Noel Rosa

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Noel de Medeiros Rosa, cantor, compositor, bandolinista e violonista. Y 11/12/1910 , Rio de Janeiro, RJ – V 04/05/1937, Rio de Janeiro, RJ.

O pai, Manuel Garcia de Medeiros Rosa, era comerciante, e a mãe, Martha de Medeiros Rosa, professora. O único irmão, Hélio de Medeiros Rosa, era 4 anos mais novo.

Proveniente de uma família de classe média baixa, Noel carregaria pelo resto de sua vida as marcas de um parto forçado que lhe causara fratura e afundamento do maxilar inferior, além de ligeira paralisia facial no lado direito do rosto. Foi operado aos 6 anos e, aos 12, colocou uma prótese.

De 1913 a 1928 Noel estudou no tradicional colégio São Bento. Nessa época, por mau gosto dos colegas, recebeu o apelido de “queixinho”.

Noel Rosa
Noel Rosa

Aos 13 anos aprendeu a tocar bandolim de ouvido, com a mãe, fato marcante em sua vida, pois a partir daí, percebera que a sua grande habilidade instrumental tornava-o importante diante de outras pessoas. Do bandolim para o violão, foi um passo. Em 1925, dominava completamente o instrumento, participando ativamente das serenatas do bairro.

Enquanto Noel ensaiava os primeiros acordes musicais, estava em voga a música nordestina e os conjuntos sertanejos. O garoto logo se interessou pelas canções, toadas e emboladas da época. Acompanhando a novidade, um grupo de estudantes do Colégio Batista e mais alguns moradores do bairro de Vila Isabel formaram um conjunto musical, denominado “Flor do Tempo”. Reformulado para gravar em 1929, o grupo passou a se chamar “Bando de Tangarás”. Alguns de seus componentes se tornariam mais tarde grandes expoentes de nossa música: João de Barro, Almirante, e Noel, que já era um bom violonista.

Ainda em 1929, compôs as suas primeiras músicas. Dentre elas a embolada Minha viola e a toada Festa no céu. Em 1930, conheceu seu primeiro grande sucesso Com que roupa, apresentado em espetáculos do Cinema Eldorado. Já se podia notar sua veia humorística e irônica, além da crônica da vida carioca, marcante em toda a sua obra. Em 1931 ainda compunha músicas sertanejas como Mardade de cabocla e Sinhá Ritinha, optando depois definitivamente pelo samba. Em apenas 8 anos de atividade compôs 259 músicas e teve mais de 50 parceiros.

Em 1931 entrou para a faculdade de Medicina, sem, no entanto, abandonar o violão e a boemia. O samba falou mais alto pois largou o curso meses depois.

A partir de 1933 travou a famosa polêmica musical com o compositor Wilson Batista.

Nesse mesmo ano conheceu sua futura esposa, Lindaura, que quase lhe deu um filho: ao cair de uma goiabeira no quintal de sua casa, Lindaura perdeu o bebê.

Apesar de fortes problemas pulmonares, Noel não largava a bebida e, com bom humor e ironia, formulou uma teoria a respeito do consumo de cerveja gelada. Segundo ele, a temperatura fria da cerveja acabava paralisando os micróbios, livrando-o da tosse. Com isso, ia ludibriando os amigos e a si mesmo.

Por essa ocasião Noel precisou transferir-se para Belo Horizonte devido à lesão pulmonar que o acometera subitamente. A capital mineira tornara-se o local ideal para o tratamento prolongado. Lá não havia bares, nem botequins ou as estações de rádio que Noel frequentava tanto.

A viagem à capital mineira surtiu efeito temporariamente; Noel havia engordado 5 quilos e apresentava sinais de melhora. Entretanto, a boemia falou mais alto. Não tardaria muito para que o compositor descobrisse os segredos da vida noturna da capital mineira, entregando-se novamente às cantorias e bebedeiras. Noel e a esposa estavam instalados na casa de tios que, ao descobrirem as saídas noturnas às escondidas de Noel, mandaram o casal de volta ao Rio.

Nos últimos meses de 1936, Noel não mais saía, preferindo evitar as pessoas, sobretudo as que o questionavam sobre o seu estado de saúde. A única pessoa que o poeta visitava era o sambista e compositor Cartola, lá no morro.

No início de 1937, numa outra tentativa de recuperação, Noel e Lindaura rumaram para Nova Friburgo, em busca do ar puro da montanha. Em vão, pois Noel se deprimia, sentindo falta da Vila Isabel.

Ao voltar para o Rio, a doença já havia o tomado por inteiro; sentia-se fraco, melancólico, apático. Alguns amigos sugeriram-lhe que passasse uns tempos na tranquila cidade de Piraí (RJ). Mais uma vez, o casal partiu rapidamente, mas, certa noite, Noel sentiu-se muito mal, tendo que retornar às pressas para casa. Já se sabia que o poeta se encontrava em fase terminal. Na noite de 4 de maio deste mesmo ano, nos braços de Lindaura, em seu quarto no chalé, Noel veio a falecer de tuberculose aos 26 anos de idade. A notícia não pegou ninguém de sobressalto, pois, a essa altura, a sua morte já era dada como certa.

Principais sucessos:

Adeus, noel rosa , Ismael Silva e Francisco Alves, 1931

A.E.I.O.U.,Noel Rosa e Lamartine Babo, 1931

Até amanhã, noel rosa , 1932

Cem mil réis, noel rosa e Vadico, 1936

Com que roupa?, noel rosa , 1929

Conversa de botequim, noel rosa e Vadico, 1935

Coração, noel rosa , 1932

Cor de cinza, noel rosa , 1933

Dama do cabaré, noel rosa , 1934

De babado, noel rosa e João Mina, 1936

É bom parar, noel rosa e Rubens Soares, 1936

Feitiço da Vila, noel rosa e Vadico, 1936

Feitio de oração, noel rosa e Vadico, 1933

Filosofia, noel rosa e André Filho, 1933

Fita amarela, noel rosa , 1932
Gago apaixonado, noel rosa , 1930

João Ninguém, noel rosa , 1935

Minha viola, noel rosa , 1929

Não tem tradução, noel rosa , 1933

O orvalho vem caindo, noel rosa e Kid Pepe, 1933

O x do problema, noel rosa , 1936

Palpite infeliz, noel rosa , 1935

Para me livrar do mal, noel rosa e Ismael Silva, 1932

Pastorinhas, noel rosa e João de Barro, 1934

Pela décima vez, noel rosa , 1935

Pierrô apaixonado, noel rosa e H. dos Prazeres, 1935

Positivismo, noel rosa e Orestes Barbosa, 1933

Pra que mentir, noel rosa e Vadico, 1937

Provei, noel rosa e Vadico, 1936

Quando o samba acabou, noel rosa , 1933

Quem dá mais?, noel rosa , 1930

Quem ri melhor, noel rosa , 1936

São coisas nossas, noel rosa , 1936

Tarzan, o filho do alfaiate, noel rosa , 1936

Três apitos, noel rosa , 1933

Último desejo, noel rosa , 1937

Você só…mente, noel rosa e Hélio Rosa, 1933

Fonte: www.geocities.com

Noel Rosa

Noel de Medeiros Rosa (1910 – 1937)

Compositor e cantor brasileiro nascido na cidade do Rio de Janeiro, que apesar de uma vida efêmera, tornou-se um dos mais férteis compositores do seu tempo.

Filho de Manoel Medeiros Rosa, gerente de uma camisaria, e da professora Marta de Azevedo, sofreu toda a vida as consequêcias de um parto difícil que provocou uma fratura no maxilar deixando-o um defeito no queixo.

Quando ainda pequeno, o pai foi trabalhar em Araçatuba como agrimensor numa fazenda de café.

A mãe abriu uma escola em sua própria residência, no bairro de Vila Isabel sustentando assim seus filhos.

Aos 13 anos já alfabetizado pela mãe entrou para o colégio Maisonnette cursando depois o São Bento, conhecido pelos colegas como Queixinho (1923-1928).

Neste período começou a tocar bandolim, logo passando para o violão que aprendeu com o pai e amigos da casa.

Terminado o ginásio (1929) preparou-se par entrar na Faculdade de Medicina, mas sem deixar de lado o violão e as serestas, não terminou seu curso de medicina.

Naquele tempo, alguns estudantes do Colégio Batista e moradores de Vila Isabel, haviam formado um conjunto musical chamado Flor do Tempo que se apresentava em festas de família.

Convidados a gravar (1929) o grupo foi reformulado com o novo nome de Bando dos Tangarás, composto também por João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito.

No mesmo ano escreveu suas primeiras composições: Minha viola, uma embolada, e Festa no céu, uma toada que gravou em disco Parlophon.

Em apenas 10 anos chegou a compor mais de 200 músicas entre as quais inúmeros sucessos lembrados até hoje, gravadas por outros cantores e por ele mesmo.

Depois da primeira gravação voltou a gravar aquele que foi o seu primeiro grande sucesso, Com que roupa, ainda na Parlophon gravou duas versões para Cordiais saudações.

Em julho (1931) estreou no Rio a revista Mar de rosas, de Gastão Penalva e Velho Sobrinho cujo repertório incluía os sambas Cordiais saudações, Mulata fuzarqueira e Mão no remo, composições suas.

As duas primeiras foram gravadas por ele próprio e a última feita em parceria com Ary Barroso, foi gravada por Silvio Caldas.

Depois de passar pela Rádio Educadora e pela Mayrink Veiga (1931), atuou na Rádio Philips, onde, a partir de fevereiro (1932).

, trabalhou como contra-regra do Programa Casé, mas apresentando-se também como cantor, ao lado de Marília Batista, Almirante, João de Barro e outros.

Formando com Lamartine Babo e Mário Reis o conjunto Ases do Samba apresentou-se em São Paulo onde obteve sucesso animando-se a excursionar pelo sul.

Em Porto Alegre exibiu-se no Cine Teatro Imperial juntamente com o pianista Nonô, Mário Reis, Francisco Alves e o bandolinista Peri Cunha.

Em disco deixou registrado seis gravações com Marilia Batista, e alguns duetos com João Petra de Barros, Loyola, Ismael Silva e Léo Vilar.

Não era um cantor de boa voz mas sabia interpretar as músicas que ele mesmo compunha e pela riqueza de rima de suas composições e oportunidade dos temas conseguiu em alguns casos muito sucesso, na época.

Faleceu no Rio de Janeiro.

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br

Noel Rosa

Infância e Adolescência

Nasceu em 11 de dezembro de 1910, na Rua Teodoro da Silva n°. 30, hoje n°. 392, em Vila Isabel. Era filho de Manuel Garcia de Medeiros Rosa e Martha Corrêa de Azevedo. Por parte de pai era neto de Manuel Garcia da Rosa e Belarmina de Medeiros e, por parte de mãe, de Eduardo Corrêa de Azevedo e Rita de Cássia Corrêa de Azevedo.

Seu nascimento foi difícil, pesava quatro quilos. Os médicos, diante das dificuldades do parto, resolveram usar o fórceps. O menino foi extraído a ferro e traumatizado com fratura do maxilar inferior, originando o defeito que se acentuava à proporção que crescia. Várias foram as tentativas de correção, sem sucesso.

Noel crescia frágil e mirrado. Amava a rua, a confusão dos amigos, as pipas, os piões e os balões. Era, também, artista de estribo de bonde. Menino alegre e de gênio bom.

Noel Rosa
Noel Rosa

Os saraus em sua casa eram constantes. Sua mãe tocava bandolim; seu pai, violão; sua madrinha, piano; sua tia, violino. As crianças participavam, ouvindo. Foi dona Martha quem iniciou Noel na música ensinando-lhe a tocar bandolim, entretanto, ele sentia-se fascinado por qualquer instrumento, qualquer música e qualquer dança. Seu grande e único sonho era a música.

Noel, aos quatorze anos, já abusava do cigarro, da cerveja, e dos balaústres de bonde onde externava sua malícia, seu deboche, suas graças imaginativas e obscenas.

Tocava violão como ninguém. Amava, cada vez mais, a música e a poesia.

Era ex-aluno do Colégio São Bento e chegou a frequentar o 1°. ano da Faculdade de Medicina.

Fazia ponto no Café Vila Isabel, do Carvalho, local onde fez grande parte de suas composições, nas madrugadas. Era ali que o encontravam ou deixavam recados para que fizesse serestas e serenatas.

Noel Rosa começa a aparecer com o “Bando de Tangarás” do qual era um dos componentes. Sua primeira aparição em público foi a 27 de junho de 1929, no Tijuca Tênis Clube. Tinha, nessa época, apenas 18 anos.

“Com Que Roupa?”

Ainda em 1929, foi lançado no teatro, como compositor, por Eratóstenes Frazão que era jornalista, ator teatral e compositor. Noel já estava com 29 músicas compostas, inclusive “Com Que Roupa?” cuja melodia foi modificada por Homero Dornellas e a letra melhorada por Nássara, seu grande amigo. “Com Que Roupa?” retratava o Brasil da época, cheio de dificuldades, com o povo quase na miséria. Segundo Noel, o “Brasil de Tanga”.

O samba explode em todo o país no carnaval de 1930 e aparece na boca do povo, surpreendendo até seu autor. A expressão – com que roupa? – passou a fazer parte do vocabulário do carioca, nas dificuldades. Aconteceu que, antes mesmo do sucesso o cantor Ignácio Guimarães ofereceu a Noel a importância de l80 mil réis pela aquisição da música, o que foi aceito. Dessa forma, o cantor tornou-se dono do samba mais cantado no Brasil. A partir do “Com Que Roupa?”, Noel compôs sem limite. Bastava surgir um tema para que nascesse uma letra de música.

Esquisitices e a Doença

Noel tinha suas esquisitices, uma delas era não gostar de andar em grupo, motivo pelo qual se afastava, quanto podia, do “Bando dos Tangarás”. Queria ser independente.

A época era favorável à música nordestina por isso todos a cantavam, inclusive os “Tangarás” e noel rosa .

Apresentou-se com Renato Murce, fazendo uma embolada que recebeu o nome de “Perna Bamba” mas verificam que sua vocação não estava nesse tipo de música. Era carioca, portanto, do samba.

O carnaval, em Vila Isabel, era um dos melhores do Rio de Janeiro. O bairro além das Batalhas de Confete competia com blocos de outros bairros em desfiles com premiações. Vila Isabel possuía dois blocos: o Cara de Vaca, formado pela turma da Rua Souza Franco / Torres Homem; e o Faz Vergonha, formado pela turma da Rua Maxwell, próximo à Fábrica Confiança, do qual Noel fazia parte. Dizem que o nome do bloco originou-se do comportamento de noel rosa que estava sempre com brincadeiras, fazendo vergonha.

Em Vila Isabel nasceu o bloco dos Vassourinhas, bloco de frevo, dirigido pelo sr. Luís Alves.

Da Rua Petrocochino saía o bloco de Reis.

Noel começa a emagrecer e demonstrar cansaço. Dona Martha observa o filho e se preocupa, mas não consegue tirá-lo da rua nas madrugadas.

Dr. Edgard Graça Mello, médico da família, é chamado e detecta a doença: estava com lesão no pulmão direito e já começando no esquerdo.

Noel amava as mulheres. Seus grandes amores foram, Clara Corrêa Netto, Fina (Josefina Telles Nunes) e Ceci (Juraci Correia de Morais) por quem se apaixonou, verdadeiramente. Casou-se, entretanto, com Lindaura, uma sergipana que morava na Rua Maxwell, 74 casa 2, no dia 1°. de dezembro de 1934.

Foi nos braços de Lindaura que noel rosa faleceu em 4 de maio de 1937, na mesma casa onde nasceu, aos 27 anos.

Fonte: musicabrasileira.org

Noel Rosa

Nasceu no chalé da rua Teodoro Silva, em Vila Isabel (RJ), no dia 11 de dezembro de 1911 e lá morreu, em 4 de maio de 1937. Filho de Manoel Garcia de Medeiros Rosa, funcionário público, e de Martha de Medeiros Rosa, professora que o iniciou nas primeiras letras na escolinha que mantinha na sua própria casa.

Noel nasceu de um parto extremamente difícil, “arrancado” a fórceps sofreu afundamento e fratura do maxilar o que lhe causou uma paralisia parcial no lado direito do rosto, como consequência carregou o defeito no queixo, o qual acentuava nas suas auto-caricaturas, ao mesmo tempo que manteve-se sempre tímido em público, evitando ser visto comendo. Sob o efeito da bebida e nas rodas de músicas descontraía-se, deixando vir à tona o seu humor inteligente e sarcástico.

Com a mãe aprendeu a tocar bandolim e com o pai violão pelo qual troca o bandolim, desenvolvendo-se como autodidata. Desde cedo mostrou interessar-se mais pela música do que pelos estudos — realizados a partir do terceiro ano na escola pública “Cesário Motta” e três anos depois no “Colégio São Bento” –, apresentando-se nas festinhas familiares. Com dezesseis anos já havia feito uma composição e tornara-se um bom violonista, frequentando as reuniões do Bar dos Cem Réis, próximo à sua casa. Torna-se um assíduo participante das serenatas organizadas pelos amigos, ao mesmo tempo que estabelece contato com os sambistas do Estácio de Sá e dos “morros” do Rio de Janeiro, atento à cadência e à forma de compor e cantar destes sambistas.

Ainda no “Colégio São Bento”, presta exames para o “Pedro II”, quando é beneficiado pelo decreto do presidente Getúlio Vargas, que assumira o governo pela Revolução de outubro de 1930, dispensando a avaliação e aprovando os alunos. Assim, Noel bacharelou-se, tornando-se apto para prestar exame para a escola de medicina. Mas o ano de 1930 lhe reservava, ainda, uma outra surpresa, que definiria a sua vida como artista profissional e o faria abandonar o curso de Medicina ainda no primeiro ano: o convite para integrar o Bando dos Tangarás, ao lado de Almirante, João de Barro (Braguinha), Alvinho e Henrique Britto.

Desse modo, começam as apresentações públicas de Noel e aos poucos o meio radiofônico e o público vai tomando conhecimento daquele que, em menos de oito anos, construiu uma obra invejável, não só pelo número de composições que fez — mais de 250 –, mas, principalmente, por sua genialidade de músico e letrista. E a certeza da importância de Noel Rosa para a cultura brasileira já era clara na época, como atestam as palavras de Orestes Barbosa, dezoito anos mais velho, para Nássara: “Sabe de uma coisa, Nássara? O sem-queixo é um gênio”.

Ao lado de Almirante e do Bando dos Tangarás introduziram a “cozinha” como a batucada com latas feita na gravação da música “Lataria”, de Almirante e João de Barro; bem como dos instrumentos de percussão como pandeiro, reco-reco, cuíca, surdo e cuíca, entre outros, nas execuções dos conjuntos musicais e das orquestras.

Além disto, o fascínio que os “malandros” dos “morros” exerciam sobre Noel e da música feita por eles, fez com que Noel incorporasse não só a forma de compor, mas também a cadência melódica, marcando, em definitivo, a difusão e aceitação do samba como música de qualidade, contribuindo para a superação dos preconceitos que identificavam o samba como “música de negro”, coisa de um povo “bárbaro”

Por outro lado, Noel usou o seu talento para realizar nas suas músicas uma brilhante crônica social do Rio de Janeiro que se urbanizava com rapidez, das injustiças sociais do país, da política, das relações amorosas e das mudanças culturais provocadas pelo crescimento da “massa mídia”, particularmente o cinema falado e o rádio.

O “Bernard Shaw do samba”, ou o “filósofo do samba”, como era chamado por alguns radialistas e jornalistas da época, deixou registrado em suas composições o universo histórico-cultural do final dos anos 20 e meados dos 30. Não é, pois, à toa a influência exercida por Noel sobre a música popular brasileira, as referências dessa influência feitas por Chico Buarque de Holanda, entre outros, os vários espetáculos teatrais a seu respeito, as inúmeras regravações das suas composições, sendo as mais recentes os dois CDs gravados, em 1997, por Ivan Lins com vinte e cinco músicas suas.

Mas, Noel de Medeiros Rosa foi também um homem atormentado e descrente, que não concebia a vida sem a boêmia, a malandragem, os botequins, os cabarés, os prostíbulos — como os do Mangue que frequentou desde o início da adolescência — e as grandes bebedeiras. Este era seu modo particular de amar a vida, a tal ponto que mesmo sabendo que a tuberculose lhe corroía os pulmões nunca largou o cigarro, a bebida e a boêmia.

Foi um sedutor incorrigível, envolvendo-se com várias mulheres ao mesmo tempo, o que lhe custou um casamento forçado com Laurinda, embora não a amasse, e se declarasse um inimigo mortal do casamento. Amou intensamente Ceci, para quem deixou como última composição, entre as inúmeras feitas para ela, Meu Último Desejo, em parceria com Vadico, lembrando o dia que se conheceram numa festa de São João, no cabaré Apollo, fazendo uma espécie de samba-testamento. Sua relação com Ceci foi longa, intensa e tumultuada.

Ao morrer aos 26 anos de idade havia construído uma vasta obra, sendo suas algumas das mais belas composições da música popular brasileira. Participou dos mais importantes programas radiofônicos da época, como o Programa Casé, teve grandes parceiros como Heitor dos Prazeres, Ismael Silva, Vadico, Lamartine Babo, Braguinha, entre outros, e conheceu o sucesso desde a sua primeira gravação Com Que Roupa?, cantada à exaustão no carnaval de 1931.

Também são famosas as suas brigas com dois malandros muito conhecidos na época: Kid Pepe e Zé Pretinho. Embora tenha dado a Kid Pepe a parceria em O Orvalho Vem Caindo, o fato de não querer continuar tendo-o como “parceiro” provocou a ira de Kid que vivia ameaçando-o. Zé Pretinho, por quem Noel nutria uma amizade sincera livrou-o das ameaças, explicando-lhe que mostrara a Kid Pepe que andava armado com um revólver.

Algum tempo depois, tendo viajado e deixado uma música sua com Zé Pretinho para que ele ultimasse os preparativos para a gravação, não se conforma quando, ao retornar ao Rio de Janeiro, sabe que a música havia sido gravada sem o seu nome e o amigo havia dado a parceria para o seu desafeto Kid Pepe. Inconformado, trata mal Zé Pretinho e acaba por levar uma grande surra. Sua resposta-vingança veio na forma de sempre e com a arma que melhor sabia manejar, compõe Século Do Progresso.

A outra briga que causou uma “polêmica musical”, curta mas muito comentada, foi com Wilson Baptista em virtude do samba deste enaltecendo a malandragem, Lenço No Pescoço, duramente criticada por Orestes Barbosa num artigo de jornal e numa música de Noel, Rapaz Folgado. Wilson respondeu com O Mocinho Da Vila na qual critica o compositor e o seu bairro. Noel então dá-lhe o troco com a brilhante Feitiço Da Vila.

Wilson não se dá por vencido e compõe Conversa Fiada recebendo como resposta Palpite Infeliz. Ao invés de reconhecer a sua incapacidade de competir com Noel, mas possivelmente interessado em se aproveitar da evidência e do sucesso deste, Wilson comete Frankstein Da Vila, referindo-se ao defeito físico de Noel, e este não se manifesta. Um dia encontram-se no Café Leitão e Wilson mostra-lhe Terra de Cego, Noel pede-lhe para colocar outra letra, e nasce assim Deixa De Ser Convencido. Termina dessa forma inusitada a famosa “polêmica”.

Assim era Noel. O crítico mordaz dos costumes da sua época e da política. Fascinado pela malandragem, de repente volta-se contra ela. Inconformado com a exploração que os compradores de músicas estabelecem aos compositores pobres, influencia Ismael Silva a se libertar de Francisco Alves. Foi capaz de passar por cima da leviandade de Wilson Batista, talvez por reconhecer ali um compositor embrionário que ainda daria bons frutos.

O menino que gostava de parodiar o Hino Nacional com letras pornográficas continuava a viver no homem dos improvisos com Marília Baptista, como na música De Babado; nas desculpas descabidas que dava a Ademar Casé por causa dos seus atrasos; nos vários títulos que dava à mesma música — Cem Mil-Réis –, aproveitando-se do ouvido desatento do radialista, e assim ganhando os bônus oferecidos por Casé pela apresentação de músicas “inéditas” semanalmente no seu programa.

Talvez Noel Rosa soubesse enfim, mais do que ninguém, que “quem acha vive se perdendo”. E assim escolheu viver e morrer.

Fonte: www.crede12.seduc.ce.gov.br

Noel Rosa

Noel de Medeiros Rosa (11/12/1910-4/5/1937) nasce na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Vila Isabel.

É filho de um gerente de farmácia e de uma professora.

Tem o maxilar afundado durante seu parto, feito com fórceps.

Alfabetizado pela mãe, em 1924 entra no Colégio Maisonette e depois vai para o São Bento.

Aprende a tocar bandolim aos 13 anos, de ouvido.

Noel Rosa
Compositor, letrista e violonista fluminense (1910-1937). 
Conhecido como Poeta da Vila, é um dos maiores compositores
da história da música popular brasileira.

Em seguida muda para o violão.

Frequenta as rodas boêmias e, em 1929, entra para o grupo Bando dos Tangarás, formado por João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito.

Em 1930 alcança o sucesso com o samba Com Que Roupa? Na mesma época, entra para a Faculdade Nacional de Medicina, mas abandona o curso em 1932.

Seu estilo irreverente marca o samba dos anos 30, que adquire tons coloquiais e passa a fazer a crônica social dos morros e das vilas cariocas.

Com Vadico, um de seus parceiros mais constantes, compõe Conversa de Botequim, sucesso em 1935, Feitio de Oração e Pa Que Mentir.

Entre seus sambas mais conhecidos estão Fita Amarela, Palpite Infeliz e Último Desejo.

Sua última obra, o samba Eu Sei Sofrer; é gravada por Araci de Almeida e Benedito Lacerda no dia de sua morte.

Tuberculoso, morre no Rio, aos 27 anos, deixando mais de 300 composições.

Referências bibliográficas

Almanaque Abril. Quem é quem na história do Brasil. São Paulo, Abril Multimídia, 2000. (bibliografia completa)

Fonte: www.meusestudos.com

Noel Rosa

Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910, em Vila Isabel, na cidade do Rio de Janeiro.

Sua mãe, dona Marta, teve problemas no parto.

O médico precisou usar fórceps e afundou o maxilar de Noel, que viria a ser um homem magro e fraco porque tinha dificuldades para mastigar.

Ganhou o apelido de Queixinho na escola, o que nunca se tornou um trauma; pelo contrário, acabou se tornando um adulto irônico e debochado.

Além do problema no queixo tinha a voz fanhosa, o que também não o impediu de cantar e ser o sambista de maior sucesso de sua época no Rio.

Tocava violão com o Bando de Tangarás, ao lado de Almirante, João de Barro e outros. No início, em 1929, era músicas regionais nordestinas.

O primeiro samba, Com que roupa?, nasceu ainda naquele ano.

Transformou-se no grande sucesso do carnaval de 1931. Com isso, Noel teve que fazer sua primeira grande escolha: a Medicina (era aluno do primeiro ano) ou o Samba. Escolheu o Samba, claro!

Em suas músicas falava de seu bairro, seus amores, seus desafetos, suas piadas. A sábia escolha do ex-futuro médico garantiu à música brasileira momentos primorosos: Pierrô apaixonado, Pastorinhas, O orvalho vem caindo, Feitio de oração, Não tem tradução, Pra que mentir, Conversa de botequim, Gago Apaixonado, São coisas nossa, Mulher indigesta, Mentiras de mulher, Feitiço da vila, Dama de Cabaré, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarelaI e muitas outras canções.

Em 1933, casou com a sergipana Lindaura, mas continuou com sua vida noturna e, como era de se esperar, a vida íntima do casal acabou em seus sambas. Tuberculoso, Noel tentou se curar no clima frio e seco de Belo Horizonte, em Minas Gerais, mas voltou ao Rio, em 1935, quando entre a saúde e a boemia do samba, escolheu mais uma vez esta última opção.

Morreu aos 26 anos, em abril de 1937, deixando mais de 100 músicas nas quais exalta a vadiagem e seus amores, fazendo da pobreza poesia e de Vila Isabel um reduto do samba .

Fonte: www.memoriaviva.com.br

Noel Rosa

Nasceu dia 11 de Dezembro de 1910 no chalé 130 da rua Teodoro da Silva no bairro carioca de Vila Isabel,um dos maiores compositores de samba de todos os tempos(se não o maior),Noel de Medeiros Rosa,mais conhecido como noel rosa

Noel Rosa aprendeu a tocar bandolim com a mãe, Martha de Azevedo Rosa, e foi introduzido ao violão(seu principal instrumento) pelo pai, Manuel Medeiros Rosa. Noel aprendeu a ler e a escrever com a mãe,e,segundo Almirante cursou o primário no colégio Maisonette
Em 1927, voltava de uma noitada, quando encontrou sua avó paterna enforcada no quintal de sua casa; tinha se matado, repetindo o gesto de um bisavô de Noel

Noel era muito mais ligado na música que nos estudos(ele que quase estudou medicina).

Em 1929 juntamente com Almirante e João de Barro-o Braguinha-(colegas de Vila Isabel)formam um conjunto que fora muito importante para Noel,o Bando dos Tangarás

O repertório do conjunto se compôs de cantigas de inspiração nordestina, de acordo com a moda do momento.

Neste mesmo ano de 1929 ele começa a se tornar compositor,com aembolada “Minha Viola“e a toada “Festa no Céu.

Em 1931 compõe um de seus maiores sucessos, o samba “Com que Roupa?” (Agora vou mudar minha conduta…). “Com que Roupa?” vira o maior sucesso daquele carnaval. Esse samba tem uma história muito curiosa: Noel pediu para o maestro e violoncelista Homero Dornelas escrever uma melodia para o “Com que roupa?”.

Homero sentou-se ao piano e pediu para que Noel cantasse o samba. Noel comecou a cantar:
-Agora vou mudar…

Homero interrompeu e falou:

Noel, esse samba nao pode ser publicado, pois isso não é samba, é o Hino Nacional.
Homero tocou no piano o início do Hino e Noel se surpreendeu ao saber que fez um samba (que logo se tornaria o seu maior sucesso) com a mesma melodia do Hino Nacional.
Depois, Homero trocou algumas notas e o samba ficou pronto.
A partir de então não parou de compor sussecos como Três apitos,Prá esquecer,São coisas nossas e por aí vai

Em 1933 compõe um samba que quem escuta hoje em dia,nem acredita que ele foi composto a tanto tempo assim(por volta de 1933),o samba

“Onde está a Honestidade?“,este samba fala sobre os “Lalaus “que infernizam a nossa vida desde aquela época,este samba ficou bastante conhecido na bela voz da cantora Beth Carvalho

No início de 1934 começava uma das maiores polemicas da musica brasileira , noel rosa compôs “Rapaz Folgado”, uma resposta a “Lenço no Pescoço”,do então jovem sambista Wilson Batista,depois Noel compos o grande sucesso Feitiço da Vila,Wilson respondeu com Frankeisten da Vila,sendo respondida por Noel com Palpite Infeliz,para finalizar a polemica,Wilsom fez Terra de Cego.Em sua música, Noel, estranhamente, criticava o malandro cantado por Wilson – logo ele, um apologista da malandragem. No fundo, o que havia, porém, era uma rixa por causa mulher: Wilson tinha roubado uma namorada dele.

Depois de perder a namorada para Wilsom,Noel conheceu na noite de São João deste mesmo ano(1934)o grande amor de sua vida,a dançarina Juraci Correia de Moraes(então com 16 anos).Juraci serviu de inspiração de pelo menos 8 sambas,e foi só(meses depois eles se separaram)

No dia primeiro de Dezembro de 1934 casa-se com Lindaura.

Noel continuava Boemio,e continuava a frequentar a LapaComendo mal,e provocando exessos tudo isso acabou em Tuberculose.

Em 1935 viaja para BH mas volta como estava,muito mal

No dia 4 de maio de 1937 agoniza em sua casa na Vila Isabel

Por volta das dez horas da noite pediu ao seu irmão Hélio que lhe virasse para o outro lado da cama pois nao estava se sentindo muito bem,minutos depois,Noel Rosa falece.

Fonte: www.samba-choro.com.br

Noel Rosa

Primeiro filho de seu Manoel e dona Marta de Medeiros Rosa, Noel veio ao mundo em 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro, RJ, em parto difícil – para não perderem mãe e filho, os médicos usaram o fórceps para ajudar, o que acabou causando-lhe a lesão no queixo, que o acompanhou por toda a vida.

Franzino, Noel aprendeu a tocar bandolim com sua mãe – era quando se sentia mais importante, lá no Colégio São Bento. Sentava-se para tocar, e todos os meninos e meninas paravam para ouvi-lo extasiados. Com o tempo, adotou o instrumento que seu pai tocava, o violão.

Noel Rosa
Noel Rosa

Magro e debilitado desde muito cedo, dona Marta vivia preocupada com o filho, pedindo-lhe que não se demorasse na rua e que voltasse cedo para casa. Sabendo, certa vez, que Noel iria à uma festa em um sábado, escondeu todas as suas roupas. Quando seus amigos chegaram para apanhá-lo, Noel grita, de seu quarto: “Com que roupa?” – no mesmo instante a inspiração para seu primeiro grande sucesso, gravado para o carnaval de 1931, onde vendeu 15000 discos!

Foi para a faculdade de medicina – alegria na família – mas a única coisa que isso lhe rendeu foi o samba “Coração” – ainda assim com erros anatômicos. O Rio perdeu um médico, o Brasil ganhou um dos maiores sambistas de todos os tempos.

Genial, tirava até de brigas motivo de inspiração. Wilson Batista, outro grande sambista da época, havia composto um samba chamado “Lenço no Pescoço”, um ode à malandragem, muito comum nos sambas da época. Noel, que nunca perdia a chance de brincar com um bom tema, escreveu em resposta “Rapaz Folgado” (Deixa de arrastar o seu tamanco / Que tamanco nunca foi sandália / Tira do pescoço o lenço branco / Compra sapato e gravata / Joga fora esta navalha que te atrapalha) .

Wilson, irritado, compôs “O Mocinho da Vila, criticando o compositor e seu bairro. Noel respondeu novamente, com a fantástica “Feitiço da Vila”. A briga já era um sucesso, todo mundo acompanhando.

Wilson retorna com “Conversa Fiada” (É conversa fiada / Dizerem que os sambas / Na Vila têm feitiço) . Foi a deixa para Noel compor um dos seus mais famosos e cantados sambas, “Palpite Infeliz” . Wilson Batista, ao invés de reconhecer a derrota, fez o triste papel de compor “Frankstein da Vila” , sobre o defeito físico de Noel. Noel não respondeu. Wilson insistiu compondo “Terra de Cego”. Noel encerra a polêmica usando a mesma melodia de Wilson nessa última música, compondo “Deixa de Ser Convencido”

Noel era tímido e recatado, tinha vergonha da marca que trazia no rosto, evitava comer em público por causa do defeito e só relaxava bebendo ou compondo. Sem dinheiro, vivia às custas de poucos trocados que recebia de suas composições e do auxílio de sua mãe. Mas tudo que ganhava era gasto com a boemia, com as mulheres e com a bebida. Isso acelerou um processo crônico pulmonar que acabou em tuberculose.

Letras de Músicas

Adeus

(Ismael Silva, noel rosa e Francisco Alves)

Adeus! adeus! adeus!
Palavra que faz chorar
Adeus! adeus! adeus!
Não há quem possa suportar

Adeus é tão triste
Que não se resiste
Ninguém jamais
Com adeus pode viver em paz

Pra que fostes embora
Por ti tudo chora
Seu teu amor
Esta vida não tem mais valor

As pastorinhas

(Noel Rosa e João de Barro)

A estrela d’alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor

E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor

Linda pastora
Morena da cor de Madalena
Tu não tens pena
De mim que vivo tonto com o teu olhar

Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre e sempre te amar

Cansei de pedir

(Noel Rosa – 1935)

Já cansei de pedir
Pra você me deixar
Dizendo que não posso mais
Continuar amando
Sem querer amar
Meu Deus, estou pecando
Amando sem querer…
Me sacrificando sem você merecer!

Amar sem ter amor é um suplício
Você não compreende a minha dor
Nem pode avaliar
O sacrifício que eu fiz
Para você ser feliz!

Com a ingratidão eu não contava
Você não compreende a minha dor
Você, se compreendesse
Me deixava sem chorar
Para não me ver penar

Capricho de rapaz solteiro

(Noel Rosa – 1933)

Nunca mais esta mulher
Me vê trabalhando!
Quem vive sambando
Leva a vida para o lado que quer
De fome não se morre
Neste Rio de Janeiro
Ser malandro é um capricho
De rapaz solteiro

Com que roupa

(Noel Rosa)

Eu hoje vou mudar minha conduta
Eu vou à luta, pois eu quero me aprumar
Vou tratar você na força bruta
Que é pra poder me reabilitar
Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto, com que roupa, com que roupa eu vou
Ao samba que você me convidou?

Eu hoje estou pulando feito sapo
Pra ver se escapo dessa praga de urubu
Já estou coberto de farrapos, eu vou acabar ficando nu
Meu paletó virou estopa, e eu não sei mais com que roupa

Seu português agora deu o fora, já foi-se embora
E levou seu capital
Esqueceu quem tanto amou outrora
Foi no Adamastor pra Portugal
Pra se casar com uma cachopa, e agora, com que roupa?

Agora eu não ando mais fagueiro,
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar
Eu já corri de vento em popa, mas agora com que roupa…

Conversa de botequim

(Noel Rosa, Vadico e Francisco Alves)

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Fecha a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão

Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro

Telefone ao menos uma vez para 34-4333
E ordene ao Seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório

Seu garçom, me empreste algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure essa despesa no cabide ali em frente

Cor de cinza

(Noel Rosa ) – 1933

Com seu aparecimento
Todo o céu ficou cinzento
E São Pedro zangado
Depois, um carro de praça
Partiu e fez fumaça
Com destino ignorado

Não durou muito a chuva
E eu achei uma luva
Depois que ela desceu
A luva é um documento
Com que provo o esquecimento
Daquela que me esqueceu

Ao ver um carro cinzento
Com a cruz do sofrimento
Bem vermelha na porta
Fugi impressionado
Sem ter perguntado
Se ela estava viva ou morta

A poeira cinzenta
Da dúvida me atormenta
Não sei se ela morreu
A luva é um documento
De pelica e bem cinzento
Que lembra quem me esqueceu

Coração [Samba anatômico]

(Noel Rosa – 1932)

Coração
Grande órgão propulsor
Distribuidor do sangue venoso e arterial
Coração
Não és sentimental
Mas entretanto dizem
Que és o cofre da paixão
Coração
Não estás do lado esquerdo
Nem tampouco do direito
Ficas no centro do peito – eis a verdade!
Tu és pro bem-estar do nosso sangue
O que a casa de correção
É para o bem da humanidade

Coração
De sambista brasileiro
Quando bate no pulmão
Lembra a batida do pandeiro
Eu afirmo
Sem nenhuma pretensão
Que a paixão faz dor no crânio
Mas não ataca o coração

Conheci
Um sujeito convencido
Com mania de grandeza
E instinto de nobreza
Que, por saber
Que o sangue azul é nobre
Gastou todo o seu cobre
Sem pensar no seu futuro
Não achando
Quem lhe arrancasse as veias
Onde corre o sangue impuro
Viajou a procurar
De norte a sul
Alguém que conseguisse
Encher-lhe as veias
Com azul de metileno
Pra ficar com sangue azul

Cordiais saudações

(Noel Rosa)

Estimo que esse mal traçado samba
Em estilo rude, na intimidade
Vá encontrar-te gozando saúde
Na mais completa felicidade
Junto dos teus confio em Deus

Em vão te procurei
Notícias tuas não encontrei
Eu hoje sinto saudades
Daqueles 10 mil réis que eu te emprestei

Beijinhos do cachorrinho
Muitos abraços no passarinho
Um chute na empregada
Porque já se acabou o meu carinho

A coisa cá em casa está horrível
Ando empenhado nas mãos do Romeu
O meu coração vive amargurado
Pois a minha sogra ainda não morreu
Tomou veneno e quem pagou fui eu

Espero que notes bem
Estou agora sem um vintém
Podendo, manda-me algum
Rio, sete de setembro de trinta e um

Envio essas mal traçadas linhas

(Noel Rosa)

Cordiais saudações!
Envio estas mal traçadas linhas
Que escrevi à lápis
Por não ter caneta
Andas perseguido
Para que escapes
Corta o teu cabelo
E põe barba preta

Em vão te procurei
Notícias tuas não encontrei
Mas ontem te escutei
E este bilhete ao Fígaro entreguei

Sem mais para acabar
Recebe o beijo
Que eu vou mandar
Eu amo, com amor não brinco
Niterói, trinta de outubro de trinta e cinco

… Responde que eu pago o selo?

Falam de mim

(Noel Rosa de Oliveira, Éden Silva e Aníbal Silva)

Falam de mim
Mas eu não ligo
Todo mundo sabe
Que eu sempre fui amigo
Um rapaz como eu
Não merece essa ingratidão
Falam de mim
Mas quem fala não tem razão
Por ciúmes ou por despeito
Falam de mim
Não esta direito
Procederem assim
Meu coração
Não merece essa ingratidão
Falam de mim
Mas quem fala não tem razão

Feitiço da Vila

(Noel Rosa e Vadico)

Quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos do arvoredo
E faz a lua nascer mais cedo

Lá em Vila Isabel quem é bacharel não tem medo de bamba
São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba

A Vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém que nos faz bem
Tendo nome de princesa transformou o samba
Num feitiço decente que prende a gente

O sol na Vila é triste, samba não assiste
Porque a gente implora:
Sol, pelo amor de Deus, não venha agora
Que as morenas vão logo embora

Eu sei tudo que faço, sei por onde passo
Paixão não me aniquila
Mas tenho que dizer:
Modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila!

Fita amarela

(Noel Rosa)

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão
Não quero flores, nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer
Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei nada a ninguém
Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim
Quero que o sol não visite o meu caixão
Para a minha pobre alma não morrer de insolação

Maria fumaça

(Noel Rosa – 1936)

Maria Fumaça
Fumava cachimbo, bebia cachaça…
Maria Fumaça
Fazia arruaça, quebrava vidraça
E só de pirraça
Mata as galinhas de suas vizinhas
Maria Fumaça
Só achava graça na própria desgraça

Dez vezes por dia a delegacia
Mandava um soldado prender a Maria
Mas quando se via na frente do praça
Maria sumia tal qual a fumaça

Maria Fumaça
Não diz mais chalaça, não faz mais trapaça…
Somente ameaça que acaba com a raça
Bebendo potassa
Perdeu o rompante
Foi presa em flagrante roubando um baralho
Não faz mais conflito
Está no distrito lavando o assoalho

Minha viola

(Noel Rosa – 1929)

Minha viola
Ta chorando com razão
Por causa duma marvada
Que roubou meu coração

Eu não respeito cantadô que é respeitado
Que no samba improvisado me quisé desafiá
Inda outro dia fui cantá no galinheiro
O galo andou o mês inteiro sem vontade de cantá
Nesta cidade todo mundo se acautela
Com a tal de febre amarela que não cansa de matá
E a dona Chica que anda atrás de mal conselho
Pinta o corpo de vermelho
Pro amarelo não pegá

Eu já jurei não jogá com seu Saldanha
Que diz sempre que me ganha
No tal jogo do bilhar
Sapeca o taco nas bola de tal maneira
Que eu espero a noite inteira pras bola carambolá
Conheço um véio que tem a grande mania
De fazê economia pra modelo de seus filho
Não usa prato, nem moringa, nem caneca
E quando senta é de cueca
Prá não gastá os fundilho

Eu tenho um sogro cansado dos regabofe
Que procurou o Voronoff, doutô muito creditado
E andam dizendo que o enxerto foi de gato
Pois ele pula de quatro miando pelos telhado
Aonde eu moro tem o Bloco dos Filante
Que quase que a todo instante
Um cigarro vem filá
E os danado vem bancando inteligente
Diz que tão com dor de dente
Que o cigarro faz passá

Mulher indigesta

(Noel Rosa)

Mas que mulher indigesta!(Indigesta!)
Merece um tijolo na testa
Essa mulher não namora
Também não deixa mais ninguém namorar
É um bom center-half pra marcar
Pois não deixa a linha chutar
E quando se manifesta
O que merece é entrar no açoite
Ela é mais indigesta do que prato
De salada de pepino à meia-noite
Essa mulher é ladina
Toma dinheiro, é até chantagista
Arrancou-me três dentes de platina
E foi logo vender no dentista

Na Bahia

(José Maria de Abreu e noel rosa – 1936)

Aonde é que o nosso grande Brasil principia?
Na Bahia! Na Bahia!
Aonde foi que Jesus pregou sua filosofia?
Na Bahia! Na Bahia!

Todo santo dia
Nasce um samba na Bahia
Samba tem feitiço
Todo mundo sabe disso!

A minha Bahia
Forneceu a fantasia mais original
Que se vê no carnaval!

Em São Salvador
Terra de luz e de amor
Só o samba cabe
Disso todo mundo sabe!

No baile da Flor-de-Lis

(Noel Rosa e Hélio Rosa – 1933)

No baile da Flor de Lis
Quem dançou pediu bis
Bis, bis!
Mas acabou-se o que era doce
Quem comeu arregalou-se
Quem não comeu suicidou-se

Quando a música parou
O mestre-sala gritou:
“Cavalheiros ao buffet!”
E o tal doce de coco
Que era bom mas era pouco
Não chegou para você

Encontrei muito funil
A chorar junto ao barril
Quando o chope se esgotou
Houve a tal pancadaria
Com a qual se anuncia
Que o baile terminou

O que é que você fazia?

(Hervê Cordovil e noel rosa )

Deitado num trilho de um trem
Estando amarrado e amordaçado
Sabendo que o maquinista
Não é seu parente
Nem olha pra frente
O que é que você fazia?
Eu nesse caso nem me mexia

Sentado, olhando um cachorro
Que da sua mão tirou o seu pão
Sabendo que o seu bilhete
Que está premiado
Também foi roubado
O que é que você fazia?
Eu nesse caso nem me mexia

Se um dia sua sogra bebesse
Um gole pequeno de um grande veneno
E por um capricho da sorte
Ou de algum doutorzinho
Ela ficasse mais forte
O que é que fazia o senhor?
Eu nesse caso matava o doutor
E o que é que a senhora fazia?
Eu nesse caso desaparecia

Onde está a honestidade?

(Noel Rosa)

Você tem palacete reluzente
Tem jóias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade…

E o povo já pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?

O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade…

Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente…

Palpite infeliz

(Noel Rosa)

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também

Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?

A Vila é uma cidade independente
Que tira samba mas não quer tirar patente
Pra que ligar a quem não sabe
Aonde tem o seu nariz?
Quem é você que não sabe o que diz?

Pela décima vez

(Noel Rosa)

Jurei não mais amar pela décima vez
Jurei não perdoar o que ela me fez
O costume é a força que fala mais forte do que a natureza
E nos faz dar provas de fraqueza
Joguei meu cigarro no chão e pisei
Sem mais nenhum aquele mesmo apanhei e fumei
Através da fumaça neguei minha raça chorando, a repetir:
Ela é o veneno que eu escolhi pra morrer sem sentir
Senti que o meu coração quis parar
Quando voltei e escutei a vizinhança falar
Que ela só de pirraça seguiu com um praça ficando lá no xadrez
Pela décima vez ela está inocente nem sabe o que fez

Por causa da hora

(Noel Rosa – 1931)

Meu bem
Veja quanto sou sincero
No poste sempre eu espero
Procurou bonde por bonde
E você nunca que vem
Olho, ninguém me responde
Chamo, não vejo ninguém…

Talvez seja por causa dos relógios
Que estão adiantados uma hora
Que eu, triste, vou-me embora
Sempre a pensar porque
Não encontro mais você?

Terei que dar um beiço adiantado
Com o adiantamento de uma hora
Como vou pagar agora
Tudo o que comprei a prazo
Se ando com um mês de atraso?

Eu que sempre dormi durante o dia
Ganhei mais uma hora pra descanso
Agradeço ao avanço
De uma hora no ponteiro:
Viva o Dia Brasileiro!

Positivismo

(Noel Rosa e Orestes Barbosa)

A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos, lá na Bíblia, quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O autor da guilhotina de Paris
Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração
O amor vem por princípios, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezaste esta lei de Augusto Conte
E fostes ser felizes longe de mim
Vai, coração que não vibra
Com teu juro exorbitante
Transformar mais outra libra
Em divida flutuante
A intriga nasce num café pequeno
Que se toma pra ver quem vai pagar
Para não sentir mais o teu veneno
Foi que eu já resolvi me envenenar.

Precaução inútil

(Noel Rosa)

Eu vi num armazém de Niterói
Um velho que se julga herói
E teme em ser conquistador
Lá no Banco do Brasil
Depositou mais de três mil
Botando água no vinho do barril
Seus lábios só se abriram para falar
Das velhas contas a cobrar
Dos que morreram sem pagar
Eram dois lábios agressores
Dois grandes cobradores
Dos seus devedores
Seu cabelo tinha cor de burro
Quando foge do amansador
Seus olhos eram circunflexos
Perplexos e desconexos
Mãos de usuários, braços de cigalho
Corpo de macaco chipanzé maduro
Enfim, eu vi neste velhote
Um imortal pão duro

Seu cabelo tinha cor de burro
Quando foge do amansador
Seus olhos eram circunflexos
Perplexos e desconexos
Um bigodão na cara indiscreta
Feito bicicleta com guidão de fora
Enfim, o velho nunca mais
Se casa com a senhora

Provei

(Noel Rosa e Vadico) – 1937

Provei
Do amor todo amargor que ele tem
Então jurei
Nunca mais amar ninguém
Porém, eu agora encontrei alguém
Que me compreende
E que me quer bem

Nunca se deve jurar
Não mais amar a ninguém
Não há quem possa evitar
De se apaixonar por alguém

Quem fala mal do amor
Não sabe a vida levar
Pois quem maldiz a própria dor
Tem amor mas não sabe amar

Quantos beijos

(Noel Rosa e Vadico) – 1936

Não andava com dinheiro todo dia
Para sempre dar o que você queria
Mas quando eu satisfazia os teus desejos
Quantas juras… quantos beijos…

Quantos beijos
Quando eu saía
Meu deus, quanta hipocrisia!
Meu amor fiel você traía
Só eu é quem não sabia
Ai ai meu deus mas quantos beijos…

Não esqueço aquelas frases sem sentido
Que você dizia sempre ao meu ouvido
Você porém mentia em todos os ensejos
Quantos juras… quantos beijos…

Que bom, felicidade que vai ser

(Noel Rosa e Renê Bittencourt) – 1932

Felicidade, felicidade
Minha amizade foi-se embora com você
Se ela vier e te trouxer
Que bom, felicidade que vai ser

Trago no peito o sinal de uma saudade
Cicatriz dessa amizade
Que com o tempo vi morrer
Eu fico triste
Quando vejo alguém contente
Tenho inveja dessa gente
Que não sabe o que é sofrer

O meu destino
Foi traçado no baralho
Não fui feito para trabalho
Eu nasci pra batucar
Eis o motivo
Que do meu viver agora
A alegria foi-se embora
Pra tristeza vir morar

Rapaz folgado

(Noel Rosa – 1932)

Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha

Com chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo um samba-canção
Já te dei papel e lápis
Arranja um amor e um violão

Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado

Fonte: www.mpbnet.com.br

Noel Rosa

Nome artístico – Noel rosa

Nome original – Noel rosa de Medeiros

Data do nascimento – 11-12-1910 – Rio de Janeiro

Estudante de Medicina

Data da morte – 04-05-1937 (RJ)

Destaques – Deixou cerca de 100 músicas inéditas

Discos gravados – treze (13)

Noel Rosa

Noel Rosa nasceu de parto difícil, a fórceps, que causou a fratura de um osso da mandíbula. Em consequência, adquiriu um defeito físico no queixo. Depois de sua morte, em 1937, aos 26 anos, sua obra caiu em um certo esquecimento, sendo redescoberta por volta de 1950, quando Aracy de Almeida lançou com enorme sucesso dois álbuns de 78 rotações com músicas suas. Desde então passou a figurar na galeria dos nomes fundamentais do samba.

Ele e Ismael Silva, seu parceiro mais constante, contribuíram significativamente para a evolução formal do gênero. O samba que passaram a fazer, no início dos anos 30, se distinguiu do samba amaxixado dos anos 20, representado sobretudo por Sinhô. Essa forma nova, mais domada e refinada, ritmicamente mais próxima do que hoje se reconhece como samba, nasceu entre os sambistas do bairro do Estácio de Sá e se espalhou pelo Rio de Janeiro graças, em grande parte, a Noel e Ismael.

Noel desde a adolescência mostrou gosto pela música e pela vida boêmia, deixando de lado os estudos e o curso de medicina sonhado pelos pais. Criou fama de bom violonista no bairro e em 1929 foi chamado para integrar o Bando dos Tangarás, ao lado de João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito. Suas primeiras composições foram gravadas por ele mesmo em 1930: “Minha Viola” e “Festa no Céu. Aprendeu bandolim com a mãe, Martha, e foi introduzido ao violão pelo pai, Manuel de Medeiros Rosa. Mas se tornou mesmo autodidata.

O músico teve o raro senso de oportunidade para interagir com a matriz do samba carioca (o pessoal do morro, fornecedores da matéria-prima) e os nomes de destaque do rádio (os cantores Francisco Alves, Mário Reis). Tinha trânsito fácil entre esses dois mundos.

Em suas músicas falava de seu bairro, seus amores, seus desafetos, suas piadas. A sábia escolha do ex-futuro médico garantiu à música brasileira momentos primorosos: Pierrô apaixonado, Pastorinhas, O orvalho vem caindo, Feitio de oração, Não tem tradução, Pra que mentir, Conversa de botequim, Gago Apaixonado, São coisas nossa, Mulher indigesta, Mentiras de mulher, Feitiço da vila, Dama de Cabaré, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarelaI e muitas outras canções.

Noel desenvolveu a sua obra de 1929 a 1937, tornando-se a principal referência como compositor popular de seu tempo no Brasil. Poucos tiveram tanta influência na música nacional em toda a sua história. Noel Rosa foi referência básica para seus contemporâneos e seus sucessores.

Apesar da tuberculose que o atacou desde cedo, obrigando-o a internações em sanatórios, jamais abandonou a boêmia, o samba na rua, a bebida, o cigarro. Morreu aos 26 anos, em abril de 1937, deixando mais de 100 músicas nas quais exalta a vadiagem e seus amores, fazendo da pobreza poesia e de Vila Isabel um reduto do samba.

Noel Rosa nasceu de parto difícil, a fórceps, que causou a fratura de um osso da mandíbula. Em consequência, adquiriu um defeito físico no queixo.

Depois de sua morte, em 1937, aos 26 anos, sua obra caiu em um certo esquecimento, sendo redescoberta por volta de 1950, quando Aracy de Almeida lançou com enorme sucesso dois álbuns de 78 rotações com músicas suas. Desde então passou a figurar na galeria dos nomes fundamentais do samba.

Fonte: www.sosamba.com.br

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