Engenho de Açúcar

OS ENGENHOS DE AÇÚCAR E A SOCIEDADE AÇUCAREIRA

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Vamos conhecer agora o processo de produção e comercialização do açúcar e como a sociedade era orga­nizada nos engenhos.

Plantar cana-de-açúcar não era uma atividade seme­lhante a cortar árvores de pau-brasil. Enquanto explo­raram o pau-brasil, os portugueses vinham, pegavam a madeira e voltavam para Portugal. Para plantar a cana era preciso que os portugueses se fixassem no território, formassem povoados, construíssem engenhos de fabri­cação de açúcar, além de usar trabalhadores perma­nentes. Na América a cana era plantada em grandes pro­priedades. Começava-se pela derrubada da floresta e pela limpeza e preparo do solo, por meio da queimada. Naquela época, não havia preocupação com a preser­vação, a melhoria ou recuperação do solo. Não se utiliza­va adubação. Quando uma área de terra não produzia satisfatoriamente, era abandonada e fazia-se nova derru­bada de árvores. Com o tempo, esses métodos tornaram-­se devastadores para o meio ambiente.

Para o cultivo da cana e a produção de açúcar era também necessário conseguir trabalhadores em grande quantidade. Os portugueses adotaram então o trabalho do africano escravizado.

A escravidão já era utilizada na Europa. Os traficantes enriqueciam com o comércio de escravos. O emprego dessa mão-de-obra ainda ampliava os lucros dos colo­nizadores, pois diminuía o custo com os trabalhadores. Além disso, a utilização de mão-de-obra escravizada difi­cultava o acesso de pequenos proprietários à terra, garan­tindo a concentração e a produção em grande escala. Isso acontecia porque era difícil concorrer com as grandes propriedades.

Além de grandes extensões de terra e de muitos escravos, era necessário que pessoas se dispusessem a vir para a América tomar conta das terras, da plantação de cana e da produção de açúcar.

Por ser uma tarefa difícil, o rei de Portugal oferecia algumas vantagens àqueles que aceitassem: eles não pagavam pelas terras, que eram tomadas dos indígenas; podiam receber honrarias, títulos e outros benefícios.

A produção e o comércio do açúcar

O fabrico do açúcar era feito nos engenhos. No começo, a palavra engenho designava apenas as instala­ções onde era produzido o açúcar. Depois, a palavra passou a ser usada para englobar toda a propriedade, desde as terras cultivadas até as instalações em que se produzia o açúcar.

Depois de cortada, a cana era carregada em carros de boi e transportada até a moenda, onde era esmaga­da. A moenda podia ser movida por força humana, tração animal ou pela água do rio. Era composta de gros­sos rolos de madeira, que giravam esmagando a cana colocada entre eles.

O caldo era levado para a caldeira, onde fervia até ficar bem grosso, como uma pasta. Essa pasta era trans­ferida para a casa de purgar, em moldes de barro com o formato aproximado de um cone, com um buraco no fundo. Nesses moldes, descansava por vários dias, até que todo o líquido escorresse pelo furo. O açúcar toma­va então o aspecto de um “pão” seco e duro. Os “pães” de açúcar eram enviados à Europa, onde o produto era refinado, isto é, clareado e vendido aos consumidores.

A produção de açúcar na colônia portuguesa começou em 1533, em São Vicente, Depois cresceu rapidamente, principalmente no Nordeste. O solo da Zona da Mata nordestina era muito favorável para o cultivo da cana.

Os holandeses tiveram grande participação na produção e na venda do açúcar produzido no Brasil: em troca do financiamento para a instalação de engenhos, o governo português concedeu a eles o direito de vender o açúcar na Europa. O açúcar era transportado em navios holandeses de Lisboa para Amsterdã, onde era refinado e depois distribuído no mercado europeu.

Em 1580, o rei de Portugal, D. Henrique, morreu sem deixar herdeiros. O rei da Espanha, Filipe 11, que era pa­rente de D. Henrique, tornou-se rei de Portugal também. Ou seja, Portugal e suas colônias passaram para o domí­nio espanhol.

A Holanda, que também pertencia à Espanha, lutava por sua independência. Proibidos pelo governo espanhol de continuar mantendo relações comerciais com Portu­gal, os holandeses atacaram e ocuparam o nordeste da colônia portuguesa, onde ficaram de 1630 a 1654, con­trolando as atividades relacionadas com o açúcar.

Expulsos da colônia portuguesa em 1654, os holan­deses foram para as Antilhas, na América Central. Lá fi­zeram grandes plantações de cana. O açúcar produzido era vendido na Europa por um preço mais baixo do que o dos portugueses.

Com a queda do volume de venda e dos preços, os lucros dos comerciantes portugueses caíram, assim como o lucro dos produtores de açúcar da colônia.

Com isso, novas fontes de riqueza começaram a ser procuradas. Outros produtos de exportação começaram a ser cultivados, como o fumo ou tabaco.

Conhecido pelos indígenas, o tabaco teve grande aceitação na Europa e passou a ser cultivado no início do século XVII, na região do atual estado da Bahia.

Na segunda metade do século XVIII, outros produtos ganharam destaque: algodão, arroz e o índigo, do qual se obtém o anil.

O pacto colonial

As idéias econômicas que nortearam a ocupação das terras americanas por Portugal são conhecidas como mer­cantilismo. Nessa época, na Europa, acreditava-se que um país deveria acumular em seu território a maior quantida­de possível de metais preciosos. Para isso, uma das alterna­tivas era o país manter sempre uma balança comercial favorável, ou seja, exportar mais do que importar.

Portugal procurou, dessa forma, estabelecer com as colônias uma relação comercial sempre favorável. Em ter­ras americanas, as atividades econômicas estavam orga­nizadas para produzir mercadorias que pudessem ser comercializadas pelos portugueses com lucros significati­vos na Europa; ao mesmo tempo que os colonos deve­riam consumir, basicamente, produtos europeus vendi­dos pelos portugueses.

Essa política ficou conhecida como pacto colonial, sobre o qual se organizou toda a relação entre Portugal e sua colônia por mais de 300 anos. Isso acabou dificul­tando, por exemplo, o desenvolvimento de uma econo­mia diversificada na colônia, que sempre esteve voltada para atender aos interesses do governo português e do mercado internacional.

A sociedade açucareira

A família dos senhores de engenho na colônia por­tuguesa tinha uma organização patriarcal. O patriarca era geralmente o homem mais velho da família e exercia um enorme poder sobre todos os outros habitantes da pro­priedade, desde os seus parentes mais próximos até os escravos.

Nessa organização familiar, as mulheres tinham pouco poder. Para as mulheres livres o espaço reservado era o privado, onde exerciam papéis de esposa e mãe.

Casavam-se muito cedo, por volta dos 17 anos, em geral com pessoas escolhidas pelo pai. Tanto as casadas como as solteiras viviam no interior da casa-grande, saindo poucas vezes. Em geral, não eram alfabetizadas.

A vida nos engenhos

Na sociedade açucareira havia dois grupos principais: o grupo da casa-grande, habitação do senhor de enge­nho, e o grupo da senzala, moradia dos escravos.

Em meio a esses dois grupos viviam os trabalhadores livres.

A casa-grande

A casa-grande era uma construção com grandes salas, numerosos quartos, acomodações confortáveis. Térrea ou assobradada, geralmente era construída num lugar central e um pouco elevado da propriedade, de onde se poderia ter uma visão das demais construções.

Ao lado da casa-grande, como extensão e apêndice dela, havia a capela, onde se realizavam as cerimônias religiosas. Na capela reuniam-se os habitantes do enge­nho, nos domingos e dias santos, e também nos batiza­dos, casamentos e funerais. Os membros da família do senhor de engenho eram sepultados na própria capela.

A senzala

Na maioria das senzalas havia pouca privacidade; em geral os escravos viviam todos juntos. Em algumas senzalas havia lugares reservados para os casais. Não era incomum as fazendas possuírem pequenas casas para os escravos casados, como uma forma de incentivo para terem filhos.

A alimentação dos escravos era insuficiente e pouco variada: farinha, feijão e, às vezes, algum pedaço de carne.

As partes do porco que o senhor não comia, como pé, rabo, orelha etc., eram misturadas ao feijão: foi desse costume que se originou a feijoada.

Os trabalhadores livres

No mundo da casa-grande e da senzala não havia muito lugar para trabalhadores livres. Mesmo assim, existiam uns poucos que eram chamados profissionais do açúcar, pessoas de confiança do senhor e que o aju­davam a administrar o engenho e a produzir o açúcar.

Quanto maior o engenho, maior era o número des­ses profissionais. Um dos principais era o feitor-mor. Na prática, era ele quem administrava o engenho, chefiava os outros trabalhadores livres, controlava os escravos e, durante a safra, cuidava da produção do açúcar, desde a colheita até o transporte.

No processo de produção do açúcar, que acompa­nhava em todas as etapas, o trabalhador mais especiali­zado e mais importante era o mestre-de-açúcar. Tinha a ajuda dos banqueiros, que ficavam em seu lugar duran­te a noite e que, por sua vez, eram ajudados pelos soto­banqueiros, geralmente mulatos ou escravos da casa.

O purgador, subordinado ao mestre-de-açúcar, cui­dava da clarificação do açúcar. Quando o produto era transportado por via fluvial, ficava sob o controle do bar­queiro, que o encaminhava ao caixeiro da cidade, respon­sável por sua venda e embarque para o exterior.

Havia ainda o carapina ou carpinteiro, responsável pela manutenção dos equipamentos de madeira, como as moendas, e o escrivão ou despenseiro, que controlava os estoques de ferramentas, tecidos e alimentos.

Fora do chamado “quadrilátero do açúcar” – casa-grande, senzala, engenho e capela – trabalhavam livre­mente negociantes (em sua maioria portugueses), arte­sãos e vaqueiros, que, de uma forma ou de outra, tam­bém estavam ligados à produção açucareira.

O poder do senhor de engenho

Se o escravo era as mãos e os pés do senhor de engenho, este, por sua vez, constituía-se em uma espé­cie de juiz supremo não só da vida dos escravos, mas de todas as demais pessoas que viviam nos seus domínios: tanto do padre que rezava a missa dos domingos quan­to da própria mulher, filhos e outros parentes.

A casa-grande, residência do senhor do engenho do Nordeste, era, de fato, muito grande. Nos seus muitos cômodos podiam viver setenta, oitenta ou mais pessoas. Reinava sobre todos a autoridade absoluta do senhor de engenho, que decidia até sobre a morte de qualquer pessoa, sem ter que prestar contas à jus­tiça ou à polícia. Fazia ele a sua própria justiça.

Além da mulher e dos filhos do senhor de enge­nho, na casa-grande viviam os filhos que se casa­vam, outros parentes, escravos de confiança que cuidavam dos serviços domésticos, filhos do senhor de engenho com escravas e, ainda, agregados, ho­mens livres, que nada possuíam e prestavam algum serviço em troca de proteção e do sustento.

A grande dominação do senhor de engenho sobre tudo se explica pelo isolamento em que viviam e pela quase total ausência de autoridade da polícia e da justiça.

As cidades eram poucas e muito pequenas, e não estendiam sua influência aos engenhos. As pou­cas autoridades que viviam nessas cidades ficavam distantes dos engenhos, que, por sua vez, ficavam muito distantes uns dos outros. Assim, a dominação do senhor de engenho acabava se impondo.

Fonte: pzaj.files.wordpress.com

Engenho de açúcar

A Produção de Açúcar no Brasil

Introdução

Para efetivar economicamente a colonização do Brasil, os portugueses investiram na produção do açúcar. O açúcar foi o mais importante produto colonial da América portuguesa. Ele era fabricado principalmente nos engenhos da Bahia e de Pernambuco. A base de tudo era o trabalho escravo. Os holandeses financiaram, transportavam, revendiam o açúcar na Europa.

Foram os árabes que apresentaram o açúcar aos mercadores europeus medievais, porém, o produto era raro e caro, saboreado apenas pelos ricos. Imagine então os lucros doces que a venda de açúcar poderia proporcionar!

Na Europa é muito difícil plantar cana-de-açúcar. Mas no litoral do Nordeste brasileiro as chuvas são boas, o clima é quente e existe o ótimo solo de massapé.

Para os portugueses, portanto, o clima tropical e a terra do Brasil eram uma riqueza que não existia na Europa.

Os portugueses vieram para o Brasil tornar-se donos de plantações de cana. Nos séculos XVI e XVII, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de açúcar!

Esse açúcar era vendido para os comerciantes portugueses, que o revendiam na Europa.

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Casa de engenho de açúcar (moenda)

Onde e como se produzia o açúcar?

As principais produtoras de açúcar eram as capitanias da Bahia e de Pernambuco. O produto também era produzido nas do Rio de Janeiro e de São Vicente, onde hoje está o Estado de São Paulo.

O açúcar era produzido principalmente nos engenhos. O engenho era, antes de tudo, urna grande propriedade de terra, um latifúndio. Possuía urna vasta plantação de cana e um galpão onde se moia a cana, cozinhava-se o caldo e, finalmente, se produzia o açúcar. Havia mais coisas na área do engenho. Numa parte com árvores bonitas e sombra, existia a casa grande, onde morava o senhor de engenho (o dono de tudo) e sua família. Os quartos eram espaçosos e havia uma grande varanda onde o senhor de engenho descansava e ficava de olho na propriedade.

As máquinas dos grandes engenhos (para moer a cana e cozinhar o caldo) eram de alta tecnologia para a época. Vinham da Europa. O senhor de engenho também mandava importar ferramentas de metal, roupas de luxo para sua família, comidas especiais (vinho, azeite, queijos) e alguns móveis e objetos para a casa.

Além dos grandes engenhos, havia uma quantidade significativa de propriedades menores (com menos de 20 escravos) que produziam bastante açúcar.

Os engenhos cultivavam alimentos e criavam animais. Porém raramente produzia tudo aquilo de que necessitavam. Por causa disso desenvolveu-se urna agricultura voltada ao abastecimento interno. Pequenos fazendeiros plantavam mandioca, milho e feijão, depois vendiam nas cidades e nos engenhos. O que nos revela a importância do mercado interno.

O gado bovino também foi bastante utilizado nos engenhos. Proporcionava a carne, o leite, o couro, a força para mover moendas e para carregar um carro cheio de cana sobressaía como uma atividade econômica essencial voltada para o mercado interno, uma parte notável do desenvolvimento da Colônia.

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Escravos moendo cana

Quase tudo no engenho era feito pelo trabalho escravo. É por isso que, naquela época, falava-se que “os escravos são as mãos e pés do senhor de engenho”. O senhor de engenho vivia na ampla e fresca casa grande, os escravos se amontoavam na pequena, suja e quente senzala.O senhor de engenho também era servido por homens livres e pobres, que conduziam barcos cheios de sacas de açúcar, cuidavam dos cavalos, vigiavam os escravos. Em troca, recebiam um pequeno pagamento em dinheiro ou em mercadorias. Ou então tinham autorização para estabelecer uma rocinha nas terras do engenho.

Alguns funcionários do engenho recebiam altos salários. Eram os técnicos e administradores do açúcar.

Geralmente vinham da Europa, onde tinham aprendido suas importantes profissões: instalavam e consertavam as máquinas do engenho, orientavam os escravos para que fizessem o produto com a melhor qualidade, administravam a propriedade, indicavam qual era a melhor maneira de o engenho funcionar.

A sociedade ruralizada

Nas regiões do Brasil onde se produzia açúcar a maioria das pessoas vivia no campo. É por isso que se diz que a sociedade era ruralizada. As poucas cidades que existiam ficavam no litoral e eram portos para vender açúcar.

Os senhores de engenho tinham casas nas cidades. Mas só iam para lá nas épocas de festa da cidade ou quando chegava a temporada de venda do açúcar para os grandes comerciantes. O senhor de engenho era o grande dominador. As pessoas olhavam com inveja sua propriedade, suas terras e escravos, seu poder sobre as pessoas.

A família de um latifundiário era chamada de patriarcal. O pai era senhor absoluto e se considerava “dono” da mulher e dos filhos, do mesmo jeito que era dono dos cavalos e da plantação. O senhor de engenho decidia, por exemplo, o destino dos filhos. Geralmente o mais velho herdava a propriedade. Os outros se formariam médicos, padres, advogados.

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Engenho

Os holandeses e o açúcar do Brasil

No século XVII, a Holanda era uma das maiores potências econômicas da Europa. Um dos negócios mais lucrativos da burguesia holandesa (também chamada de flamenga) tinha a ver com o açúcar do Brasil.

Para começar, imagine que um nobre português quisesse instalar um engenho no Brasil. Como conseguir dinheiro para comprar as máquinas, as caríssimas caldeiras de cobre, as ferramentas e os escravos? Ele poderia pedir dinheiro emprestado ao Banco de Amsterdã, que era o maior banco holandês da época.

Como você vê, os holandeses financiavam a produção de açúcar. Em troca, recebiam o pagamento dos juros.

Os lucros Indiretos da Holanda com o açúcar brasileiro não paravam aí. Em várias ocasiões, os comerciantes portugueses contrataram companhias de navegação holandesas para transportar o açúcar do Brasil até Lisboa. Grande parte do açúcar saía do Brasil em estado bruto para ser refinado (até ficar branco e fininho) em Amsterdã.

Naqueles tempos de mercantilismo, os burgueses holandeses monopolizavam (controlavam com exclusividade) muitas rotas de comércio de açúcar entre os países europeus. Por isso os comerciantes portugueses tinham de vender seu açúcar diretamente aos holandeses. Depois, os holandeses revendiam o açúcar pelo resto da Europa.

Portanto, os holandeses tinham várias maneiras indiretas de lucrar com o açúcar do Brasil: financiando e recebendo juros bancários, cobrando pelo transporte e pelo refino, ou revendendo na Europa. Houve momentos em que eles tinham mais lucros com o açúcar do Brasil do que os próprios comerciantes portugueses!

Essa melosa ligação comercial entre Holanda, Portugal e Brasil foi encerrada de surpresa, quando aconteceu a União Ibérica.

A crise do açúcar

A crise do açúcar brasileiro ocorreu após a expulsão dos holandeses do Brasil, pois eles não desistiram do açúcar. Instalaram engenhos nas Antilhas (que são ilhas que ficam no mar do Caribe, lá na América Central) e começaram a exportar açúcar para a Europa. Dessa maneira, a produção mundial de açúcar aumentou demais, O açúcar brasileiro passou a ter de disputar compradores com o açúcar antilhano. Com tanto açúcar sendo oferecido no mercado, os preços foram caindo.

As coisas não estavam boas na Europa. Na famosa crise do século XVII, ninguém conseguia comprar muita coisa. Os preços caíram muito e mesmo assim o comércio continuava declinando. Dá para perceber que isso também botou os preços do açúcar brasileiro lá no porão.

Com os preços internacionais em queda, as exportações brasileiras caíram, o que provocou a ruína de muitos senhores de engenho.

Porém houve um fator que atenuou a crise: as compras de açúcar pelo mercado interno brasileiro.

Fonte: historiamarista.wikispaces.com

Engenho de Açúcar

Os escravos na produção de açúcar no período colonial…

As fazendas produtoras de açúcar no período histórico da colonização no Brasil eram referidas como engenho de açúcar. O termo também define as maquinas utilizadas para moer a cana-de-açucar. Os engenhos de açúcar eram predominantes no nordeste e destinavam a sua produção de açúcar para a metrópole portuguesa e para o mercado europeu.

O engenho era composto pela casa-grande, senzala, capela, horta e o anavial. Era utilizada a mão-de-obra escrava dos negros africanos. Depois da expulsão dos holandeses, a produção do açúcar brasileiro passou a sofrer a concorrência do açúcar holandês produzido nas ilhas da América Central.

O chamado engenho-banguê incluía a moeda, a casa das caldeiras e a casa de purgar. Os engenhos resistiram até o século XX, nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Alagoas e São Paulo.

Foram finalmente extintos, a partir da evolução da agroindústria e o surgimento das usinas de açúcar e álcool.

No engenho, as etapas de produção do açúcar iniciavam-se na moagem de cana. Na moagem era extraído o caldo de cana; posteriormente encaminhado para o tanque e depois armazenado.

Para a produção da cachaça, o caldo era armazenado para a fermentação e destilação. Na produção do açúcar, o caldo era colocado em tachos de cobre em fogo, até a etapa do resfriamento do mel.

Especialmente no norte (região conhecida como Nova Inglaterra) e no centro da costa atlântica da América do Norte, desenvolveu-se uma economia dinâmica, com produção para o mercado interno, logo desdobrando-se em atividades comerciais e manufatureiras, produzindo as origens da riqueza dos Estados Unidos.

Veja o quadro abaixo:

COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO

COLÔNIA DE POVOAMENTO

Latifúndio

Pequena propriedade familiar

Monocultura

Policultura e desenvolvimento de manufaturados

Trabalho compulsório: escravidão e servidão indígena

Trabalho livre e “servidão por contrato”

Mercado externo

Mercado interno

Pacto colonial

Liberdade econômica

Senhores e Escravos

Durante o ciclo da cana-de-açúcar, a sociedade colonial se definia a partir da casa-grande e da senzala. Formando o poderoso grupo socio-econômico da colônia, havia os brancos colonizadores, donos dos engenhos, que habitavam as casas-grandes.

O poder dessa aristocracia canavieira ia além de suas terras, expandindo-se pelas vilas, dominando as Câmeras Municipais e a vida colonial.

A autoridade do senhor de casa-grande era absoluta: em família a obediência lhe era incondicional e o respeito como chefe superior, indiscutível, estando as mulheres submetidas a um papel subordinado, complementar.

A sociedade açucareira teve, assim, um carácter explicitamente patriacal.Os escravos, considerados simples mercadorias, formavam a base econômica dessa sociedade indígena e, principalmente, negros africanos eram responsáveis pela quase totalidade dos trabalhos braçais executados na colônia, constituindo “as mãos e pés do senhor”.

Os escravos, em sua maioria , trabalhavam de sol a sol na lavoura e na produção de açúcar, vigiados por um feitor, sofrendo constantes castigos físicos.Alguns exerciam trabalhos domésticos na casa-grande como cozinheiras, arrumadeiras, amas de crianças, moleques de recados, etc. Formando uma pequena parcela da população, havia os homens livres, plantadores de cana com poucos recursos, que não possuíam instalações para produzir o açúcar (engenhos), sendo obrigados a vender a cana a um senhor de engenho.

A essa camada intermadiária pertenciam também os feitores, capatazes, comerciantes, artesãos, padres, militares e funcionários públicos,moradores das poucas vilas e cidades da época.Auge do ciclo da cana-de-açúcarDurante os séculos XVI e XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo, gerando imensas riquesas para os senhores de engenho, para Portugal e, sobretudo, para os holandeses.

Ostentando sua opulência, os senhores de engenho do Nordeste importavam da Europa desde roupas e alimentos até louças e objetos de decoração. Como conseqüência da maciça importação de mercadorias européias, da importação de escravos e da participação dos holandeses e portugueses no comércio de açúcar, quase toda a riqueza gerada por este ciclo econômico foi desviada da colônia para as áreas metropolitanas, caracterizando as condições do pacto colonial.

Atividades complementares da economia açucareiraEmbora a economia do período colonial tenha se baseado num único produto, que concentrava quase completamente o interesse e as atividades de toda a colônia, havia algumas atividades secundárias, realizadas para complementar as necessidades da população. Sendo assim, havia, dentro do próprio engenho, uma paquena produção de aguardente e rapadura, utilizada no consumo interno da colônia e também no escambo de escravos africanos.

Ao mesmo tempo, iniciou-se a criação do gado que se desenvolveu no Nordeste, próximo aos engenhos, penetrando depois no interior. Sendo uma atividade complementar, importância comercial da criação de gado era muito menor que a da produção de açúcar. Entretanto, além de servir para mover as moendas e transportar o açúcar, o gado era fonte de alimentação e fornecia o couro que era usado na confecção de roupas, calçados, móveis e outros utensílios.

Na criação de gado, quase não havia escravos, predominando o trabalho livre, principalmente dos indígenas.O gado era criado de forma extensiva, ou seja, solto nas terras, sempre à procura de melhores pastagens. Dessa forma, o gado penetrou no interior, alcançado, já no século XVII, o Maranhão e o Ceará, ao norte, e, mais ao sul, as margens do rio São Franscisco.

Originaram-se, assim, diversas fazendas no interior, o que acabou levando ao desbravamento da atual região Nordeste. Além da criação e gado, havia o cultivo de alguns produtos agrícolas complementares, como a mandioca que constituía a base da alimentação da população colonial, principalmente dos escravos.

O fumo ou tabaco era produzido principalmente para ser trocado por negros escravos na costa africana, onde era muito valorizado. Sua produção desenvolveu-se mais na Bahia e em Alagoas. Já o cultivo de algodão desenvolveu-se mais no Maranhão e visava apenas à produção de tecidos rústicos usandos na confecção das roupas dos escravos, já que, para os senhores de engenho e suas famílias, as vestimentas vinham da Europa.

A produção de artigos manufaturados na colônia era controlada pela metrópole portuguesa, a quem interessava assegurar a venda dos tecidos produzidos na Europa. No século XVII, a riqueza do açúcar levou os holandeses a invadirem o Brasil. Durante alguns anos, eles dominaram o Nordeste e se apropriaram de suas técnicas de produção.

Após sua expulsão, em 1654, os holandeses tornaram-se os maiores concorrentes dos produtores nordestinos, passando a fabricar açúcar nas suas colônias das Antilhas. Isso marcou o início da decadênicia econômica do Nordeste açucareiro, o que levou toda a colônia a uma profunda crise.

Colônias de Exploração e Colônias de Povoamento

A colonização portuguesa no Brasil, assim como a espanhola na América, realizou-se com base no pacto colonial, produzindo riquezas que quase nunca ficavam nas áreas coloniais. Ao mesmo tempo, para garantir os ganhos e o domínio colonial, as metrópolos definiam o tipo de propriedade e a forma de produzir, além de exercerem o controle da produção.

Resulta daí uma economia e uma organização social que espelhavam a dominação e a dependência. Para atender às exigências metropolitanas, o Brasil e a América Espanhola transformaram-se num conjunto de colônias de exploração. Situação muito diferente aconteceu com a América Inglesa, em cuja colonização, só iniciada no século XVII, teve predomínio as colônias de povoamento.

Para lá dirigiram-se colonos que fugiram de perseguições religiosas ou políticas e que tinham interesse em se instalar nas colônia e produzir para sua sobrevivência. Fundando as chamadas Treze Colônias, contavam com o clima temperado de boa parte de seu território, muito semelhante àquele que haviam deixado na Europa.

O açúcar

Economia e Sociedade Canavieira

Durante toda a fase colonial brasileira, houve sempre um produto em torno do qual se organizava a maior parte da economia. A importância de determinado produto crescia até alcançar o apogeu e depois entrava em decadência. Embora sua produção continuasse, surgia outro produto que entrava rapidamente em ascensão, substituindo em importância o anterior.

Esse mecanismo repetitivo levou muitos historiadores a usarem a denominação ciclo econômico para o estudo do período colonial, identificando o ciclo do pau-brasil (século XVI), o da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII) e mais tarde o da mineração (século XVIII).

Engenho de Açúcar
A sociedade do açúcar

Contudo, é importante observar os limites do nome “ciclo”. Ele pressupõe que, após o apogeu de uma determinada atividade econômica, ocorre, sempre, o seu desaparecimento, e não foi isso que aconteceu com a economia da cana-de-açúcar, por exemplo, a qual continuou existindo durante toda a época da mineração no século XVIII. O ciclo do pau-brasil predominou em todo o período pré-colonial. Como sua exploração não fixava o homem à terra, levando apenas à instalação de algumas feitorias, não possibilitava a definitiva ocupação da colônia.

Assim, ao decidir integrar efetivamente a colônia à metrópole, optou-se pelo plantio da cana-de-açúcar, que atingia dois objetivos: atendia às necessidades de colonização e possibilitava grandes lucros a Portugal.

Engenho de Açúcar
Engenho de açúcar

Quanto à mão-de-obra necessária para o empreendimento, contava-se com os indígenas e principalmente com os negros africanos que Portugal há muito escravizava. A instalação da empresa açucareira no Brasil exigia a aplicação de imensos capitais para a compra de escravos, o plantio da cana-de-açúcar e a instalação dos , onde se moía a cana e se fabricava o açúcar. Além disso, o transporte e a distribuição do produto para a Europa, a parte mais lucrativa do empreendimento, era uma tarefa gigantesca, para a qual Portugal não tinha recursos suficientes. Os portugueses associaram-se, então, aos holandeses que, em troca do financiamento para a instalação da empresa açucareira na colônia, ficariam com o direito de comercialização do produto final, o açúcar, na Europa.

Dessa forma, foi a Holanda que financiou a instalação dos engenhos no Brasil. Na colônia, organizou-se a produção açucareira, sujeita às exigências metropolitanas de produção de riquezas, num processo de dependência denominado pacto colonial.

Latifúndio, monocultura e escravidão

Toda a vida colonial girava em torno das relações econômicas com a Europa: buscava-se produzir o que interessava à metrópole nas maiores quantidades possíveis e pelo menor custo.

Assim, o cultivo da cana-de-açúcar desenvolveu-se em grandes propriedades, chamadas latifúndios, originadas das sesmarias distribuídas pelos donatários e governadores-gerais.

Contando com o solo argiloso comum no litoral e nas margens dos rios, o Nordeste transformou-se no principal pólo açucareiro do Brasil, tendo à frente as regiões de Pernambuco e Bahia. Nos grandes engenhos só se plantava cana-de-açúcar, usando-se mão-de-obra escrava, o que caracterizava como monocultores e escravistas.

No latifúndio, conhecido como engenho, somente uma pequena parte das terras destinava-se ao cultivo de itens agrícolas para subsistência, como mandioca, milho, feijão, etc. Constituindo por extensas áreas desmatadas de florestas, seguidas de plantações de cana, o engenho tinha como núcleo central a casa-grande, onde residia o proprietário e sua família e concentrava-se toda a administração.

Próximo a ela, ficava a capela e, mais distante, situava-se a senzala, um grande barracão miserável onde se alojavam os escravos. Alguns engenhos maiores chegaram a possuir centenas de escravos, que viviam amontoados na senzala. O engenho propriamente dito, onde se frabricava o açúcar, era composto pela moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar.

Na moenda, a cana era esmagada, extraindo-se o caldo; na casa das caldeiras, esse caldo era engrossado ao fogo em grandes tachos; finalmente, na casa de purgar, o melaço de cana era colocado em fôrmas de barro para secar e alcançar o “ponto de açúcar”.

Após algum tempo, esses blocos eram desenformados dando origem aos “pães de açúcar”, blocos duros e escuros, formados pelo que hoje chamaríamos de rapadura. Os “pães de açúcar” eram então encaixotados e enviados para Portugal, e, de lá, para a Holanda, onde passavam por processo de refinação, ficando pronto o açúcar para comercialização e consumo.

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Moenda

Quando tudo começou

No ano de 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, encontraram nativos morando aqui. Pensaram que eles eram seres de muita ignorância, e tentaram escravizá-los, mas como não funcionou tiveram de trazem negros (escravos) da África para fazer todo o serviço nas terras que encontraram e abastecer a metrópole.

Eles vinham da África em grandes navios que por isso recebiam o nome de navios negreiros. Ficavam horas e horas presos no porão do navio, sem comer, sem beber, longe da família e apanhavam de chicote se faziam algo de errado.

A VIDA NO BRASIL

Depois que os escravos chegavam ao Brasil passavam por um período de recuperação devido ao desgaste da viagem. Depois eram vendidos e levados ao local de trabalho.

Após Portugal ter perdido o monopólio do comércio com as índias, decidiu colonizar o Brasil e aumentar a produção de especiarias para mandar para a metrópole.

Naquela época o principal produto econômico era a cana-de-açúcar e eram os escravos quem faziam todo o serviço ate a cana se transformar em açúcar.

LUGARES DO ENGENHO

Cada engenho tinha lugares que determinavam onde iria ser feito cada coisa:

Casa-Grande: era onde o Senhor do engenho morava com sua família

Moradias: era onde moravam os habitantes livres do engenho

Casa de purgar: lugar onde começa a produção do açúcar (purificação da cana)

Caldeira: onde ferve o caldo da cana

Moenda: onde moe os grãos da cana

Senzala: é a moradia dos escravos.

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO AÇUCAR

1) Os escravos aplicam a água sobre o barro

2) Eles retiram os pães das formas

3) O açúcar vai para a casa de purgar e é purificado nas andainas

4) Separação das “caras”

5) Cristalização do açúcar

6) Organização das andainas para o encaixe das formas

7) Perfuração das formas para a drenagem do açúcar

8) Batimento do açúcar para o encaixotamento

9) Batimento do açúcar na parte de cima das formas

10) Separação dos pães do açúcar e

11) Aplicação do barro.

Fonte: acucarcolonial.zip.net

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