O Defeito de Família

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Cena I

Cena II

Cena III

Cena IV

Cena V

Cena VI

Cena VII

Cena VIII

Cena IX

Cena X

Cena XI

Cena XII

Cena XIII

Cena XIV

Cena XV

Cena XVI

Cena XVII

Cena XVIII

Cena IX

Cena XX

Cena XXI

Cena XXII

Cena XXIII

Cena XXIV

Cena XXV

CENA I

Gertrudes e Josefina

Gertrudes (Examinando a sala) – Como está esta sala! É um brinco!
Não há nada como o serviço de um criado estrangeiro.

Josefina (Sentada ao lado da mesa, lendo o Jornal das Famílias.) –
Na realidade, papai não podia acertar melhor.

Gertrudes – E que moralidade, minha filha! Ontem ficou mais vermelho do que
fogo de forja, porque entrando casualmente em nosso quarto…Não me
lembrava que és uma criança e que não podes saber essas
coisas.

Josefina (Com curiosidade) – O que foi, mamãe?

Gertrudes – Uma indiscrição de teu pai. O que estás
vendo aí?

Josefina – O último figurino do Jornal das Famílias. Não
acha que este molde de corpinho ia-me às mil maravilhas? (Mostrando
o jornal)

Gertrudes – Vaidosa!

Josefina – O Senhor Artur diz-me constantemente que quem não se enfeita,
a si se enjeita. É preciso, portanto, que eu faça de minha parte
todo o possível por agradá-lo.

Gertrudes – Minha filha, uma menina não deve cativar aquele a quem
ama por essas fofas exterioridades que morrem com a lua de mel, mas sim pelos
dotes do coração e do espírito.

Josefina (Levanta-se) – O que vosmecê acaba de dizer é muito
bonito, mas infelizmente na nossa família há exemplos do contrário.
O noivo de Joaninha desmanchou o casamento porque, estando uma vez a conversar
com ela, surpreendeu-lhe por baixo do vestido a ponta de um chinelo-de-tapete.

Gertrudes – Ora, de quem vens me falar! Um desgraçado, sem eira nem
beira, que ia fazer a sua infelicidade! Ela deve levantar as mãos para
o céu, e agradecer à Providência o favor que lhe concedeu.

Josefina – E a pobre Ritinha? Enxoval pronto, o padre já falado, vem
uma camada de bexigas bravas, transforma-lhe o rosto e o noivo desaparece
de casa do dia para a noite.

Gertrudes – Mas o Senhor Artur nunca seria capaz…

Josefina – Não é bom confiar nos homens. (Canta)

Infeliz da mulher que acredita
Na constância do sexo barbado,
Quando menos o espera é traída
Por um fútil pretexto estudado.

Há um meio, entretanto, infalível,
De curvá-lo ante o nosso poder,
É primar a mulher pelo agrado.
Quem lhe agrada há de sempre vencer.

Gertrudes (Canta) –

Esse noivo que a sorte te deu
É dos homens, por certo, exceção;
Não o hás de prender com tolices.
Mas com os dotes do teu coração.

Josefina – Felizmente quando ele chegar há de encontrar-me de ponto
em branco. Ah! mas quando penso naquilo…

Gertrudes – Aí vem a tua idéia fixa.

Josefina – E não quer que isto preocupe-me o pensamento?

Gertrudes – Eu quando me casei, minha filha, estava nas mesmas circunstâncias
e teu pai nunca deu pela coisa.

Josefina – Mas os homens de hoje são tão espertos…

Gertrudes – Ora, depois de casado, que remédio terá ele senão
calar-se.

Josefina – E se ele quiser divorciar-se?

Gertrudes – Pois isto é lá motivo para divórcio!

Josefina – É verdade que Dona Margaridinha, que é uma moça
do tom, disse-me outro dia que não o era.

Gertrudes – Há uma coisa, porém, de que não te posso
absolver.

Josefina – Qual é?

Gertrudes – Por que recebes aqui às escondidas o tal sujeito?

Josefina – É porque…

CENA II

As Mesmas e Matias.

Matias (Entrando pela esquerda, em trajes caseiros) – Às que horas
acostumam chegar os trem da serra?

Gertrudes (Pausadamente) – O trem da serra costuma chegar às seis
horas.

Matias – A senhora diz isto assim com um tão de mestre de escola!
Dará-se caso que eu tenha dito alguma asneira?! Já estou muito
velho para arreceber liçãos.

Gertrudes – Mas é que tu me envergonhas, Matias, todas as vezes que
abres a boca em público. Por que não te hás de corrigir
deste mau hábito?

Matias – O que envergonha o homem, senhora, são as más açãos;
e graças a Deus, até hoje, ainda não partiquei um auto,
de me arrependesse. (Para Josefina) Bravo! Meu anjinho, estás que é
um céu aberto! Fizestes muito bem, o Senhor Artur não tarda
e daqui a um mês estarás ligada àquele excelente moço
pelos laços da Santa Madre Igreja (Para Gertrudes) Onde está
o alamão?

Gertrudes – O alemão está lá dentro arranjando o quarto,
onde deve ficar o Senhor Artur.

Matias (Gritando para dentro) – Rupretes? Xubregas? Que diabo! Como é
que se pornuncia o nome daquele desarmado?

Gertrudes (Rindo-se) – Pois se tu não podes com a tua língua,
como queres pronunciar a dos outros? (Josefina senta-se ao lado da mesa e
lê o Jornal das Famílias)

Matias – É pena que o ladrão tenha um nome tão arrevesado;
tirantes disso é um criado como não há igual. Sério,
de uma moralidade exemplar, cumpridor de seus deveres, e sobretudo fiel como
um cachorro. Se eu pudesse enchia esta casa de alamões. Tive uma ótima
idéia de mandá-lo vir de Petrópolis. (Canta)

De ter alamões em casa,
Ninguém deve se queixar;
Pois é gente papafina.
Para uma casa guardar

Quem quiser ter o sossego
E a paz no coração,
Lá da terra das bengalas
Mande vir um alamão.

Que ventura, que prazer!
Nada tenho a desejar;
Estou servido de criado,
E a filha vou casar.

E vivam os alamões! (Gritando para dentro)
Xubregas? Rupretes? Ó Monsiú?

CENA III

Josefina, Gertrudes, Matias e Ruprecht.

Ruprecht – Mein Herr? O senhor jamou-me?

Matias – Sim, chamei-te. Irra! Tens um nome que não me passa da garganta.
Pornucia lá isso, mas com toda a vagareza.

Ruprecht – Ruprecht Somernachtsraumenberg, uma zeu griado. (Gertrudes vê
o jornal com Josefina)

Matias – Safa! Para pornunciar isto, só pondo uma batata quente na
boca! Já arranjastes o quarto?

Ruprecht – Ya wohl.

Matias – Mau, que você está degenerando; pois agora é
que vai, quando eu lhe ordenei desde manhã que arrumasse aquilo?

Ruprecht – Mas eu xá arrumei!

Matias – Então como é que me vem dizer “já vou?!”

Gertrudes (Rindo) – Este criado acaba por te tornar maluco.

Matias – Ora, vejemos se fizeste tudo quanto te encomendei.

Ruprecht – Está tudo brombto. Muito ponito tudo! A gama muito macia.

Matias – O que compraste para o almoço amanhã?

Ruprecht – Rindfleich.

Matias – Para que fostes comprar rim?

Ruprecht – Non, non é rim… é este gouza, eu nom zabe como
se jama auf portuguische.

Matias – Que diacho é isto, então?

Ruprecht – Rindfleich….esse picho que tem gapeça crande…poi, poi.

Matias – Ah! vaca, vaca.

Ruprecht – Faca, non, poi, poi.

Matias – O que mais?

Ruprecht – Gomprei mais uma bosta de beixe.

Matias – Uma ova de peixe, queres dizer.

Ruprecht – Nein; um bedaço de beixe.

Gertrudes – Estás aí a usurpar as minhas atribuições.
Sempre impliquei com homem que se mete com o governo da casa. Manda o criado
embora; quando te sentares logo à mesa saberás o que há
para comer.

Matias – Tens razão; com uma mulher da tua orde e um criado destes
pode-se passar a vida de braços encruzados.

Josefina – É muito bonito este romance do Macedo.

Matias (Vendo as horas) – O trem já devem ter chegado. Vão
passarem uma vista d’olhos pelo quarto para que nada faltem ao filho do compadre.
Eu vou fazer a barba. (Sai pela esquerda, Josefina e Gertrudes também
saem.)

CENA IV

Ruprecht, só.

Ruprecht – Hum! Este gaza non está pom, non. Menina tem gabeça
virada e velho zoldado non zabe de batifaria que fai por aqui. Eu não
quer canha dinheiro assim. (Canta)

Isto assim não esta ponito.
Eu não bosso aqui fifer.
Vai me embora b’ra Bedrobolis.
Cerfexa e queixo facer.

O zoldado não está mau,
Mas menina está xirando
Com garinha de inocente,
Bobre noifo anda enganando.

CENA V

O Mesmo e Artur.

Artur (Entrando pelo fundo, com uma mala) – Deus esteja nesta casa.

Ruprecht – A quem brocura?

Artur – Onde está o Senhor Matias?

Ruprecht – Está facendo a parpa. Quem é o zenhor?

Artur – Vá dizer-lhe que está aqui o filho do seu compadre.

Ruprecht – Ah! é o zenhor Ardur de Miranta?

Artur – Em carne e osso.

Ruprecht – O namorato da menina?

Artur – Então, avia-te.

Ruprecht (À parte) – Coitato! (Sai pela esquerda)

CENA VI

Artur e depois Matias.

Artur – Quem será este palerma? (Coloca a mala e o chapéu em
cima da mesa e senta-se) Eis-me, enfim, em vésperas de tomar estado.
Quem diria?!

Matias (Com um lado do rosto ensaboado e segurando a navalha) – Eu bem dizia
que o trem já tinham chegado. (Abraçando Artur) Cuidado, não
se corte. O compadre não veio?!

Artur – Não pôde.

Matias – Seria por cerimônia?

Artur – Sabe que meu pai não pode abandonar presentemente a fazenda.

Matias – Eu logo vi; havera de ser bonito que o compadre fizesse cerimônia
comigo. Mas onde está esta gente? Gertrudes? Josefina?

Artur – Não as incomode.

Matias – Olhe que esta casa já é sua; pode ir entrando, e dispondo
de tudo.

CENA VII

Os Mesmos, Josefina e Gertrudes.

Gertrudes – Quanto folgo de vê-lo. (Aperta a mão de Artur)

Artur (Para Josefina) – Como tem passado?

Matias – Eu já volto. (Sai)

CENA VIII

Artur, Josefina e Gertrudes.

Gertrudes (Olhando maliciosamente para Josefina) – Não imagina a ansiedade
com que era esperado.

Artur – Deveras?

Gertrudes – Esses dias têm corrido para Josefina com tal lentidão…

Artur – Avalie como eu os passaria em Petrópolis. Há um mês
que não vejo o sol. O astro rei, uma ou outra vez, por especial favor,
mostra-nos a face naquele céu, sempre carrancudo que afugenta as estrelas
e onde a lua raras noites desenha o perfil. Um poeta cantou a lua de Londres;
eu hei de cantar o sol de Petrópolis. (Espirrando)

Gertrudes e Josefina – Viva!

Artur – Obrigado. Não façam caso, são efeitos daquele
belo clima. Quem por ali passa paga o tributo de um defluxo, ou…(Espirra)

Gertrudes e Josefina – Viva!

Artur – Ora, por quem é. No meio daquela monotonia consolava-me uma
idéia.

Josefina – Qual era?

Artur – A ventura que terei de gozar no novo estado que me espera.

Gertrudes (Para Josefina) – Curiosa!

CENA IX

Os Mesmos e Matias

Matias – Por que não vai se acomodar? Deve estar fatigado da viagem.
(Artur espirra) Está constipado?

Artur – Dou-me muito mal com a atmosfera lá de cima.

Matias – Aquela fazenda de seu pai é muito sujeita a atmosferas.

Gertrudes (Baixo a Matias) – Já começas a dizer asneiras.

Matias (Alto) – Qual foi a asneira que eu disse?! Minha mulher entende que
eu sou um menino de escola e está constantemente a dar-me liçãos.
Pois olhe, Senhor Artur, eu fiz, não há muitos anos, inzame
de protuguês em Alagoas e fui aprovado com distinção.

Gertrudes – Está bom, nós já sabemos.

Matias – Mas o Senhor Artur não sabe, porque ainda não lhe
contei esta. Havia em Maceió um agente da companhia de vapores chamado
Manoel Maria. O inzaminador, que queria espichar-me na tal gramática,
deu-me para analisar a seguinte oração: – O vapor chegou. –
O verbo é chegou, não? – Sim, senhor. Quem é o agente?
Eu que sou fino, respondi-lhe imediatamente: – É o Senhor Manoel Maria.
O meu professor, que estava ao lado, desatou a rir do sangue frio com que
respondi à progunta e no dia seguinte vi o meu nome, como o de um dos
concurrentes mais habilitados ao lugar que pretendia.

Artur – Está visto.

Matias – Eu serei burro, mas bão senso não me falta.

Gertrudes – Oh! pois não.

Matias – Ultimamente no Paraguai mandei deitar abaixo uma linha do teléfrago.

Gertrudes (Interrompendo-o) – Vamos para dentro, Senhor Artur. (Baixo a Matias)
Estás dizendo muitas asneiras.

Matias – Não acha que fiz bem?

Artur – Muito bem.

Matias – Pois o bão senso não estava dizendo que aquilo era
uma coisa inútel?! Aquela gente falava o guarani, nós falamos
o protuguês. De que nos servia um teléfrago em guarani? Mas eu
estou aqui a maçar-lhe a paciência. Então, não
acha a menina mais gordinha?

Josefina – O que é isto, papai?

Artur – Sempre bela e encantadora.

Matias – Pois olhe: devia estar muito magra; pois que desde que o conhece
vive aqui em casa numas afliçãos! Vestidos para aqui, rendas
para acolá. – O Senhor Artur não gosta disso, gosta mais daquilo…

Josefina – Papai.

Matias – Ontem estava dizendo à mãe que queria cortar aquela
duas barruguinhas do queixo porque parecia-lhe que o senhor implicava com
elas.

Josefina – Papai.

Matias – E no entretanto eu acho que aquilo dá-lhe muita graça.
Parece dois grãezinhos de milho.

Gertrudes (Baixo) – Grãos, grãos.

Matias – Com os diabos! No outro dia disseste-me – capitão, capitães;
logo grão, grães.

Gertrudes – Está bem; dize lá como quiseres.

Matias – Faceirice até ali.

Josefina – Vosmecê nunca há de perder o sestro de contar tudo
quanto ouve e vê.

Artur – É um hábito, como outro qualquer.

Matias – Diz muito bem, é um hábito. Não sabe da história
da raposa e do macaco?

Artur – Não, senhor.

Matias – O macaco disse um dia à raposa: – Por que olhas para trás
sempre que entras em um capão de mato? A raposa perguntou ao macaco:
– E tu, por que não podes estar cinco minutos sem te coçares?
Apostaram qual dos dois levaria mais tempo, um sem se coçar, outro
sem olhar para trás. Seguiram ambos por um campo. A raposa, mais astuta,
querendo ver o que lhe ficava pelas costas sem perder a aposta, puxou a seguinte
conversa: – Aqui houve em outros tempos uma grande batalha em que morreu uma
quantidade extraordinária de bichos; todo este campo (Voltando-se ao
redor da cena) ficou cheio de cadavres. O macaco, que era mitra, acudiu logo:
-É verdade, o defunto meu avô cá esteve e ficou todo baleado
por aqui, por ali…(Imita o macaco, coçando as costelas)

Artur (Rindo) – Magnífico, magnífico!

Matias – Assim sou eu.

Gertrudes – Pois fazes mal, nem tudo se deve contar. Há bem pouco
tempo deste motivo a boas gargalhadas em casa do Queiroz com a história
dos cadetes.

Matias – Riram-se, é verdade, mas foi por causa da lição
que dei aos tais sujeitos. Vinha uns cadetinhos no bondio dos fumantes, já
se sabe – charutinho na boca, e nada de me tirarem os chapéu, apesar
de eu estar fardado e trazer as competentes divisa. Eu viro-me para eles e
digo-lhes com certo ar de ironia: – Senhores cadetes, como vai? A coisa produziu
logo efeito, porque um deles, descobrindo-se com todo o acatamento, disse-me:
– Senhor capitão, como vão?

Gertrudes (Para Artur) – Por que não entra?

Artur – Se me permite, ficarei conversando com Dona Josefina.

Gertrudes (Baixo a Matias) – Vamos, eles querem ficar sós.

Matias (Para Artur) – Maganão! (Sai juntamente com Gertrudes)

CENA X

Artur e Josefina.

Artur – Por que hás de ser tão faceira?

Josefina – Não acredite nas histórias de papai. E quando fosse
verdade…(Com intenção) Quem não se enfeita…

Artur – A si se enjeita, tens razão. Se nós homens pagamos
tributos à vaidade, as mulheres devem render a essa deusa o mais fervoroso
culto.

Josefina – Pelo que vejo, então, a minha pessoa representa um papel
muito secundário nesse amor que diz consagrar-me?

Artur – Oh! não, minha cara Josefina; mas essas aparências,
que o mundo chama futilidades, são para o sentimento o que a aragem
é para o fogo. Um poeta disse que a toalete é a alma da mulher.

Josefina – Amargo epigrama às filhas de Eva. Seria o mesmo que dizer
que o merecimento artístico de uma tela depende da custosa moldura
que a cerca.

Artur – Quando te vejo, ostentando as galas da elegância, parece-me
que teus olhos brilham com mais fulgor, que teus lábios purpurinos
se abrem como dois botões de rosa aljofrados pelo orvalho da manhã,
que tens sobre a fronte um diadema de luz e que pisa a criação
com o pezinho mimoso e feiticeiro que o sapatinho oprime.

Josefina (À parte) – Meu Deus! Se ele soubesse! Eu morreria de vergonha!

Artur – Parece que tua cintura quebrar-se-ia ao menor contato…

Josefina – Tu não me amas.

Artur – Se te amo! (Tirando uma sempre-viva do bolso) Conheces esta sempre-viva?
Trago-a bem junto do coração, desde o dia em que ma deste. Esta
flor quer dizer – amar até morrer. Eu juro, por este penhor sagrado,
que hei de amar-te até a morte.

A sempre-viva que me deste, ó bela,
Oh! sempre viva me será na mente,
Nas pétalas d’ouro que esta flor ostenta,
Leio o protesto de um amor ardente.

Se a flor mimosa desbotar não pode,
Mesmo dos anos ao poder nefando,
Ao seio unida, viverei com ela,
Beijando as pétalas morrerei te amando.

Amor tão puro, como eu sonho, arcanjo,
Vejo exalar-se desta flor divina,
Oh! seja embora meu amor um crime,
Hei de adorar-te como a flor me ensina.

A sempre-viva que me deste, ó bela,
Oh! sempre viva me será na mente,
Nas pétalas d’ouro que esta flor ostenta,
Leio o protesto de um amor ardente.

CENA XI

Os Mesmos e Ruprecht

Ruprecht (Entrando com uma vela e acendendo as da sala) – Lá esta
a zonza a iludir o bobre rabaz. Eu vai te arma uma poa laço.

Artur (A Josefina) – Que maçante! Quem é este palerma?

Josefina – É um criado alemão, por quem papai morre de amores.
Dê-me o seu braço e vamos ao jardim. (Artur dá o braço
a Josefina e passa por perto de Ruprecht)

Ruprecht (Baixo) – Eu guer lhe falar.

Artur – Se me permite, irei daqui a pouco.

Josefina – Como queira. (Sai)

CENA XII

Ruprecht e Artur.

Artur – O que queres?

Ruprecht (Examinando cautelosamente as portas) – Scio!

Artur – Que diabo de mistério é este?

Ruprecht – Este menina não está pom, non.

Artur – O que queres dizer com isto?

Ruprecht – Bai não sape de nata e mãe sem ferconha serfe de
capa.

Artur – Patife!

Ruprecht – Batife, ia wohl, endra todo o tia neste zala e está azim
(Ajoelhando-se) ao bé de noifa de focê.

Artur – Estarei eu sonhando, Santo Deus! Fala, demônio; mas fala português,
de modo que eu te entenda.

Ruprecht – Menina tem um amande, focê não defe gasa com ela.

Artur – E se eu te disser que estás mentindo como um cão!

Ruprecht (Zangado) – Engole este palafra, eu não mente. (Avançando)
Engole já palafra. Du bist ein Schaffskopf. (Ameaçando-o com
o punho no rosto)

Artur – Está bom, está bom.

Ruprecht – Engole já palafra.

Artur – Já engoli.

Ruprecht – Eu guer lhe abre os olhos em dempo e focê está muito
sem ferconha.

Artur – Mas tu tens certeza do que estás dizendo?

Ruprecht – Ya wohl. Gewiss.

Artur – Pois será crível que aquele anjo de candura…Ó
Deus de bondade, eu te agradeço por me teres iluminado tão horrendo
precipício!

Ruprecht – O que fai facer?

Artur – Lançar em rosto desta mulher a infâmia que cometeu para
comigo e despedir-me para sempre desta casa.

Ruprecht – Esbera um bouco. Focê guer fêr com suas próprias
olhos?

Artur – Sim, sim.

Ruprecht – Então gala sua boca, não dá esgandalo. Nós
abanha sujeita com poça na potija. Fai pra dentro e faz cara de dolo.

Artur – Mulheres! Mulheres!

Ruprecht – Fai pra dentro. (Artur sai) Bobre rabaz! (Acende a última
vela e sai)

CENA XIII

André Barata, só.

André Barata (Entrando pela última porta da direita) – Aquela
menina ainda há de ser a causa da minha perdição. Obriga-me
a entrar aqui pela porta da cozinha, num belo dia esbarro-me face a face com
o pai e dão-me cabo do canastro. Se a mãe não consentisse,
eu já tinha sido infalivelmente pilhado, e tudo por um capricho tolo;
sim, porque no fim de contas, que mal havia que o noivo soubesse das minhas
visitas? O coração está me vaticinando que hoje acontece-me
alguma (Canta)

Por amor de uma menina,
Estou metido em boa cama,
Se me livro da esparrela
Não caio noutra trama.

Quando entro aqui à noite,
Perco a fala fico mudo,
Sinto câimbras pelas pernas,
Sinto frio, sinto tudo.

CENA XIV

O Mesmo, Josefina e depois Ruprecht.

Josefina – Constipava-me no jardim, à sua espera…Jesus! o senhor
aqui?!

André – Pois não me disse anteontem que esperava-me hoje a
estas horas? Sou pontual como um inglês.

Josefina – Meu Deus! Ele pode chegar…

André – Minha senhora, declaro-lhe, com a franqueza que me caracteriza,
que não compreendo os seus escrúpulos.

Josefina – O senhor não vê que se ele soubesse deste segredo
me repeliria no mesmo instante.

André – Não creio, minha senhora; ele havia de fazer todo o
possível para ocultar isto e, até depois de casado, as portas
de sua casa abrir-se-iam de par em par para receber-me.

Josefina – Depois de casada, nunca, senhor! Porque eu morreria no dia que
meu marido suspeitasse disto.

André – E sua mãe não sabe de tudo?

Josefina – Sabe, é verdade; porém ela padecia do mesmo mal
quando se casou com meu pai…

André – Então, já vê que…

Josefina – Mas meu pai não se importa com essas coisas.

André – É um excelente marido.

Josefina – E eu a conversar com o senhor! Artur não tarda por aí,
vá-se embora.

Ruprecht (Aparecendo na porta) – Prafo! Abanhei-os. (Sai)

CENA XV

Josefina, André e depois Artur.

André – A minha demora é muito pequena; sente-se e vejamos
como vai o seu pé. (Senta-se no sofá)

Josefina – Ele pode surpreender-nos.

André – São cinco minutos apenas.

Josefina – Aqui mesmo?

André – Por que não?

Josefina – Ai, ai, se não lhe tivesse tanto amor…Vamos, mas muito
depressa. (Artur aparece na porta, Josefina senta-se no sofá e André,
ajoelhando-se, segura-lhe no pé)

Artur (Entrando) – Infame!

Josefina (Assustando-se) – Ai! (André esconde-se rapidamente na primeira
porta da direita. Artur olha com raiva concentrada para Josefina, que abaixa
a cabeça)

CENA XVI

Ruprecht, Josefina e Artur.

Ruprecht – Eu fai arruma minha baú, e fai me embora, patifaria muito
crande. (Entra pela segunda porta da direita)

Josefina – Artur!

Artur – Sei de tudo, senhora.

Josefina – Sabes de tudo?! Céus! O que disse ele! Não me desprezes,
eu te peço, em nome do que tens de mais santo.

Artur – Vilmente enganado!

Josefina – Eu te juro que é falso. Não creias, não é
verdade.

Artur – E ousas negar quando acabo de ver…

Josefina (Com vivacidade) – Não viste, é mentira.

Artur – Basta, senhora; esta cena está me irritando os nervos e eu
saberei o partido que hei de tomar. (Canta)

Linda e pura como um anjo
Julguei-te nos sonhos meus,
Quebraram-se os teus encantos
Serena imagem de Deus.

Dos jardins da minha vida
Foste a rosa sedutora:
Já não vives neste peito
Mulher falsa e traidora.

Josefina (Canta) –

Enganá-lo já não posso,
Para sempre estou perdida,
Quebraram-se os seus encantos,
E a ilusão de minha vida.

Josefina – Artur! (Quer segurar-lhe na mão)

Artur (Saindo pela segunda porta da esquerda) – Deixe-me.
(Josefina quer segui-lo, mas volta, deixando-se cair no sofá)

CENA XVII

Josefina e Gertrudes.

Gertrudes – Onde está o Senhor Artur?

Josefina (Encostando a cabeça ao peito de Gertrudes e chorando) –
Hi! Hi! Hi!

Gertrudes – O que tens, menina?

Josefina – Está tudo descoberto!

Gertrudes – Como?

Josefina (Levanta-se) – Artur vai abandonar-me e propalará a minha
vergonha por toda a parte.

Gertrudes – Mas como foi isto? Conta-me.

CENA XVIII

As Mesmas e André.

André (Tremendo) – Já se foi?

Gertrudes – O Senhor André!

André – É verdade, minha senhora, antes não fosse.

Gertrudes – Mas o que veio fazer o senhor hoje cá?

Josefina – Artur surpreendeu-o aos meus pés e disse-me que já
sabia de tudo. (Chorando) Hi! Hi! Hi! (Sai pela primeira porta da esquerda)

CENA XIX

André e Gertrudes.

Gertrudes – Que indiscrição, senhor?

André – E então! Pois é a senhora que me chama de indiscreto?
Quem foi que me disse que eu viesse cá hoje?

Gertrudes – É verdade, não me lembrava…saia, saia.

André – Eu sairia correndo como um veado, mas não sei que diabo
tenho que as pernas estão a tremer-me como caniços agitados
por um grande temporal.

Gertrudes – Onde está o seu chapéu?

André – Daria um doce à senhora, se me dissesse onde está
a minha cabeça. (Gertrudes procura o chapéu). Muito custa a
levar-se esta vida honradamente.

Gertrudes (Achando o chapéu, em cima de um dos aparadores) – Tome.
(André toma o chapéu, deixa-o cair aos pés de Gertrudes
e abaixa-se para apanhá-lo, no momento em que aparece Matias na segunda
porta da esquerda)

CENA XX

Os Mesmos e Matias.

Matias – Um home nos peses de minha mulher! (André corre precipitadamente,
escondendo-se na segunda porta da direita) Senhora Dona Gertrudes! (Com furor)

Gertrudes – Não é preciso alterar-se, é a coisa mais
simples deste mundo.

Matias – A senhora arrecebe um home em minha ausência, e tem o atrevimento
de vir dizer-me que é a coisa mais simples deste mundo!

Gertrudes – Miserável! Duvidas de tua mulher!

Matias – Não me faça ferver o sangue. Olhe que entre mim e
a senhora há um mundo de cobrinhas furta-cores. Eu não estou
bão, senhora.

Gertrudes – Fala baixo; queres fazer um escândalo?

Matias – Falo bem arto; todo o mundo há de saber que a senhora me
traiu. O casamento de nossa filha está desmanchado, porque a senhora
acaba de comprometê-la.

Gertrudes – Mentes.

Matias – Artur acaba de me contar tudo; ele julgava que Josefina, aquela
pomba sem fel…- e no entretanto é a mãe…

Gertrudes – Senhor Matias, deixe-me falar.

Matias – Não; primeiro hei de saciar a minha vingança no infame
sedutor. Entra para ali Lucrécia Brogia. (Aponta para a primeira porta
da esquerda) Já para ali.

Gertrudes – O que irá acontecer, meu Deus! (Sai)

CENA XXI

Matias e Artur.

Matias – Sou eu a vítima.

Artur – O senhor?!

Matias – Sim; o negócio é com minha mulher.

Artur (Zangado) – Ora, Senhor Matias.

Matias – Apanhei-os.

Artur – Quem?

Matias – Gertrudes e o tal sujeito de que me falou.

Artur – Se não está caçoando comigo, digo-lhe que está
doido.

Matias – Mas se eu vi.

Artur – Se eu também vi.

Matias – O senhor está bem certo disso?

Artur – Pois não lhe disse já que estive há pouco com
ela nesta sala?

Matias – Então são dois. Nós também samos dois,
seguremos os bichos.

Artur – Acredita porventura que eles estejam ainda aqui?

Matias – O meu entrou ali. (Indicando a segunda porta da direita) Fechemos
as portas. (Fechando a porta do fundo e a primeira e segunda da esquerda)
Ah! é preciso apagar as velas. (Apaga-as) Agora toda a cautela são
poucas. (Tateando) Venha me seguindo. (Chegam à segunda porta da direita)
Coloque-se do lado de lá, eu ficarei aqui. (Artur fica a um lado da
porta e Matias do outro lado)

Artur – Mas isto assim, sem uma bengala ao menos.

Matias – O senhor não tem mões? Scio! Assim que aparecerem
a cabeça do sujeito…zás. (Apertando o pescoço) Deve-se
fingir voz de mulher. (Com voz fina) Pode entrar.

Artur (Com voz fina) – Entrem, eles já se foram.

CENA XXII

Os Mesmos, Ruprecht e depois André.

Ruprecht (Entrando) – Gue escuritão! (Matias e Artur agarra-lhe no
pescoço. Ruprecht quer gritar e não pode, e vêm os três
à boca da cena )

Matias – Aperte sem dó, nem piedade.

Artur – Está seguro. (André entra)

André (À parte) – Bonito! A porta do quintal fechada, e eu
aqui às escuras. (Tateando)

Matias – Hás de morrer como um porco. Aperte, seu Artur.

André (À parte) – O que ouço?!

Artur – O bicho não nos escapa mais.

André (Á parte) – Morrer como um porco! Caí num matadouro!

Ruprecht (Conseguindo tirar do pescoço a mão de Matias) – Zogorro!
Zogorro!

Matias – O alamão?! (Artur larga o pescoço de Ruprecht)

André (À parte) – Santa Bárbara! Onde estará
a porta da rua? (Tateando)

Ruprecht – Gue guer dizer isdo?!

Matias – Cala a boca, não faças barulho. O sujeito está
aqui; e é preciso gazofilá-lo.

Ruprecht – Mas eu não zou o zujeito!

Artur – Os patifes são dois e não um, como me disseste. Procurêmo-los.
(Os três tateiam pela cena)

André – Ei-los comigo! (Tateando, esbarra-se no sofá, e fica
de cócoras em cima daquele. Ruprecht esbarrando em Matias, toma-o por
André e segura-lhe no pescoço, Matias quer gritar e não
pode, Artur passa a mão pela cara de André)

André (Gritando e correndo) – Socorro! Socorro!

Ruprecht – Um xá está securo.

Artur (Tateando, em procura de André, esbarra-se com Ruprecht, toma-o
por aquele e aperta-lhe o pescoço) – Achei-te enfim! (Ruprecht quer
gritar e não pode)

André (Gritando) – Socorro! Socorro!

CENA XXIII

Gertrudres, Josefina, André, Artur, Ruprecht e Matias.

Gertrudes (De dentro, batendo na porta) – Abram a porta.

Artur – Agüente, seu Matias. (Gritando) – Uma vela, que eu já
não posso.

André (À parte) – Se eu achasse a porta da rua…

Gertrudes (De dentro) – Então abrem ou não?

Artur (Gritando) – Uma vela, pelo amor de Deus!

Gertrudes (Arrombando a porta e seguida de Josefina que traz uma vela) –
O que é isto?!

Artur (Deixando Ruprecht) – Pois era tu?!

Ruprecht (Deixando Matias) – Pois era o zenhor?!

Artur – Onde está o sedutor?

Josefina (Para André) – Fuja, fuja.

Matias (Avançando para André) – Eis aqui o marvado. (Segurando-o
pela gola do paletó) Agora não me escaparás.

André (A Gertrudes) – Ó senhora, deslinde toda esta alhada,
que a minha vida está por arames.

Gertrudes – Este homem está inocente.

Matias – Eu já te vou dar a inocência, grandissíssimo
maroto. Xubregas? A minha espada.

Ruprecht – Brombto. (Sai)

CENA XXIV

Os Mesmos, menos Ruprecht.

Gertrudes – Senhor Matias, um escrúpulo mal entendido da nossa filha
é a causa desta cena.

Josefina – Pelo amor de Deus, minha mãe, cale-se.

Artur – Deixe sua mãe falar, senhora.

Gertrudes – Este homem é um pedicura.

Matias – Pedicura!

André – É a pura verdade, senhor; sou formado neste difícil
ramo, e merecia que me tratassem com mais consideração.

Matias – Mas o que veio fazer em minha casa?

Gertrudes – Josefina sofre…

Josefina – Ela vai dizer tudo! Minha mãe…

Artur – Fale, fale, minha senhora.

Gertrudes – Josefina sofre de uma moléstia horrível…

Matias e Artur – Qual é?

Gertrudes – Tem um joanete!

Josefina – Está tudo acabado! (Cobre o rosto com as mãos)

Matias (Deixando André) – Um joanete?! Que diacho vem a ser isto,
senhor?

André (Com tom dogmático) – O joanete é o diabo em forma
de osso que se agrega ao pé, faz com ele comércio de amizade,
aumenta-lhe a base e uma vez estabelecido o seu domínio, entendiam
os antigos pedicuras que era impossível desalojá-lo. Eu, porém,
depois de um acurado estudo, em que gastei a mais bela parte da minha mocidade,
descobri um remédio milagroso, perante o qual todos os joanetes se
abatem, como provam os atestados, que passo a ler. (Tira diversos papéis
do bolso)

Matias – Não me explicará, senhora, esta embrulhada?

Gertrudes – Josefina queria ocultar este defeito ao Senhor Artur. Vendo anunciadas
nos jornais curas milagrosas feitas pelo Senhor André Barata, resolveu,
com meu consentimento, recebê-lo aqui em segredo…

Matias – E como me ocultaram isto?

Gertrudes – Com o teu gênio falador, irias contar tudo ao Senhor Artur
e a pobre menina estava persuadida que o seu noivo a abandonaria no dia em
que soubesse do fatal segredo.

Artur (Para Josefina) – Por que me julgaste tão mal? Acreditavas porventura
que te idolatrando com um anjo…

Gertrudes – Era o que eu lhe observava, porque, no fim de contas, o que quer
dizer um joanete? (Para Matias) Eu tenho um enorme e tu nunca deste pela coisa.

Josefina (Para Artur) – É de família.

André (Lendo) – “Atesto que o Senhor Barata tirou-me oito calos
do dedo mínimo…”

Matias – Esta bão; abasta. Vá em paz e agardeça à
Providência o não ter de ir daqui para a botica.

Josefina (Para Artur) – Não me desprezas?

Artur – Pelo contrário, cada vez te amo mais. (Para André)
Autorizo-o a continuar desassombrado a cura encetada e ponho à sua
disposição a minha bolsa.

Josefina – Mas atestado, por forma alguma.

CENA XXV

Gertrudes, Ruprecht, Artur, André, Matias e Josefina.

Ruprecht (Com a espada embainhada e fazendo esforço por tirá-la
da bainha) – Aqui está a esbada. Muito verrugem, non sai, non.

Matias – Leva-a para dentro; já não é preciso.

Ruprecht – Gomo?

Matias (Batendo no ombro de Gertrudes) – Sempre me meteste um susto…

Ruprecht (Para Artur) – Gomo se expliga isdo?

Artur – As aparências muitas vezes enganam, meu palerma.

Ruprecht (Á parte) – Bercepo, apafaram o negocia em família.

Josefina (Canta) – Meus senhores e senhoras,
Quero dar-lhes um lembrete,
Não propalem por aí…

Gertrudes (Canta) – Que ela tem um joanete.

Todos (Menos Ruprecht) – Silêncio! Scio ! Atenção!
Por favor bico calado,
Que um defeito de família
Não deve ser revelado.

[Cai o pano]

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