Cinema Mudo

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A importância do Cinema Mudo

Cinema mudo é referência

“O som aniquila a grande beleza do silêncio.” Charles Chaplin

Quando se fala de trilha sonora, temos que ter como referência vários compositores do mundo cinematográfico, e também é impossível deixar de citar o famoso cinema mudo como grande exemplo.

O cinema mudo veio para que as pessoas tomassem gosto de ir ao cinema e assistir a um filme onde havia emoção, aventura, comédia, etc, ele é uma junção da imagem com a música que a cada tipo de cena muda o tipo de sonorização para que provocasse um efeito de mudança das cenas.

Para alguns diretores a trilha sonora no filme é essencial, para outros não faz tanta diferença, hoje em dia se usa a trilha sonora até em propagandas para persuadir os consumidores.

Cinema Mudo

No início do cinema a imagem e a música se tornaram inseparáveis, pois várias pessoas que iam ao cinema diziam que ver imagens sem alguma música ou ver música sem alguma imagem causava um grande estranhamento.

O cinema mudo foi um grande avanço da criatividade para os cineastas, um dos que mais se destacou foi o famoso Charles Chaplin que além de diretor era produtor, compositor e ator de seus filmes, ele fazia com que a música mostrasse todo o sentimento que queria passar a todos.

Um grande compositor que também se destacou em cinema mudo foi Eisenstein, um de seus clássicos foi um filme infantil de Walt Disney chamado Fantasia, que não obteve muito sucesso para o público, mas pelos críticos é considerado uma grande obra de arte.

Não só estes filmes citados como também vários outros na época ficaram marcados pela emoção que a música trazia e deixa em nossas lembranças como um grande fato para história.

Após a era do cinema mudo, os filmes adiante começaram a se dedicar mais a parte da trilha sonora e hoje em dia é muito raro achar algum filme que não tenha ou que não use “o tempo todo”.

Outro estilo de filme que veio bem depois do cinema mudo, mas como uma grande influência são os filmes musicais, que apresentam até os diálogos cantados pelo ator, alguns exemplos de filmes assim são: Fantasma da Ópera, The Wall da banda Pink Floyd, Hairspray, entre outros.

Assim como os filmes, a propaganda também foi bem influenciada tanto pelo cinema mudo quanto para a arte cinematográfica. Algumas propagadas são feitas apenas de trilha sonora fazendo com que a música lembre o produto, para crianças os produtores sempre fazem músicas animadas para que a criança consiga decorar e cantar o tempo todo com o nome do produto, estas e outras são várias estratégias de venda que os produtores conseguem apenas com a trilha sonora.

Sem ela fica mais difícil guardar o nome de um produto ou tentar fazer com que o produto fique bem conhecido no mercado. Através de filmes, propagandas, rádio, etc. São vários meios em que a música está sempre se destacando, sem ela ficaria muito mais difícil expressar e mostrar tudo aquilo que deseja. A música além dos meios de comunicação faz parte até do nosso dia a dia, e assim ela se torna um dos meios mais estratégicos para se usar e um dos mais importantes.

Fonte: pt.shvoong.com

Cinema Mudo

Charles Chaplin, um homem humilde cuja dignidade vai além de seus trajes maltrapidos, folgados sapatos, um chapéu-coco e uma bengala, suas marcas registradas e imortalizadas na história do cinema mudo.

Charles Spencer Chaplin Jr., Nasceu na Inglaterra, Walworth – Londres, 16 de abril de 1889. Foi ator, diretor, roteirista e musico. Seu personagem, Charles Chaplin ficou conhecido na França, como “Charlot”, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, como Carlitos, no Brasil: “O Vagabundo (The Tramp)”.

Chaplin foi uma das personalidades mais marcantes e criativas da era do cinema mudo, atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes.

Filmes de Charles chaplin

O idílio desfeito -1914
Os clássicos vadios – 1921
O garoto – 1921
Casamento ou luxo? – 1923
Em busca do ouro – 1925
O circo – 1928
Luzes da cidade – 1931
Tempos modernos – 1936
O grande ditador -1941
Monsieur Verdoux – 1947
Luzes da ribalta – 1952
Um rei em Nova York – 1957
A condessa de Hong Kong -1967

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Em 1929 ganhou seu primeiro “Oscar” (versatilidade e excelência na atuação, roteiro, direção e produção – no filme The Circus), uma estatueta que ele deu muito pouca importância. Segundo declarações, ele usava essa estatueta ao lado da porta de sua casa para não deixá-la bater. Esse fato desagradou a Academia de Hollywood que passou a não premiá-lo, apesar das indicações.

Seu posicionamento politico de esquerda, sempre esteve presente em seus filmes.

Tempos Modernos foi um filme que criticava a situação da classe operária e dos pobres, utilizando conceitos marxistas elaborados por Karl Marx.

Modern Times, 1936

Em 1940 lançou,”O Grande Ditador”, seu primeiro filme falado, onde Chaplin criticou Adolf Hitle e o Fascismo.

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“O Grande Ditador” recebeu nomeações como melhor filme, melhor ator, melhor roteiro e música original, mas não foi premiado.

Em 1952, Chaplin ganhou o Oscar de melhor música em filme dramático por Luzes da Ribalta (Limelight), de (1952), porém no mesmo ano após anunciar que iria viajar para Suíça com sua esposa Oona O’neil, o governo americano confisca seus bens e mais tarde quando tentou retornar aos EUA, foi proíbido pelo serviço de imigração e seu visto foi cassado sob a acusação de “Atividades anti-americanas”.

Charles então decide morar na Suíça.

Em razão das perseguições da época de sua realização este prêmio só pode ser recebido em 1972, junto com talvez a sua maior premiação.

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Em 1972, ainda no exílio, havendo muita expectativa nesta premiação, pois não se sabia se seria permitida sua re-entrada no país, ele volta aos Estados Unidos pela última vez, para receber um prêmio especial da Academia pelas “suas incalculáveis realizações na indústria do cinema”, se tornando uma das maiores aclamações na história do Oscar, onde Chaplin foi aplaudido por mais de cinco minutos, em pé por todos os presentes.

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Charles Chaplin, morreu no dia 25 de Dezembro de 1977, aos 88 anos, na Suíça, vítima de um derrame cerebral.

Fonte: geocities.com

Cinema Mudo

Cinema mudo: narrativas sem palavras, expressão de sentimentos

O Cinema surgiu no contexto de vários experimentos técnicos que marcaram a chamada Segunda Revolução Industrial, em meados do século 19. As invenções surgidas no período transformaram a sociedade e marcaram o início da passagem do mundo rural para o mundo industrial e urbano.

Entre vários inventos inovadores, destacam-se a lâmpada elétrica incandescente; o motor de combustão interna; os corantes sintéticos, que proporcionaram o surgimento de vários produtos, da aspirina ao celuloide (utilizado pela indústria da fotografia e do cinema); o telefone, o telégrafo e o rádio; e finalmente, a fotografia e o cinema.

A partir do desenvolvimento da fotografia – através de experimentos de inventores – como os franceses Louis Daguèrre (1787-1851) e Joseph-Nicéphore Niépce (1765-1833) – foi possível captar imagens com nitidez de detalhes cada vez mais claros. No início, a técnica apresentava dificuldades: a foto conhecida como “A mesa posta”, de Niépce, necessitou de 14 horas de exposição à luz para ser realizada, em 1823. No entanto, a partir de 1850 já era possível fazer uma fotografia em poucos segundos.

O elo entre a fotografia e o cinema surgiu quando, em 1872, Leland Stanford, governador da Califórnia, apostou com um amigo que um cavalo, ao correr, tirava simultaneamente as quatro patas do chão, durante o galope – o que era impossível determinar pelo olho humano.

O fotógrafo Eadweard Muybridge, contratado para resolver a questão, utilizou 24 câmeras fotográficas, cada uma armada com um disparador automático, ao longo de um percurso percorrido pelo cavalo. Ao final do experimento, ficou comprovada a tese do governador Stanford: o cavalo realmente fica com as quatro patas no ar durante o galope.

Para o cinema, entretanto, mais importante que essa constatação, foram as tomadas fotográficas. Realizadas em curto intervalo entre si, quando exibidas rapidamente, proporcionavam a ilusão de movimento do cavalo. Apesar de ainda não ser utilizado o recurso da projeção, pode-se afirmar que esta sequência de fotos foi essencial para o desenvolvimento do cinema, alguns anos mais tarde.

O aperfeiçoamento de rolo de papel fotográfico, e posteriormente o rolo de celuloide, desenvolvidos pelo norte-americano George Eastman (1854-1932), simplificaram o processo fotográfico. Eastman, mais tarde, fundaria as indústrias Kodak, que se tornaram um símbolo da fotografia em todo mundo, durante todo o século 20.

Outros inventores e precursores, como Louis Augustin Le Prince (1841-1890), na França, Thomas Alva Edison (1847-1931) e seu assistente Willian Kennedy Dickson (1860-1935), nos EUA, deram continuidade às pesquisas com imagens em movimento, e acabaram criando os primeiros filmes propriamente ditos.

Em 1895, os irmãos Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) inventaram o cinematógrafo, que possibilitou gravar, revelar e projetar filmes, com uma única máquina. A data oficial da primeira projeção cinematográfica, fora do circuito científico, dirigida para o público comum, é 28 de dezembro de 1895: “A chegada de um trem à estação da cidade”, exibido para aproximadamente 100 pessoas, no subsolo do Grand Café, em Paris, era um filme que mostrava uma locomotiva se aproximando de uma estação ferroviária.

Visto hoje, mais de cem anos depois de sua primeira exibição, o filme dos Lumière pode nos parecer bastante ingênuo, mas durante aquela exibição, houve quem saltasse espantado da cadeira, temendo que o trem “invadisse” a sala de cinema improvisada.

Os Lumière lucraram muito com o cinematógrafo. Ao transformar um invento técnico em instrumento de entretenimento, os franceses possibilitaram a projeção de imagens em movimento para muitas pessoas ao mesmo tempo, em salas espalhadas por várias partes do mundo.

Isso popularizou o cinema rapidamente: entre 1895 e 1896, países distintos como Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Noruega, Rússia, África do Sul, Índia, Tunísia, Romênia, Portugal, Guatemala, Brasil, Argentina, Uruguai, México, China, Cuba, Tailândia, Japão, entre outros, realizaram exibições de filmes utilizando cinematógrafos.

Se por um lado o cinema proporcionava a possibilidade técnica de gravação de imagens em movimento e exibição em larga escala, por outro ainda não havia desenvolvido uma linguagem específica que impulsionasse sua expansão.

Em pouco tempo, o que era uma grande novidade que maravilhava o mundo, corria o risco de se tornar uma moda passageira, já que com o passar do tempo, as pessoas se desinteressariam em assistir a filmes que exibiam trens em movimento, saídas de funcionários de seu trabalho, bebês se alimentando, além de carros, animais e pessoas em situações diversas – basicamente, os temas dos primeiros filmes dos Lumière.

Esses filmes, simples e curtos, eram rodados em plano único e com a câmera sempre fixa. O uso da câmera em movimento (o “travelling”) foi, como muitas das descobertas do cinema, uma obra do acaso: o cinegrafista chefe dos Lumière estava em Veneza e resolveu fazer uma tomada de dentro de uma gôndola em movimento.

O resultado surpreendente fez com que, depois disso, os filmes passassem a abusar do recurso, utilizando carros, carroças, elevadores, barcos como suporte para as câmeras. A partir de 1897, entretanto, os Lumière diminuíram sua produção, demitiram funcionários de suas fábricas e passaram a explorar a fabricação de cinematógrafos novos e distribuição da grande quantidade de pequenos filmes que já haviam produzido.

Por se tratarem de industriais de grande visão empresarial, e não de “artistas”, os Lumière não foram capazes de perceber que estava no tipo de filmes produzidos, e não no cinematógrafo, o motivo para o desinteresse pelo cinema.

Foi Georges Méliès (1861-1938) quem, a partir de 1896, iniciou a rodagem de filmes em curta-metragem utilizando recursos técnicos como o stop motion, a fusão, a transposição de imagens, a utilização de estúdios e figurantes, a iluminação artificial, a construção de cenários.

Tais técnicas proporcionaram a renovação de que o cinema necessitava. Méliès foi ator e ilusionista, o que facilitou transportar a técnica do teatro e da mágica para o cinema. Produziu centenas de filmes, hoje marcos na história do cinema: “A viagem à Lua”, filme que mostra astronautas de fraque e cartola, viajando em um foguete que atinge o rosto da Lua; a primeira adaptação de 20 mil léguas submarinas, de Julio Verne; ou O túnel sob o Canal da Mancha, que antecipava em 90 anos a construção do Eurotúnel, entre França e Inglaterra.

O realismo de cenas de decapitação em seus filmes fez com que o governo francês proibisse a exibição de cenas parecidas em filmes. Foi a primeira censura a uma obra cinematográfica.

Apesar do sucesso e dos avanços, Méliès era um grande artista que não conseguia explorar comercialmente suas inovações. Desta forma, em 1913 o francês parou de filmar e voltou a atuar como mágico e ilusionista. Abriu falência em 1915 e ficou esquecido por vários anos.

Aos 70 anos de idade, Georges Méliès trabalhava como vendedor de doces na estação ferroviária em Paris. Morreu aos 78 anos, num apartamento cedido pelo governo, onde viveu seus últimos momentos, longe da fama e da fortuna.

Charles Pathé (1853-1957) fundou em 1896 a Pathé Fréres, em associação com seu irmão Émile e com ajuda de Ferdinand Zecca (1864-1947). A empresa foi a primeira a realizar cinema em escala industrial e com distribuição global.

A Pathé se tornou, a partir de 1902, uma indústria de gravação e reprodução de rolos de celuloide, e também um estúdio de produção cinematográfica, que rodava um filme a cada dois dias. Em 1903, começaram a exportar seus filmes para vários países. Pathé investia o dinheiro, montava os estúdios e organizava a distribuição; enquanto Zecca criava roteiros, cenários, dirigia e atuava nos filmes.

Essa associação fez com que o cinema pela primeira vez se tornasse uma arte de grande popularidade mundial. E também distinguiu a figura do produtor executivo do diretor/roteirista. O esquema industrial de produção – que fazia com que cada filme produzido tivesse milhares de cópias, fez com que, em 1907, Charles Pathé se tornasse o primeiro magnata da história do cinema.

Todo esse processo histórico de rápida evolução foi interrompido durante a Primeira Guerra Mundial. O início da guerra afetou os negócios, e Pathé viajou para os Estados Unidos. Continuou a produzir filmes por lá, junto com Zecca, ambos retornando à França ao final da guerra. Desativaram os negócios cinematográficos em 1929, e abandonaram o cinema.

Depois da guerra, os americanos passaram a dar as cartas no mundo do cinema. A fundação dos grandes estúdios, entre as décadas de 1910 e 1920, posteriormente tornou Hollywood a principal referência do cinema no mundo.

Nomes como D. W. Griffith, Edison, Porter, e companhias pioneiras como Biograph e Vitagraph, proporcionaram a fundação de uma grande indústria. Os grandes estúdios da Universal, Mutual, Keystone, Paramount, United Artists, Columbia, surgiram na época e dinamizaram a produção cinematográfica.

Depois, vieram Charlie Chaplin, Buster Keaton, o Gordo e o Magro, protagonistas de comédias que até hoje mantém sua aura de brilhantismo e são capazes de encantar.

A primeira fase do cinema terminava, afinal, proporcionando as bases daquilo que marcaria a produção de cinema durante todo o século 20. A partir desses eventos pioneiros, o cinema se desenvolveu, até o aparecimento, em 1927, do filme O cantor de Jazz, que marcou o início do cinema falado, e levou muitos atores, estúdios, diretores do cinema mudo à decadência.

É um pouco sobre isso que trata o filme O Artista, que pode ser o primeiro filme mudo a ganhar o Oscar em 80 anos. O filme retrata, entre outras coisas, a decadência vertiginosa de muitos atores da passagem do cinema mudo para o filme falado. O diretor dialoga com as técnicas simples empregadas pelas produções pioneiras, como uma homenagem à sétima arte.

BIBLIOGRAFIA

Dicionário de Cinema – Os diretores. Jean Tulard, L&PM, 1996.
O primeiro cinema. Flávia Cesarino Costa. Editora Escrita, 1995.
Subjetividade, tecnologias e escolas. Márcia Leite e Valter Filé (org.). DP&A Editora, 2002.
Vocês ainda não ouviram nada – a barulhenta história do cinema mudo. Celso Sabadin. Lemos Editoria, 2000.

Fonte: revistaescola.abril.com.br

Cinema Mudo

A História do Cinema – Do Mudo ao Colorido

O Surgimento da Sétima Arte

Algumas vertentes da arte possuem uma história longínqua, praticamente inacessível por nós, viventes do século XXI. Dois bons exemplos são a pintura e a música: a primeira, quiçá a forma mais primitiva de arte, tem seu início registrado ainda na era pré-histórica, enquanto a segunda, em seu modelo mais rudimentar, é considerada uma inovação do século VII.

Com o cinema, por sua vez, acontece justamente o oposto: a diferença temporal entre o ano em que estamos e o ano de seu surgimento é extremamente curto, fazendo com que seja possível entendermos sua evolução de maneira muito mais simples e verossímil, e possibilitando, inclusive, que sintamos as semelhanças de sua evolução com a da própria sociedade.

O marco inicial da Sétima Arte é o ano de 1895. Fora neste ano que os Irmãos Lumiére, reconhecidos historicamente como fundadores do cinema, inventaram o cinematógrafo, aparelho inspirado na engrenagem de uma máquina de costura, que registrava a “impressão de movimento” (vale esclarecer: as câmeras cinematográficas não captam a movimentação em tempo real, apenas tiram fotos seqüenciais que transmitem-nos ilusão de movimento) e possibilitava a amostragem deste material coletado a um público, através de uma projeção.

A idéia é basicamente a mesma de uma câmera utilizada nos dias de hoje, porém seu funcionamento era manual, através da rotatividade de uma manivela – anos depois, o processo se mecanizara, e hoje em dia já podemos encontrar equipamentos desse porte em formato digital, embora este possua qualidade inferior ao formato antigo.

Neste mesmo ano de 1895, mais precisamente no dia 28 de dezembro, acontecera também a primeira sessão de cinema, proporcionada justamente pelo trabalho destes franceses, Auguste e Louis Lumiére. Seus pequenos filmes, que possuíam aproximadamente três minutos cada, foram apresentados para um público de cerca de 30 pessoas.

Dentre os filmes exibidos estava A Chegada do Trem na Estação, que mostrava, obviamente, a chegada de um trem a uma estação ferroviária. Reza a lenda que, conforme a locomotiva aproximava-se cada vez mais da câmera, os espectadores começaram a pensar que seriam atropelados pela máquina, correndo alucinadamente para fora das dependências do teatro.

Era o início de uma das evoluções mais importantes da era “pós-revolução industrial”, ainda estranhada pelos olhos virgens da população ignóbil da época – quando falo ignóbil, me refiro ao sentido tecnológico, não cultural.

Durante estes primeiros anos, os filmes produzidos eram documentais, registrando paisagens e pequenas ações da natureza. A idéia também fora dos irmãos franceses, que decidiram enviar a vários lugares do mundo homens portando câmeras, tendo como propósito registrarem imagens de países diferentes e levá-las para Paris, difundindo, assim, as diversas culturas mundiais dentro da capital da França. Os espectadores, então, iam ao cinema para fazerem uma espécie de “Viagem pelo Mundo”, conhecendo lugares jamais visitados e que, devido a problemas financeiros ou quaisquer outros detalhes, não teriam possibilidade de conhecerem de outra maneira. Via-se ali, então, um grande e contextual significado para uma invenção ainda pouco desmembrada pela humanidade.

Com o passar do tempo, talvez por esgotamento de idéias ou até mesmo pela necessidade de entretenimento, os filmes começaram a ter como propósito contar histórias. Inicialmente, eram filmados pequenos esquetes cômicos, cujos cenários eram montados em cima de um palco, conferindo aos filmes forte cunho teatral.

Porém, a necessidade de evolução, da procura de um diferencial, levara um outro francês, George Meilés, a definir uma característica presente no cinema até os dias de hoje: filmando uma idéia baseada em obra literária de um outro francês (é notável a grande presença da França na evolução da cultura mundial), Meilés enviou o homem à lua através da construção de uma nave espacial, em um curta-metragem que fora o precursor da ficção cinematográfica – estou falando de Viagem à Lua, de 1902.

A partir de então, o mundo do cinema modificara-se completamente. Histórias com construção narrativa passaram a ser contadas, fazendo com que os espectadores fossem atraídos por enredos, personagens e outros elementos inexistentes nas primeiras experiências cinematográficas.

Era o cinema atingindo ares de arte, incumbindo em suas engrenagens contextos claramente literários e teatrais (duas das principais artes da época) e abrindo espaço para que pudesse, anos após, entrar neste seleto grupo de atividades reconhecidamente artísticas.

Com o advento da narrativa literária, os filmes passaram a possuir duração mais longa, chegando a ser produzidos com metragens que continham mais de duas horas. Com isso, fora desenvolvido um processo de maior complexidade para a construção de uma obra, fazendo com que os realizadores da época, cansados de criarem produtos baratos, de onde não obtinham lucro, pensassem no cinema como uma espécie de indústria, e, nos filmes, como produtos a serem vendidos. O cinema, a partir desde ponto (que fica localizado em meados da década de 1910), deixava de ser um espetáculo circense, passando, assim, a levar consigo um grande contexto comercial.

O primeiro filme dito comercial do cinema, também é um dos definidores da linguagem cinematográfica moderna (e aqui entra a questão da subjetividade temporal: embora tenha sido definida ainda nos primeiros 20 anos da arte, já é considerada moderna, em razão de não possuir nem 100 anos de existência).

O Nascimento de uma Nação, de D. W. Grifth, delineara as principais características do cinema (que, na época, ainda era mudo). A forma de se contar uma história, com divisão de atos (início, meio e fim), o modo de desenvolver a narrativa, tudo fora popularizado nessa obra que é um marco do cinema, embora seja longa, lenta e bastante preconceituosa (é um filme produzido sob a ótica sulista norte-americana, ou seja, ligada aos ideais da Klu Klux Klan, entidade racista que tinha como objetivo simplesmente eliminar os negros do território americano). Ainda assim, permanece como um marco inestimável do cinema.

Com o surgimento da Primeira Guerra Mundial, a Europa passara a produzir cada vez menos filmes, fazendo com que a produção cinematográfica se concentrasse nos Estados Unidos, mais precisamente em Hollywood (sim, este é o motivo para o domínio massacro exercido pelos EUA no mundo do cinema).

Visando a questão corporativista, diversos estúdios cinematográficos foram criados, construindo estrelas e elevando nomes ao mais alto patamar de popularidade. A publicidade também adentrava o mundo artístico, e exerceria grande influência na valorização popular do cinema: com o intuito de arrecadar fundos, cada estúdio escolhia seu “queridinho”, vendendo ao público a imagem do astro, que, indubitavelmente, moveria multidões às salas escuras.

Nadando contra essa correnteza estavam grandes autores da época do cinema mudo, como Charles Chaplin, nos EUA, os responsáveis pelo movimento cinematográfico alemão intitulado Expressionismo, Fritz Lang e F. W. Murnau, e o soviético Sergei Eisestein, grande cineasta e teórico cinematográfico que fizera aquele que, na humilde opinião da pessoa que vos fala, é o melhor filme deste período, O Encouraçado Potemkin.

Eisestein fizera deste filme, que nada mais era do que um produto encomendado pelo governo comunista para comemorar os 20 anos da revolução bolchevique, o mais revolucionário da era muda, empregando ao cinema características de cunho social (a história é sobre um grupo de marinheiros que, cansados dos maus tratos recebidos no navio, fazem um motim e acabam causando revolução em um porto) e utilizando, pela primeira vez, pessoas comuns para exercerem função de atores. Era a realidade das ruas chegando às telas de cinema.

Na próxima parte, veremos como foi dada a extinção do cinema mudo, bem como o surgimento do cinema falado e o avanço do período clássico do cinema para o contemporâneo.

Também analisaremos algumas escolas cinematográficas e procuraremos entender melhor a relação entre a sétima arte e nossa sociedade, notando características em comum entre a realidade proposta pelos autores e aquela presenciada pelos cidadãos em seu dia-a-dia, e, ademais, fazendo com que desmistifiquemos a evolução que o cinema teve com o passar dos anos.

Do Mudo ao Colorido

Na primeira parte deste especial, conhecemos um pouco das origens e da construção de algumas características que imperaram no mundo cinematográfico das primeiras décadas do século passado. Nessa época, o cinema ainda era composto apenas de imagens e, obviamente, de sentimentos.

A linguagem cinematográfica também ainda era rudimentar, embora estivera sob constante evolução, desde as empreitadas de Griffith na elevação do cunho artístico cinematográfico até nas revoluções do Expressionismo Alemão e do cinema soviético.

Embora essas características do cinema mudo aflorassem em várias limitações para os autores da época, muitos utilizavam-nas de forma inteligente, voltando-as para o próprio sucesso de suas empreitadas. Talvez o grande exemplo disso seja Sir Charles Chaplin, cujo maior legado deixado ao mundo cinematográfico (e à memória dos amantes do cinema) fora a saudosa silhueta de seu mais popular personagem, o vagabundo Carlitos, que tornou-se uma imagem icônica, reconhecida no mundo todo até os dias de hoje.

Porém, para manter essa sua imagem globalizada através da evolução do cinema, o genial artista inglês precisaria de muita coragem e confiança, afinal, o mundo cinematográfico se preparava para uma nova e radical mudança, no ano de 1927.

Sim, este ano foi um marco inestimável para a história do cinema. Foi nesse ano que os irmãos Warner, fundadores do estúdio Warner Bros, apostaram em uma espécie de renovação da técnica cinematográfica: a introdução das falas nas produções de cinema, que antes utilizavam-se dos gestos para se comunicar com o espectador.

O filme responsável pelo feito fora O Cantor de Jazz, que continha trechos cantados pelo protagonista (mesmo que sem sincronia) durante algumas partes de sua duração. Nascia ali o cinema falado, que acabou declarando falência de muitos astros da era muda e, ademais, abrindo diversas possibilidades, antes inimagináveis, para este universo ainda pouco explorado.

Na verdade, O Cantor de Jazz não fora a primeira produção a utilizar-se do som para composição da obra. Antes dele, Aurora, de Murnau, já havia sido lançado, pela Fox, com trilha-sonora aplicada diretamente no filme, fazendo parte de sua estrutura.

Porém, essa empreitada do respeitável diretor alemão no cinema norte-americano, que é tida por muitos como sua obra-prima, não possuía qualquer linha de diálogo, ou seja, era realmente um filme mudo, apenas musicado.

O Cantor de Jazz, porém, além das cenas musicadas, cantadas pelo próprio protagonista, possui ainda algumas linhas de diálogo, sendo, portanto, o primeiro filme falado do cinema.

Com o passar de alguns anos e o imensurável sucesso da nova revolução, que reconstituíra os caminhos da arte, a poderosa indústria hollywoodiana via a necessidade de premiar o sucesso de suas principais produções.

Com isso, no ano de 1929, fora realizada a primeira edição daquele que se tornou o prêmio mais disputado dentre todos os concedidos até os dias de hoje: o Oscar. A cerimônia, realizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, aconteceu no dia 06 de maio, e o prêmio principal, de melhor filme, foi dado a Asas, de William Wellman.

Neste mesmo ano, depois de várias polêmicas envolvendo uma série de filmes e pessoas, os estúdios cinematográficos americanos adotam um sistema de censura, conhecido como Código Hays. O código era formado de uma série de pequenas restrições, grande parte delas de cunho erótico, que deviam ser seguidas à risca para que os diretores e produtores tivessem o direito à comercialização de suas obras.

Em razão disso, principalmente, as produções que foram feitas em meio ao império dessa constituição utilizaram-se muito mais da insinuação (de sexo, violência, etc.) do que da explicitação visual das cenas, o que faz com que, nos dias de hoje, o público possa estranhar a ingenuidade de algumas obras – mesmo assim, boa parte das produções da época continuam funcionando perfeitamente, em razão de sua qualidade astronomicamente superior às das obras do cinema atual.

Já na década de 1930, o cinema vinha ainda se acostumando com a interação do som no modo de contar as histórias. Alguns cineastas e teóricos de cinema, como Eisestein e Chaplin, consideravam desnecessária a presença do som nos filmes.

O primeiro dizia ser este um elemento redundante, já que passava ao espectador a mesma informação que a imagem (o som de uma bala disparada por um revólver, por exemplo – a visualização da ação já nos conta tudo, e o som apenas vem a reforçar algo que já captamos de outra forma), e ambos permaneceram a produzir filmes estruturados no estilo quase extinto do cinema mudo (Chaplin inclusive critica os “talkies” em sua maior obra-prima, o inigualável Tempos Modernos, de 1936, e renderia-se ao advento dos diálogos apenas em 1940, com o também excelente O Grande Ditador).

Mesmo com a existência de um ou outro rebelde, o cinema mudo acabara sendo extinto, abrindo toda e qualquer porta existente para a funcionalidade desse novo modo de se contar histórias. Porém, o cheiro de “novo” começaria a pairar sobre o “mundo” do cinema, desta vez atingindo não os ouvidos de seus habitantes, mas sim os olhos: era a descoberta do processo Technicolor, que viria a acrescentar cores às imagens visualizadas pelos espectadores nos cinemas.

O lançamento do primeiro filme colorido fora feito, no ano de 1935, pelo estúdio Fox, e a obra em questão fora Vaidade e Beleza, de Rouben Mamoulian.

O colorido acabou sendo uma tendência muito apreciada por produtores e também por cinéfilos, mas não impediu que o charme da fotografia preta-e-branca posse relegado pela preferência popular.

Embora fossem produzidas uma boa parcela de filmes coloridos a partir desse ano, diversos autores permaneceram utilizando o processo preto-e-branco, que viria a ser extinto por completo (digo por completo no tocante aos padrões cinematográficos, já que continuam a ser produzidas obras nesse processo fotográfico até os dias de hoje).

Dando continuidade a este especial, na próxima parte conheceremos um pouco mais sobre o cinema durante e após o término da Segunda Guerra Mundial. Veremos também algumas características do cinema de outros países, bem como o auge do cinema norte-americano, na chamada “Era de Ouro” de Hollywood. Não percam.

Daniel Dalpizzolo

Fonte: www.cineplayers.com

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