Mahatma Gandhi

Mahatma Gandhi – Lider

PUBLICIDADE

Mahatma Gandhi foi o líder principal do movimento de independência da Índia e também o arquiteto de uma forma de desobediência civil não-violenta que viria a influenciar o mundo.

Político e líder independentista indiano. Procedente de uma família de comerciantes ricos, estuda Direito em Inglaterra.

Nascido em 2 de Outubro de 1869, em Porbandar, Índia, Mahatma Gandhi estudou Direito e defendeu os direitos civis dos índios, tanto em casa sob o domínio britânico e na África do Sul.

Gandhi tornou-se um líder do movimento de independência da Índia, organizou boicotes contra as instituições britânicas em formas pacíficas de desobediência civil.

Aos olhos de milhões de seus companheiros índios, Gandhi foi o Mahatma (“grande alma”).

Após obter o título acadêmico instala-se na África do Sul, dedicado aos negócios familiares. A discriminação de que são objeto os indianos desperta nele a consciência social e organiza um movimento para lutar contra as desigualdades.

Em 1915 regressa ao seu país e funda o Congresso Nacional Indiano para lutar pela independência. Durante a Primeira Guerra Mundial interrompe as suas atividades políticas, mas em 1920, ao verificar que a Grã-Bretanha se nega a qualquer tipo de reforma, elabora um programa que preconiza a luta não violenta, a desobediência civil e o boicote aos produtos britânicos. Graças a este programa, o independentismo recupera enorme força. Encarcerado em 1922, é libertado dois anos depois mercê da enorme pressão popular e internacional. Até 1940 Gandhi está confrontado com a política colonialista da Grã-Bretanha, é encarcerado várias vezes e protagoniza diversas greves de fome.

Ao rebentar a Segunda Guerra Mundial os indianos voltam a apoiar a Grã-Bretanha; Gandhi, em desacordo e ao ver contrariados os seus princípios pacifistas, abandona a presidência do Conselho Nacional Indiano. Após a contenda, e em grande parte por causa da infatigável atividade pública e política de Gandhi, a Índia ascende à independência (1947).

É assassinado por fanático opositor à divisão da Índia em dois países: Índia e Paquistão. O seu exemplo e as suas teses pacifistas têm um enorme influxo em todo o mundo.

Ele foi morto por um fanático em 1948.

Sua fama se espalhou pelo mundo durante sua vida e só aumentou após a sua morte.

O nome de Mahatma Gandhi é agora um dos mais universalmente reconhecido na terra.

Mahatma Gandhi – Vida

Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi

Nascimento: 2 de outubro de 1869, Porbandar, Índia.

Nacionalidade: Indiano.

Assassinado em: 30 de janeiro de 1948, Nova Deli, Índia.

Mohandas Devanagari Karamchand Gandhi (1869 – 1948)

Herói da independência da Índia nascido em Porbandar, estado de Gujarat, oeste da Índia, mais conhecido popularmente por Mahatma, que quer dizer em sânscrito alma grande, um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha, freqüentemente traduzido como o caminho da verdade ou a busca da verdade, princípio da não-agressão e forma não-violenta de protesto, como um meio de revolução.

Este ideal herdou de sua família, que pertencia à religião jainista, cujos princípios são a não-violência e a crença na santidade de todos os seres vivos.

Cursou o Samaldas College em Bhavnagar e posteriormente estudou direito na Universidade de Oxford, Reino Unido.

Retornou à Índia (1891) e depois mudou-se para Natal, África do Sul, onde exerceu a advocacia (1893-1914), especialmente defendendo os indianos residentes de humilhações racistas, e fundou uma seção do Partido do Congresso.

Regressou à Índia (1915) e embora apoiasse os britânicos durante a primeira guerra mundial, após o massacre em Amritsar, no estado do Punjab (1919), em que soldados britânicos mataram cerca de 400 indianos, passou a defender a independência da Índia frente ao Reino Unido. Revitalizou o Partido do Congresso (1920) e adotou um programa de não-violência e não-cooperação com o governo britânico.

Ficou preso (1922-1924) e em liberdade, fez a união entre hindus e muçulmanos. Liderou o satyagraha contra o imposto do sal (1930) que teve como resultado a prisão de mais de sessenta mil pessoas.

Um ano mais tarde aceitou a trégua com o Reino Unido e concordou em participar em Londres da II Conferência da Mesa Redonda, na qual mais uma vez reivindicou a independência de seu país. De volta à Índia (1931), reassumiu a campanha da desobediência e foi novamente encarcerado, como também Jawaharlal Nehru, que mais tarde desempenharia papel fundamental no processo de consolidação do estado indiano.

Fez uma greve de fome (1932) em protesto contra a decisão do governo britânico de segregar as castas inferiores, os párias.

Deixou o Partido do Congresso (1934) e dedicou-se a organização da nação, com um programa voltado para a defesa dos pobres, a geração de empregos e a implantação de um eficiente sistema de educação. Durante a segunda guerra mundial, voltou à militância ativa e pediu a retirada imediata dos britânicos (1942).

O resultado foi a prisão dos principais dirigentes do Partido do Congresso, mas com o final do conflito mundial (1945) iniciou-se um novo capítulo nas relações indo-britânicas, que culminou com a formação de dois estados independentes (1947): a Índia, majoritariamente hindu, e o Paquistão, muçulmano.

Assim ajudou a libertar a Índia do governo britânico, inspirando outros povos coloniais a trabalhar pelas suas próprias independências e em última análise para o desmantelamento do Império Britânico e sua substituição pela Comunidade Britânica, a Commonwealth. Enquanto rezava em Delhi, foi assassinado por um fanático hinduísta e suas cinzas foram lançadas no rio Ganges, deixando uma das biografias mais brilhantes e humanísticas da história política mundial.

Freqüentemente afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu e com o princípio do satyagraha inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racistas, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela.

Mahatma Gandhi – Biografia

Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi

Mohandas Karamchand Gandhi , mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (Mahatma, do sânscrito “grande alma”) (2 de outubro de 1869 – Nova Déli, 30 de janeiro de 1948) foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

Gandhi ajudou a libertar a Índia do governo britânico, inspirando outros povos coloniais a trabalhar pelas suas próprias independências e em última análise para o desmantelamento do Império Britânico e sua substituição pela Comunidade Britânica (Commonwealth). O princípio do satyagraha, freqüentemente traduzido como “o caminho da verdade” ou “a busca da verdade”, também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racistas, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela.

Frequentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).

Juventude

Gandhi em sua juventude por volta de 1889.

Gandhi em sua juventude por volta de 1889.Mohandas Gandhi nasceu em 2 de Outubro de 1869 em Porbandar, estado de Gujarat, Índia.

Seus pais eram Karamchand Gandhi, o dewan (ministro chefe) de Porbandar, e Putliba (quarta esposa de Karamchand).

Eram descendentes de mercadores (a palavra gandhi quer dizer vendedor, de mercearias e lojas de alimentos).

Aos 13 anos Mohandas casou-se com Kasturbai, de mesma idade, numa união previamente acertada entre as famílias dos noivos.

O casal teve quatro filhos, todos meninos: Harlal Gandhi (1888), Manilal Gandhi (1892), Ramdas Gandhi (1897) e Devdas Gandhi (1900).

Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi

Aos 19 anos a família de Mohandas enviou-lhe para estudar Direito na Universidade de Londres. Após se formar, passou a trabalhar como advogado em Durban, África do Sul (1893).

Neste período, após um acidente que sofreu num trem em Pietermaritzburg (Gandhi viajava na primeira classe e solicitaram-lhe que se transferisse para a terceira: ao recusar a mudança, foi jogado para fora do trem), começou também sua trajetória política advogando contra as leis discriminatórias então vigentes.

Gandhi foi preso em 6 de novembro de 1913 enquanto liderava uma marcha de mineiros indianos que trabalhavam na África do Sul.

Gandhi inspirava-se no Bhagavad Gita e nos textos de Leon Tolstoi, que na década de 1880 empreendeu uma profunda conversão pessoal para um tipo de anarquismo cristão. Gandhi traduziu a obra de Tolstoi Carta para um hindu, escrita em 1908 em resposta aos agressivos nacionalistas indianos, o que levou Gandhi e Tolstoi a se corresponderem até a morte do russo em 1910. A carta de Tolstoi usa a filosofia hindu presente nos Vedas e nos relatos do deus hindu Krishna para apresentar seu ponto de vista a respeito do crescimento do nacionalismo indiano.

Durante a I Guerra Mundial Gandhi retornou à Índia, onde participou da campanha pelo alistamento de indianos no Exército Britânico da Índia.

Movimento pela independência indiana

Após a guerra, Gandhi se envolveu com o Congresso Nacional Indiano e com o movimento pela independência. Ganhou notoriedade internacional pela sua política de desobediência civil e pelo uso do jejum como forma de protesto. Por esses motivos sua prisão foi decretada diversas vezes pelas autoridades inglesas, prisões às quais sempre se seguiram protestos pela sua libertação (por exemplo, em 18 de março de 1922, quando foi sentenciado a seis anos de prisão por desobediência civil, mas cumpriu apenas dois anos).

Outra estratégia eficiente de Gandhi pela independência foi a política do swadeshi – o boicote a todos os produtos importados, especialmente os produzidos na Inglaterra. Aliada a isto estava sua proposta de que todos os indianos deveriam vestir o khadi – vestimentas caseiras – ao invés de comprar os produtos têxteis britânicos. Gandhi declarava que toda mulher indiana, rica ou pobre, deveria gastar parte do seu dia fabricando o khadi em apoio ao movimento de independência. Esta era uma estratégia para incluir as mulheres no movimento, em um período em que pensava-se que tais atividades não eram apropriadas às mulheres.

Sua posição pró-independência endureceu após o Massacre de Amritsar em 1920, quando soldados britânicos abriram fogo matando centenas de indianos que protestavam pacificamente contra medidas autoritárias do governo britânico e contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.

Uma de suas mais eficientes ações foi a marcha do sal, conhecida como Marcha Dândi, que começou em 12 de março de 1930 e terminou em 5 de abril, quando Gandhi levou milhares de pessoas ao mar a fim de coletarem seu próprio sal ao invés de pagar a taxa prevista sobre o sal comprado.

Em 8 de Maio de 1933, Gandhi começou um jejum que duraria 21 dias em protesto à “opressão” Britânica contra a Índia. Em Bombaim, no dia 3 de março de 1939, Gandhi jejuou novamente em protesto às regras autoritárias e autocráticas para a Índia.

Segunda Guerra Mundial

Gandhi passou cada vez mais a pregar a independência durante a II Guerra Mundial, através de uma campanha clamando pela saída dos britânicos da Índia (Quit Índia, literalmente Saiam da Índia), que em pouco tempo se tornou o maior movimento pela independência indiana, ocasionando prisões em massa e violência em uma escala inédita.

Gandhi e seus partidários deixaram claro que não apoiariam a causa britânica na guerra a não ser que fosse garantida à Índia independência imediata. Durante este tempo, ele até mesmo cogitou um fim do seu apelo à não-violência, de outra forma um princípio intocável, alegando que a “anarquia ordenada” ao redor dele era “pior do que a anarquia real”. Foi então preso em Bombaim pelas forças britânicas em 9 de agosto de 1942 e mantido em cárcere por dois anos.

Partilha da Índia

Gandhi teve grande influência entre as comunidades hindu e muçulmana da Índia. Costuma-se dizer que ele terminava rixas comunais apenas com sua presença.

Gandhi posicionou-se veementemente contra qualquer plano que dividisse a Índia em dois estados, o que efetivamente aconteceu, criando a Índia – predominantemente hindu – e o Paquistão – predominantemente muçulmano.

No dia da transferência de poder, Gandhi não celebrou a independência com o restante da Índia, mas ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país em Calcutá.

Gandhi havia iniciado um jejum no dia 13 de janeiro de 1948 em protesto contra as violênicas cometidas por indianos e paquistaneses.

No dia 20 daquele mês, ele sofreu um atentado: uma bomba foi lançada em sua direção, mas ninguém ficou ferido. Entretanto, no dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas dívidas ao Paquistão. Godse foi depois julgado, condenado e enforcado, a despeito de que o último pedido de Gandhi ter sido justamente a não-punição de seu assassino.

O corpo do Mahatma foi cremado e suas cinzas foram jogadas no rio Ganges.

É significativo sobre a longa busca de Gandhi por seu deus o fato de suas últimas palavras serem um mantra popular na concepção hindu de um deus conhecido como Rama: “Hai Ram!” Este mantra é visto como um sinal de inspiração tanto para o espírito quanto para o idealismo político, relacionado a uma possibilidade de paz na unificação.

Princípios

Gandhi, mesmo em seus últimos anos de vida, continuava a transmitir seus ensinamentos de manifestação não-violenta.

A filosofia de Gandhi e suas idéias sobre o satya e o ahimsa foram influenciadas pelo Bhagavad Gita e por crenças hindus e da religião jainista. O conceito de ‘não-violência’ (ahimsa) permaneceu por muito tempo no pensamento religioso da Índia e pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus, budistas e jainistas. Gandhi explica sua filosofia como um modo de vida em sua autobiografia A História de meus Experimentos com a Verdade (As Minhas Experiências com a Verdade, em Portugal) – (The Story of my Experiments with Truth).

Estritamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo enquanto estudava direito em Londres (onde encontrou um entusiasta do vegetarianismo, Henry Salt, nos encontros da chamada Sociedade Vegetariana). Ser vegetariano fazia parte das tradições hindus e jainistas. A maioria dos hindus no estado de Gujarat eram-no, efetivamente. Gandhi experimentou diversos tipos de alimentação e concluiu que uma dieta deve ser suficiente apenas para satisfazer as necessidades do corpo humano. Jejuava muito, e usava o jejum frequentemente como estratégia política.

Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do brachmacharya, ou pureza espiritual e prática, largamente associada ao celibato. Também passava um dia da semana em silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, lhe trazia paz interior. A mudez tinha origens nas crenças do mouna e do shanti. Nesses dias ele se comunicava com os outros apenas escrevendo.

Depois de retornar à Índia de sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul, ele deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso.

Passou a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos. Promovia o uso de roupas feitas em casas (khadi). Gandhi e seus seguidores fabricavam artesanalmente os tecidos da própria roupa e usavam esses tecidos em suas vestes; também incentivava os outros a fazer isso, o que representava uma ameaça ao negócio britânico – apesar dos indianos estarem desempregados, em grande parte pela decadência da indústria têxtil, eles eram forçados a comprar roupas feitas em indústrias inglesas. Se os indianos fizessem suas próprias roupas, isso arruinaria a indústria têxtil britânica, ao invés. O tear manual, símbolo desse ato de afirmação, viria a ser incorporado à bandeira do Congresso Nacional Indiano e à própria bandeira indiana.

Também era contra o sistema convencional de educação em escolas, preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com seus pais e com a sociedade. Na África do Sul, Gandhi e outros homens mais velhos formaram um grupo de professores que lecionava diretamente e livremente às crianças.

Representações artísticas

A representação mais famosa da vida de Gandhi é o filme Gandhi, de 1982, dirigido por Richard Attenborough e com Ben Kingsley como protagonista. Outro filme que trata da vida de Gandhi, particularmente de sua passagem pela África do Sul, é The Making of the Mahatma dirigido por Shyam Benegal.

Indicações para o Prêmio Nobel da Paz

Gandhi nunca recebeu o prêmio Nobel da Paz, apesar de ter sido indicado cinco vezes entre 1937 e 1948.

Décadas depois, no entanto, o erro foi reconhecido pelo comitê organizador do Nobel. Quando o Dalai Lama Tenzin Gyatso recebeu o prêmio em 1989, o presidente do comitê disse que o prêmio era “em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi”.

Ao longo de sua vida, as atividades de Gandhi atraíram todo tipo de comentário e opinião. Por exemplo, Winston Churchill chegou a chamá-lo de “faquir marrom”. Por outro lado, Albert Einstein disse sobre Gandhi que as gerações por vir terão dificuldade em acreditar que um homem como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra.

Mahatma Gandhi – A Grande Alma

Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi

Nas negociações que culminaram com a declaração da independência da Índia, em 15 de agosto de 1947, estava presente Mohandas Karamchand Gandhi, chamado Mahatma (“grande alma”).

Nascido em Porbandar, em 1869, Gandhi cursou direito na Inglaterra. Em 1893, transferiu-se para a África do Sul, onde permaneceu durante 20 anos, defendendo a causa dos hindus emigrados e a idéia de que o bem-estar individual depende da felicidade coletiva.

Advogado, exerceu a profissão na África do Sul, onde se envolveu na luta pela defesa dos direitos fundamentais dos imigrantes indianos. Em 1914 regressou ao seu país depois da I Guerra Mundial e iniciou um movimento de resistência pacífica invocando a satyagraha (‘abraço da verdade’, em sânscrito) contra a Grã-Bretanha. Gandhi incitou os hindus a apoiarem a Inglaterra, acreditando nas promessas de independência. Quando o Parlamento aprovou, em 1919, as leis Rowaltt, que concediam às autoridades coloniais britânicas poderes de estado de emergência para fazer frente às denominadas atividades subversivas, o movimento se estendeu por toda a Índia. Em 1920 Gandhi empreendeu a campanha organizada de não cooperação.

A independência econômica foi o ponto culminante da luta swaraj (‘auto-governo’, em sânscrito) de Gandhi, que implicava um boicote completo dos produtos britânicos. Propôs estimular o renascimento dos processos artesanais. Converteu-se em símbolo internacional de uma Índia livre. Levava uma vida espiritual e ascética de um pregador, praticando o jejum e a meditação. Os indianos o veneravam como santo e começaram a chamá-lo de Mahatma (‘alma grande’, em sânscrito). A defesa que fez da não violência era a expressão de uma forma de vida implícita no hinduísmo.

Em 1921 o Congresso Nacional Indiano, que liderou o movimento de independência, outorgou-lhe autoridade executiva plena, incluído o direito de designar o próprio sucessor. Uma série de revoltas levaram-no a admitir o fracasso da campanha de desobediência civil.

Apesar da repressão violenta feita pela Inglaterra, a causa da Independência ganhou força. Em 1932, Gandhi foi preso novamente. Quando conseguiu a liberdade, empreendeu uma luta contra a marginalização dos “párias”. Com isso, obteve a oposição dos sacerdotes de outras castas. Em 1934 abandonou formalmente a política e foi substituído como dirigente máximo do Partido do Congresso por Jawaharlal Nehru.

Sucedeu-se novo período de prisão, de 1942 a 1944, que o abalou profundamente: sua mulher, Kasturbai, encarcerada com ele, não resistiu e morreu.

Então, pressionado pelos partidos Trabalhistas e Liberal, o governo resolveu libertá-lo.

Em 1944 a luta pela independência da Índia estava em sua última fase. O governo britânico havia concordado em conceder a independência com a condição de que os grupos nacionalistas rivais, a Liga Muçulmana e o Partido do Congresso, resolvessem suas diferenças. Embora contra a divisão da Índia, Gandhi terminou aprovando-a. Índia e Paquistão se tornaram dois estados independentes em 1947. Apesar de velho e enfraquecidos por numerosos jejuns, continuou seu papel de pacificador, pregando a reconciliação, de cidade em cidade. Em 1948 foi assassinado por um membro de um grupo extremista hindu.

Mahatma Gandhi participou das negociações de libertação da Índia em 1947, mas assistiu contrariado à secessão do Paquistão e ao desencadeamento das hostilidades entre hindus e muçulmanos. Gandhi foi assassinado em janeiro de 1948, em Nova Delhi, por um membro de um grupo extremista hindu.

Mahatma Gandhi – Trajetória Política

A trajetória política de Mahatma Gandhi e a Independência da Índia

Mahatma Gandhi
Gandhi, em 1891, ao registrar-se na Ordem dos Advogados de Londres

A busca pela verdade e a não-violência foram fundamentais para a emancipação política da Índia. Mahatma Gandhi, precursor de tais idéias, foi o grande articulador deste processo. Como um homem tão franzino e tão humilde pode alcançar tamanha proeza?

Conforme demonstra em Autobiografia: minha vida e minhas experiências com a verdade e em A roca e o calmo pensar, Gandhi acreditava que Deus o guiara de forma que praticasse o bem. Os caminhos percorridos foram tortuosos, mas essenciais para que ele se sensibilizasse com a situação política indiana e mobilizasse o povo a lutar pela libertação do país.

Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em Porbandar, em 02 de outubro de 1869. A família pertencia à casta bania (formada por mercadores e comerciantes) e não possuía muitos bens. O avô e o pai participaram ativamente da vida política do país, exercendo cargos ministeriais. Segundo relata, o pai, Kaba Gandhi, era um homem incorruptível e tornou-se conhecido pela imparcialidade. A mãe tinha grande influência sobre seus atos, era muito inteligente e observava as leis hindus com grande fervor. O pequeno Gandhi nutria por eles muita estima e respeito, o que lhe proporcionou um caráter exemplar, assim como a abominação pela mentira. Gandhi também reteve a Bíblia como a base doutrinal de suas ações. As influências intelectuais vieram principalmente dos mestres John Ruskin – glorificação do trabalho; Henry Thoreau – dever da desobediência cívica e, principalmente, Leon Tolstoi – sabedoria cristã. Tolstoi amadureceu seu espírito, contribuindo para esclarecer pensamentos ainda confusos.

Mahatma Gandhi
Gandhi utilizando a roca para tecer suas próprias roupas

O desejo de estudar Direito na Inglaterra tornou-se uma decisão familiar, que resultou na expulsão da casta, medida que Gandhi aceitou. Na Inglaterra, sofreu grande choque cultural e sentiu vergonha de se assumir como hindu. Acreditava que, para se tornar um advogado, teria de se transformar em um verdadeiro lord inglês. Neste país, a principal experiência foi o contato com diferentes religiões – esteve aberto para qualquer uma que o convencesse – o que só fortaleceu sua credulidade no hinduismo.

O retorno à Índia mostrou-se frustrante, pois sua extrema timidez, aliada ao desconhecimento das leis indianas, o deixou inseguro. Assim, não recusou a proposta de trabalho na África do Sul – onde sofreu na pele a discriminação vivida por indianos e negros, assim como as limitações impostas pela hierarquia social daquele país. Ao perceber que o problema racial sul-africano estava muito mais entranhado naquele cotidiano do que poderia imaginar, prolongou a estada na África do Sul, a fim de combater pacificamente o racismo e defender os direitos dos indianos. Foi neste contexto que percebeu a importância de se assumir enquanto indiano. Organizou a comunidade indiana local e implementou trabalhos comunitários que melhorassem as condições de vida daquele povo. Com estas ações “Deus plantou os alicerces da minha vida na África do Sul e lançou a semente da luta pela dignidade dos indianos” (Gandhi: 1999, p.133). Várias conquistas sociais e politicas foram alcançadas. Como conseqüência, fundou-se em 1894 um partido político, o Congresso Indiano de Natal.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Gandhi apoiou a participação indiana na guerra, como já o fizera em conflitos anteriores travados pelo Império Britânico – mesmo contrariando alguns companheiros. Acreditava, na época, “que o Império existia para o bem-estar do mundo” (Gandhi: 1999, p.273) e que “o erro era mais de cada funcionário britânico do que do sistema inglês” (Gandhi: 1999, p.300). Esta participação ocorreu, no entanto, no quadro dos servicos de saúde (unidades de ambulância), e ainda assim, muitos a contestaram, pois qualquer envolvimento em atividades de guerra não é condizente com o ahimsa (não-violência). Gandhi reconhecia a imoralidade da guerra, mas rebatia dizendo que a violência é inerente à vida humana. Portanto, o adepto da não-violência respeitará seu voto com fidelidade, pois a mola propulsora de suas ações, argumentava, fora a compaixão (Gandhi: 1999, p. 302). Assim, interromper a guerra ou libertar os demais da dor era uma obrigação daqueles que prezavam a não-violência.

A filosofia pacifista somada às experiências de vida no exterior contribuíram para que ele desenvolvesse um novo olhar sobre a Índia. O retorno à terra natal ocorreu ainda durante a Primeira Grande Guerra, quando sua saúde esteve fragilizada. Mesmo abatido fisicamente, Gandhi dispôs-se a conhecer os problemas dos indianos e a solucioná-los da forma mais justa possível. Atuou em prol de diversos segmentos sociais explorados no seu país, e muitas vezes empregou o jejum como um instrumento de luta, sem abster-se do diálogo e da argumentação, a fim de alcançar os objetivos propostos. Suas ações baseavam-se também na ideologia do satyagrha, que engloba os princípios da não-violência e o fim da acomodação diante da dominação sofrida pelo povo.

Desta forma, as idéias de “desobediência civil” e “não-cooperação” – pilares com os quais desafiou os colonizadores – tornaram-se perceptíveis na Índia, e também difundidas mundialmente pelos meios de comunicação. Um exemplo dessa desobediência civil está na organização do boicote aos produtos ingleses. Com ele a população indiana voltou a confeccionar suas próprias roupas, rejeitando os tecidos britânicos. O ápice de sua atuação, no entanto, se deu em 1930, quando, acompanhado por adeptos, Gandhi marchou cerca de 300 quilômetros em direção ao mar para obter sal pelo poder colonialista e que, portanto, só poderia ser obtido pelas vias britânicas. Conhecido como a Marcha do Sal, o ato simbólico também atraiu e mobilizou a atenção da imprensa internacional. Gandhi foi preso, mas a Inglaterra, pressionada pela opinião pública, o libertou e também revogou a lei do monopólio do sal.

Com o passar do tempo, o movimento de descolonização se tornou ainda mais forte, principalmente no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Inglaterra voltava as atenções para a Europa – palco dos principais combates – e Gandhi, de acordo com seus ideais, não se aproveitou da fraqueza britânica durante este período, mesmo quando as pressões internas se tornaram cada vez maiores para que a Índia conquistasse a liberdade.

Gandhi não conseguira, entretanto, solucionar divergências entre hindus e mulçumanos. Embora quisesse unir no mesmo país os seguidores das duas religiões, ao perceber a possibilidade de uma guerra civil emergente, concordou com a criação de duas nações soberanas, que, de fato, emergiram no final da década de 1940. Os hindus concentravam-se na Índia, e seus antagonistas no Paquistão. Visando uma aproximação com os muçulmanos, Gandhi dispôs-se a visitar o Paquistão, a fim de demonstrar que todos eram filhos do mesmo Deus. Entretanto, um extremista hindu, contrariado pelas atitudes inclusivas do já então Mahatma (grande alma), assassinou o líder da Índia, em 1948.

As idéias de Gandhi, entretanto, não morreram.

Estão perpetuadas, entre outras obras, em Autobiografia: Minha vida e minhas experiências com a verdade e nos pensamentos de A roca e o calmo pensar.

Embora ambos os livros não analisem a independência da Índia em si, por terem sido escritos antes de sua efetivação, a partir dos registros do Mahatma Gandhi é possível perceber como a filosofia da não-violência tornou-se sua principal bandeira política. Ao demonstrar como dirigiu a vida em busca do engrandecimento espiritual, destacou-se, sobretudo, como um grande homem e não como uma figura mitológica. Ao refazer este percurso, o leitor constata que a independência da Índia, assim como também a força e o carisma de Gandhi, são conseqüências de um processo no qual o que está em curso é a conquista da tão sonhada liberdade.

Mahatma Gandhi – Independência da Índia

Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi

Líder pacifista indiano. Principal personalidade da independência da Índia.

Seu nome verdadeiro era Mohandas Karamchand Gandhi. Mahatma significa “grande alma”.

Formou-se em direito em Londres e, em 1891, voltou para a Índia a fim de praticar a advocacia.

Dois anos depois, vai para a África do Sul, também colônia britânica, onde inicia o movimento pacifista, lutando pelos direitos dos hindus.

Volta à Índia em 1914 e difunde seu movimento, cujo método principal é a resistência passiva. Nega colaboração com o domínio britânico e prega a não violência como forma de luta.

Em 1922, organiza uma greve contra o aumento de impostos, na qual uma multidão queima um posto policial.

Detido, declara-se culpado e é condenado à seis anos, mas sai da prisão em 1924.

Em 1930, lidera marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal.

Em 1947, é proclamada a independência da Índia. Gandhi tenta evitar a luta entre hindus e muçulmanos, que estabelecem um Estado separado, o Paquistão.

Aceita a divisão do país e atrai o ódio dos nacionalistas hindus. Um deles o mata no ano seguinte.

Churchill costumava chamá-lo de “faquir despido”. Einstein era um de seus maiores admiradores. Martin Luther King inspirou-se nele. Mahatma Gandhi é um dos grandes homens do século XX.

Mohandas Karanchand Gandhi, conhecido por seu povo como “Mahatma”, ou “a grande alma”, é sem dúvida um dos indianos que mais influência tiveram em nossos dias.

Gandhi foi um pacifista e sempre pregou uma doutrina de não-violência.

Desejava que a paz reinasse entre hindus e muçulmanos; entre indianos e ingleses.

Visitando a Inglaterra

O domínio colonial britânico durou mais de duzentos anos. Os indianos eram considerados cidadãos de segunda classe.

Em 1930, Gandhi viaja a Londres para pedir que a Inglaterra conceda independência à Índia. Lá, visita bairros operários.

“Sei que guardarei para sempre, em meu coração, a lembrança da acolhida que recebi do povo pobre de East London”, diz Gandhi.

Ao retornar à Índia, é recebido em triunfo por milhares de pessoas, ainda que nada de muito significativo tenha resultado da viagem.

Gandhi anuncia à multidão que pretende continuar em sua campanha pela desobediência civil, para obrigar a Inglaterra a dar a independência à Índia. Os britânicos, outra vez, o mandam para a prisão.

Em 1942 o governo inglês manda para Nova Delhi Sir Stafford Cripps, com a missão de negociar com Gandhi. As propostas que Sir Cripps traz são inaceitáveis para Gandhi, que deseja independência total. Gandhi retoma a campanha pela desobediência civil. Desta vez é preso e condenado a dois anos de cadeia.

Quando Lord Louis Mountbatten torna-se vice-rei, aproxima-se de Gandhi e nasce, entre Gandhi, Lord e Lady Mountbatten, uma grande amizade.

No verão de 1947, a hostilidade entre hindus e muçulmanos atinge o auge do fanatismo. Nas ruas há milhares de cadáveres. Os muçulmanos reivindicam um Estado independente, o Paquistão. Gandhi tenta restabelecer a paz dando início a uma décima-quinta greve de fome.

O sacrifício pessoal de Gandhi e sua firmeza conseguem o que nem os políticos nem o exército conseguira: a Índia conquista sua independência e é criado o Estado muçulmano do Paquistão.

Em 30 de janeiro de 1948, Gandhi morre assassinado por um hindu. Estava com 78 anos. Lord e Lady Mountbatten, ao lado de um milhão de indianos, comparecem ao funeral. Suas cinzas são lançadas às águas sagradas do Rio Jumna.

“Mahatma” Gandhi permanecerá, para sempre, como símbolo da resistência pela não-violência.

Pensamentos de Mahatma Gandhi

1 O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disto.
2
Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo.
3
Acho que vai certo método através das minhas incoerências. Creio que há uma coerência que passa por todas as minhas incoerências assim como há na natureza uma unidade que permeia as aparentes diversidades.
4
As enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos.
5
Satyagraha – a força do espírito – não depende do número; depende do grau de firmeza.
6
Satyagraha e Ahimsa são como duas faces da mesma medalha, ou melhor, como as duas cades de um pequeno disco de metal liso e sem incisões. Quem poderá dizer qual é a certa? A não-violência é o meio. A Verdade, o fim.
7
A minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.
8
Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando.
9
Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade que, não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política.
10
A minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema, mas em ser coerente com a verdade.
11
O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo f ato de ninguém a ver.
12
O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo.
13
O Amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces da mesma medalha.
14
O ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal.
15
O ahimsa não é coisa tão fácil. É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o fio da ahimsa.
16
Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.
17
A única maneira de castigar quem se ama é sofrer em seu lugar.
18
É o sofrimento, e só o sofrimento, que abre no homem a compreensão interior.
19
Unir a mais firme resistência ao mal com a maior benevolência para com o malfeitor. Não existe outro modo de purificar o mundo.
20
A minha natural inclinação para cuidar dos doentes transformou-se aos poucos em paixão; a tal ponto que muitas vezes fui obrigado a descuidar o meu trabalho. . .
21
A não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-Ia, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete.
22
Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião – mas em plano moral.
23
A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros e exige o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.
24
Para tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito.
25
Creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, e que o perdão é bem mais viril que o castigo…
26
A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração daquele mesmo império.
27
O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido.
28
Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo.
29
Só se adquire perfeita saúde vivendo na obediência às leis da Natureza. A verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão automaticamente sujeitos a controle quando a gula estiver sob controle. Aquele que domina os próprios sentidos conquistou o mundo inteiro e tornou-se parte harmoniosa da natureza.
30
A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de servir.
31
É injusto e imoral tentar fugir às conseqüências dos próprios atos. É justo que a pessoa que come em demasia se sinta mal ou jejue. É injusto que quem cede aos próprios apetites fuja às conseqüências tomando tônicos ou outros remédios. É ainda mais injusto que uma pessoa ceda às próprias paixões animalescas e fuja às conseqüências dos próprios atos. A Natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas leis.
32
Aprendi, graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve adquirir e cultivar com uma prática assídua.
33
O silêncio já se tornou para mim uma necessidade física espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado por certo tempo descobri, todavia, seu valor espiritual. E de repente dei conta de que eram esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio.
34
Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.
35
Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.
36
Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.
37
A verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade?
38
Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas esteja tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível.
39
Nada mais longe do meu pensamento que a idéia de fechar-me e erguer barreiras. Mas afirmo, com todo respeito, que o apreço pelas demais culturas pode convenientementemente seguir, e nunca anteceder, o apreço e a assimilação da nossa. (…) Um aprendizado acadêmico, não baseado na prática, é como um cadáver embalsamado, talvez para ser visto, mas que não inspira nem nobilita nada. A minha religião proíbe-me de diminuir ou desprezar as outras culturas, e insiste, sob pena de suicídio civil, na necessidade de assimilar e viver a vida.
40
Ler e escrever, de per si, não são educação. Eu iniciaria a educação da criança, portanto, ensinando-lhe um trabalho manual útil, e colocando-a em grau de produzir desde o momento em que começa sua educação. Desse modo todas as escolas poderiam tornar-se auto-suficientes, com a condição de o Estado comprar os manufaturados. Acredito que um tal sistema educativo permitira o mais alto desenvolvimento da mente e da alma. É preciso, porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o como de cada operação. Os olhos, os ouvidos e a língua vêm antes da mão. Ler vem antes de escrever e desenhar antes de traçar as letras do alfabeto. Se seguirmos este método, a compreensão das crianças terá oportunidade de se desenvolver melhor do que quando é freada iniciando a instrução pelo alfabeto.
41
Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é “tabu”.
42
A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência.
43
Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.
44
Quem busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o amanhã.
45
As divergências de opinião não devem significar hostilidade. Se fosse assim, minha mulher e eu deveríamos ser inimigos figadais. Não conheço duas pessoas no mundo que não tenham tido divergências de opinião. Como seguidor da Gita (Bhagavad Gita), sempre procurei nutrir pelos que discordam de mim o mesmo afeto que nutro pelos que me são mais queridos e vizinhos.
46
Continuarei confessando os erros cometidos. O único tirano que aceito neste mundo é a “silenciosa e pequena voz” dentro de mim. Embora tenha que enfrentar a perspectiva de formar minoria de um só, creio humildemente que tenho coragem de encontrar-me numa minoria tão desesperadora.
47
Nas questões de consciência a lei da maioria não conta.
48
Estou firmemente convencido que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza.
49
Acredito na essencial unidade do homem, e, portanto na unidade de tudo o que vive. Por conseguinte, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.
50
Minha missão não se esgota na fraternidade entre os indianos. A minha missão não está simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda a minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e desenvolver a missão da fraternidade dos homens. O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o maior bem e a paz de toda a humanidade.
51
A mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. O remédio está em suas mãos mais que nas mãos do homem.
52
Uma vida sem religião é como um barco sem leme.
53
A fé – um sexto sentido – transcende o intelecto sem contradizê-lo.
54
A minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva.
55
Somente podemos sentir deus destacando-nos dos sentidos.
56
O que eu quero alcançar, o ideal que sempre almejei com sofreguidão (…) é conseguir o meu pleno desenvolvimento, ver Deus face-a-face, conseguir a libertação do Eu.
57
Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma.
58
A oração salvou-me a vida. Sem a oração teria ficado muito tempo sem fé. Ela salvou-me do desespero. Com o tempo a minha fé aumentou e a necessidade de orar tornou-se mais irresistível… A minha paz muitas vezes causa inveja. Ela vem-me da oração. Eu sou um homem de oração. Como o corpo se não for lavado fica sujo, assim a alma sem oração se torna impura.
59
O Jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera e compensadora.
60
O Jejum é uma arma potente. Nem todos podem usá-la. Simples resistência física não significa aptidão para jejum. O Jejum não tem absolutamente sentido sem fé em Deus.
61
Para mim nada mais purificador e fortificante que um jejum.
62
Os meus adversários serão obrigados a reconhecer que tenho razão. A verdade triunfará. . . Até agora todos os meus jejuns foram maravilhosos: não digo em sentido material, mas por aquilo que acontece dentro de mim. É uma paz celestial.
63
Jejum para purificar a si mesmo e aos outros é uma antiga regra que durará enquanto o homem acreditar em Deus.
64
Tenho profunda fé no método de jejum particular e público. . . Sofrer mesmo até a morte, e, portanto mesmo mediante um jejum perpétuo, e a arma extrema do satyagrahi. É o último dever que podemos cumprir. O Jejum faz parte de meu ser, como acontece, em maior ou menor escala, com todos os que procuraram a verdade. Eu estou fazendo uma experiência de ahimsa em vasta escala, uma experiência talvez até hoje desconhecida pela história.
65
Quem quer levar uma vida pura deve estar sempre pronto para o sacrifício.
66
O dever do sacrifício não nos obriga a abandonar o mundo e a retirar-nos para uma floresta, e sim a estar sempre prontos a sacrificar-nos pelos outros.
67
Quem venceu o medo da morte venceu todos os outros medos.
68
Os louvores do mundo não me agradam; pelo contrário, muitas vezes me entristecem.
69
Quando ouço gritar Mahatma Gandhi Ki jai, cada som desta frase me transpassa o coração como se fosse uma flecha. Se pensasse, embora por um só instante, que tais gritos podem merecer-me o swaraj; conseguiria aceitar o meu sofrimento. Mas quando constato que as pessoas perdem tempo e gastam energias em aclamações vãs, e passam ao longo quando se trata de trabalho, gostaria que, em vez de gritarem meu nome, me acendessem uma pira fúnebre, na qual eu pudesse subir para apagar uma vez por todas o fogo que arde o coração.
70
Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.
71
Sei por experiência que a castidade é fácil para quem é senhor de si mesmo.
72
O brahmacharya é o controle dos sentidos no pensamento, nas palavras, e na ação. . . O que a ele aspira não deixará nunca de ter consciência de suas faltas, não deixará nunca de perseguir as paixões que se aninham ainda nos ângulos escuros de seu coração, e lutará sem trégua pela total libertação.
73
O brahmacharya, como todas as outras regras, deve ser observado nos pensamentos, nas palavras e nas ações. Lemos na Gita e a experiência confirma-no-lo todos os dias que quem domina o próprio corpo, mas alimenta maus pensamentos faz um esforço vão. Quando o espírito se dispersa, o corpo inteiro, cedo ou tarde, o segue na perdição.
74
Por vezes pensa-se que e muito difícil, ou quase impossível conservar castidade. O motivo desta falsa opinião e que freqüentemente, a palavra castidade é entendida em sentido limitado demais. Pensa-se que a castidade é o domínio das paixões animalescas. Esta idéia de castidade é incompleta e falsa.
75
Vivo pela libertação da índia e morreria por ela, pois e parte da verdade. Só uma Índia livre pode adorar o Deus verdadeiro. Trabalho pela libertação da Índia porque o meu Swadeshi me ensina que, tendo nascido e herdado sua cultura, sou mais apto a servir à Índia e ela tem prioridade de direitos aos meus serviços. Mas o meu patriotismo não é exclusivo; não tem por meta apenas não fazer mal a ninguém, mas fazer bem a todos no verdadeiro sentido da palavra. A libertação da Índia, como eu a concebo, não poderá nunca constituir ameaça para o mundo.
76
Possuo a não-violência do corajoso? Só a morte dirá. Se me matarem e eu com uma oração nos lábios pelo meu assassino e com o pensamento em Deus, ciente da sua presença viva no santuário do meu coração, então, e só então, poder-se-á dizer que possuo a não-violência do corajoso.
77
Não desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, corno um homem vencido. A bala de meu assassino poderia pôr fim à minha vida. Acolhê-la-ia com alegria.
78
A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como uma toda a família humana. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.
79
A força de um homem e de um povo está na não-violência. Experimentem.
80
“A única maneira de castigar quem se ama é sofrer em seu lugar.”

Sobre a Revolução não violenta de Mahatma Gandhi

“Gandhi continua o que o Buddha começou. Em Buddha o espírito é o jogo do amor isto é, a tarefa de criar condições espirituais diferentes no mundo; Gandhi dedica-se a transformar condições existenciais” Albert Schweitzer
“Não violência é a lei de nossa espécie como violência é a lei do bruto. O espírito mente dormente no bruto, e ele não sabe nenhuma lei mas o de poder físico. A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta – a força do espírito”. Mahatma Gandhi
” Se o homem só perceberá que é desumano obedecer leis que são injustas, a tirania de nenhum homem o escravizará”. Mahatma Gandhi
“Não pode haver nenhuma paz dentro sem verdadeiro conhecimento “. Mahatma Gandhi
“Para autodefesa, eu restabeleceria a cultura espiritual. O melhor e autodefesa mais duradoura é autopurificação “. Mahatma Gandhi

Fonte: www.biography.com/www.vidaslusofonas.pt/members.tripod.com

Veja também

John Locke

PUBLICIDADE John Locke, nascido em Wrington (Inglaterra), estudou em Oxford. Em 1688, fora nomeado membro …

Gugu Liberato

PUBLICIDADE Antonio Augusto Liberato de Moraes, muito conhecido por” Gugu”, foi um importante apresentador de …

Friedrich Nietzsche

Friedrich Nietzsche

PUBLICIDADE Quem foi Friedrich Nietzsche? O filósofo alemão influente Friedrich Nietzsche (1844-1900) é conhecido por seus …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.