Arcadismo

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O nome Arcadismo vem de uma região grega chamada Arcádia e que foi transformada, pela literatura, em um paraíso para a vida campestre e era considerada a região da felicidade durante essa escola literária.

Contexto histórico

Em âmbito mundial, o século XVIII é marcado pela Revolução Francesa, pelo Iluminismo, pela Independência dos Estados Unidos e o início da Revolução Industrial. Já no Brasil, os principais acontecimentos históricos dessa época são o Ciclo do Ouro e a Inconfidência Mineira. Tudo isso contribui para o cunho textual árcade que reflete, principalmente, a busca pela simplicidade.

Principais características do Arcadismo

O Arcadismo é a escola literária que se opõe ao Barroco. Ou seja, ela busca o equilíbrio – que no, caso, é a razão – e se afasta do conflito interno que era muito presente na escola literária anterior. De maneira geral, a principal característica arcade é a simplicidade. Por isso, há o bucolismo e o pastoralismo que são os movimentos que confirmam essa busca pela simplicidade dos poetas da época.

A sociedade aqui é racional e, por isso, a objetividade é forte durante esse período. Há, novamente, a retomada de elementos greco-latinos ou greco-romanos. O que evidencia isso são, por exemplo, as expressões em latim muito populares:

Carpe diem: esse é uma expressão que já era popular durante o Barroco, no entanto a ideia barroca baseava-se no “aproveite o dia porque você pode morrer amanhã e ainda ir para o inferno”. Já no Arcadismo, a ideia é simplesmente aproveitar o dia porque a vida é bela;

FugereUrbem: em tradução livre para o português “fuja da cidade”. Isso evidencia a busca pela natureza, estar em contato com a natureza faria com que a vida fosse melhor;

LocusAmoenus: “lugar ameno” ou “lugar tranquilo” é justamente para onde fugir do “fugereurbem”. Trata-se do campo;

InutiliaTruncat: “cortar o inútil”, mais uma vez retrata o grande apego à simplicidade.

Produção literária e principais autores

A produção literária arcade conta com duas vertentes: a lírica e a épica.

A produção lírica destaca o bucolismo, o pastoralismo e um amor galante. Os principais autores da época são Claudio Manuel da Costa, com sua obra poética, e Tomás Antônio Gonzaga com as obras “Cartas Chilenas” e “Marília de Dirceu”. Em Marília de Dirceu, o nome Dirceu se refere ao próprio Tomás Antônio Gonzaga. Na época, era comum que os autores utilizassem pseudônimos por dois motivos: estética e perseguição. A perseguição ocorria por causa da Inconfidência Mineira e, como muitos escritores eram inconfidentes, poderiam ser perseguidos pela Coroa Portuguesa.

Já a produção épica dá lugar às grandes histórias, aos grandes feitos. Os dois principais autores da época são Basílio da Gama com a obra “O Uraguai” que é a primeira obra brasileira em que os índios são colocados em uma história épica. Não da melhor forma possível, mas há um destaque. E o Frei Santa Rita Murão, com a obra “Caramuru” que é um poema que foi adaptado ao cinema.

Por Amanda Abreu

Arcadismo – O que foi

O Arcadismo surgiu em 1690, em Roma, e tinha como ideário estético o resgate da simplicidade e o equilíbrio da poética clássica greco-latina, retomada anteriormente, durante o Classicismo (século XVI), mas que perdera força durante o período barroco, marcado pelo jogo verbal rebuscado e pelo obscurantismo.

No Brasil, não foi diferente. Aqui, o Arcadismo pôde se desenvolver muito mais em Minas, graças à extração do ouro, que deu à Capitania certa riqueza e propiciou a formação de uma elite intelectual. O marco inicial dessa escola artística no Brasil é a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768.

Pertenceram à Inconfidência Mineira três dos principais poetas árcades: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. Além deles, a escola mineira contou com Silva Alvarenga, Basílio da Gama e Frei da Santa Rita Durão.

Com este grupo, começou-se a formar uma literatura mais propriamente brasileira, mais próxima da realidade local, porém, como era próprio do ideário árcade, sem abandonar os modelos europeus, sobretudo os greco-latinos. Assim, ao lado do Ribeirão do Carmo encontram-se ninfas e faunos como se verifica na Fábula do Ribeirão do Carmo, de Cláudio Manuel da Costa. Na verdade, o poeta árcade encontra-se no limiar de duas culturas, sente-se apegado à sua terra natal, mas ainda possui muito da cultura européia.

Veja-se, a exemplo, a Lira LXII, do próprio Cláudio Manuel, de onde também extrairemos elementos característicos da poética árcade.

Torno a ver-nos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto.
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da Cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que até agora se tornava em pranto.
Se converta em afetos de alegria.

O eu-lírico, adotando a perspectiva de um pastor, contrapõe os valores da natureza aos do mundo urbano (3ª estrofe). Com isto, o poeta quer dizer que a verdade, a vida real está na natureza, e não na civilização – entenda-se aí, talvez, Europa.

No Arcadismo, o ideal da vida é esse contato com a Natureza. O nome “Arcadismo” deriva de Arcádia, região lendária da antiga Grécia habitada por pastores, de caráter rústico e símbolo da simplicidade e felicidade verdadeira; por isso, o bucolismo é o principal tema da poesia árcade.

O poema deve mimetizar a vida simples e harmônica presente in natura, portanto deve ser simples, objetivo, claro e com muito mais comparações que metáforas, próprias da arte barroca.

Outra convenção árcade é o fato de os poetas adotarem nomes de pastores em seus poemas, como pseudônimos. Assim, Cláudio Manuel da Costa era Glauceste Satúrnio; Tomás Antonio Gozaga, Dirceu; Silva Alvarenga, Alcindo Palmireno; e Basílio da Gama, Termindo Sipílio.

Muitas outras questões estão diretamente presas a essa mentalidade bucólica do Arcadismo, como a idéia desenvolvida pelo filósofo francês Jean Jacques Rousseau sobre o “bom selvagem”, teoria sobre a corrupção do homem pela sociedade. Tal tema será mais bem desenvolvido depois pelos escritores românticos como o francês René Chateaubriand e o americano Francis F. Cooper e também pelos brasileiros José de Alencar e Gonçalves Dias, que se aproveitam da imagem do “bom selvagem” para a composição da imagem do índio romântico. De qualquer modo, em 1769, o poeta árcade Basílio da Gama já elevava o ameríndio a herói contra a imposição da civilização cristã, através do seu poemeto épico O Uraguai, e Frei da Santa Rita Dirão, em Caramuru, defende a catequização indígena, como única saída de salvação para os povos americanos.

O poema de Basílio da Gama é escrito em cinco cantos, em versos brancos, decassílabos (dez sílabas poéticas) e sem rimas.

O poema narra a vitória militar de Gomes Freire de Andrade na guerra contra os jesuítas, que catequizavam os índios em colônias, onde hoje é o Rio Grande do Sul e o Uruguai (o nome Uraguai é devido a um erro de grafia, que, por respeito a uma tradição, se preferiu manter até hoje).

A origem da guerra é o Tratado de Madri (1750), em que Portugal entregaria à Espanha a Colônia do Sacramento em troca da região colonizada pelos jesuítas, conhecida como Sete Povos das Missões. Como os jesuítas se recusaram a aceitar o Tratado, os dois países organizaram uma campanha militar contra os padres entre 1752 e 1756. O Uraguai narra os últimos acontecimentos dessa guerra; escrito para agradar ao Marquês de Pombal, que queria expulsar os jesuítas das colônias portuguesas, apresenta como vilões da história exatamente os religiosos.

Ainda que não fosse o ponto central, o fato é que o poema mostra-se simpático aos índios, vistos como vítimas de todo o processo de colonização, o que levou muitos críticos a caracterizarem O Uraguai como precursor da literatura indianista brasileira. Leiamos o trecho mais conhecido do poema, que é a morte da índia Lindóia, noiva de Cacambo, envenenado pelo padre Balda, pois este queria que Lindóia se casasse com Baldetta.

Por sua vez, o poema do Frei de Santa Rita Durão é escrito à Camões, com 10 cantos e oitavas com versos decassílabos heróicos. Narra a história de Diogo Álveres Correia, náufrago português, que foi salvo de ser devorado pelos índios por ter produzido um estrondo com sua arma de fogo. Assim sendo, os índios imaginaram que ele seria enviado de Tupã, deus trovão. Diogo passa a ser então alvo de disputa dos chefes, os quais concedem a Diogo a mão de suas respectivas filhas. Mas Diogo enamora-se de Paraguaçu, pretendida pelo índio Jararaca. E parte com ela para a Europa. Moema, outra índia, morre afogada no mar, tentando alcançar o navio que leva Diogo e Paraguaçu.

Duas outras obras poéticas tiveram fundamental importância para o arcadismo no Brasil, ambas de Tomás Antônio Gonzaga.

Uma obra satírica, Cartas chilenas, nas quais o poeta critica alegoricamente Luís da Cunha Menezes, governador de Minas Gerais entre 1783 e 1788, e outra lírica, Marília de Dirceu, em que Gonzaga celebrizou versos amorosos dirigidos à sua amada, Maria Joaquina Dorotéa de Seixas, a Marília. Ainda que seja uma obra poética, uma obra baseada na imaginação do poeta, é possível acompanhar, pela leitura dos poemas do livro, a trajetória do relacionamento entre Gonzaga e Joaquina, inclusive o rompimento, quando o poeta é preso acusado de ser um inconfidente (um infiel à Coroa portuguesa) e expatriado para Moçambique, onde Gonzaga reconstruiu sua vida e casou-se com a filha de um mercador de escravos.

Arcadismo – O que é

Arcadia refere-se a uma visão de pastorícia e harmonia com a natureza. O termo é derivado da província grega de mesmo nome que remonta a antiguidade; a província de topografia montanhosa e escassa população de pastores mais tarde causou a palavra Arcadia para se transformar em um provérbio poética para uma visão idílica da natureza intocada.

Arcadia é um espaço em forma poética associada com esplendor natural abundante e harmonia.

O ‘Garden’ é muitas vezes habitadas por pastores. O conceito também aparece na mitologia Renascença. Comumente considerada como estando em linha com utópicos ideais, Arcadia difere da tradição em que é mais frequentemente especificamente considerado inatingível. Além disso, ele é visto como um perdido, edênica forma de vida, contrastando com a natureza progressiva da utópicos desejos.

Os habitantes foram muitas vezes considerados como tendo continuado a viver à maneira da Idade de Ouro, sem o orgulho ea avareza que corrompido outras regiões.

O Arcadismo

O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.

Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.

Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.

Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

Arcadismo – Nascimento

O Arcadismo nasceu em oposição aos exageros, os rebuscamento literário do Barroco. Há um retorno a uma literatura simples. Os modelos a seguir são os clássicos grego-latinos. A mitologia pagã é retomada como elemento estético.

Por isso, o Arcadismo é também chamado Neoclassicismo.

O Arcadismo ou Setencentismo se inicia em 1768. Dois fatos marcam o início do Arcadismo no Brasil: a fundação da Arcádia ultramarina e a publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa.

O Arcadismo representa uma volta ao equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco-romanos.

O Arcadismo defende uma função social da literatura e se preocupa com sua finalidade moral.

Existem dois momentos distintos no Arcadismo:

Momento poético
Momento ideológico

Momento Poético

O momento poético nasce de um retorno à natureza, conforme as tradições clássicas. Segundo Jean Jacques Rousseau, filosófico francês, o homem nasce bom; a sociedade o corrompe. Segundo esse filósofo, o homem deveria retornar à natureza pura. Para o árcade, toda a beleza, pureza e espiritualidade está na natureza.

Ele procura os temas bucólicos, por isso.

A noção da supremacia do homem natural e a valorização da natureza vão permitir a entrada do Índio e da paisagem brasileira na nossa literatura. Tal tema será aprofundada no Romantismo.

Momento Ideológico

O momento ideológico do Setencentismo está ligado às mudanças político-sociais na Europa, bem como ao novo panorama cultural que se desenvolve em Portugal. Esse momento ficou conhecido como Iluminismo ou Ilustração e prega a doutrina da razão iluminada, das luzes da razão; e acredita que a razão é capaz de conduzir a humanidade ao progresso. Está voltado para a divulgação do saber juntamente com a exaltação da natureza.

O Marquês de Pombal foi um grande divulgador e defensor do Iluminismo em Portugal. O ensino Jesuítico dá lugar a uma escola renovada, progressista, que prepara o homem para ser livre e racional. Tais valores atingem o Brasil e a sua literatura. A cultura portuguesa vai abandonando a influência da Espanha, e recebe as idéias culturais e literárias da França, Itália, Inglaterra e Alemanha.

O sentimento nativista, nacionalista do Arcadismo está evidente no movimento político da Inconfidência Mineira.

A Escola Arcádia é também chamada de Escola Mineira, pois os poetas radicados em Minas Gerais são os maiores cultores desse estilo no Brasil.

O Ciclo da Mineração (ou Ciclo do Ouro) está ligado à Escola Arcádica, como um momento de nossa economia.

No Arcadismo, a luta do burguês culto a aristocracia se baseia na busca da natureza, de uma forma de vida simples, natural, bucólica, pastoril. Nada de centros urbanos monárquicos. Na verdade, essa luta ficava apenas no campo das idéias. Todos viviam na cidade. Essa busca da natureza, traduzida nas manifestações literárias, significava apenas um estado de espírito, um fingimento poético, uma postura política.

O Arcadismo observa duas teorias clássicas do poeta romano Horário:

Fugere urbem ( = fugir da cidade): valorização da natureza.
Carpe diem (goza o dia, aproveita a ocasião): preocupação em aproveitar, ao máximo, os momentos presentes, pois o tempo corre.

E observa também este outro preceito: “Inutilia truncat”: fora as inutilidades, os exageros, a linguagemm rebuscada.

Arcadismo – Movimento

O movimento conhecido como Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo é o período de caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.

No século XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.

A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII. Os artistas desse período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e imitar os padrões artísticos do Renascimento, tomados então como modelo.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pari e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer. Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 – uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

Arcadismo – Características

O Arcadismo manteve como principal característica o anti-barroco, já que os leitores já estavam cansados de tal exagerada religiosidade. Além disso, os autores procuram certa liberdade da agitação da sociedade e dos centros urbanos, usando modelos greco-latinos ou renascentistas.

Começa com a publicação, em 1768, das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, membro do “grupo mineiro”, que, juntamente com Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga, tenta adequar as propostas do neoclassicismo europeu às condições de vida e à temática brasileira.

Embora produza uma poesia essencialmente lírica e bucólica – à exceção de Gonzaga, autor também das Cartas chilenas, mordaz sátira política –, o grupo tem, em nível pessoal, envolvimento na Inconfidência Mineira.

A poesia épica, de inspiração camoniana, dos também mineiros Basílio da Gama (O Uraguai) e José de Santa Rita Durão (Caramuru), não recorre às alegorias mitológicas convencionais, distancia-se do bucolismo predominante na época e contém elementos precursores do indianismo. No Rio de Janeiro, Domingos Caldas Barbosa faz, com a coleção de cantigas Viola de Lereno, uma poesia de sabor popular.

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

Nasce em Minas Gerais. Estuda direito em Portugal e de volta ao Brasil exerce a advocacia e administra as terras herdadas. Preso e interrogado sobre seu envolvimento na Inconfidência Mineira, é encontrado morto na cela, o que é aceito como suicídio. É considerado o mentor dos outros arcadistas mineiros. Suas primeiras poesias têm ainda influência do barroco, especialmente as da fase portuguesa.

Além dos poemas bucólicos, onde a natureza é confidente das questões amorosas, faz também poesia narrativa.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Poeta brasileiro nascido em Portugal, estuda direito na Universidade de Coimbra.

No Brasil, participa do grupo de poetas que tinha como mestre Cláudio Manuel da Costa. É detido em 1789 como participante da Inconfidência Mineira e passa três anos na prisão, no Rio de Janeiro. A pena perpétua é comutada para degredo e ele embarca para Moçambique. Em Marília de Dirceu, fala do seu amor por Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a Marília dos poemas.

Nas Cartas Chilenas, satiriza o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses.

Arcadismo – História

Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante transformação cultural, marcando a decadência do pensamento barroco. A burguesia inglesa e francesa, impulsionada pelo controle do comércio ultramarino, cresceu, dominando a economia do Estado. Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais retrógrados, caíram em descrédito.

A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e aos religiosos, propagou-se por toda Europa, sobretudo na França, onde foram publicados O Espírito das Leis (1748), de Montesquieu, e o primeiro volume da Enciclopédia (1751), que tem à frente Diderot, Montesquieu e Voltaire. As idéias desses enciclopedistas, defensores de um governo burguês e do ideal do “bom selvagem”, de Rousseau – “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, devendo, portanto, retornar para a natureza”-, impulsionaram o desenvolvimento das ciências, valorizando a razão como agente propulsor do progresso social e cultural. A burguesia, em oposição ao exagero cultista barroco, voltou-se para as questões mundanas e simples, relegando a religião a um segundo plano. Sua arte emergente caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica.

Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa, influenciando Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I, com o propósito de colocar o país em dia com o progresso Europeu, executou a tarefa de renovação cultural, expulsando os jesuítas, em 1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então leigo. Fundaram-se escolas e academias, e Portugal passou a respirar um clima de novidade e de mudanças na arte, ciência e filosofia.

No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura jesuítica começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de Janeiro e Minas Gerais destacaram-se como centros de relevância política, econômica, social e cultural; foi crescente o número de estudantes brasileiros, que se expuseram às influências dos novos ideais e tendências, em universidades da Europa.

Conseqüentemente, o Iluminismo e os acontecimentos que abalaram a ordem política e social do Ocidente – Independência Norte Americana e Revolução Francesa – tiveram ampla repercussão no crescente sentimento nativista brasileiro e no descontentamento reinante, provindo da área de mineração. Vila Rica, em Minas, foi berço dos principais acontecimentos setecentistas, surgindo os poetas do Arcadismo e a Inconfidência.

CARACTERÍSTICAS

Nesse panorama iluminista de renovação cultural, da segunda metade do século XVIII, nasce uma nova estética poética: O Arcadismo, também denominado Setecentimo ou Neoclassicismo, que se posiciona contra a exuberância e problemas metafísicos do Barroco e propõe uma literatura mais equilibrada e espontânea, buscando harmonia na pureza e na simplicidade das formas clássicas greco-latinas.

A frase latina: Inutilia truncat (“as inutilidades devem ser banidas”) resume tal posição. Outros temas clássicos são Fugere urbem (“fugir da cidade”), Locus amoenus (“local ameno”), Carpe diem(“aproveitar o momento”) e Aurea mediocritas (“mediocridade do ouro”). A teoria do “bom selvagem” de Rousseau, por sua vez, traduzem a postura árcade.

Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no campo e o aproveitamento do momento presente. Embora citadinos, recriam, em seus versos, paisagens bucólicas de outras épocas, verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A poesia árcade se realiza através do soneto, com versos decassílabos e a rima optativa, e a tradição do épico, retomando os modelos do Classicismo do século XVI. A estética inovadora viria posteriormente com o Romantismo, que vai procurar criar uma nova linguagem, capaz de refletir os ideais nacionalistas, uma de suas características essenciais.

Também chamado de Escola Mineira, o Arcadismo no Brasil segue os moldes portugueses, resultando em uma poesia refinada que, ao se utilizar da paisagem mineira como cenário bucólico para os pastores, valoriza as coisas da terra, revelando um forte sentimento nativista.

A presença do índio na poesia reflete o ideal do “bom selvagem” e dá ao Arcadismo brasileiro um tom diferente do europeu.

Outra característica bem distinta do Arcadismo aqui realizado é a sátira política aos tempos de opressão portuguesa e da corrupção dos governos coloniais.

O Arcadismo no Brasil é estabelecido por um grupo de intelectuais e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa , marca o início do movimento.

A atuação do grupo cessa com o fim trágico da Inconfidência, em 1789. Há controvérsia sobre a existência da Arcádia Ultramarina, instituída, em 1768, por Cláudio Manuel da Costa, nos moldes da Arcádia Lusitana. Entretanto, mesmo que não tenha havido tal Academia, há evidências de que, pelo menos, praticava-se o Arcadismo.

Arcadismo – Origem

Das correntes artísticas do século XVIII, a que se difundiu com mais vigor no Brasil foi o Arcadismo.

A palavra Arcadismo deriva Da Arcádia, na Grécia antiga.

Originalmente uma região onde se praticavam atividades pastoris, a Arcádia passou a ser cantada na poesia como um lugar idílico, um espaço privilegiado em que pastores-poetas dedicavam-se à criação de seus rebanhos e também às artes da palavra: andariam pelos campos tocando sua lira ou flauta, cantando em versos seus amores e saudades.

O Arcadismo no Brasil

CONTEXTO HISTÓRICO

O  eixo do Brasil-colônia se deslocara do nordeste para a região centro-sul ?

Rio de Janeiro e, especialmente, Vila Rica, atual cidade mineira de Ouro Preto. Esse deslocamento deu-se com o declínio da produção açucareira no Nordeste e ao desenvolvimento do ouro e do diamante em Minas Gerais. Essa intensa atividade econômica deu ensejo ao aparecimento da vida urbana.

Os poetas árcades brasileiros estudaram em Portugal e de lá trouxeram ideais libertários que fervilhavam pela Europa inteira.

Alguns desses poetas viriam a participar da Inconfidência Mineira.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ARCADISMO BRASILEIRO

O Arcadismo foi um movimento de insubordinação ao Barroco decadente.

O restabelecimento da simplicidade e do equilíbrio da poesia clássica.

Por isso o arcadismo também é chamado de neoclassicismo.

Pastoralismo é a doutrina que defende que o homem é puro e feliz quando integrado na natureza.

Bucolismo é o gosto pela vida dos pastores, campos e atividades pastoris, é reviver a Arcádia. A poesia só é verdadeira se referenciada à natureza. Por isso, é que esta aparece com freqüência idealizada e deslocada.

Nativismo é a exploração de paisagens e atividades brasileiras. Notadamente em Gonzaga, Basílio e Durão.

Subjetividade é a expressão de sentimentos íntimos e estados de espírito melancólicos e mórbidos, aflorando a sentimentalidade e os dramas individuais.

Exploração satírica da realidade burguesa, incorporando elementos do cotidiano mais imediato.

Poetas do Arcadismo Brasileiro

TOMÁS ANTONIO GONZAGA (DIRCEU)

Nasceu no Porto, em 1744.Exerceu cargo de jurisdição em Vila Rica (atual Ouro Preto), capital da capitania de Minas Gerais.Aí começou sua amizade com Cláudio Manuel da Costa e sue romance com Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, que passaria a ser identificada com A Marília de seus poemas.

Foi denunciado como conspirador na Inconfidência Mineira: preso, foi degredado para Moçambique, onde morreu.

Escreveu As Liras de Marília de Dirceu, poemas centrados no tema de amor do pastor Dirceu pela jovem Marília.

A Marília de Dirceu apresenta basicamente duas partes: a primeira pode ser identificada com o período de conquista amorosa e namoro; a segunda pertence à fase da prisão do poeta.

Escreveu também Cartas Chilenas, um longo poema satírico que faz uma crítica ao então gove5rnador da capitania, Luis da Cunha Meneses.

CLÁUDIO MAUEL DA COSTA (Glauceste Satúrnio)

Nasceu em Mariana, MG, estudou no Rio de Janeiro e em Coimbra. Em 1768, publicou Obras, livro de poemas considerado o marco inicial do Arcadismo brasileiro.

Envolveu-se com a Inconfidência Mineira, submetido a interrogatório, fez declarações que comprometiam seus amigos, entre eles Tomás Antônio Gonzaga. Preso e deprimido, suicidou-se na prisão.
A poesia lírica é a parte mais representativa de sua obra, principalmente os sonetos.

Produziu o poema épico, Vila Rica, publicado somente em 1839.

JOSÉ BASÍLIO DA GAMA (Termindo Sipílio)

Mineiro, nascido em Tiradentes, o ponto mais alto de sua obra foi o poema épico O Uraguai que celebrava a vitória militar de Gomes Freire de Andrade, comissário real, contra os índios da Colônia dos Sete Povos das Missões do Uruguai> Localizadas a leste do Uruguai, em região hoje pertencente ao estado do Rio Grande do Sul.

FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO

Mineiro de Mariana, Minas Gerais

Sua obra consiste basicamente no Caramuru, poemaépico do descobrimento da Bahia, que narra as aventuras de Diogo Álvares Correia, náufrago português que, salvo da antropofagia graças a um disparo de sua arma, passou a viver entre os índios e exerceu importante papel na colonização das terras baianas.

O Arcadismo

Em Portugal. o Arcadismo terá início em 1756, data da fundação da Arcádia Lusitana, e perdurará até 1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett.

No Brasil, irá de 1768, com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, até 1836, quando Gonçalves de Magalhães publicando Suspiros Poéticos e Saudades, inicia o Romantismo.

O estilo Árcade reagirá contra os excessos do Barroco preconizando a restauração dos ideais clássicos, impregnando linguagem poética de simplicidade e racionalismo, a exemplo dos modelos greco-latinos. Neste contexto, o estilo também é conhecido pelo nome de Neoclassismo; quando reflete as inquietações que preparavam a eclosão do Romantismo, não será incorreto rotulá-lo Pré-Romântico.

Uma importante transformação cultural ocorrerá em terras européias principalmente a partir da segunda metade do século XVIII. As idéias religiosas, retrógradas e medievais, reagirão os ideais Racionalistas e lluministas, que valorizarão o saber a razão e a inteligência. Este clima de renovação fortalecerá os ideais burgueses em detrimento dos aristocráticos, e prepararão a sociedade para o climax libertário que se espalharia em seguida (queda da Bastilha. Independência dos E.E.U.U.).

As cidades se desenvolvem e são detectados os primeiros indícios de êxodo rural. Jean Jacques Rousseau, filósofo fancês, em sua obra Emílio, dirá que o homem precisa crescer em contato com o campo, já que apenas nele poderá permanecer puro e natural. É a teoria do bom selvagem, que justificaria o “fugere urberm” preconizado nos poemas da escola.

Esta onda de transformações chegará a Portugal, onde reina D.José, mas governa o Marquês de Pombal, que procurará modernizar a sociedade portuguesa, expulsando os jesuítas do sistema educacional português.

Esta atitude, em 1756 passou para a história conhecida como Laicização Culturai, já que, em lugar dos jesuítas, leigos passaram a tomar conta do ensino. Foi quando as obras clássicas foram revalorizadas. Horácio, Teócrito, Virgílio entre outros gregos, foram interpretados, traduzidos e divulgados.

Arcadismo vem de Arcádia – uma lendária região grega,dominada pelo deus Pan, habitada por pastores que cultivavam a música, a poesia e a natureza.

Características do estilo

Simplicidade e equilíbrio: Os árcades propunham a restauração da simplicidade na linguagem propondo o abandono de antíteses, metáforas ousadas, paradoxos e ordem inversa, dando preferência pela ordem direta.

Bucolismo e pastorolismo: A adesão ao conceito aristotélico de que a arte concebida oas pastores são tomados como modelos e paisagens tipicamente campestres serão evocadas.

A fidelidade a este preceito fez com que os poetas adotassem pseudônimos pastoris. Assim, Cláudio Manuel da Costa será Glauceste (Alceste) Satúrnio: Tomás Antônio Gonzaga será Dirceu; Basilio da Gama, Termindo Sepílio; o português Bocage, Elmano Sadino, etc.

Valorização do tempo presente: A concepção epicurista “Carpe diem”, tão presente principalmente em Tomás Antônio Gonzaga, no Brasil, a exploração da paisagem nacional, distante do padrão europeu, notadamente em Cláudio Manuel da Costa e Basilio da Gama, impregnará o arcadismo de nativismo.

lncorporação da mitologia: Como conseqüência da retomada da tradição ciássica, a poesia árcade faz freqüentes alusões aos deuses da mitologia e aos heróis da história grega.Em Basilio da Gama, o elemento mitológico será substituído pelo fetichismo indígena.

Arcadismo – Movimento

O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, caracteriza-se pela busca de restauração dos ideais de sobriedade e equilíbrio da antiguidade clássica em contraposição aos excessos do período anterior, o Barroco.

O movimento é contemporâneo do Iluminismo, corrente de pensamento racionalista que se divulgou pela Europa no século XVIII e que culminou com a Revolução Francesa, em 1789. Associações de letrados como a Arcádia Romana e, mais tarde, a Arcádia Lusitana foram veículos importantes para a propagação do ideário do movimento na Europa.

O nome “Arcádia” é inspirado na região lendária da Grécia que representa o ideal de comunhão entre homem e natureza, daí o Arcadismo ter como tema privilegiado o bucolismo, em que a natureza é vista como refúgio último das noções de verdade e beleza.

No Brasil, os poetas que melhor representam o movimento são Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu. Ambos participaram da Inconfidência Mineira, movimento político que visava a emancipação do Brasil em relação a Portugal.

Os poemas laudatórios de Basílio da Gama e a produção poética de Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga também apresentam traços típicos do Arcadismo.

Todos esses poetas concentravam-se na cidade mineira de Vila Rica, centro da atividade mineradora e mais importante centro urbano do país nesse período.

No Rio de Janeiro, nos anos de transição entre os séculos XVIII e XIX, entre uma série de novidades de ordem política e econômica que começam a transformar a fisionomia do país, verifica-se o surgimento de diversos órgãos de imprensa. Nesse momento tardio do Arcadismo, têm destaque as figuras dos jornalistas Hipólito da Costa, fundador do jornal Correio Braziliense, e Evaristo da Veiga, cronista político do Aurora Fluminense.

Contexto

No Brasil, o século XVIII é considerado o século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral que se desenvolveu na região de Minas Gerais. A prosperidade econômica do período estimulou a organização política, administrativa e dinamizou a vida cultural. A maior agilidade na troca de informações favoreceu a formação de uma consciência comum, de um sentimento nacional que, na literatura, começa aos poucos a substituir o impulso de descrição da natureza e do nativo, dominante até então. Pela primeira vez, é possível verificar no país uma relação sistemática, ainda que incipiente, entre escritor, obra e público, condição fundamental para a formação de uma literatura, conforme ensina o crítico Antonio Candido. O impulso de intelectuais e artistas de se reunirem em academias e sociedades literárias contrapõe-se ao isolamento dos períodos anteriores, em que os escritores se encontravam dispersos, as obras mal circulavam no interior do país, dirigindo-se primordialmente para leitores portugueses.

A Europa vivia a efervescência do Iluminismo e transformava-se num pólo irradiador de idéias libertárias. Ao mesmo tempo, chegavam ao Brasil as primeiras notícias sobre a independência dos Estados Unidos, conquistada em 1776. Todos esses fatores, associados à insatisfação generalizada com a exploração de Portugal, que se traduzia no aumento dos impostos sobre a extração de minérios, culminaram na Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra, onde entraram em contato com as novas idéias e doutrinas políticas. Em sua maior parte, esse grupo de oposição política era o mesmo que produzia ciência e literatura na época.

O marco inicial do estilo árcade no Brasil é a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. Sob influência de teorias francesas e italianas, os integrantes do movimento empenharam-se em restaurar a simplicidade da língua literária, que estaria contaminada por excessos retóricos e por formas degeneradas da literatura barroca. O nome Arcadismo é uma alusão à Arcádia Lusitana, associação fundada em 1756 em Portugal que congregava os opositores do maneirismo seiscentista. Inspirada na Arcádia Romana, criada em Roma em 1690, ela também remonta ao romance pastoral Arcadia (1504), do escritor italiano Jacopo Sannazaro. A obra retrata uma lendária região grega chamada Arcádia. Dominada pelo deus Pã, ela seria habitada por pastores cujo modo de vida bucólico e devotado à poesia foi transformado pelos neoclássicos em modelo ideal de convivência entre o homem e a natureza. Daí o fato de os escritores da época denominarem-se pastores e adotarem pseudônimos poéticos, como Glauceste Satúrnio (Cláudio Manuel da Costa), Alcindo Palmireno (Silva Alvarenga) e Termindo Sepílio (Basílio da Gama).

Com o propósito de restabelecer o equilíbrio da produção poética, autores do século XVIII empenharam-se na elaboração de manuais que recuperavam regras e padrões do Renascimento, por sua vez consolidados com base em formulações clássicas, principalmente de pensadores como Horácio e Aristóteles. Entre os mais importantes destacam-se o francês Nicolas Boileau, autor da Arte Poética, e o espanhol Luzán, cuja obra central é Poética. Em língua portuguesa, os principais doutrinadores do arcadismo foram Luís Antônio Verney, autor do Verdadeiro Método de Estudar (1747), e Francisco José Freire, que escreveu Arte Poética (1748).

Dos escritos desses doutrinadores, derivam duas idéias que contribuem para esclarecer parte da produção poética do século XVIII. A primeira é a idéia de que o poeta não é um sujeito em busca de meios para expressar sua subjetividade, e sim um artífice valorizado pela capacidade de pôr seu conhecimento técnico a serviço de uma causa externa. A segunda, a noção de utilidade da poesia, ou seja, a noção de que ela engrandece à medida que louva, descreve e propaga a verdade, verdade esta que se confundia com os interesses do estado.

Estilo

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Os antigos escritores gregos e romanos sintetizam o ideal de harmonia que os autores do período buscavam resgatar. Por isso eles também são conhecidos como neoclássicos. Tida como reduto por excelência do equilíbrio e da sabedoria, a natureza é a temática mais freqüente do Arcadismo.

Em grande medida, é possível dizer que a poesia arcádica caracteriza-se por essa busca pelo “natural”, ao qual estavam sempre associadas as idéias de verdade e de beleza.

Apesar de ter sido influenciada pela tradição poética do século XVI, cujo nome mais importante é Camões, e de apresentar resquícios do Barroco em certos casos, a poesia arcádica é um modelo de simplicidade e objetividade, se comparada com as obras do período anterior. Exemplos dessa simplificação da linguagem são a valorização da ordem direta, o verso sem rima, a singeleza do vocabulário e a menor incidência de comparações e antíteses – todos fatores identificáveis na produção poética do Arcadismo.

Essa liberdade formal, no entanto, era regida por normas consolidadas e formatos fixos que só começariam a afrouxar a partir do Romantismo. O soneto, por exemplo, era uma das formas mais empregadas, como se pode perceber pela obra de Cláudio Manuel da Costa. Também bastante utilizados eram a ode (composição poética dividida em estrofes simétricas, para ser cantada), a elegia (poesia sobre tema fúnebre) e a écloga (poesia pastoril).

Sem perder a impregnação religiosa nem o respeito à monarquia, os poetas do período abordaram assuntos mais imediatos e concretos do que seus antecessores.

Fazem parte de seu universo temático o elogio da virtude civil, a crença na melhoria do homem pela instrução, a noção de que a harmonia social depende da obediência às leis da natureza, e a concepção da felicidade como conseqüência da prática do bem e da sabedoria. Todas essas idéias, em grande medida derivadas do Iluminismo, encontram expressão política na figura do Marquês de Pombal.

Secretário do rei D. José I, Pombal é a face portuguesa do “despotismo esclarecido” que vigorou em certos países da Europa nos séculos XVII e XVIII. Ele promoveu a reforma do ensino na Universidade de Coimbra, a reconstrução da cidade de Lisboa após o terremoto de 1755 e a expulsão dos jesuítas do território da coroa portuguesa.

Também foi o maior mecenas das artes do período, o que justifica o apoio de poetas do Arcadismo à sua causa.

É difícil compreender um poema como O Uraguai, por exemplo, longe desse contexto. Nessa obra épica, Basílio da Gama louva a política da coroa portuguesa de combate aos jesuítas, que são retratados de maneira impiedosa. Também O Desertor, de Silva Alvarenga, foi composto com o propósito único de cantar loas à reforma do ensino empreendida por Pombal.

O iluminismo pombalino caracterizou também a prosa do período. Ela se manifestava nas formas de sermões, discursos, panfletos e ensaios de jornal. Os escritos teóricos e científicos, em sua maioria produzidos em Portugal sob os auspícios do Marquês, também tiveram influência durante o Arcadismo, como atestam os manuais de poesia de Verney e Freire e os textos sobre a reforma educacional escritos por autores como Antonio Nunes Ribeiro Sanches. A prosa literária, no entanto, atingiu pouca expressão. Uma razão para isso é o fato de que a poesia era então considerada um meio adequado para a discussão de idéias de interesse público. Assim, diversos autores do período manifestaram-se sobre ciência, educação, filosofia, política ou até temas técnicos, como zoologia e mineração, em textos versificados.

Autores

Os principais cronistas do Arcadismo no Brasil pertencem a um período tardio do movimento.

Eles realizaram seus trabalhos já no limiar do século XIX. Nessa época, em especial depois da chegada da família real ao Rio de Janeiro, em 1808, tinha início um processo profundo de transformação da sociedade brasileira que, no plano cultural, iria desembocar no Romantismo.

Dois nomes têm destaque nesse momento: Evaristo da Veiga (1799-1837) e Hipólito José da Costa (1774-1823). Poeta, livreiro e deputado, Veiga fundou o jornal Aurora Fluminense, onde escreveu a crônica política do período. Autor da letra do primeiro hino nacional brasileiro, que mais tarde se tornaria o Hino à Independência, Evaristo da Veiga é considerado o primeiro jornalista brasileiro. Costa, por sua vez, foi o fundador do Correio Brasiliense. Primeiro grande jornal da imprensa brasileira, o Correio era um espaço de divulgação de idéias iluministas e de estudos sobre questões nacionais. Editado em Londres entre 1808 e 1823, o jornal teve papel fundamental para a emancipação política do Brasil. Segundo o crítico Alfredo Bosi, Veiga e Costa foram responsáveis pela criação do molde brasileiro da prosa jornalística de idéias e desempenharam papel decisivo para a formação de um público leitor no país.

É na obra dos poetas, no entanto, que se manifestam os traços mais característicos do Arcadismo.

O poeta mais importante do Arcadismo português é Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805). Mais conhecido pelos poemas satíricos, ele também praticou poesia lírica.

Embora no início tenha escrito de acordo com as convenções do Arcadismo, no fim da vida produziu versos que não cabem nos moldes do movimento. Essa fase de sua obra é considerada pelos críticos como pré-romântica. No Brasil, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto tiveram participação marcante tanto na literatura quanto nas questões políticas de seu tempo. Em contexto diverso, Basílio da Gama, Silva Alvarenga e Santa Rita Durão são os outros autores que, ao lado deles, produziram as obras mais significativas do período.

Entre os membros do grupo mineiro, foi Cláudio Manuel da Costa quem exprimiu com mais clareza os modelos arcádicos. É em sua obra que o lirismo pastoral, marca definidora da poesia do período, apresenta-se com mais nitidez. Para o crítico Antonio Candido, o melhor da produção de Cláudio Manuel da Costa está nas Obras, em que o culto dos modelos clássicos alia-se a uma requintada sonoridade e a uma consciência nítida dos problemas de seu tempo, além de referências constantes ao cenário rochoso de Minas Gerais, como no Soneto VIII [Este é o rio, a montanha é esta]. Outro traço característico de sua obra é a vibração política, também presente nas Cartas Chilenas, de Gonzaga.

Quanto a Tomás Antônio Gonzaga, é possível dizer que foi o autor da lírica amorosa mais popular da literatura de língua portuguesa.

Trata-se do poema Marília de Dirceu, dividido em liras que a partir da publicação do poema em livro, em 1792, foram declamadas, musicadas e cantadas em serestas e saraus pelo Brasil afora.

Referindo-se à lira III da parte III, Manuel Bandeira escreveu : “Nessa lira esqueceu o Poeta a paisagem e a vida européia, os pastores, os vinhos, o azeite e as brancas ovelhinhas, esqueceu o travesso deus Cupido, e a sua poesia reflete com formosura a natureza e o ambiente social brasileiro, expressos nos termos da terra com um fino gosto que não tiveram seus precursores”.

Gonzaga foi o poeta do Arcadismo que levou mais adiante em seus versos a expressão de uma individualidade em conflito, de certo modo abrindo caminho para os arroubos dilacerados da poesia romântica.

Além de O Uraguai, os outros dois poemas épicos importantes do período são O Caramuru, de Santa Rita Durão, e Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa. O primeiro é uma imitação de Os Lusíadas que retoma motivos de louvor da natureza do Brasil e tem importância histórica pela riqueza de elementos com que descreve o indígena.

O segundo, um poema de exaltação à cidade mineira igualmente lembrado por seu caráter documental.

Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga, outros poetas relevantes da época, deixaram uma obra marcada pela crítica política e nativismo, no primeiro caso, e pela variedade formal e leveza rococó, no segundo.

De maneira geral, ainda de acordo com Antonio Candido, é possível dizer que a importância dos poetas arcádicos reside no “esforço de trazer à pátria os temas e as técnicas mentais e artísticas do ocidente europeu, dando à nossa literatura um alcance potencialmente universal, antes mesmo que ela tomasse consciência de sua individualidade nacional.”

Os principais poetas árcades brasileiros foram:

Cláudio Manuel da Costa
Tomás Antônio Gonzaga
Alvarenga Peixoto
Basílio da Gama
Santa Rita Durão

Contexto Histórico

A Europa no século XVIII caracteriza-se por mudanças marcantes. O intenso progresso científico (a formulação da lei da gravidade pelo cientista Isaac Newton; a adoção do empirismo como método de aquisição do conhecimento, pela filosofia, e a classificação dos seres vivos pela biologia) conduz à tecnologia e esta ao aumento da produção. Generaliza-se a idéia de que os negócios e a ciência costituem campos separados da religião.

Essas mudanças fazem parte de um movimento cultural que define a fisionomia da Europa no século XVIII: o Iluminismo .

Iluminismo (de iluminar = esclarecer) designa o esforço cultural cujo objetivo era atualizar conceitos, leis e técnicas, visando a atingir maior eficácia e justiça na ordem social. Todo esse esforço baseava-se na concepção de que o progresso poderia trazer mais felicidade a um número maior de pessoas.

Por isso, o século XVIII é conhecido como século das luzes, momento histórico em que se acreditava que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência.

Essa crença consolidou-se na Enciclopédia, obra publicada na França, a partir de 1751, coordenada pelos filósofos franceses D’Alembert, Diderot e Voltaire.

Nela, procurava-se reunir todo conhecimento de um determinado momento histórico.

A obra foi um grande sucesso editorial e circulou por toda a Europa, chegando ao continente americano no final do século, mesmo enfrentando proibições.

A produção artística do período despoja-se da religiosidade e busca o equilíbrio, refletindo sobretudo o padrão do gosto da burguesia ascendente.

Esse novo estilo é denominado Arcadismo ou Neoclassicismo e consiste, basicamente, na recuperação dos traços principais da arte clássica, já que os clássicos foram considerados fonte de equilíbrio e saberdoria.

Os nomes Arcadismo e Neoclassicismo sintetizam as características predominantes nos textos da época.

Veja por quê:

1) Arcadismo

Palavra que deriva de Arcádia, região da Grécia onde pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-se à poesia e ao pastoreiro, vivendo em harmonia perfeita com a natureza. No século XVIII o termo Arcádia passou a designar também as academias literárias que foram criadas na Europa.

2) Neoclassicismo

Nome que deriva do fato de os escritores da época imitarem os clássicos, quer voltando-se para a Antiguidade greco-romana, quer imitando os escritores do Renascimento.

A palavra imitação não deve ser entendida como simples cópia. Trata-se, antes de mais nada, de aceitar e seguir determinadas convenções clássicas.

Arcadismo em Portugal (1756-1825)

O início e o final do período marcampse pelos seguintes fatos:

1756: Fundação da Arcádia Lusitana, inspirada na Arcádia Romana de 1690;
1825:
Publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, considerando o marco inicial do Romantismo português.

Merecem destaque no contexto histórico português os seguintes fatos:

a) a publicação, em 1764, do Verdadeiro método de estudar, de Luís Verney, ensaio inspirado em idéias iluministas, que propõe a reforma do ensino superior em Portugal
b)
a reformado ensino conduzida pelo marquês de Pombal, logo após a expulsão dos jesuístas. O ensino torna-se leigo, ou seja, fora da influência da Igreja
c)
a fundação da Academia de Ciências em Lisboa (1779), cujo objetivo era atualizar a universidade quanto ao progresso cientifíco da época
d)
a reconstrução de Lisboa segundo arrojadas linhas arquitetônicas, após o terremoto de 1755.

A produção literária da época regista pouco interesse pela pros, em que predominam obras científicas, históricas, filosóficas e pedagógicas. A poesia é a forma literária mais cultivada.

Autor e obra

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Merece destaque no Arcadismo português o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Nasceu em 1765, em Setúbal. Sua vida boêmia incluiu paixão por Gertrudes, que se transformaria em sua musa sob o pseudônimo e Gertrúria. Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um mosteiro.

Morreu em 1805, em Lisboa, vítima de aneurisma. Seu pseudônimo árcade era Elmano Sadino.

A obra de Bocage compreende poesia satírica e poesia lírica.

Poesia satírica: Foi graças à obra satírica que se tornou conhecido, embora não seja a parte mais importante de sua obra.
Poesia lírica:
É a melhor parte da poesia bocagiana. Nela consideram-se duas fases: a árcade e a pré-romântica.

Na fase árcade, nota-se a preocupação em seguir as convenções do estilo em moda.

Na fase pré-romântica é o ponto alto de sua poesia lírica, valendo-lhe o posto de melhor poeta português do século XVIII. Contrariando princípios árcades, Bocage escreve uma poesia de emoção, solidão e confissão, em que predomina uma visão fatalista e pessimista do mundo.

Arcadismo no Brasil (1768-1836)

Em 1768 inaugura-se o estilo árcade no Brasil com a publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.

O estilo árcade ficará em moda aé a publicação, em 1836, da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves Magalhães, que marca o início do Romantismo entre nós.

Contexto histórico

O século XVIII, no Brasil, é considerado como século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral. Desloca-se o eixo econômico – e com ele o cultural – para Minas Gerais (centro de extração do minério) e o Rio de Janeiro (porto de escoamento e capital da colônia desde 1763).

Com a finalidade de contrabalançar seu déficit comercial, Portugal explorava ao máximo sua colônia americana. Os impostos sobre extração dos minérios aumentava cada vez mais, dando origem a uma generalizada insatisfação.

Juntam-se a isso a influência das idéias liberais, trazidas pelos estudantes brasileiros que passavam pelo Velho Continente, e a independência dos Estados Unidos. Todos esses fatos culminaram na Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra.

Esse mesmo grupo de oposição política era, basicamente, o grupo que produzia ciência e literatura.

Identifica-se na época uma literatura disposta a afastar-se dos modelos portugueses, embora a imitação dos clássicos seja ainda bem nítida.

Além das outras características árcades, revela-se a busca de uma identidade brasileira, sobretudo:

a) pelo aproveitamento do indígena como herói literário. Esse aproveitamento ocorreu principalmente na poesia épica que aqui se produziu. É o caso dos poemas épicos O Uruguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.
b)
pela visão crítica da situação política do país, ocorre no poema satírico de Cartas chilenas.

Claúdio Manuel da Costa (1729-1789)

Nasceu em Minas e, após completar o curso de Direito em Coimbra, viveu um tempo em Lisboa, onde entrou em contato com as novidades do Arcadismo. Retornando ao Brasil, tomou parte na Inconfidência Mineira. Morreu na prisão. Glauceste Satúrnio foi seu pseudônimo árcade, sendo Nise sua musa-pastora.

Poesia lírica: A obra lírica de Claúdio Manuel da Costa sofreu grande influência da poesia camoniana. O sentimento amoroso e a descrição da natureza ocupam lugar de destaque em seus poemas.
Poesia épica:
O poema épico Vila Rica narra a fundação e a história da cidade, exaltando a aventura dos bandeirantes.

Tomás Antônio Gonzaga

Filho de pai brasileiro e mãe portuguesa, nasceu em Porto (Portugal) em 1744. Estudou Direito em Coimbra, tendo voltado para o Brasil em 1782. Exerceu o cargo de juiz em Vila Rica, antes d ser preso junto com os outros inconfidentes. Sua pena foi o degredo para Moçambique, onde se casou com uma viúva. O pseudônimo árcade adotado por Gonzaga foi Dirceu. Marília é o pseudônimo que inventou para Maria Joaquina de Seixas, sua musa, uma jovem de 16 anos por quem se apaixonou e para quem escreveu suas conhecidas Liras. Morreu em Moçambique, em 1810.

Poesia lírica: Em Marília de Dirceu, obra composta de liras, o poeta, transformado em um eu-lírico pastor (Dirceu), mostra-nos sua paixão por Marília.

A obra divide-se em duas partes:

a) A primeira contém confidências amorosas, descrições da amada, planos e sonhos de felicidade conjugal.
b)
Na segunda parte agrupam-se os poemas escritos no cárcere, revelando seu sofrimento físico e moral do poeta.

Poesia satírica: Nas Cartas chilenas, poemas satíricos que percorreram Vila Rica antes da Inconfidência, em forma de manuscrita e anônima, Tomás Gonzaga critica o governador de Minas, Luís da Cunha Meneses, que aparece no texto com o pseudônimo satírico de Fanfarrão Minésio.

As cartas são escritas por Critilo (o próprio Gonzaga) e dirigidas a Doroteu (provavelmente Cláudio Manuel da Costa).

Arcadismo – Brasil

O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética.

No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.

A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).

Contexto Histórico

O arcadismo, setecentismo (os anos 1700) ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII. Os artistas desse período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e imitar os padrões artísticos do Renascimento, tomados então como modelo.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pari e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 – uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.

Fugere urbem (fuga da cidade)
Locus amoenus (lugar aprazível)
Aurea Mediocritas (mediocridade dourada)
Inutilia truncar (cortar o inútil)
Neoclassicismo
Pseudônimos pastoris (fingimento poético para não revelar sua autoridade)
Carpe diem (aproveite o dia)

Em Portugal

D. José no trono na casa do pai João
Período Pombal (1750 a 1777)
Grandes Reformas na Economia
Aumento da exploração na colônia do Brasil
Expulsão dos jesuítas do território português
A morte de D. José, em 1777, e a queda de Pombal
D. Maria, sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do Erário Real.
O dominio Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se incontrolável.

No Brasil

Minas Gerais como centro econômico e político
A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor.
Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho)
A corrida pelo ouro se intensifica.
Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros
Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira)
O ciclo da mineração
A expulsão dos jesuítas do Brasil – (1759)
A Inconfidência Mineira(1789)

Marco Inicial

No Mundo: Criação da 1ª Arcádia pelos italianos, procurando imitar a lenda grega

Em Portugal: Fundação da Arcádia Lusitana (1756)

No Brasil

Obras Poéticas – Cláudio Manuel da Costa(1768)
Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica

Características

Predomínio da razão

Adoção de lemas latinos: Fugere Urbem (fuga da cidade), Locus amoenus (refúgo ameno)

Gerais

Idéias Iluministas
Laicismo
Liberalismo
Fugere Urbem
Bucolismo
Aurea Mediocritas
Convencionismo amoroso
Idealização do Sexo
Carpe Diem
Inutilia Truncat – Textos mais objetivos, sem exagero
Sátira Política
Linguagem Simples
Uso dos Versos decassílabos, sonetos e outras formas clássicas
Presos a estética e forma

No Brasil

Introdução de paisagens tropicais
História colonial muito valorizada
Início do nacionalismo
Início da luta pela independência
A colônia é colocada como centro das atenções.

Autores

Portugal

Bocage
Antonio Diniz Cruz e Silva
Correia Garção
Marquesa de Alorna
Mario Cardoso

Brasil

Frei Santa Rita Durão
Cláudio Manuel da Costa
Basílio da Gama
Tomás Antônio Gonzaga
Alvarenga Peixoto
Silva Alvarenga

Arcadismo no Brasil

Desenvolve-se no Brasil com o Arcadismo a primeira produção literária adaptada à vida da colônia, já que os temas estão ligados à paisagem local. Surgem vários autores do gênero em Minas Gerais, centro de riqueza na época. Embora eles não cheguem a criar um grupo nos moldes das arcádias, constituem a primeira geração literária brasileira.

A transição do Barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda o português que viveu no Brasil e participou da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai; Silva Alvarenga (1749-1814), autor de Glaura; e Frei Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru. Apesar do engajamento pessoal, a produção literária desses autores não está a serviço da política. A escola predomina até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

Fonte: www.redacional.com.br/www.conhecimentosgerais.com.br/www.nilc.icmc.usp.br/www.itaucultural.org.br

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