Hegemonia Cultural

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Antônio Gramsci (1881 – 1937), filósofo italiano, insere o marxismo na tradição italiana e propõe uma filosofia da práxis, profundamente conectada à historicidade humana concreta, para além de uma especulação abstrata, rompendo com as filosofias puramente idealistas ou positivistas. Seus inúmeros escritos foram redigidos, em grande parte, quando estava preso pela ditadura fascista italiana e editados postumamente. Dentre suas obras, destaca-se os: Cadernos do Cárcere, 1947, obra em que temos acesso a conceitos de fundamental importância nas ciências humanas como: “intelectual orgânico” (formadores de opinião) e “hegemonia” (mentalidade uniforme), dentre outros. Neste texto, visamos detalhar o conceito de hegemonia proposto pelo filósofo.

Para além de qualquer univocidade conceitual, o termo hegemonia foi utilizado de diversas maneiras nos pensamentos ocidentais (Marx, Gramsci) e oriental (Mao Tse-tung), porém, aqui trataremos da concepção exarada pela tradição marxista que tende a entender hegemonia como a construção de uma mentalidade uniforme baseada no consentimento.

Hegemonia Cultural

Em Gramsci, o conceito de hegemonia é usado para pensar o processo em que uma classe social (burguesia), por meio do consentimento das demais frações sociais, torna-se a classe dirigente e consequentemente passa a arquitetar a manutenção de seu domínio e direção, que só será garantido mediante a formação de um bloco social coeso, porém, jamais homogêneo.

Desse modo, a ver de Gramsci, sendo a intenção da burguesia conquistar e manter o domínio e direção das demais frações sociais ela não poderá fazer uso apenas da força, mas precisará exercer liderança moral e intelectual. Essas lideranças se efetivam mediante o uso de todos os instrumentos de domínio que a burguesia tem a seu serviço: mídias televisivas, rádios, propagandas publicitárias, bens de consumo, escolas e toda a indústria cultural que de forma inconsciente vai direcionando, realinhando os desejos, vontades, medos e interesses das classes sociais dominadas para que consintam com a dominação.

Quando a formação de uma mentalidade uniforme não basta para garantir o domínio e direção, a burguesia, se necessário, passa a também agir politicamente fazendo concessões aos aliados do bloco social formado. Essas concessões são calculadamente pensadas de modo a ceder sem perder o domínio e direção.

Com isso, conforme ressalta Reale,Gramsci faz a distinção entre classe dominante e classe dirigente. E aponta que a queda da capacidade de direção conduz inevitavelmente à queda da hegemonia, até que surja a revolução que trará ao poder uma nova classe dirigente, hegemônica e dominante.

Fábio Guimarães de Castro

Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni. História da Filosofia (vol. III). 8. ed. São Paulo: Paulus, 2007.

http://www.hlage.com.br/E-Books-Livros-PPS/Comunismo-Nazismo-Etc/PEQUENO_DICIONAIO_GRAMSCISTA.pdf

http://sociologial.dominiotemporario.com/doc/DICIONARIO_DO_PENSAMENTO_MARXISTA_TOM_BOTTOMORE.pdf

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