Ecologia Urbana

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Ecologia Urbana – O que é

ecologia urbana, simplesmente, é o estudo da vida na cidade. No final do século XIX, biólogos e zoólogos criaram o campo da ecologia, buscando compreender as complexas relações entre os organismos e seu ambiente.

O termo ecossistema passou a ser usado para se referir a uma comunidade de organismos e seu ambiente associado ao funcionar como uma unidade ecológica. Desde então, o estudo de ecossistemas tem sido amplamente associado a descrições científicas de locais primitivos, tipicamente em regiões remotas onde a presença humana era mínima ou inexistente. Em contraste, a ecologia urbana é o estudo dos ecossistemas urbanos. Em geral, a biodiversidade urbana é fortemente dominada por espécies exóticas. Existem exceções, por exemplo, comunidades suburbanas que retêm partes do habitat natural pré-existente, mas, em geral, os ecossistemas urbanos são fundamentalmente antropogênicos, o que significa que são feitos pelo homem.

As evidências da ação humana sobre o meio ambiente remontam a milhares de anos. Caçadores humanos na América do Norte desempenharam um papel na extinção de grandes mamíferos desde 12.000-5.000 anos atrás. O desenvolvimento de sociedades agrícolas levou a efeitos colaterais, incluindo erosão do solo, doenças e desmatamento antes dos tempos modernos. Em algumas cidades antigas, a degradação ecológica era grave, e cidades e culturas arruinadas deixaram para trás amplas evidências para pesquisadores modernos. Ao longo de milhares de anos, a humanidade desempenhou um papel importante na mudança dos ecossistemas em que viveu e, nos tempos modernos, esse processo tornou-se prolífico e generalizado.

No novo milênio, os ecologistas têm poucas dúvidas de que a vontade coletiva da humanidade é a força dominante no bem-estar e no resultado do meio ambiente global.

Com quase metade da população mundial vivendo em áreas urbanas e quase 80% das pessoas em países desenvolvidos vivendo em cidades, a humanidade consome uma grande quantidade de recursos, a maioria dos quais vem de ecossistemas fora da cidade. Grandes quantidades de recursos renováveis e não renováveis estão sendo transportadas de ecossistemas periféricos para ecossistemas urbanos, enquanto grandes quantidades de poluentes produzidos pelo homem estão sendo criadas por ecossistemas urbanos e espalhadas por todo o espectro de ecossistemas. Por esta razão, os ecologistas urbanos enfatizam a importância de entender, em termos ecológicos, como as atividades das pessoas afetam o espectro ecológico total, desde a natureza intocada até as áreas urbanas.

Os ecologistas definem um ecossistema urbano como um ecossistema dependente, o que significa que depende de outros ecossistemas e de energia e recursos externos para funcionar. Por outro lado, um ecossistema natural geralmente tem um equilíbrio uniforme entre suas entradas e saídas energéticas. William Rees, pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, criou uma ferramenta analítica para medir o quão dependente é o ecossistema urbano. Chamado de “pegada ecológica”, mede aproximadamente quanta terra é necessária para manter as atividades de uma cidade.

Outro aspecto do processo urbano em estudo é a franja urbana. A franja é o ponto de expansão onde a atividade humana, a construção e a estrutura se encontram e alteram outros ambientes ecológicos ou naturais existentes. Também conhecido como expansão urbana, esse processo, segundo a revista Bioscience, consumiu cerca de 13 milhões de acres (5,3 milhões de ha) de terra nos Estados Unidos entre 1970 e 1980, e outros 3,6 milhões de há na década de 1980. Além disso, o desenvolvimento de terras agrícolas e florestas durante a década de 1990, em plena expansão econômica, atingiu um ritmo recorde na América, acelerando para uma taxa de 3,2 milhões de acres (1,3 milhão de ha) por ano, segundo algumas estimativas.

Esse rápido desenvolvimento mudou profundamente os ecossistemas envolvidos e um ramo próspero da ecologia urbana estuda como os padrões de desenvolvimento urbano alteram a composição ecológica e a organização das espécies.

Por exemplo, a mudança nas relações predador e presa causada pela atividade humana alterou a população de vida selvagem em vários habitats. Alguns animais tornaram-se mais familiarizados e confortáveis com o ambiente urbano, e os encontros entre humanos e animais aumentaram.

Um coiote foi encontrado em um elevador em um prédio federal de Seattle. Muitos coiotes, cujos números dobraram desde 1850, foram avistados com frequência procurando comida nos subúrbios e áreas urbanas.

Outro resultado da interferência humana nos habitats naturais é a mudança nos hábitos de predação de certos animais. Por exemplo, na Califórnia, as raposas começaram a matar espécies raras de aves.

A preocupação entre ambientalistas e ecologistas continua a crescer à medida que aumenta o fenômeno do crescimento e desenvolvimento urbano.

Outros campos de estudo incluem os mecanismos de armazenamento de carbono na floresta urbana e resfriamento da atmosfera por evapotranspiração urbana.

Os cientistas entendem que a teoria ecológica tradicional, desenvolvida sem os humanos em mente, não é suficiente para entender adequadamente os sistemas urbanos.

Em vez de considerar os humanos como estando fora ou separados do mundo natural, os ecologistas incluem os humanos como um fator que afeta a evolução do mundo natural. Juntamente com uma paisagem natural existente, as forças das políticas e economia humanas têm o maior impacto na forma como um ecossistema urbano é criado e mantido, bem como na forma como as plantas e a vida selvagem se comportam. Ao olhar para as cidades, os ecologistas podem incluir dados como diversidade de espécies, tamanhos de população e fluxo de energia.

Os ecologistas urbanos também incluiriam qualidades relacionadas às percepções e instituições humanas, incluindo recursos culturais, oportunidades educacionais, recreação, riqueza, design e estética da cidade e saúde da comunidade. As características do ecossistema urbano incluem, por exemplo, dinheiro (uma propriedade da energia no ecossistema urbano), arranha-céus no centro da cidade, instituições sociais, empreendimentos industriais, empreendimentos comerciais, empreendimentos residenciais de todos os tipos culturais e econômicos, espaços abertos e recreativos. parques, tráfego de automóveis, tráfego de pedestres, poluição do ar e contaminantes tóxicos, formas de relevo naturais existentes e plantas e vida selvagem adaptáveis.

O grande número de fatores que influenciam o ambiente urbano mostra a necessidade da inclusão de outras ciências para compreender a complexidade do espaço urbano.

A ciência da ecologia urbana também faz parte de uma crescente consciência de que a saúde do meio ambiente geral depende da saúde das cidades. Além do estudo científico da ecologia, essa consciência também está associada às áreas mais ativistas do “urbanismo ecológico” e do “novo urbanismo”, bem como às tendências da “vida verde” e do “desenvolvimento sustentável” no planejamento urbano.

Os objetivos do urbanismo ecológico e do novo urbanismo são criar justiça e equidade na política social e ambiental.

Esses movimentos também se esforçam para reformar as paisagens urbanas e os métodos de planejamento urbano para criar cidades sustentáveis e saudáveis, reduzindo poluentes e resíduos, aumentando a conservação e a acessibilidade de recursos compartilhados, para garantir a sobrevivência e a qualidade de vida da humanidade.

A ecologia urbana contribui com recursos de conhecimento e informação para esses movimentos sociais e para aqueles que buscam uma compreensão mais profunda da relação entre a humanidade e o mundo natural, ajudando-os a ver sua cidade como parte de um ecossistema vivo com recursos valiosos que promovem melhor saúde e qualidade de vida.

Ecologia Urbana – Área de Estudos Ambientais

Ecologia urbana, um campo da ecologia, é uma nova área de estudos ambientais que procura entender os sistemas naturais dentro das áreas urbanas.

Ela lida com as interações de plantas, animais e de seres humanos em áreas urbanas.

Ecologistas urbanos estudam árvores, rios, vida selvagem e áreas livres encontrados nas cidades para entender até que ponto esses recursos são afetados pela poluição, urbanização e outras formas de pressão.

Estudos em ecologia urbana podem ajudar as pessoas a verem as cidades como parte de um ecossistema vivo.

Ecologia Urbana – O Desafio das Cidades

Ecologia UrbanaEcologia Urbana

  1. ecologia urbana é o grande desafio desse século pois cerca de 80% da população brasileira se concentra nas cidades. As cidades estão inseridas no ecossistema que constituiu seu berço, elas são construções humanas sobre um território geográfico, geológico e condições climáticas que interagem incessantemente e condicionam sua vida, para o bem ou para o mal. A crise urbana é cada vez mais intensa e só poderá ser enfrentada com sucesso dentro de uma concepção que se proponha a integrar sabiamente a cidade ao seu ambiente natural e não divorciá-la. A gestão urbana deve receber um tratamento de âmbito nacional em apoio ao poder local.
  2. ÁGUAS: o fornecimento de água limpa em quantidade suficiente sem desperdícios e perdas; a construção de redes de esgoto; o tratamento de efluentes domésticos e industriais e a drenagem e disposição adequada das águas pluviais devem ser uma prioridade absoluta na ecologia urbana. Ela deve ser encaminhada através de empresas capacitadas tecnicamente, com uma relação transparente e democrática com a população.

Cabe:

  1. a) a municipalização, descentralização e democratização dos serviços de distribuição de águas, o esgotamento sanitário e a despoluição hídrica, através da criação de conselhos das águas com a participação da sociedade civil;
    b)
     o controle do poder local, sob fiscalização da população organizada sobre a qualidade de prestação de serviços, podendo concedê-los ao setor privado desde que possa assegurar efetivamente esse controle de qualidade dos serviços e das taxas e das tarifas;
    c)
     o tratamento de efluentes domésticos e industriais deve ser implementado e controlado e o uso das águas taxado de acordo com sua utilização e grau de comprometimento.
  2. LIXO: o acumulo de lixo em áreas urbanas é um dos grandes fatores responsáveis por inundações e desabamentos, além de constituir ameaça à saúde pública e fator de depreciação da autoestima e da imagem das cidades que não conseguem lidar adequadamente com a sua coleta e destinação final. A má disposição de resíduos industriais, alguns altamente poluentes, contamina o solo, o lençol freático e causa danos gravíssimos à saúde das populações afetadas.

É necessário:

  1. a) diminuir o volume de lixo mudando uma mentalidade de embalagem baseada no desperdício, reduzindo e simplificando ao máximo os invólucros, desestimulando o uso intensivo dos plásticos e obrigando as empresas de bebidas e outras a assumirem sua parte de responsabilidade pela na reciclagem de latas e garrafas plásticas, acabando com a cultura dos descartáveis;
    b) 
    assumir o lixo também como um problema cultural com um intenso trabalho de conscientização para obter mudanças comportamentais que tornem cada cidadão co-responsável;
    c)
     implementar projetos de coleta comunitária, compra do lixo nas comunidades carentes, onde ele constitui fator de risco, cooperativas de catadores e programas de separação e coleta seletiva para a reciclagem;
    d) 
    considerar a reciclagem de componentes do lixo e do entulho um imperativo ambiental e um investimento cultural na sustentabilidade futura, mesmo quando constitua, no imediato, uma atividade economicamente deficitária;
    e) 
    acabar com os vazadouros a céu aberto para a disposição final do lixo substituindo-os por aterros sanitários ambientalmente administrados com reflorestamento, disposição adequada do chorume e captação de gás metano.
    d)
     utilizar usinas de reciclagem e compostagem como soluções adaptadas às nossas condições climáticas e de mão de obra. Já a introdução de incineradores é questionável pelos custos diretos e indiretos, riscos de poluição com dioxinas e outros relativos às soluções de alta tecnologia transpostas fora do contexto climático, técnico e cultural onde foram concebidas, embora isso não deva ser tratado como um dogma para todas as situações.
  2. TRANSPORTE: o modelo rodoviarista e o primado absoluto do automóvel como paradigma de deslocamento e de status moldou cidades perversas nas quais o trânsito se transforma num dos principais componentes da violência urbana e onde a população paga caro por um transporte poluente e ineficaz.

É preciso:

  1. a) racionalizar o sistema de ônibus para obter a oferta de um serviço socialmente mais equilibrado e ambientalmente menos poluente. Criar faixas exclusivas, canaletas, estações de rápido embarque, estimular e regulamentar o uso de veículos de maior capacidade, mais silenciosos, com emissões controladas com uma parte da frota movida a gás natural. Integrar, disciplinar e regularizar, o uso de peruas “vans” e outras modalidades de transporte coletivo de pequeno porte, coibindo as atividades “piratas”.
    b) priorizar o transporte de massas nas suas alternativas mais eficientes e não poluentes, de acordo com as condições específicas da cada cidade: 
    trens de superfície, metrô, Veículo Leve sobre Trilhos – VLT – bonde, trolei, bem como as formas de integração intermodais;
    c)
     implantar sistemas cicloviários com ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e educação para sua correta utilização e integrar os sistemas cicloviários com o transporte de massa sobre trilhos, barcas e terminais de ônibus;
    d)
     criar outras facilidades de transporte não motorizado libertando e alargando as calçadas para os pedestres, promovendo a patinação e a caminhada. Proteger o pedestre e fazer valer sua prioridade frente aos veículos;
    e)
     estimular o transporte hidroviário. Aumentar o controle público e comunitário sobre o transporte urbano;
    f) 
    estimular a reconversão para o gás natural dos ônibus, caminhões e táxis;
    g) 
    desestimular progressivamente o uso intensivo do automóvel, que deve ser tratado como transporte apropriado para deslocamentos de longa distância, e não como transporte para o dia a dia. Para tanto é conveniente multiplicar gradualmente zonas de estacionamento pago.
    h) 
    amenizar o tráfego em áreas residenciais, através do desenho urbano que obrigue a uma redução de velocidade e a um comportamento mais prudente do automobilista;
    i) 
    adotar estratégias de zoneamento estimulando o desenvolvimento local, os usos múltiplos dos bairros, com geração de emprego mais próximo do local de moradia.
    j)
     investir na diminuição da demanda de transporte pelo desenvolvimento tecnológico e pelo estímulo ao trabalho doméstico com a supressão de viagens, portanto menos desperdícios energéticos, emissões de poluentes, congestionamentos e neurose urbana.
  2. AR: A poluição atmosférica é uma das principais causas de degradação da saúde nos centros urbanos e periferias industriais.

Cabe:

  1. a) aperfeiçoar seu monitoramento e elaborar novas leis e metas que acompanhem uma tendência internacional cada vez mais exigente;
    b)
     reduzir as emissões automotivas, industriais e domésticas de gases de efeito local (particulado em suspensão, SO2, CO, NOx, hidrocarbonetos, ozônio etc.) de forma articulada com medidas de redução das emissões de dióxido de carbono(CO2) e de metano que contribuem para o chamado efeito estufa(ou aquecimento global) dentro da meta de redução das emissões em 20% até o ano 2005, conforme prevê a Convenção sobre o Clima, adotada na Conferência Rio 92;
    c)
     instituir a inspeção ambiental anual de todos os veículos retirando de circulação os irrecuperavelmente poluentes e obrigando os demais a cumprirem padrões progressivamente mais rígidos de emissão.
    d)
     estabelecer parâmetros urbanísticos que permitam diminuir emissões, garantir corredores de ventilação e evitar ilhas de calor;
  2. O VERDE URBANO: As áreas verdes de florestas urbanas ou periféricas, parques, jardins e arborização de rua são indispensáveis para um ambiente urbano minimamente sadio. A preservação do verde urbano não passa pela tentativa de mantê-lo intocável mas pelo seu uso e aproveitamento bem organizado e compatível. O verde “selvagem” no espaço urbano é de extrema vulnerabilidade e sua não utilização, como unidade de conservação aberta a um uso regulado e disciplinado pela população, o expõe à ocupação irregular ou transforma em vazadouro de lixo e entulho. A existência de um sistema integrado de parques, corredores verdes, bacias de acumulação de águas pluviais, dotadas de vegetação compatível, bem como áreas livres de impermeabilização são importantes para uma qualidade de vida aceitável e para a prevenção de inundações. A arborização de rua – parte mais vulnerável do ecossistema urbano – tem um papel indispensável na mitigação do calor, da poluição do ar e sonora. A proteção e o manejo superavitário da arborização pública é um dos grandes desafios de ecologia urbana.

É preciso:

  1. a) reflorestar as áreas desmatadas e/ou degradadas em encostas, faixas marginais de proteção de lagoas, rios e canais, áreas de mangue e restinga, sempre que possível, através de mecanismos que mobilizem as comunidades como, por exemplo, o mutirão remunerado;
    b)
     tirar do papel e implantar efetivamente as unidades de conservação urbanas que devem ser demarcadas, sinalizadas, protegidas e dotadas de infra-estrutura, buscando-se parcerias com ONGs e empresas privadas para sua implantação prática e conservação;
    c)
     proteger e manejar adequadamente a arborização de rua assegurando que a sobrevivência e desenvolvimento das espécies plantadas ultrapassem amplamente as perdas inevitáveis dentro de um cronograma gradualista e cuidadoso. Instituir rotinas de tratamento das espécies doentes e uma política de podas cuidadosa e apropriada;
  2. URBANISMO VERDE: urbanismo vigente é condicionado pelo rodoviarismo, pelo primado absoluto do transporte individual e dominado pelo modernismo, concepções que promovem a desintegração social e um virtual “apartheid” urbano opondo dois universos: de um lado a classe rica e média, motorizada, em bairros residências e condomínios fechados e do outro os pobres e excluídos em favelas ou periferias miseráveis. Um urbanismo verde que conceba a cidade como parte da natureza que a cerca e como espaço democrático de integração social e solidariedade que considera a rua como local privilegiado de convívio e questiona as propostas que tendam a segregar ou isolar.

O urbanismo verde defende:

  1. a) o conceito de usos múltiplos compatíveis com ruas onde se combine harmoniosamente o residencial com o comercial, espaços culturais e de lazer etc. quebrando-se as segregações rígidas que condicionam horários vazios (portanto de insegurança) e induzem a deslocamentos automobilísticos mais freqüentes e longos;
    b) 
    O estímulo ao comércio lojista de rua como forma de manutenção do multiuso dos bairros e a construção de shoppings condicionados ao planejamento urbano sustentável. Uma tipologia urbana mais densa e tradicional, que permita a redução dos desperdícios energéticos e dos investimentos em infra-estrutura;
    c) 
    as calçadas livres para a circulação e o convívio coibindo sua ocupação abusiva e desordenada, disciplinando o comercio informal em áreas compatíveis;
    d)
     a municipalização das políticas habitacionais com utilização dos recursos do sistema financeiro de habitação na construção de habitações para os setores mais carentes, privilegiando soluções comunitárias, baratas e em dimensões sustentáveis, em sistema de compras coletivas e mutirão;
    e)
     a urbanização de favelas, sua integração à cidade formal com titulação dos moradores e uma legislação urbanística e ambiental específica;
    f)
     limitação do crescimento das favelas já existentes, sobre áreas verdes contíguas, criando limites físicos, procedendo à educação ambiental e a pactos de auto-regulação do crescimento em contrapartida de benfeitorias e programas de mutirão remunerado;
    g) 
    fornecimento de lotes urbanizados e de material de construção para a população carente, em áreas adequadas, preferencialmente em escala pequena e média;
    h)
     desestímulo à criação de grandes conjuntos em áreas distantes de periferia, onde não existe infra-estrutura e os custos de transporte em tempo e dinheiro são exorbitantes para os moradores;
    i) 
    enfrentamento da ocupação irregular em áreas de risco, de proteção ambiental e de mananciais, combate à industria das invasões e da construção e comércio de habitações precárias nestas áreas. Criminalização efetiva da grilagem urbana e do parcelamento ilegal;
    j) 
    o combate à poluição sonora mediante regulamentação industrial para a fabricação de equipamentos menos ruidosos, medidas de operação de trânsito, aplicação local da legislação vigente e educação ambiental para o conforto acústico;
    k) 
    defesa do patrimônio paisagístico e arquitetônico com medidas contra a poluição visual. Combate à pichação;
    l) 
    implementação da Agenda 21 no plano local.

Ecologia Urbana – Cidades

Termo novo que, ao que tudo indica, assim como sustentabilidade, estará em alta nos próximos tempos.

Mas o que vem a ser isso?

Tão acostumados que estamos a ter questões ambientais ligadas a campo, florestas, pantanal, geleiras… tudo tão distante do cotidiano das cidades, que nos esquecemos que qualquer lugar do planeta é passível de agressões ambientais, e que a vida urbana, as indústrias e a população que vive nas cidades também convive com essas questões, muitas delas, fazem parte de nosso cotidiano e nem nos damos conta, deixando para os outros a responsabilidade pelo cuidado do planeta.

A ideia de estudar e buscar soluções para os complexos sistemas naturais que existem dentro das áreas urbanas é algo recente que engloba fatores e seres que necessariamente precisam conviver nestas áreas.

Mesmo que originalmente não fosse assim, é como se um novo ecossistema tivesse se formado, com particularidades que precisam ser analisadas e problemas que dependem de soluções específicas.

As cidades comumente foram urbanizadas de forma desordenada, o que acarreta problemas sociais e ambientais em proporções cada vez maiores, mas como o termo “ecologia urbana” é ainda pouco usado e muito abrangente, isso dificulta uma ação específica para que se busquem soluções ou se tomem atitudes.

Tudo fica disperso e quando as questões são eventualmente tratadas, isso é feito de forma pontual e esporádica, não chegando nem perto sequer de uma discussão sobre o tema, que dirá da busca de soluções.

Ecologia Urbana

O que se discute hoje são os direitos, ou a falta deles, diante do caos urbano, em que em nome do desenvolvimento econômico, regras básicas são simplesmente ignoradas.

Elas vão desde ocupação desordenada e falta de saneamento, até coisas consideradas mais “simples”, mas também de fundamental importância, como os hábitos diários de cada um, que deveriam ser atitudes básicas, como jogar lixo no lixo, economizar água e energia, diminuir emissão de poluentes e respeitar os animais, passam despercebidos e ganham volume maior a cada vez que, em nome do crescimento econômico, a urbanização avança.

Os ecologistas urbanos estudam as relações entre ocupantes de áreas urbanas e os impactos que causam ao ambiente que ocupam, desde grandes áreas invadidas, até pequenos espaços que sobrevivem à ocupação, seja ela de forma regular ou não. Estudam de que maneira e com que intensidade os animais, o solo, a vegetação, o ar, e tudo o mais relacionado à natureza, são agredidos por esta convivência com os humanos e toda a estrutura necessária para a sobrevivência urbana.

Mas pesquisas e estudos são ainda muito raros e estes ecologistas encontram sérias dificuldades na tabulação de dados, comunicação e coordenação do trabalho realizado.

Num conceito mais amplo, é possível também responsabilizar de alguma forma a população urbana pelo desmatamento em florestas e regiões mais afastadas, uma vez que os produtores rurais legais, ou os invasores e desmatadores ilegais, têm como principal argumento, que a população do planeta precisa se alimentar, por isso devastam, dizem que o fazem para suprir as necessidades urbanas de consumo, seja ele de alimento, vestuários, couro para calçados e afins, e madeira para móveis e indústrias.

Ou seja, numa grande cadeia produtiva/consumista, o consumo urbano acaba também sendo responsabilizado, devendo arcar com sua parcela de culpa nesta elipse que degrada a natureza.

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Em tese e numa análise simplista seria uma equação fácil, “menos consumo = menos devastação”, mas entre uma coisa e outra encontram-se questões de crescimento econômico, abastecimento, sobrevivência, cidadania, soberania, emprego e questões sociais. Equacionar tudo isso de forma a que todos fiquem satisfeitos não é tarefa fácil, se é que ela seja possível.

Dentro do amplo conceito de ecologia urbana, alguns pontos são preocupantes e de maior relevância, sendo bons indicadores dos efeitos da urbanização e seus impactos destrutivos.

POLUIÇÃO – do ar, a emissão de gases poluentes das mais diversas origens – indústrias, veículos, desmatamento, consumo.

Há de se considerar também poluição visual e sonora.

NASCENTES E LENÇÓIS DE ÁGUA – contaminados ou extintos.

URBANIZAÇÃO – normalmente feita de forma desordenada, não leva em consideração as questões relacionadas a solo, locomoção, habitabilidade, preservação de ecossistemas pré-existentes. Raramente se contemplam áreas verdes nos planos de urbanização de cidades.

DESMATAMENTO URBANO – Pequenas ações simbolizam esse desmatamento, cimentar um jardim, cortar a árvores do quintal ou matar aquela árvore da rua, por exemplo.

RESÍDUOS – A imensa quantidade de resíduos não é adequadamente descartada, e se recicla muito menos do que seria possível.

OCUPAÇÃO DESORDENADA – Invasão de áreas naturais, preservadas ou não, mananciais, encostas e outros espaços sem qualquer planejamento, pode ocasionar desastres em grandes proporções, ceifando vidas e impactanto a natureza.

ENCHENTES – Ocupação desordenada, entulhos e lixos descartados nas ruas, falta de manutenção de vias e galerias, e outros fatores característicos da vida urbana acabam colaborando ou sendo até causador principal de enchentes.

SAÚDE – A saúde é afetada e como reação direta à poluição e ao ritmo de vida frenético, as pessoas ficam mais suscetíveis a infecções, doenças respiratórias, estresse, entre outras.

TRANSPORTE – Veículos individuais e familiares ainda são maioria, o transporte público é precário, e meios alternativos e menos poluentes como, por exemplo, a bicicleta, não encontram infraestrutura para se viabilizarem como transporte de massa.

CONSUMO – O consumo desnecessário e o desperdício aparecem de várias formas, desde a compra de inutilidades e para suprir carências emocionais, até o descarte de bens em perfeitas condições de uso, apenas para que se possa ter um modelo mais recente, uma marca melhor ou outro motivo não relacionado à real necessidade.

ALIMENTAÇÃO – Para produzir mais e atender à demanda, há mais desmatamento, uso de agrotóxicos, emissão de gases de efeito estufa nas etapas de produção e transporte, além de imenso desperdício de alimentos na cadeira produtiva e também pelo consumidor final.

INDUSTRIALIZAÇÃO – É praticamente inexistente a preocupação em fazer plantas verdes, buscar uma produção mais limpa ou tratar os resíduos.

SANEAMENTO – Os altos custos do saneamento e o desinteresse em ampliar a rede de tratamento resultam em descarte direto na natureza sem qualquer cerimônia.

ENERGIA – As energias mais usadas causam impacto ambiental, e as energias limpas ou renováveis são praticamente ignoradas na quase totalidade das cidades brasileiras.

CONSCIENTIZAÇÃO/EDUCAÇÃO – É muito recente a discussão sobre o tema, a população em geral é arredia ao assunto, acha que é assunto chato e que não tem qualquer responsabilidade e segue com seus hábitos sem preocupar-se com o futuro. As novas gerações acenam com uma esperança, mas muito há a ser feito.

Desequilíbrio talvez seja a palavra-chave dentro deste conceito. Onde há desequilíbrio entre população, espaço, necessidades da comunidade, necessidades econômicas, necessidades do indivíduo e necessidades da natureza, dificilmente haverá condições de sobrevivência e convívio sem agressões ao meio ambiente.

Não se pode abrir mão da vida urbana, mas é perfeitamente possível diminuir impactos e procurar caminhos que busquem reverter impactos já causados, e assim, evitar danos maiores no futuro.

De acordo com a geógrafa Ruth DeFries da Columbia University, que ao lado de sua equipe analisa o desmatamento nos países vizinhos aos trópicos, utilizando-se de imagens de satélite do Landsat, junto com o instrumento Modis (Espectrorradiômetro de Resolução Moderada de Imagens, em inglês), a forma de desmatar, vem mudando, o que antes aparecia nas imagens como uma “espinha de peixe”, formada por “estradinhas” de desmatamento rumo a uma coluna central, agora aparece em grandes blocos de terra desmatada, supostamente para atender à necessidade de grandes empresas compradoras principalmente de grãos para consumo humano ou rações animais.

Com base em pesquisas em 41 países de alguma forma ligados a desmatamentos, analistas de todo o mundo estão pesquisando e preparando novas estatísticas que ligam desmatamento a crescimento da população urbana, e comércio agrícola interno e externo.

O que antes era desmatamento para agricultura e pecuária de subsistência e comércio de pequeno porte, hoje atende a uma crescente demanda de indústrias de grande porte, com o intuito de atender ao consumidor de áreas urbanas.

A população mundial cada vez mais migra para as cidades. A média de ocupação urbana mundial é de 50%, e no Brasil supera os 70%.

Ecologia Urbana – Resumo

Mais da metade da população mundial (aproximadamente 6,4 bilhões de pessoas) vive hoje em áreas urbanas, boa parte concentrada em grandes cidades. Pelo menos 300 grandes cidades em todo o mundo abrigam mais de 1 milhão de habitantes, 14 das quais são megacidades, cada uma com mais de 10 milhões de habitantes.

A maioria dessas metrópoles está em países do Terceiro Mundo, onde o descontrole, a falta de planejamento e as taxas elevadas de crescimento populacional tendem a ser ainda mais problemáticos, transformando muitos aglomerados urbanos em lugares verdadeiramente caóticos.

Cerca de 80 por cento da população brasileira vive hoje em cidades. O país, que na primeira metade do século 20 era uma sociedade essencialmente rural, chegou ao final do século passado como um dos países mais urbanizados do mundo. Foi uma transformação profunda e acelerada. Para se ter uma ideia, em 1950, a cidade de São Paulo contava com 2,4 milhões de habitantes. (A maior cidade do país era a capital federal de então, o Rio de Janeiro, com 2,9 milhões.).

Naquele ano, as cinco maiores cidades do mundo eram Nova York (12,3 milhões de habitantes), Londres (8,7), Tóquio (6,9), Paris (5,4) e Moscou (5,4). Em 1975, São Paulo já aparecia como uma das cinco maiores cidades do mundo, com pouco mais de 10 milhões de habitantes; as outras eram Tóquio (19,8 milhões de habitantes), New York (15,9), Xangai (11,4) e Cidade do México (11,2). Outros 25 anos se passaram e então, em 2000, as cinco maiores cidades do mundo passaram a ser Tóquio (26,4 milhões de habitantes), Cidade do México (18,1), Bombaim (18,1), São Paulo (17,8 milhões) e New York (16,6 milhões).

É possível notar que, entre 1950 e 2000, algumas cidades cresceram mais depressa do que outras, pois o ritmo de crescimento mudou. Entre 1950 e 1975, por exemplo, a taxa de crescimento anual da cidade de São Paulo foi de cerca de 5,8 por cento, o que implica em uma duplicação do efetivo populacional em um intervalo de apenas 12 anos. Algo, obviamente, muito acelerado; significa, por exemplo, que uma criança nascida em 1950 teria, ao completar seus 12 anos de idade, duas vezes mais vizinhos do que tinha quando nasceu; nesse mesmo ritmo, aos 24 anos de idade, o número de vizinhos teria duplicado de novo. Quer dizer, quando chegasse aos 24 anos, nosso personagem hipotético teria quatro vezes mais vizinhos do que tinha quando nasceu. Entre 1975 e 2000, a taxa de crescimento anual da cidade de São Paulo caiu para cerca de 2,3 por cento, elevando o tempo de duplicação do efetivo populacional de 12 para 30 anos.

As previsões dos estudiosos são de que essa taxa continue caindo. (Mesmo em cidades do Terceiro Mundo, a taxa de crescimento anual tende a cair à medida que a cidade se torna maior.)

A urbanização acelerada e massiva do país não esteve, claro, restrita à cidade de São Paulo.

Mesmo na região Norte, tida ainda hoje como um lugar “remoto e selvagem”, a população é essencialmente urbana: nos sete estados que integram a região (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), os índices de urbanização variam de 52 (Pará) a cerca 81 por cento (Amapá). Em outras palavras, a noção de que a Amazônia brasileira é povoada principalmente pelos chamados “povos da floresta” (índios, caboclos, extrativistas etc.) é em linhas gerais um grande equívoco.

Com a desvalorização da vida no campo e a continuidade do êxodo rural, os percentuais referidos acima só tendem a crescer, não só na região Norte, mas em todo o país. Nesse sentido, vale notar que, graças ao êxodo rural, os aglomerados urbanos podem continuar crescendo, mesmo quando a taxa de crescimento populacional do país está, digamos, equilibrada. Não há nada de bom no êxodo rural; ao contrário, enquanto alguns camponeses são criminosamente expulsos de suas terras, outros simplesmente abandonam o lugar onde nasceram em busca de uma vida mais “fácil e glamourosa” na cidade grande.

A ilusão destes últimos não dura muito tempo, mas a maioria prefere permanecer na cidade, levando uma vida de privações e necessidades, ao invés de regressar para a zona rural.

Generalistas versus especialistas

“Cidades” e “áreas urbanas” são termos comumente definidos de acordo com a densidade populacional (número de habitantes por unidade de área). Além do adensamento populacional, no entanto, também se caracterizam pela acentuada divisão de trabalho. Nesse sentido, as cidades bem poderiam ser definidas como lugares onde há um bocado de pessoas morando juntas (sem serem necessariamente parentes, como é próprio da zona rural) ou mesmo apinhadas, em prédios de apartamentos.

E mais: para sobreviver, boa parte do estrato adulto da população que vive nas cidades exerce uma atividade profissional bastante especializada.

Já na zona rural predominam os generalistas.

E não é muito difícil entender o motivo: para sobreviver em lugares remotos, o sujeito precisa saber fazer um pouco de tudo; caso contrário, suas chances de persistência prolongada são diminutas. (Na luta pela sobrevivência, em uma ilha remota, Robinson Crusoé transformou-se em um famoso generalista!)

Algo assim também deveria ocorrer no mundo de nossos ancestrais, quando cada indivíduo eventualmente precisaria ser capaz de executar as funções do grupo.

Na verdade, a especialização é uma tendência relativamente recente na história de nossa espécie, algo que se acentuou depois da invenção da agricultura, há cerca de 10 mil anos. No fim das contas, não deixa de ser irônico que os grandes aglomerados urbanos do mundo moderno, povoados por um número crescente de especialistas, sejam tão dependentes de um número cada vez mais reduzido de camponeses generalistas. De uma perspectiva ecológica, as cidades se comportam como verdadeiros parasitas da zona rural – afinal, é de lá que retiram os recursos vitais que consomem, como alimentos e energia, sem os quais logo entrariam em colapso e pereceriam.

Fonte: www.rvambiental.com.br(Susi Guedes)/www.encyclopedia.com/www.lainsignia.org(Felipe A.P.L.Costa)/

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