Períodos da História do Japão

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Para compreender qualquer sociedade contemporânea é essencial o conhecimento da sua história.

No decorrer dos milênios a miscigenação se completa, resultando em uma população praticamente homogênea, do ponto de vista étnico, assim como no surgimento de uma cultura nativa.

Alguns arqueólogos afirmam que o Japão foi habitado pela primeira vez há cerca de cem mil anos, quando ainda era uma parte de terra da Ásia.

Outros garantem que o povoamento se deu por volta de dez a trinta mil anos atrás, através de estreitos com a Coréia e áreas próximas, durante a era glacial.

Ao contrário do que muita gente pensa, a origem do povo japonês não é a China, como provam diferenças básicas na língua, na forma de governo e nas crenças religiosas que existiam quando os dois povos entraram em contato pela primeira vez.

Instrumentos de pedra e fósseis humanos daquela época revelam como esse povo antigo viveu colhendo e caçando, desde a idade da pedra lascada até cerca de dez mil anos atrás, no período conhecido por pré-cerâmico.

O período seguinte (por volta de 8.000 a 300 a.C.) caracteriza-se pela produção de recipientes de barro para guardar comida e cozinhar, conhecidos por cerâmica Jomon – que lhe deu nome (período Jomon).

Essa época marca-se também pela fabricação de utensílios de pedra refinados e o desenvolvimento de técnicas de caça avançadas (uso do arco e flecha).

Por volta de 300 a.C a agricultura (principalmente a plantação de arroz) e as técnicas de trabalho com metais foram introduzidas do continente asiático. O período que se inicia nessa época e vai até cerca de 300 d.C. é chamado de Yayoi, devido ao nome da nova técnica de fabricação de cerâmica usada e à cultura então vigente.

A pré-história japonesa durou muito tempo em relação à de seus vizinhos asiáticos; só terminou no século VI, quando, pelo estreitamento de laços culturais com a Coréia, chegam ao país a escrita chinesa em ideogramas (kanji), o budismo e confucionismo, cuja duradoura influência sobre o povo nipônico dura até hoje.

(250-710 d.C.)

O relevo acidentado e variado dividiu o país desde o início em numerosas pequenas localidades, com dialetos e características próprias. Por volta de 250 d.C., cavaleiros vindos da Mongólia invadiram o Japão, e não demoraram em assumir o controle do país, tornando-se então a aristocracia. Uma das famílias de nobres, sobrepondo-se às demais, afirmou ter origem divina para se estabelecer no poder.

O primeiro membro dessa família teria sido neto de Amaterasu, a deusa do sol, segundo a mitologia japonesa.

Descendente dessa família, Jimmu Tenno foi o lendário primeiro imperador do Japão. Estabeleceu a dinastia Yamato e, gradualmente, reuniu todas as pequenas localidades em um único Estado.

A classe dominante japonesa do início do Estado Yamato era composta por clãs proprietários de terras, chamados de uji. Cada uji era formado por descendentes de um ancestral comum, e reunia uma população trabalhadora constituída por diversos grupos profissionais, especializados em determinadas tarefas.

Cada grupo profissional recebe o nome de “be”. O maior deles era o que cultivava arroz, chamado de tabe ou tanabe. Além desse havia o grupo dos pescadores (ukaibe), tecelões (hatoribe) e arqueiros (yugebe) entre outros.

Os uji lutavam entre si e faziam alianças mediante casamentos, ao que tudo indica. Recebiam títulos, de acordo com sua função no estado Yamato, chamados de kabane. Por causa disso, alguns estudiosos chamam o regime governamental da época de uji-kabane.

Imensos túmulos construídos naquela época refletem o alto grau de poder da dinastia Yamato. Alguns deles têm áreas tão grandes quanto aquelas das pirâmides do Egito.

Dentro dos túmulos eram depositadas pequenas e impressionantes peças de escultura denominadas Haniwa.

As Haniwa eram feitas de barro e representavam pessoas e animais que provavelmente faziam parte da vida do morto. As Haniwa são objetos simples que no entanto requerem bastante técnica para serem feitas.

A adoção do termo “tenno” (imperador) pelos governantes data do início do século VII, durante a era conhecida como período Asuka (entre os anos 593 e 628). O príncipe Shotoku Taishi, que governava por sua tia, Imperatriz Suiko, restringiu o poder dos grandes ujis e decretou uma série de normas no ano de 604. Trata-se da primeira constituição do Japão, composta por 17 artigos, com o objetivo de fortalecer a unificação do Estado.

Com a morte de Shotoku, em 622, tem início um período de guerras civis. Os conflitos terminam em 645, com a aniquilação do poderoso clã Soga pelos seus adversários.

A organização centralizada do estado, proposta por Shotoku, reflete-se novamente na chamada reforma Taika, de 645, empreendida pelo imperador Kotoku.

Estabeleceu-se o sistema de governo então vigente na China – dinastia dos Tang: todas as terras e a população ficaram sujeitas ao governo central, e os camponeses, obrigados a pagar impostos.

Período Azuchi – Momoyama

(1573-1603)

Com a influência do xogunato reduzida a praticamente nada, muitas foram as tentativas fracassadas de poderosos daimyo em unificar o Japão sobre o próprio poder.

O perspicaz general Oda Nobunaga foi o primeiro a obter sucesso.

Nobunaga conseguiu o controle da província de Owari em 1559. Localizado estrategicamente, consegue tomar a capital em 1568, acabando de vez com os últimos vestígios do enfraquecido xogunato Muromachi e restaurando o poder da corte imperial.

Estabelecido em Kyoto, continua a eliminar os seus adversários, entre os quais estavam algumas facções budistas militares, especialmente a seita Ikko, que havia se tornado poderosa em diversas províncias.

Nobunaga então destrói completamente o monastério Enryakuji, próximo a Kyoto, em 1571, e continua lutando contra a seita Ikko até 1580.

Nobunaga empregou a nova tecnologia dos mosquetes para triunfar nos conflitos contra o clã Takeda, um de seus principais rivais. Durante a batalha de Nagashino, em 1575, seus exércitos se valeram dessas armas para vencer uma poderosa cavalaria samurai, destruindo por completo o clã Takeda.

Em 1582, Oda Nobunaga é assassinado por um de seus próprios vassalos, Akechi, que aproveita a situação para tomar o castelo Azuchi. O general Toyotomi Hideyoshi, que lutava por Nobunaga, age rapidamente e derrota Akechi, assumindo o controle. Hideyoshi então continua os esforços de Nobunaga pela unificação. Conquista as províncias do norte e Shikoku em 1583, e Kyushu em 1587. Finalmente, em 1590, derrota a família Hojo e reúne todo o Japão sob o seu controle.

Para garantir sua permanência no poder, Hideyoshi adotou uma série de medidas. Destruiu vários castelos, construídos durante o período das guerras civis.

Estabeleceu uma clara distinção entre os samurais e as demais classes, proibindo-os de trabalharem como lavradores.

Em 1588 confiscou todas as armas dos camponeses e de instituições religiosas, na chamada “Caça às Espadas”. Em 1590 fez um levantamento das propriedades dos senhores feudais em função da produtividade de arroz. No mesmo ano recenseou a população e concluiu as obras do seu castelo em Osaka.

Após a unificação, o Japão torna-se um país muito mais pacífico, acabando, por fim, as guerras interfeudais. A população se concentra nas cidades, o que serve para aumentar o comércio e a cultura urbana.

Empolgado com o sucesso na unificação do país, Hideyoshi por duas vezes tenta conquistar a Coréia. Contudo, as duas tentativas fracassam. Em 1598 as forças japonesas deixam a Coréia. Nesse mesmo ano, Toyotomi Hideyoshi morre.

Período Heian

(794-1192)

Devido à crescente influência dos monges budistas no governo, o imperador Kammu resolve romper de vez os laços entre o governo e o Budismo. A capital é transferida novamente, de Nara para Heian, que posteriormente vem a ser chamada de Kyoto.

Na fase inicial do período Heian, surgem os saburais, ou servidores do palácio. A estes funcionários eram dados serviços de caráter civil e, posteriormente, militar.

Historiadores afirmam que aí se encontra uma das origens dos samurais, embora ainda não constituíssem uma classe.

Durante esse período, o país atravessa um período de longa paz. Com exceção da região de Honshu, ainda não pacificada, praticamente não existia a necessidade de força militar para o estabelecimento da ordem.

Enquanto isso, o Budismo se difunde aos poucos, em sua forma mais esotérica, conquistando também a classe dos aristocratas.

Sob o comando do clã Fujiwara, durante o século X, a cultura nativa do Japão experimenta rápido desenvolvimento. É criado o sistema silabário de escrita japonês (kana), composto por 46 signos básicos. Assim, os japoneses não necessitariam mais do complexo sistema de escrita chinês, criando uma literatura ágil e original. Escrito por Murasaki Shikibu nesse período, O Conto de Genji (Genji Monogatari) é considerado a primeira novela do mundo.

Já na metade desse período, a administração local torna-se cada vez mais difícil, devido ao descaso dos nobres da corte pelas províncias e assuntos administrativos em geral.

Não podendo confiar no apoio do governo central, as famílias provinciais mais poderosas passam a fortalecer o próprio poder militar, recrutando camponeses como guerreiros, para prover as necessidades de polícia e segurança.

Essa transferência de poder militar do governo central às várias províncias proporcionou o desenvolvimento de uma classe guerreira provincial nos séculos X e XI, que viria a tornar-se, posteriormente, a classe dos samurais.

No ano de 939 a corte se abala com a notícia de que Taira Masakado, líder guerreiro e chefe do clã dos Taira (ou Heike), havia conquistado à força oito províncias e se proclamado o novo imperador do Japão.

Para deter a revolta do clã dos Taira, a corte envia o general Fujiwara Tadafumi no comando de um poderoso exército. Entretanto, ele é morto e suas forças sofrem severas baixas, devido à simpatia dos líderes locais pela atuação dos Taira.

Paralelamente a tudo isso, ascendia também o clã dos Minamoto (ou Genji), descendente de certa linhagem imperial, promovendo campanhas de conquista no norte de Honshu.

As famílias Fujiwara, da aristocracia tradicional, e os clãs Taira e Minamoto, representando a nova classe, dominam então o cenário histórico durante séculos, período marcado por sucessivos confrontos armados entre os séculos XI e XII, quando a figura do samurai passa a desempenhar importante papel na história do Japão.

Nos distúrbios de Hogen (1156) e Heiji (1159), os Taira vencem os Minamoto e conquistam o poder, sob o comando de Taira Kiyomori. Kiyomori foi o primeiro samurai a ocupar posição de liderança no governo.

Praticando atrocidades e abusando do poder, o governo Taira logo se tornou odiado por todos. Assim, seu domínio não durou mais do que duas décadas, período em que o clã Minamoto se recuperava e juntava forças, até a última guerra civil do período, que durou cinco anos e terminou com a famosa batalha naval de Dannou, no ano 1185. Nesse choque, o clã Taira é derrotado, e morrem todos os seus principais líderes. Sobe ao poder Minamoto Yoritomo, marcando o final do período.

Período Kamakura

(1192-1333)

Após a derrota do clã Taira, Minamoto Yoritomo é nomeado xogun (ditador militar) pelo imperador. A Corte imperial vê, assim, o seu poder transferir-se para os samurais, sob o regime militar conhecido por xogunato, ou bakufu.

O primeiro xogunato, inaugurado por Minamoto Yoritomo, ficou conhecido como Kamakura Bakufu. Isso porque a sede administrativa foi transferida novamente, desta vez para Kamakura, uma vila litorânea ao leste do Japão.

O xogun passou a ter o poder de nomear os seus próprios vassalos para administradores (jito) e protetores das províncias (shugo). Nesse período, inicia-se o chamado feudalismo japonês.

O xogunato caracterizou-se por uma forma de governo baseada nas regras de conduta dos samurais. O bushidô, o caminho do guerreiro, ou código de ética dos samurais, começa a ser formado nesse período.

A noção de lealdade ao superior já é bem evidente. Os samurais passam a ser os guardiões do novo regime, exercendo tanto funções civis – cobrança de impostos dos camponeses, por exemplo -, quanto militares e de proteção.

A linhagem direta dos Minamoto acaba com a morte de Yoritomo e posteriormente de seus dois filhos. O poder efetivo passa então para a regência do clã Hojo.

Em 1232, Hojo Yasutoki proclama a primeira legislação samuraica, composta por 51 artigos. Goseibai Shikimoku, como ficou conhecida, foi o primeiro código de leis feudais do país.

Durante esse período o Japão vivenciou relativa prosperidade e crescimento econômico. A população cresceu, e novas cidades surgiram. Novas técnicas agrícolas foram adotadas pelos camponeses, aumentando a produção. O excedente era comerciado com a China, assim como vários outros produtos manufaturados e novas culturas (como a soja e o chá).

O budismo experimentou um considerável ressurgimento e difusão popular. Este movimento expressou-se através de várias correntes importantes, como a da Terra Pura Budista, difundida por Honen.

As maiores escolas do budismo que existem atualmente no Japão descendem direta ou indiretamente das escolas surgidas no período Kamakura.

Junto com a ampliação do comércio com a China, foram assimilados novos aspectos culturais, tais como o consumo do chá e o Zen-budismo . Esse último foi amplamente aceito pela classe dos samurais, pois não dependia de rituais e era considerado um poderoso instrumento para o aperfeiçoamento pessoal.

No ano de 1220, não muito longe dali, ascendia ao poder um dos maiores conquistadores do mundo. Trata-se de Genghis Kan, rei da Mongólia, que em pouco tempo conquista toda a China pela força das armas e de seu afiado senso de estratégia militar. As forças de seu exército estendem-se desde a Coréia até a Europa Oriental, dominando quase todo o continente asiático.

Kublai Kan, neto de Genghis Kan, decide em ousada manobra conquistar também o território japonês para ampliar os seus domínios. Iludido, provavelmente pelos coreanos, acreditava que o Japão era um país rico em ouro e outros minerais.

Em 1274, Kublai envia um exército de 40 mil homens à baía de Hakata. Os samurais lutam com extrema bravura em defesa do território nacional, mas, assim mesmo, a superioridade numérica e bélica dos mongóis supera as defesas dos japoneses.

Aconteceu então o imprevisto: durante uma noite de descanso em seus barcos, um poderoso furacão afunda várias embarcações mongóis, causando grandes baixas ao seu exército.

Os samurais aproveitam a oportunidade para expulsar de vez os invasores.

Após a primeira tentativa de invasão de Kublai Kan, o xogunato arma suas defesas e se prepara para um futuro ataque, que não demorou a chegar. Em 1281 os exércitos mongóis invadem novamente o Japão, desta vez contando com um exército de mais de 140 mil homens, desembarcando no litoral de Hakata.

Os combates duram cerca de dois meses quando, milagrosamente, um violento tufão varre o litoral de Kyushu, forçando os navios de Kublai Kan a se retirarem novamente com o que sobrou da esquadra.

Assim, o Japão por duas vezes derrotou a Mongólia, inimigo superior em número e armamento, com seus valentes guerreiros samurais e contando com a ajuda da fúria da natureza.

Os tufões vitais para a vitória japonesa ficaram conhecidos por “kamikaze”, ou vento divino, e fizeram os japoneses acreditarem que eram protegidos pelos deuses. Além disso, a vitória sobre os mongóis foi muito importante para o surgimento de um forte sentimento nacionalista.

Entretanto, devido aos grandes gastos com a defesa do país, o xogunato foi incapaz de recompensar devidamente os guerreiros que lutaram contra os inimigos. Isso porque os conflitos foram travados no próprio território, não havendo espólios de guerras a serem distribuídos. Dessa forma, o Kamakura Bakufu acabou por perder a confiança dos samurais.

Período Meiji

(1868-1912)

A era Tokugawa chega ao fim em 1868, com a restauração de Meiji. O imperador Meiji muda-se de Kyoto para Tóquio, que se torna a nova capital. O poder político do xogunato dos Tokugawa, já enfraquecido, foi transferido para as mãos do imperador e de um pequeno grupo de nobres e samurais.

Como outras nações asiáticas subjugadas, o Japão foi obrigado a assinar tratados com as potências ocidentais. Esses tratados garantiam aos ocidentais vantagens legais e econômicas sobre o Japão.

Para ganhar independência em relação aos Estados Unidos e Europa, o governo Meiji adotou uma série de medidas, praticamente em todas as áreas, para que o Japão pudesse se tornar uma nação rica e respeitada.

O novo governo planejava tornar o Japão um país democrático, com igualdade entre o seu povo. Promoveu uma reforma social, em que aos poucos se foram extinguindo as diferenças entre as classes do período Tokugawa.

Os samurais foram os principais perdedores, vendo desaparecer com a extinção da classe todos os seus privilégios. As reformas também incluíram a elaboração de uma constituição e a garantia da liberdade religiosa, em 1873.

Para estabelecer o novo governo, os senhores feudais (daimyo) tiveram que ceder todas as suas terras ao imperador. Isso foi feito em 1870, seguindo-se a transformação dos feudos em prefeituras.

A educação foi reformulada, primeiro de acordo com o sistema francês, depois, seguindo o alemão. Instituiu-se também a educação compulsória.

Depois de uma ou duas décadas de intensiva ocidentalização, uma onda de sentimentos nacionalistas e conservadores toma espaço: princípios do Confucionismo e do Xintoísmo são incrivelmente enfatizados e ensinados nas instituições educacionais. Fortalecer o setor militar foi prioridade máxima do Japão, em uma era marcada pelo imperialismo europeu e americano. Para isso, modernizou o seu exército e marinha.

Para transformar a economia agrária do Japão feudal em uma moderna economia industrial, muitos estudantes japoneses foram mandados ao exterior, para aprender as ciências e linguagens do ocidente, enquanto especialistas estrangeiros eram trazidos para o país. As linhas de comunicação e transporte foram melhoradas com largos investimentos governamentais.

O governo também direcionou suporte para o crescimento das indústrias e dos negócios.

Os gastos elevados provocaram uma crise, por volta de 1880, seguida por uma reforma no sistema financeiro e pelo estabelecimento do Banco do Japão.

A indústria têxtil cresceu rapidamente e tornou-se a maior indústria japonesa até a Segunda Guerra Mundial.

As condições de trabalho nas primeiras fábricas, como em todo o mundo ocidental, eram muito ruins. Mas os movimentos socialistas e liberais que surgiam eram fortemente reprimidos pelo governo central.

No setor político, o Japão recebeu a sua primeira constituição ao estilo europeu, em 1889. A Câmara dos Comuns garantiu a participação popular.

Conflitos de interesses na Coréia entre a China e o Japão causaram a Guerra Sino-Japonesa, entre 1894 e 1895. O Japão derrotou a China e anexou Taiwan, mas foi forçado pelas potências ocidentais a devolver outros territórios. Essa ação fez com que o exército e a marinha japonesa intensificassem o seu processo de armamento.

Novo conflito de interesses na Coréia e na Manchúria, desta vez entre a Rússia e o Japão, levaram à Guerra Russo-Japonesa entre 1904 e 1905.O exército japonês também venceu essa guerra, conquistando territórios e, finalmente, algum respeito internacional. O Japão aumentou a sua influência na Coréia e a anexou completamente em 1910.

Esses sucessos intensificaram ainda mais o sentimento de nacionalismo do povo japonês.

Em 1912, morre o imperador Meiji e chega ao fim a sua era, que deixou um saldo positivo de grandes reformas, além de um estado moderno e unificado: o Japão como a potência militar mais forte da Ásia.

Período Muromachi

(1338-1573)

A decadência do governo de Kamakura atiçou a cobiça de seus inimigos. O imperador Godaigo, com a ajuda da classe guerreira, executa sucessivos golpes para restaurar o poder efetivo da família imperial.

Após muitos conflitos e tentativas fracassadas, obtém êxito, finalmente, no ano 1333. Toda a família Hojo e seus vassalos morrem em guerras ou praticando o harakiri, ao constatarem a derrota.

Esse episódio fica conhecido como Restauração de Kemmu.

Ao subir ao poder, o imperador vai contra a corrente histórica da evolução: tenta restaurar o antigo regime imperial, Ritsuriô, que já havia sido descartado e superado. Além disso, na premiação dos vassalos que o ajudaram a derrotar o xogunato, Godaigo comete visíveis injustiças, como tomar propriedades de outros samurais.

Nessa situação, o líder samurai Ashikaga Takauji vira-se contra o imperador e força-o a escapar para Yoshino, ao sul de Kyoto. Takauji estabelece um novo imperador e usa o seu poder para, em 1338, nomear-se o novo xogun. A base do xogunato Muromachi ou Ashikaga foi estabelecida em Kyoto.

Assim as duas Cortes, a de Yoshino, no Sul, e a de Kyoto, no Norte, hostilizam-se violentamente em conflitos armados, por 57 anos. Em 1393, durante o governo de Ashikaga Yoshimitsu, Gokameyama, o então imperador de Yoshino, é forçado a ceder o poder à Corte do Norte. Acaba dessa forma a rivalidade entre as duas facções e completa-se a organização do xogunato dos Ashikaga.

O xogunato passa então a atuar como governo central. Entretanto, o poder efetivo restringe-se às províncias mais próximas de Kyoto, e, mesmo nessas, vai perdendo a influência com o passar do tempo.

A economia desse período, bem como o cultivo da soja e do chá, desenvolve-se bastante. Novas técnicas agrícolas aumentam a produtividade e o comércio se expande. Isso provoca o desenvolvimento de mercados, cidades e novas classes sociais.

No decorrer da Guerra das Duas Cortes, os antigos governadores militares (shugo) evoluem e transformam-se em poderosos líderes guerreiros locais. Esses chefes ficam conhecidos por daymiô, que, ao pé da letra, significa “grande proprietário”, ou simplesmente senhor feudal.

Os daymiô passam a contratar guerreiros locais para a formação de seus próprios exércitos. Esses samurais tornam-se vassalos dos senhores feudais, tendo que servi-los em troca de pagamentos e proteção.

A liberdade que o governo central outorgou aos senhores feudais tornou-os autônomos nos limites de seus territórios, embora ainda formalmente subordinados ao xogun. Passam então a disputar territórios entre si.

Os mais ambiciosos e habilidosos assumem o controle de diversas províncias, reduzindo por conseqüência o poder do xogunato.

Com a crescente decadência do poder central, e o desinteresse do oitavo xogun, Yoshimasa, pela política, irrompe a chamada Rebelião de Onin, em 1467, marcando o começo de um período de sangrentas guerras interfeudais. Os secretários de Estado Hosokawa e Yamana, que já se desentendiam, recorrem às armas pela supremacia no poder.

As duas facções contam com samurais do próprio xogunato e camponeses contratados para juntar-se às forças. Em lugar de recompensa, ganhavam o direito de incendiar e pilhar cidades. O palco do conflito foi Kyoto, a capital, que em poucos anos encontra-se completamente destruída e em ruínas.

Estavam assim estabelecidos o caos e a lei do mais forte. Traições tornaram-se comuns até mesmo entre senhores e vassalos, baixando em muito os padrões de moral dos samurais.

Camponeses organizavam revoltas contra o xogun, que já então não passava de um simples daimyo.

Com a descentralização do feudalismo nipônico, inicia-se uma época de conflitos, riscos e incertezas. A Guerra de Onin durou mais de cem anos, com poderosos daimyo tentando sucessivamente reunificar o território nipônico, transformado então em um conjunto de províncias autônomas. Nesse período conturbado surgem como nunca diversos clãs de ninjas, que se tornam peças-chave nas lutas interfeudais.

Apesar dos incessantes conflitos que caracterizaram essa época, a arte japonesa desenvolveu-se bastante. O estilo arquitetônico, as pinturas (particularmente influenciadas pelo Zen-budismo), poesias e canções dessa época experimentam significativo florescimento.

A cerimônia do chá (Chanoyu) e a arte de arranjar flores (Ikebana) desenvolveram-se bastante nessa época. O teatro é sofisticado com o surgimento do dramático Nô e Kyogen. Juntos com o Kabuki, surgido posteriormente, o Nô e o Kyogen são as formas teatrais mais representativas do Japão.

Em 1543, pela primeira vez o Japão tem contato com o mundo ocidental. Um navio português desembarca na ilha de Tanegashima, ao sul do Japão. Com ele vinham centenas de mosquetes, as primeiras armas de fogo a serem introduzidas no país.

No começo os samurais desprezaram tais armas, pois foram consideradas uma tática covarde: não era mais necessário o combate corpo-a-corpo para se derrotar o inimigo. Com o tempo, entretanto, a tecnologia supera a tradição e as armas passam a ser fabricadas em diversos pontos do país.

Em 1549, o jesuíta Francisco Xavier introduz o Cristianismo no Japão. O Catolicismo obtém relativo êxito no oeste do Japão, e junto com ele o comércio com países europeus.

Os portugueses e demais europeus não tinham os mesmos hábitos higiênicos dos japoneses, como o de tomar banho, e sempre desembarcavam ao sul do país. Por causa disso ficaram conhecidos como “Bárbaros do Sul”(Nanbanjin).

Período Nara

(710-787) d.C.

Esse período caracteriza-se sobretudo pela grande influência civilizadora da China, e marca o auge do poder do estado burocrático. No ano 710, os japoneses construíram uma nova cidade; uma cópia de Changan, a capital da dinastia chinesa de Tang. A capital imperial transferiu-se de Asuka para a Nara, a nova cidade.

Devido ao apoio do governo e do imperador Shomu, o Budismo prosperou e a cultura chinesa se difundiu e foi amplamente assimilada pelos japoneses. A escrita chinesa (kanji) foi adaptada à língua nipônica, e já era muito usada. Muitos templos foram construídos nessa época; verdadeiros exemplos da bela arquitetura e do estilo refinado oriental. A arte estava em evidência, assim como a literatura.

O regime uji-kabane (de clãs e grandes proprietários) entra em decadência, e em seu lugar estabelece-se o regime Ritsuriô: ritsu tem o sentido de código penal, e riô os códigos administrativo e civil.

Basicamente uma cópia do regime político chinês.

Período Edo

Tokugawa Ieyasu, um dos mais inteligentes partidários de Nobunaga, tornou-se o homem mais poderoso do Japão após a morte de Hideyoshi em 1598. Contra as suas próprias promessas, ele virou-se contra o herdeiro de Hideyoshi, o jovem Hideyori, para tornar-se o centro do poder do país.

Na batalha de Sekigahara, em 1600, Tokugawa Ieyasu derrota os seguidores de Hideyori e alguns outros rivais, ganhando assim o total controle do Japão. Em 1603 foi nomeado pelo imperador o novo xogun, estabelecendo o seu governo na crescente cidade Edo, atual Tóquio.

A sociedade foi por ele rigidamente dividida em quatro classes: samurais, camponeses, artesões e comerciantes. Aos membros dessas classes, não era permitida a troca de status social.

O rude sistema de administração dos samurais adquire notável desenvolvimento e eficiência, e marca o auge do feudalismo japonês.

Ieyasu distribui os feudos obtidos na unificação entre os seus mais fiéis vassalos. Entretanto, os novos daimyo agora passam a ser atrelados ao governo central.

Esse novo sistema manteve o poder nas mãos dos Tokugawa por mais de 250 anos, em um período bem mais tranqüilo que os anteriores, sem mais guerras interfeudais, que ficou conhecido também por “A Idade da Paz Ininterrupta”.

Após a destruição do clã Toyotomi e a captura do castelo de Osaka em 1615, Ieyasu e seus sucessores praticamente não tiveram mais rivais. Assim, os samurais passaram a se dedicar não somente ao treinamento marcial, mas também à filosofia, literatura, caligrafia e cerimônia do chá. Nesta época de paz destacou-se o samurai Miyamoto Musashi; um guerreiro de grande disciplina e praticantes do Zen-budismo.

Em 1614, Ieyasu força a perseguição ao Cristianismo. Isso porque com o crescente avanço da religião Católica entre os japoneses (inclusive daimyo), o governo começa a temer que os convertidos passem a apresentar uma ameaça à ordem. Soma-se a isso a influência da Holanda, que estabelecia comércio com o Japão e era protestante, e o conflito com as outras religiões já existentes.

Em 1633 o governo exige que todos os japoneses renunciem ao Cristianismo, e para isso proíbe a entrada de jesuítas e navios portugueses ao Japão, assim como a saída de japoneses ao exterior.

O xogunato passou a acreditar que as atividades missionárias dos jesuítas dissimulavam uma conquista política.

Dessa forma, em 1639 a já iniciada política de isolamento se completa: agora apenas o comércio com a Holanda e China é mantido, através do porto de Nagasaki.

Este passa a ser o único contato do Japão com o mundo exterior.

Apesar do isolamento, o comércio e a agricultura não param de crescer. Especialmente na era Genroku (1688-1703), em que a cultura popular floresce.

O desenvolvimento comercial fez com que o poder econômico da classe mercantil ultrapassasse até o da classe dos samurais.

A partir daí surgiu o peculiar teatro kabuki, o mais popular do Japão, como forma de protesto dos mercadores contra as classes dominantes. Paralelamente ao surgimento dessa nova modalidade teatral, a arte da pintura em madeira, conhecida por ukiyo-e, também se destaca nesta época.

Em 1760 o banimento da literatura estrangeira é cancelado, e diversos ensinamentos são importados da China e da Holanda. Nessa época os escolares passam a estudar ciências ocidentais, tais quais a medicina e a astronomia, através da língua holandesa.

Na segunda metade do século XVIII o xogunato constatou que cada vez mais os seus rendimentos, baseados em tarifas sobre a produtividade do arroz, eram insuficientes para cobrir todas as despesas.

Para resolver este problema o governo aumentou as taxas de impostos sobre os camponeses, o que provocou diversas rebeliões. Assim começou a surgir entre o povo o desejo de um reforma política.

Quase simultaneamente, surgiam novas pressões exteriores à abertura do Japão ao mundo ocidental. Mais precisamente no final do século XVIII, quando a Rússia tentou estabelecer contatos comerciais com o Japão sem sucesso. Finalmente, em 1853 os Estados Unidos forçam o governo Tokugawa a abrir um limitado número de portos para o comércio internacional.

Devido a diversos fatores, dentro e fora do país, o xogunato dos Tokugawa por fim reconheceu que a abertura do Japão era inevitável; o seu adiamento só traria mais problemas.

Com a Revolução Industrial do Ocidente, apenas uma radical mudança na política interna faria com que o país pudesse se igualar em poder aos ocidentais. Isso fez com que o Japão estabelecesse tratados de amizade com os Estados Unidos e outros países ocidentais, para logo começar a comerciar com eles.

Nessa época surgiram em todo o país várias críticas ao governo central, que supostamente estaria se rendendo à força militar estrangeira. Apesar disso, na grande tensão política em que o país se encontrava, o xogunato, os daimyo e os samurais preferiram evitar uma nova guerra civil e uniram-se sob a autoridade da corte imperial para assegurar a ordem e unificação do Estado.

Períodos da História do Japão – Resumo

história do Japão é frequentemente dividida em períodos distintos, cada um marcado por mudanças políticas, sociais, culturais e econômicas significativas.

Aqui estão os principais períodos da história japonesa:

Período Jomon (14.000 a.C. – 300 a.C.): Este é o período mais antigo da história japonesa, caracterizado pela presença da cultura Jomon, uma sociedade caçadora-coletora que produziu cerâmica rudimentar e viveu em aldeias dispersas.

Período Yayoi (300 a.C. – 300 d.C.): Durante este período, o povo Yayoi, que migrou do continente asiático, introduziu técnicas agrícolas avançadas, metalurgia e tecelagem ao Japão. Isso levou ao desenvolvimento de assentamentos agrícolas mais densos e a uma maior complexidade social.

Período Yamato (300 – 710): Este período é caracterizado pela ascensão do poder centralizado sob a liderança do Clã Yamato. A introdução do budismo da Coreia desempenhou um papel importante na formação da cultura e política japonesas durante este tempo.

Período Nara (710 – 794): Durante o Período Nara, a capital do Japão foi estabelecida em Nara, e o país foi governado por uma série de imperadores que promulgaram uma série de reformas políticas, sociais e culturais, incluindo a adoção do código de leis conhecido como Ritsuryo.

Período Heian (794 – 1185): Este período é conhecido como a “Era Clássica” do Japão, caracterizado por um florescimento da arte, literatura e cultura, especialmente na capital Kyoto. Foi durante este período que o famoso conto “Conto de Genji”, de Murasaki Shikibu, foi escrito.

Período Kamakura (1185 – 1333): Este período é marcado pelo estabelecimento do primeiro shogunato feudal, com o Clã Minamoto assumindo o controle do governo central. O Período Kamakura também viu o surgimento de novas formas de budismo, como o Zen.

Período Muromachi (1336 – 1573): Durante este período, o shogunato Ashikaga governou o Japão, e a capital foi estabelecida em Kyoto. O Período Muromachi é conhecido pelo desenvolvimento das artes, incluindo a cerimônia do chá, ikebana (arranjo de flores) e teatro Noh.

Período Azuchi-Momoyama (1573 – 1603): Este período viu a unificação do Japão sob o comando de Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu. Ele é marcado por conflitos intensos e a introdução de influências culturais e tecnológicas ocidentais.

Período Edo (1603 – 1868): Durante o Período Edo, o Japão foi governado pelo shogunato Tokugawa, e a capital foi estabelecida em Edo, que agora é Tóquio. Este foi um período de estabilidade política e isolamento do Japão do resto do mundo, exceto por um comércio limitado com países ocidentais e chineses.

Período Meiji (1868 – 1912): O Período Meiji marcou o início da modernização e ocidentalização do Japão. O imperador Meiji restaurou o poder imperial, e o país passou por uma série de reformas políticas, sociais e econômicas para se tornar uma potência industrial moderna.

Período Taisho (1912 – 1926): Este período foi caracterizado por uma era de liberalismo político e cultural, bem como por uma crescente urbanização e industrialização.

Período Showa (1926 – 1989): O Período Showa viu o Japão atravessar a Segunda Guerra Mundial, bem como um rápido crescimento econômico e reconstrução pós-guerra, tornando-se uma das maiores economias do mundo.

Período Heisei (1989 – 2019): Durante este período, o Japão enfrentou desafios econômicos, demográficos e ambientais, incluindo o envelhecimento da população e o colapso da bolha econômica dos anos 90.

Período Reiwa (2019 – atualidade): O Período Reiwa começou com a ascensão do imperador Naruhito ao trono em maio de 2019. Este período está em andamento e está marcado por uma série de desafios contemporâneos, incluindo a pandemia de COVID-19 e questões econômicas e sociais em evolução.

Esses são os principais períodos da história japonesa, cada um dos quais desempenhou um papel significativo na formação da sociedade e cultura japonesas contemporâneas.

Fonte: www.osamurai.hpg.ig.com.br/www.colegiosaofrancisco.com.br/www.tees.ne.jp/www.japan-guide.com

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