Urbanização do Campo

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O surgimento de novas alternativas de trabalho nos setores de prestação de serviços, construção civil, comércio e área social têm contribuído para reter o morador no campo. A quantidade de empregos não-agrícolas criados na zona rural aumenta 35% entre 1990 e 2000, o que equivale a 1,2 milhão de novas vagas, segundo dados da Pesquisa por Amostra Domiciliar (Pnad) do IBGE, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Isso acontece porque surgem novos negócios nas áreas rurais ligados ao turismo e ao lazer. Além disso o campo representa uma opção para que algumas indústrias fujam dos altos custos de instalação e manutenção existentes nas cidades.

Urbanização do Campo

Essa nova realidade brasileira é pesquisada pelo Projeto Rurbano – estudo do Instituto de Economia Agrícola da Unicamp, com a colaboração de pesquisadores de outras 16 universidades em 11 estados brasileiros e da Embrapa. De acordo com o coordenador do projeto, economista e professor do Instituto, José Graziano, a maioria dos moradores de áreas rurais brasileiras estará ocupada em atividades não-agrícolas em menos de quinze anos.

Turismo rural, hotéis-fazenda, restaurantes, pesqueiros, a criação de aves raras ou animais de caça e aumento da produção de alimentos como doces e queijos finos são algumas das atividades de pequeno e médio porte responsáveis pelo surgimento das oportunidades no campo. Apenas no estado de São Paulo os pesqueiros empregam 10 mil trabalhadores. Em todo o país, as fazendas transformadas em hotéis representam 50 mil empregos diretos. Pedreiros, guias de turismo, motoristas, operadores de máquina, balconistas e garçons são outros profissionais requisitados e obtêm rendimentos mensais maiores que os conseguiriam nas grandes cidades.

Desde o início da década de 90, uma parcela considerável da população rural não trabalha em atividades agrícolas. Em 1990, no Sudeste, de cada cinco pessoas residentes no meio rural apenas duas estão envolvidas em ocupações agropecuárias. As Pesquisas por Amostra Domiciliar do IBGE indicam que no período de 1992 a 1995, enquanto a população economicamente ativa que vive no campo aumenta em 200 mil pessoas, o número de trabalhadores rurais diminui em 350 mil pessoas. No mesmo período, aumenta o número de pessoas ocupadas em atividades não agrícolas. A proporção de trabalhadores rurais ocupados em atividades não agrícolas no país passa de 20,8% em 1992 para 22,8% em 1995. No estado de São Paulo, vai de 35,5% para 44,2% no mesmo período, de acordo com os dados das Pnads.

Nos países desenvolvidos, mudanças desse tipo transformaram o campo em uma extensão do urbano. A diferença, no caso brasileiro, é que metade dos habitantes da área rural, cerca de 25% da população, não tem acesso a bens e serviços básicos como energia elétrica, saúde, educação e até mesmo água potável. Mais da metade dos domicílios rurais do país, a maioria no Nordeste, ainda não dispõe de filtro de água.

Trabalho e Conflitos no Campo

Em meio a tantos problemas relacionados à propriedade rural e à produção agrícola do país, a exploração e os desequilíbrios nas relações de trabalho refletem a face de um Brasil atrasado e desigual. Uma grande quantidade de famílias trabalha em propriedades alheias sob miseráveis condições de sobrevivência. Inúmeras relações de trabalho são praticadas de maneira irregular, sem que se atente para as garantias da legislação trabalhista, ensejando situações extremas de subordinação, relacionadas, muitas vezes ao próprio trabalho escravo, em decorrência das dívidas perante os donos das terras.

Os bóias-frias (Centro-Sul), os corumbás (Nordeste e Centro-Oeste) ou os peões (Norte) são trabalhadores diaristas, temporários e sem qualquer vínculo trabalhista com os proprietários de terra, nem registro em carteira de trabalho. Em geral, recebem por dia segundo a sua produtividade e só têm acesso ao trabalho apenas nos períodos de plantio e colheita. É uma mão-de-obra que atende principalmente à agroindústria da cana-de-açúcar, laranja, algodão e café do país. Em alguns casos, para dividir as despesas do plantio ou da criação de gado, os proprietários contam com o trabalho dos arrendatários, lavradores que alugam a terra encarregando-se do trabalho agrícola até a colheita. O pagamento pelo aluguel por vezes é realizado com a divisão da própria produção, através da parceria; quando a mercadoria entregue corresponde à metade da produção, surge a figura do meeiro.

O desequilíbrio nas relações no campo, associado muitas vezes ao descaso do poder público, propicia a manutenção de inúmeros conflitos, principalmente em áreas de expansão das fronteiras agrícolas, que são inicialmente ocupadas por posseiros, em parte organizados no MST, e posteriormente tornam-se palco do confronto com os grileiros, invasores de terras que trabalham a mando de grandes fazendeiros e que conseguem, mediante corrupção e falsas escrituras, a propriedade das terras em disputa.

Inúmeros e alarmantes são os problemas relacionados à terra no Brasil: o aumento das vítimas dos conflitos entre grileiros e posseiros, a sujeição dos trabalhadores rurais às péssimas condições de trabalho, a demarcação dos territórios indígenas, a luta pela reforma agrária, todos eles evidenciam a necessidade de políticas públicas sérias e competentes, que levem em consideração as complexas relações regionais e os grandes interesses envolvidos na questão.

Fonte:www.geobrasil2001.hpg.ig.com.br/ tosabendomais.com.br

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