesse?

O general, que logo apareceu, tranqüilizou o artista e pôde entrar com ele em detalhes relativos à imagem de São Jorge, que declarou ser de grande vulto, e sendo tomado para exemplo o do dito ajudante de ordens, que se achava presente, o Aleijadinho, voltando-se para este e retribuindo a ofensa dele, disse duas vezes, meneando a cabeça e com ar displicente: forte arganaz! forte arganaz!

Pretende-se que quando o artista deu por acabada a imagem, não houve quem nela deixasse de reconhecer uma cópia fiel do dito José Romão, que formando o mesmo juízo, em vão opôs-se a que ela saísse nas procissões.

Acrescentam a isto que o talento do retratista era nele mui pronunciado, e que várias outras imagens construiu de propósito, representando exatamente vulto e feições de certas pessoas.

Nas esculturas do Aleijadinho observa-se sempre mais ou menos bem-sucedida a intenção de um verdadeiro artista, cuja tendência é para a expressão de um sentimento ou de uma idéia, alvo comum de todas as artes. Faltou-lhe, como já disse, o parceiro da arte, mas sobrou-lhe a inspiração do gênio e do espírito religioso.

No ano de 1790 era este artista julgado como se verá do seguinte trecho de um artigo escrito pelo Capitão Joaquim José da Silva, 2.º vereador do Senado da Câmara da Cidade de Mariana no dito ano, e que se lê no respectivo Livro de Fatos Notáveis, estabelecido pela Ordem Régia de 20 de julho de 1782:

“A matriz de Ouro Preto, arrematada por José Francisco de Oliveira pelos anos de 1720, passa por um dos edifícios mais belos, regulares e antigos da comarca. Este templo, talvez desenhado pelo Sargento-mor Engenheiro Pedro Gomes, foi construído e adornado interiormente por Antônio Francisco Pombal com grandes colunas da ordem coríntia, que se elevam sobre nobres pedestais a receber a cimalha real com seus capitéis e ressaltos ao gênio de Scamozzi. Com a maior grandeza e soberba arquitetura traçou Manuel Francisco Lisboa, irmão daquele Pombal, de 1727 por diante, a igreja matriz da Conceição, da mesma vila, com 12 ou 13 altares e arcos majestosos, debaixo dos preceitos de Vignola. Nem é inferior à catedral matriz do Ribeirão do Carmo, arrematada em 1734 por Antônio Coelho da Fonseca, cujo prospecto e fachada correspondem à galeria, torres e mais decorações de arte. Quem entra pelo seu pórtico e observa a distribuição dos corredores e naves, arcos da ordem compósita, janela, óculos e barretes da capela-mor, que descansam sobre quatro quartões ornados de talha, capitéis e cimalha lavrada, não pode desconhecer a beleza e exação de um desenho tão bem pensado. Tais são os primeiros modelos em que a arte excedeu a matéria.

Pelos anos de 1715 ou 1719 foi proibido o uso do cinzel para se não dilapidarem os quintos de Sua Majestade, e por Ordem Régia de 20 de agosto de 1738 se empregou o escopo de Alexandre Alves Moreira e seu sócio na cantaria do palácio do governo, alinhado toscamente pelo Engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim com baluartes, guaritas, calabouço, saguão e outras prevenções militares. Nesta casa-forte e hospital de misericórdia, ideada por Manuel Francisco Lisboa com ar jônico, continuou este grande mestre as suas lições práticas de arquitetura que interessam a muita gente. Quanto, porém excedeu a todos no desenho o mais doce e mimoso João Gomes Batista, abridor da fundição, que se educou na Corte com o nosso imortal Vieira; tanto promoveu a cantaria José Ferreira dos Santos na igreja do Rosário dos Pretos de Mariana, por ele riscada; e nas igrejas de São Pedro dos Clérigos e Rosário de Ouro Preto, delineadas por Antônio Pereira de Souza Calheiros ao gosto da rotunda de Roma. Com este José Pereira se ilustraram outro José Pereira Arouca, continuador do seu desenho e obra da ordem 3.ª desta cidade, cuja esbelta cadeia se deve à sua direção, e Francisco de Lima, hábil artista de outra igreja Franciscana do Rio das Mortes. O aumento da arte se afigura de sorte que a matriz de Caeté, feita por Antônio Gonçalves Barbacena, debaixo do risco do sobredito Lisboa, cede nas decorações e medidas à matriz de Morro Grande, delineada por seu filho Antônio Francisco Lisboa, quanto este homem se excede mesmo no desenho da indicada igreja do Rio das Mortes, em que se reúnem as maiores esperanças.

Este [templo] e a suntuosa cadeia de Vila Rica, começada por um novo Manuel Francisco, em 1785, com igual segurança e majestade, me levariam mais longe se os grandes estudos e modelos de escultura feitos pelo filho e discípulo do antigo Manuel Francisco Lisboa e João Gomes Batista não prevenissem a minha pena.

Com efeito, Antônio Francisco, o novo Praxíteles, é quem honra igualmente a arquitetura e escultura . O gosto gótico de alguns retábulos transferidos dos primeiros alpendres e nichos da Piedade já tinha sido emendado pelo escultor José Coelho de Noronha, e estatuário Francisco Xavier, e Felipe Vieira, nas matrizes desta cidade e Vila Rica.

Os arrogantes altares da catedral, cujas quartelas, colunas atlantes, festões e tarjas respiram o gosto de Frederico; a distribuição e talha do coro do Ouro Preto revelada em partes, as pilastras, figuras e ornamentos da capela-mor, tudo confirma o melhor gosto do século passado.

Jerônimo Felix e Felipe Vieira, êmulos de Noronha e Xavier, excederam na exação do retábulo principal da matriz de Antônio Dias da mesma Vila o confuso desenho do Doutor Antônio de Souza Calheiros; Francisco Vieira Selval e Manuel Gomes, louvados da obra, pouco diferem de Luís Pinheiro e Antônio Martins, que hão feito as talhas e imagens dos novos templos.

Superior a tudo e singular nas esculturas de pedra em todo o vulto ou meio relevado e no debuxo e ornatos irregulares do melhor gosto francês é o sobredito Antônio Francisco. Em qualquer peça sua que serve de realce aos edifícios mais elegantes, admira-se a invenção, o equilíbrio natural, ou composto, a justeza das dimensões, a energia dos usos e costumes e a escolha e disposição dos acessórios com os grupos verossímeis que inspira a bela natureza.

Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte a atarem-se-lhe os ferros para poder obrar.

Na época a que se refere o trecho acima transcrito, algumas artes liberais estavam talvez em maior florescência do que hoje nesta província.

Ou porque, à falta de liberdade política, como sucede ainda na Itália, a tendência dos espíritos, ou a sua atividade não podia ter outro alvo, ou porque o espírito religioso dos colonos, favorecido pela riqueza de então, um dos mais poderosos meios de realizar grandes coisas, dava ocasião ou incentivo eficaz para semelhantes estudos, o certo é que os nossos antepassados deixaram-nos em escultura, música e arquitetura monumentos dignos de uma civilização assaz adiantada.

Sabe-se que o Cristianismo é eminentemente civilizador; a ele se deveu na Europa a restauração das letras e das ciências, que a invasão dos bárbaros parecia ter por uma vez aniquilado; não é menos certo que o entusiasmo religioso, como todas as paixões nobres e elevadas, é inspirador de grandiosas coisas; e, pois, muito natural era que a escultura e pintura sacras tivessem entre nós o desenvolvimento que lhes reconhecemos. O fervor piedoso dos referidos tempos tem o seu tipo na grandeza e magnificência quase fabulosas (bem que entremeadas de cenas ou alegoria profanas) da trasladação do Santíssimo Sacramento da igreja do Rosário para a nova matriz de Ouro Preto, e que se intitulou TRIUNFO EUCARÍSTICO.

O Aleijadinho exerceu sua arte nas capelas de São Francisco de Assis, de Nossa Senhora do Carmo, e nas das Almas, desta cidade; na matriz e capela de São Francisco da cidade de São João del Rei; nas matrizes de São João do Morro Grande e da cidade de Sabará; na capela de São Francisco, da de Mariana; em ermidas das fazendas da Serra Negra, Tabocas e Jaguará, do dito termo de Sabará, e nos templos de Congonhas, deste último termo, e de Santa Luzia.

Há quem afirme que é em Congonhas do Campo e em São João del Rei que se devem procurar suas obras-primas, fazendo especial menção da magnífica planta da capela de São Francisco, daquela cidade, e do bem-acabado da escultura e talha do respectivo frontispício.

Desde que um indivíduo qualquer se torna célebre e admirável em qualquer gênero, há quem, amante do maravilhoso, exagere indefinidamente o que nele há de extraordinário, e das exagerações que se vão sucedendo e acumulando chega-se a compor finalmente uma entidade verdadeiramente ideal.

É isso o que, pode-se dizê-lo, até certo ponto aconteceu a Antônio Francisco, de quem se conta o seguinte caso:

Tendo ido à corte do Rio de Janeiro, pediu que se lhe confiasse a construção da porta principal de certo templo que se concluía; foi isto julgado muita ousadia da parte de um desconhecido, e contra o qual depunham as aparências. Entretanto, foi-lhe encarregada a obra. Concluída uma das metades da porta, o artista, em certa noite, e furtivamente, a colocou no competente lugar. No dia seguinte foi o seu trabalho julgado acima de todos os outros do mesmo gênero, e não havendo artista que se animasse a completá-la, em vista do extraordinário mérito de sua execução, foi mister que para o fazer se procurasse por toda a cidade o desconhecido gênio, que afinal e depois de muitos esforços foi encontrado.

Com o mesmo fim de demonstrar a perícia deste escultor, conta-se que algumas mulheres, tendo ido a Matosinhos de Congonhas do Campo, na ocasião em que passavam por junto do Passo da Ceia, cumprimentaram as figuras que aí representam Cristo com os Apóstolos, o que, a ser devido somente ao bem acabado da escultura, nos induziria a comparar as obras do nosso patrício com os cachos de uvas de Zêuxis (famoso pintor da antiguidade), que os pássaros feriam com o bico crendo serem frutos reais.

O Aleijadinho não ajuntou fortuna alguma pelo exercício de sua arte; além de que partilhava igualmente o que ganhava com o escravo Maurício, era descuidado na guarda de seu dinheiro, que de contínuo roubavam-lhe, e muito despendia em esmolas aos pobres.

Tendo passado cartas de liberdade aos escravos acima declarados, e bem assim a uma escrava de nome Ana, as quais tinha fechado em uma caixa, os interessados lhas roubaram para talvez as lançarem no livro de notas. É certo, entretanto, que estes libertos não entraram no gozo da liberdade durante a vida do seu benfeitor.

Antônio Francisco trabalhava a jornal de meia oitava de ouro por dia. Quando concluiu as obras da capela do Carmo, das quais se havia primeiramente encarregado, queixou-se de ter recebido o seu salário em ouro falso. Posteriormente, pelos anos de 1811 a 1812, um seu discípulo de talha, de nome Justino, tendo-se encarregado da construção dos altares na dita capela pôde obter, depois de muitas instâncias, que ele fosse inspecionar e dirigir os trabalhos, e foi residir na casa que então existia contígua e pertencente àquele Santuário. Por ocasião de Dias Santos do Natal, Justino retira-se para a Rua do Alto da Cruz, onde tinha família, deixando ali seu mestre, que durante muitos dias por descuido do discípulo não teve aquele tratamento e cuidados a que estava acostumado. Com este fato coincidiu o de perder quase inteiramente a vista o nosso famoso escultor.

Neste estado, recolheu-se à sua casa, sita na Rua Detrás de Antônio Dias, da qual depois de algum tempo mudou-se definitivamente para a de sua nora de nome Joana, que dele tratou caridosamente até o seu falecimento, o qual teve lugar dois anos depois de seus últimos trabalhos de inspeção na capela do Carmo, a 18 de novembro de 1814, tendo de idade 84 anos, 2 meses e 21 dias.

Justino só tinha pago a seu mestre uma mui pequena parte do salário de um ano, que lhe pertencia, e pois desde então até o fim de sua vida a mofina do mestre nos seus solilóquios era exigir do discípulo o que lhe era devido. Durante o tempo em que esteve entrevado, freqüentes vezes apostrofava à Imagem do Senhor que tinha em seu aposento; e tantas vezes havia esculpido, pedindo-lhe que sobre ele pusesse seus Divinos Pés.

É natural que então a vida de sua inteligência em grande parte consistisse em recordação de seu brilhante passado de artista, ele se transportaria muitas vezes em espírito ao Santuário de Matosinhos, para ler profecias no semblante dos inspirados do Velho Testamento, cujas figuras tinham sido ali obradas por seu escopo, memorar, nos Três Passos da Paixão, que escultara, a bondade e a resignação do Salvador, quando preso e osculado pelo Apóstolo traidor, a mais solene das Ceias, ou a Instituição do Sacramento da Eucaristia, e a angústia da Vítima Celestial contrastando o sono profundo e tranqüilo dos três Apóstolos no horto de Getsêmani!

Vive ainda a nora do Aleijadinho, e bem que em mau estado existe também a casa em que este faleceu; num dos pequenos departamentos interiores dela vê-se o lugar em que, deitado sobre um estrado (três tábuas sobre dois toros ou cepos de pau pouco ressaltados do pavimento térreo), jazeu por quase dois anos, tendo um dos lados horrivelmente chagado, aquele que por suas obras de artista distinto tanto havia honrado a sua Pátria!

Tanta miséria ousando aliar-se a tanta poesia!

Antônio Francisco acha-se sepultado na matriz de Antônio Dias, desta cidade. Descansa em uma sepultura contígua e fronteira ao altar da Senhora da Boa Morte, de cuja festa pouco antes tinha sido juiz. Rodrigo José Ferreira Bretas

Fonte: www.ihgs.com/www.cidadeshistoricas.art.br/congonhas.caldeira.adv.br/www.starnews2001.com.br

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Um comentário

  1. Interessante a história dele…

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