História da Indústria Brasileira

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Primeiras Indústrias

Desde o início as atividades industriais começaram a surgir, traduzidas em diversas pequenas empresas produtoras de materiais de construção.

Essas primeiras indústrias apresentavam três características principais: sua produção era voltada para o mercado local; utilizavam matérias primas provenientes do setor primário, e, possuíam um baixo grau de mecanização, estando portanto mais próximas da manufatura do que propriamente da indústria que conhecemos hoje.

Assim, surgiram grandes estabelecimentos que fabricavam uma ampla gama de produtos, que iam da cerâmica às bebidas e cartões postais, do processamento de fumos à fabricação de balas e bombons.

Típicas representantes dessa fase foram as empresas Lunardi & Machado, o Estabelecimento Industrial Mineiro, de Paulo Simoni, e o Empório Industrial, de Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha.

Para atender à demanda da população que chegava, atraída pelo gigantesco empreendimento e pelas possibilidades econômicas da nova Capital, proliferaram os pequenos empreendimentos industriais voltados para o consumo popular.

Eram pequenas fábricas de carroças, artigos de vestuário, padarias, cerâmicas, fábricas de arreios, curtumes, tipografias, caldeirarias, funilarias, cervejarias, enfim, tudo que suprisse as necessidades da crescente população.

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O mercado consumidor era promissor: as centenas de funcionários públicos e suas famílias, com nível salarial relativamente alto, garantidos pelo erário público.

Na medida que a cidade se estruturava e os meios de transporte e comunicações tornavam possível o intercâmbio entre Belo Horizonte e as demais regiões do Estado e do País, o setor industrial foi se desenvolvendo, baseado principalmente no pequeno capital duramente amealhado pelos imigrantes – italianos, portugueses, espanhóis e de outras nacionalidades (em menor escala ) – e nos incentivos oferecidos pela Prefeitura.

Os Prefeitos Municipais cuidaram de incentivar o estabelecimento de indústrias para fortalecer a economia da cidade e concretizar o objetivo do governo mineiro de transformar a nova Capital no centro dinâmico da economia estadual.

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Empório Industrial, de Antônio Teixeira Rodrigues,
Conde de Santa Marinha (1895)
Col. Prof. Martin Francisco

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Cartão Postal da Fábrica de Ladrlhos Lunardi, à rua dos Caetés, 137

Já em 1902, o Prefeito Bernardo Monteiro baixou o Decreto n.º 1.516, “regulando a concessão de terrenos a indústrias, associações e a venda a particulares”.

Na apresentação do Decreto ao Conselho Consultivo, o Prefeito, numa inspiração profética, augura um próspero futuro industrial para Belo Horizonte:

“A necessidade de desenvolver indústrias incipientes e de criar novas, impõe-se ao espírito dos que desejam o engrandecimento da Capital, e assim obedecem ao pensamento do legislador, que decretou a sua edificação, desejoso de abrir um novo centro de trabalho, onde o comércio e a indústria encontrassem campo vasto para se auxiliarem numa reciprocidade de favores, que oferecesse garantias eficazes de futuro certo e seguro.

Além do concurso permanente que nela mora – o funcionalismo público – para o seu aformoseamento e valorização, entendi de meu dever atrair o capital estrangeiro, para isso fazendo concessões, que surtindo o desejado efeito, me permitem anunciar o próximo estabelecimento de uma importante fábrica, o início portanto de um novo período de esforços e engrandecimento da cidade, que com verdadeiro prazer, verifico todos os dias.

Embora não seja a Capital um núcleo bastante populoso, a sua situação em relação a diversas zonas do Estado, já consideráveis mercados de consumo, legitima a possibilidade de ser ela um centro industrial.”

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A Industrial de Garcia de Paiva e Pinto

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Serraria Souza Pinto

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Companhia Industrial Belo Horizonte

Com a mudança da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, quando a mineração estava em franca decadência, foram tomadas várias medidas com o objetivo de aumentar a riqueza nacional, inclusive incentivos à produção industrial. A abertura dos portos às nações amigas, a concessão de privilégios industriais a quem criasse inventos e maquinismos, o estabelecimento de um Código de Minas e até mesmo investimentos diretos da Coroa foram feitos.

Todas as atividades econômicas continuavam a ser feitas pelos escravos africanos e seus descendentes, enquanto o tráfico se ampliava.

A necessidade de instrumentos para a mineração e a lavoura, e o minério de ferro abundante levou à criação de três fábricas de ferro: Morro Pilar, no Distrito Diamantino, Fábrica de Ferro de S. João de Ipanema, perto de Sorocaba e a Fábrica Patriótica, em Congonhas, MG. Seus criadores – Manoel Ferreira da Câmara, o Intendente dos Diamantes, o Barão Willelm von Eschwege, e Francisco Adolfo de Varnhagen – lançaram as sementes da indústria siderúrgica no Brasil.

O Problema Energético

Além dos fatores mercado e capital, também a oferta de energia elétrica era fundamental para que se cumprisse a profecia de Bernardo Monteiro.

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Edifício da Distribuidora de Eletricidade – Belo Horizonte

A primeira iniciativa partiu da Comissão Construtora, já então sob a liderança do Eng.º Francisco Bicalho, que em fins de 1896 deu início à construção da Usina Hidrelétrica de Freitas, aproveitando uma queda d`água do Ribeirão Arrudas.

O Governo contratou a Cia. Mineira de Eletricidade, de Bernardo Mascarenhas, pioneiro na eletrificação urbana em Minas Gerais, iniciando-se as obras em março de 1897.

Essa primeira Usina aproveitava uma queda d´água muito reduzida, o que condicionava sua pequena produção.

Em 1905, com a publicação do Decreto n.º 1.833, teve início a construção de uma nova Usina, a do Rio das Pedras, localizada no município de Itabirito, às margens do Rio das Velhas.

Essas duas unidades supriram Belo Horizonte de energia elétrica pública, residencial e industrial até 1911.

De 1912 a 1928 os serviços de eletricidade estiveram arrendados à Empresa de Eletricidade e Viação Urbana de Minas Gerais, quando passaram para a esfera do Departamento de Eletricidade.

A Prefeitura forneceu energia gratuita a diversas indústrias durante um longo período: de 1902 a 1916.

Os contratos de doação de terrenos, isenção de impostos e taxas e fornecimento gratuito de energia elétrica foram firmados com as mais importantes indústrias da cidade, como: Fábrica de Punhos e Colarinhos, de João Idelfonso da Silva 1, Cia. Industrial Belo Horizonte, Tavares & Cia, Carlos Fornaciari & Filhos, Cia. Minas Fabril, Jayme Salse, Estabelecimento Industrial Mineiro, Lunardi & Machado, Domingos Mucelli, e inúmeros outros.

Os contratos, com duração máxima de 10 anos, chegaram a representar 20% da arrecadação do município.

Em 1916 o Prefeito Cornélio Vaz de Melo decide encerrar essa era de benesses aos empresários industriais, denunciando contratos e não mais renovando-os.

“Os favores concedidos às indústrias não correspondem, segundo penso, aos sacrifícios que com eles faz a Prefeitura. (…) Com a energia elétrica às indústrias, despende a Prefeitura quantia superior à orçada.” (…)

“A força motriz para indústrias continua a ser em número de 106 ligações, sendo 26 por concessão da Prefeitura e 80 ligações particulares.”

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Fábrica de Punhos e Colarinhos

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Fábrica de Malhas Tavares e Cia.

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Grande Fábrica de Cerveja Polar, hoje, Antartica Mineira

INDÚSTRIA: A FORÇA DO BRASIL

Revolução de 1930 foi um divisor de águas no processo brasileiro de industrialização. Com Getúlio Vargas na Presidência da República tem início o reconhecimento de uma realidade industrial, traduzida na criação do Ministério do Trabalho, das leis sociais e de sindicalização.

O Presidente Getúlio Vargas prestigiava as lideranças do setor industrial, como Euvaldo Lodi, Roberto Simonsen e Américo Renê Giannetti, que colaboraram com o governo na elaboração da legislação reguladora do trabalho, na montagem da estrutura sindical e na definição da política econômica.

Através da participação em órgãos como o Conselho Federal de Comércio Exterior (1934) e o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial (1944), essas lideranças participaram do planejamento econômico do país e, pela primeira vez, o desenvolvimento industrial passou a ser considerado essencial à consolidação da soberania nacional.

Em 1933, pela primeira vez na história do Brasil, o valor da produção industrial superou o da produção agrícola. Embora esse resultado fosse influenciado pela Grande Depressão norte americana, o maior dinamismo do setor industrial nunca mais foi suplantado pelo agrícola. A década de 1930 foi o início da transformação do Brasil, de país essencialmente agrícola numa nação industrializada.

Durante o Estado Novo foram freqüentes as manifestações trabalhistas em apoio ao governo e sua política sindical. O regime autoritário controlava as entidades sindicais de trabalhadores, que realizavam grandes manifestações nos principais centros urbanos do país.

Com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, o governo Vargas incentivou o empresário mineiro Américo Renê Giannetti, dono da ELQUISA, a produzir alumínio, cujo consumo no Brasil era totalmente importado.

Lutando com enormes dificuldades, Giannetti conseguiu superar os inúmeros obstáculos, agravados pala guerra, fazendo a primeira corrida do metal em Saramenha, no dia 25 de março de 1945. Em 1950 a empresa foi comprada pelo grupo canadense ALCAN, que atua no setor, no Brasil, há 50 anos.

Com o final da Guerra e a vitória dos Aliados, a ditadura do Estado Novo termina. Empresários da indústria, comércio, bancos e serviços se reúnem em Teresópolis, RJ, e propõem uma nova ordem econômica e social, menos centralizadora, e expurgada do excessivo intervencionismo estatal.

No segundo governo Vargas (1950-1954) a industrialização se consolidou, fortalecida por uma política nacionalista. A campanha “O Petróleo é Nosso” garantiu o monopólio estatal e a criação da Petrobrás (1953).

Em Minas foi inaugurada a Cia. Siderúrgica Mannesmann (agosto de 1954), com a presença do Presidente Getúlio Vargas, a última solenidade a que compareceu antes de morrer.

A vitória do Governador de Minas, Juscelino Kubitschek nas eleições presidenciais, levou ao plano federal um estilo dinâmico e moderno de fazer política, amplamente aprovado em seu Estado de origem.

JK governou o país com grande habilidade política durante cinco anos, realizando um plano de desenvolvimento econômico conhecido como Programa de Metas, cujo slogan era “50 anos em 5”.

A maior parte dos investimentos foi direcionada para os setores de transportes e geração de energia, conferindo ao país a infra-estrutura necessária à industrialização.

Aproveitou a conjuntura internacional favorável para atrair investimentos estrangeiros diretos na produção de bens de consumo duráveis, implantando a indústria automobilística.

Em 1958 o Presidente da CNI, o mineiro Lídio Lunardi, promoveu em Belo Horizonte a Conferência Internacional de Investimentos, com a participação de diversos empresários europeus, norte americanos e japoneses, com o objetivo de divulgar as potencialidades do país e atrair novos investimentos. O Brasil crescia e se industrializava e parecia que íamos “chegar lá”, deixando para trás o subdesenvolvimento.

A produção de veículos automotores foi impulsionada na década de 1950, com a instalação de diversas montadoras, produzindo automóveis, ônibus, caminhões e tratores. À medida que a indústria crescia, a urbanização se acelerava e novas transformações sociais mudavam a “cara” do Brasil.

A construção de uma grande siderúrgica, a carvão vegetal, em Minas, onde se localizavam as principais jazidas de minério de ferro, era há várias décadas um grande sonho dos mineiros.

A construção da CSN em Volta Redonda foi uma grande decepção para suas principais lideranças políticas e empresariais.

Em meados da década de 1950 essas lideranças, sob o comando da FIEMG iniciaram uma campanha bem sucedida que resultou na criação da USIMINAS, reunindo capitais nacionais estatais, privados e japoneses.

A USIMINAS foi inaugurada em 1962, em Ipatinga, durante o governo de João Goulart.

Após o período de crescimento acelerado do governo JK o país entrou numa grande crise política, com crescentes mobilizações da esquerda e da direita, que desaguaram no golpe militar de 1964. Iniciava-se um regime autoritário que se prolongaria por duas décadas.

Durante o regime militar foram feitos grandes investimentos no setor industrial. A economia brasileira viveu um período de grandes entradas de capital estrangeiro, que possibilitou o chamado “Milagre econômico”, quando o Produto Interno Bruto crescia a taxas superiores a 10% ao ano, no período 1968-1973.

Na década de 1970 o Brasil entra na era nuclear com a construção da Usina de Angra dos Reis, RJ, e desenvolve uma indústria de informática, protegida pela reserva de mercado.

A economia brasileira, até a década de 1980 caracterizou-se pelo relativo equilíbrio entre os setores estatal, nacional privado e estrangeiro. Com o mercado interno fechado à concorrência externa, a indústria brasileira ressentia-se de baixa produtividade e altos custos de produção, principalmente devido ao excesso de taxas e impostos onerando a produção.

O processo de globalização precisava ser encarado com determinação e amplas mudanças institucionais.

A Década de 1920: crescimento e progresso

Terminado o conflito mundial a cidade voltou a crescer, atingindo na década de 1920 um dos períodos áureos da industrialização municipal.

O crescimento econômico nessa etapa decorre principalmente da expansão do setor siderúrgico, capitaneado pela Cia. Siderúrgica Belgo Mineira, e fortalecido por algumas empresas localizadas na região metalúrgica, especialmente nos municípios de Caeté, Rio Acima e Belo Horizonte.

Em 1925 inaugura-se a duplicação da Usina do Rio das Pedras, com a montagem de um novo gerador de 2.200 kwatts, batizada de Usina Mello Vianna, dobrando a capacidade daquela planta.

Rio das Pedras seria ainda ampliada em 1929, e, continua até hoje a gerar energia elétrica, sob a direção da CEMIG.

A década de 1920, apesar das crises políticas – movimento dos tenentes e Coluna Prestes, que culminaram com a Revolução de Outubro de 1930 -, foi um período de pujante crescimento econômico.

O aumento da produção siderúrgica refletiu-se sobre a economia regional, contribuindo para o fortalecimento da indústria em Belo Horizonte.

A economia da cidade passou a contar com vários empreendimentos siderúrgicos nas redondezas, representando não só muitos empregos, como também a dinamização do mercado local.

No final dos anos 20 tem início a construção de estradas de rodagem ligando Belo Horizonte a São Paulo e ao Rio de Janeiro.

Os serviços de energia elétrica da Capital mineira passaram ao controle de uma empresa estrangeira, a Bond & Share.

O Presidente do Estado assim se manifestou sobre o assunto:

“Por contrato de 5 de outubro de 1929, os serviços de energia elétrica desta Capital passaram à Companhia de Força e Luz de Minas Gerais, filiada à Empresa Elétrica Brasileira S.A., do Rio de Janeiro, e esta, por sua vez, incorporada à Bond & Share. Vale dizer, foram entregues a uma empresa de indiscutível idoneidade técnica e financeira.” (Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado de Minas Gerais ao Congresso Mineiro e lida na Abertura da 4ª Seção ordinária da 10ª Legislatura. Belo Horizonte, Imprensa Oficial de Minas, 1930.)

Apesar da crise econômica mundial, com a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, a produção industrial do Estado já se aproximava da agrícola, em valores de produção.

REVOLUÇÃO DE 1964 E O CAPITAL ESTRANGEIRO

A década de 1960 traz grandes transformações no panorama industrial de Belo Horizonte, com a entrada do grande capital internacional, que provoca o fechamento de inúmeras pequenas e médias empresas industriais de bens de consumo, voltadas para o mercado interno.

A partir do término da II Guerra Mundial, e mais intensamente com o Governo Kubitschek (1955 – 1960), começa a se instalar no Brasil o capitalismo monopolista, caracterizado pela busca de novos mercados para as economias centrais.

Em contraposição ao nacionalismo que caracterizou o segundo Governo Vargas (1950-1954), o capital estrangeiro passa a ser visto como um aliado no processo de superação do subdesenvolvimento, e não como um recrudescimento da dependência. Regionalmente, empresas tradicionais fabricantes de bens duráveis perdem a competitividade e saem do mercado, substituídas pelas suas concorrentes localizadas principalmente no eixo Rio-São Paulo.

Intensifica-se o movimento centrípeto de transferência de indústrias da Zona Urbana de Belo Horizonte, para os municípios vizinhos, que viriam a se constituir na Região Metropolitana.

DÉCADA DE 1970: MILAGRE ECONÔMICO

Uma nova transformação ocorre nos anos 70 1, com a chegada de grandes empresas multinacionais de bens de capital, e com a migração de inúmeras indústrias para a região receptora de incentivos na área mineira da SUDENE.

O marco principal dos anos 70 foi a instalação da FIAT Automóveis, de capital italiano, a primeira montadora a ser implantar fora do eixo Rio – São Paulo. O vulto do empreendimento, localizado nas proximidades de Belo Horizonte, e seu sucesso empresarial há mais de 20 anos, representou o maior ganho da década para a economia do Estado.

Final de Século

A década de 1990 foi marcada por profundas mudanças na economia brasileira. Ocorreu uma brusca abertura do mercado interno, grande parte do setor estatal foi privatizado, e as indústrias passaram por um grande processo de desnacionalização, aumento da automação e da produtividade industrial, buscando a inserção no mercado globalizado.

Esse processo vem sendo difícil para os brasileiros, especialmente em função do crescimento do desemprego industrial.

A abertura do mercado interno brasileiro à concorrência internacional trouxe profundas transformações ao setor industrial do país.

A consolidação do processo democrático no Brasil e o processo de globalização mostraram a importância da responsabilidade social das empresas, não só em relação a seus empregados, mas também em relação às comunidades onde atuam. Investimentos nas áreas de educação, cultura cidadania e preservação do meio ambiente passaram a ser prioritários, demonstrando o compromisso empresarial com o desenvolvimento do país e de seu povo.

Empresas como a USIMINAS e o Grupo Belgo-Mineira vêm desenvolvendo projetos relevantes, com recursos próprios e trazendo reais benefícios para as comunidades.

A implantação da fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, Minas Gerais, representou um marco no processo mineiro de industrialização na década de noventa. Inaugurada em 1998, a fábrica de Juiz de Fora é a mais moderna da América Latina, reunindo os melhores processos produtivos existentes na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

Ela possui um Parque de Fornecedores dentro de sua área e utiliza o processo de pintura hidrossolúvel único no Brasil. Através desse processo a fábrica alcança uma redução de até 75% do nível de poluentes jogados na atmosfera. Todos esses avanços no entanto, apenas estimulam a Mercedes-Benz a buscar novas tecnologias, que permitam baixar ainda mais os níveis de emissão de gases nocivos na atmosfera.

O processo de globalização e a abertura do mercado brasileiro impulsionaram a indústria a se modernizar tecnologicamente, buscando maior produtividade e qualidade dos produtos para enfrentar a concorrência no país e no exterior.

O Projeto Cresce Minas, concebido e coordenado pela FIEMG tem por objetivo fomentar o crescimento de Minas Gerais, captando investimentos e reunindo os talentos capazes de colocar o Estado num eixo de desenvolvimento.

Reforçar a dinâmica do desenvolvimento auto-sustentado de setores e regiões geográficas de Minas Gerais, reduzindo as disparidades e viabilizando o crescimento das indústrias existentes.

Incentivar a competitividade inter-regional, a atração de investimentos complementares, o implemento de atividades de suporte técnico e de produtos de padrão internacional. Estes são os grandes desafios do Projeto.

O Cresce Minas implica decisões estratégicas, já que trata do desenvolvimento do Estado. A FIEMG assume o desafio, certa de que à iniciativa privada cabe um novo papel na construção dos destinos de uma nação.

Por isso, partiu para o planejamento de uma política de crescimento regional, que vem acumulando sucessos em todo o mundo com a organização e consolidação de clusters.

O que significa criar e ampliar os negócios regionais, atrair novas empresas e incentivar a integração nas cadeias de valores, onde as pequenas e médias empresas possam Ter destaque, dentro de uma política respaldada pelo governo federal para a promoção e financiamento de seus projetos.

PERFIL ATUAL: MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA

As décadas de 1980 e 1990, marcadas por um longo período de recessão e estagnação econômica, foram paradoxalmente caracterizadas pela redemocratização do País e pelo processo da revigoramento da cidadania.

Amplia-se a participação popular e a discussão sobre o perfil da indústria localizada na área urbana.

Empresas que foram recebidas com entusiasmo nos anos 30, são obrigadas a se transferir para áreas industriais.

A população passa a exigir maior qualidade de vida nas cidades e medidas de proteção ao meio ambiente. Essa tendência vai sinalizar um perfil industrial novo, moderno, baseado nas indústrias não-poluentes e de alta tecnologia.

É nesse contexto que a centenária Belo Horizonte passa a se constituir, hoje, num dos mais importantes pólos industriais do País, com empresas de ponta nas áreas de confecção, calçados, informática, alimentação, aparelhos elétricos e eletrônicos, perfumaria e turismo de negócios, detentoras de marcas de renome nacional, com estruturas produtivas leves, ampla terceirização de atividades e grandes investimentos em marketing e publicidade.

Características da Industrialização

Ao analisar o processo de industrialização brasileira, observamos um processo caracterizado como tardio, concentrado espacialmente.

Motivos para o atraso Industrial Brasileiro:

Histórico de colônia: Pacto colonial e Impossibilidade de modernização
Economia agro exportadora: Economia baseada em produtos agrícolas:
 Cana, borracha, drogas do sertão, charque e café
Elite agrícola:
 Política para manutenção da hegemonia
Mão de obra escrava: 
Ausência de um mercado consumidor e Mão de obra qualificada para o trabalho industrial.

Em síntese:

O passado de colonização brasileira, submetido as políticas do pacto colonial imposto pela metrópole gerou uma impossibilidade de modernização.
Somado a esse fator, uma economia que sempre foi baseada em gêneros agrícolas constituindo assim uma elite econômica e política que não almejavam a industrialização do país.
Uma prova disso foi a manutenção da mão de obra escrava até 1888, que também gerava um empecilho a modernização, já que limitava o mercado consumidor brasileiro.

O CAFÉ: A BASE PARA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Vantagens do café

Produto altamente valorizado no mercado internacional.
Excelente condições naturais na região sudeste para o plantio.
Manutenção da ordem social vigente

Organização das propriedades semelhantes às de cana:

Grandes propriedades;
Monocultura;
Inicialmente mão de obra escrava;

CURIOSIDADE

É possível relacionar a expansão da atividade cafeeira na paisagem brasileira como conseqüência da revolução industrial.

A partir do momento que o trabalho nas fábricas passou a exigir cada vez mais o uso de estimulantes, tornando o produto do café economicamente atraente.

O CAFÉ: A BASE PARA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

1º Ciclo

Vale do Paraíba (RJ)
Cultivado em áreas de encostas (Gerando inúmeros impactos ambientais)
Mão de obra escrava
Escoamento realizado por meios de transportes precários

2º Ciclo

Cultivado em áreas planas (Manutenção dos problemas ambientais, como a redução da biodiversidade)
Mão de obra imigrante (iniciando a formação de um mercado consumidor);
Escoamento realizado por meio de transporte ferroviário;
Clima muito favorável (tropical);
Crescimento urbano próximo das regiões cafeicultoras;

O CAFÉ: A BASE PARA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

A atividade cafeicultora cria bases para o processo industrial no Brasil:

Mão de obra assalariada potencialmente qualificada
Criação de um mercado consumidor
Estimulou o crescimento urbano e a formação de uma classe média urbana
Acúmulo de capitais
Excelente infra estrutura de transporte
Fatores concentrados na região sudeste

A CRISE DE 29

A crise econômica que abalou a economia capitalista em 1929 abalou o comércio mundial e atingiu em cheio a economia agrícola brasileira.

A quebra da bolsa de New York significou a crise da atividade cafeicultora, lançando a economia brasileira em uma profunda crise.

A crise do café vai significar a busca por uma nova atividade que venha fortalecer a economia nacional.

Governo Vargas e as implantações das bases

O primeiro momento que de fato caracterizou a implantação de uma indústria de base nacional, se deu com a revolução de 30. Esse processo teve como base o discurso nacionalista do estado, então chefiado pela figura de Getúlio Vargas, que priorizava a implantação de uma indústria de base no país, para que posteriormente pudesse se consolidar uma indústria de bens de consumo.

Tipos de indústrias

1) As indústrias de base: São responsáveis pela transformação de matérias-primas brutas em matérias-primas elaborada. Ex.: Petrolífera, Metalúrgica e siderúrgica
2) As indústrias de bens intermediários: São responsáveis pela produção de máquinas e equipamentos que serão utilizados nos diversos segmentos das indústrias de bens de consumo. Ex.: Mecânica (máquinas industriais, motores automotivos, etc)
3) As indústrias de bens de consumo têm sua produção direcionada diretamente para o mercado consumidor, ou seja, para a população em geral. São divididas em indústrias de bens duráveis e de bens não duráveis.

Consolidação da Base

Após negociações, em 1941, Vargas conseguiu tecnologia e financiamento dos estados unidos para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, Rio de Janeiro, que foi um marco importante para a industrialização do Brasil. A criação, em 1942, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), para explorar e exportar minério de ferro de Minas Gerais.

Na década de 1950, a escassez de energia elétrica, baixa produção de petróleo e a rede de transporte e comunicações deficientes representavam sérios obstáculos ao desenvolvimento industrial no Brasil.

Para enfrentar, pelo menos parcialmente, esses problemas, o novo governo Vargas inaugurou, em 1951, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Usina de Paulo Afonso) e, em 1953, a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras).

Substituição de importações

No Brasil, após a Crise de 1929, a política de substituição de importações foi implementada com o objetivo de desenvolver o setor manufatureiro e resolver os problemas de dependência de capitais externos.

O país passou a dinamizar sua economia industrial produzindo produtos que antes eram importados.

Consolidação das Leis do Trabalho

Em 1º de maio de 1943, o presidente getulio Vargas decretou a consolidação das leis do trabalho, uma vasta legisslação trabalhista que conferiu ao presidente um grande prestígio popular, fortalecendo sua imagem de protetor da classe trabalhadora.

Contrato de trabalho presente na carteira de trabalho;
Carga horária máxima;
Férias;
13º salário;
Descanso remunerado;
Férias;
Aposentadoria;
Melhoria nas condições de trabalho ;

IMPACTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Concentração do processo industrial na região sudeste;
Industrialização nas cidades brasileira, principalmente nas cidades de RJ e SP;
Grande fluxo populacional para essas cidades;
Maior distinção entre classes sociais;
Maior distinção de bairros (Bairros industriais, residenciais de classe alta, média e baixa) ;
Ampliação dos problemas ambientais ;
Ampliação dos problemas urbanos;

O Brasil tem o terceiro setor industrial mais avançado da América, sendo a região sul e sudeste do país responsáveis por essa marca.

Contudo, seu desenvolvimento industrial só pode ser considerado efetivo a partir da década de 30 e 40.

Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, de 1500 a 1822, não houve nenhum incentivo para que a indústria brasileira se desenvolvesse.

O Reino proibiu o estabelecimento de fábricas no território, para que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados pelos portugueses. Mesmo com a chegada da família real em 1808 e a abertura dos portos às nações amigas, o Brasil continuou dependente do exterior, comprando produtos ingleses.

Apenas no final do século XIX surgiram os primeiros indícios de atividades industrias no país.

Muitos cafeicultores passaram a investir parte dos lucros obtidos com a exportação do café na instalação de indústrias principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

As fábricas eram voltadas para a produção de tecidos, calçados e outros produtos mais simples, e sua mão de obra era de imigrantes italianos.

No primeiro governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, que o movimento industrial foi impulsionado, pois o então presidente brasileiro tinha como objetivo principal privilegiar as indústrias nacionais para não deixar o Brasil cair na dependência externa.

Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente durante seu governo. Contudo, o crescimento do setor continuou restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste.

Em momentos críticos da história mundial, a Crise Econômica Mundial de 1929, a Quebra da Bolsa de Nova Iorque e a 2ª Guerra Mundial, a exportação do café foi prejudicada e surgiu no país dificuldade em importar bens industrializados, estimulando dessa forma os investimentos e a produção interna, com a indústria de bens de consumo.

A Revolução de 1930 foi outro marco para o processo de desenvolvimento brasileiro, pois nessa época aconteceu a extinção do federalismo da República Velha e a implantação de um Estado fortemente centralizado, o que acarretou na instituição da ditadura de Vargas. Nesse novo contexto, formou-se um mercado verdadeiramente nacional para a indústria, devido a quebra de barreiras entre as unidades da federação, que facilitou a livre circulação de mercadorias, e à fusão dos mercados isolados e locais.

A construção de portos, ferrovias e rodovias também facilitou essa integração.

Getúlio Vargas afastou as oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais e substituiu a mão-de-obra imigrante pela nacional. Os trabalhadores foram provenientes do êxodo rural, em virtude da decadência cafeeira, e dos movimentos migratórios nordestinos.

Na década de 50, a criação da Petrobrás trouxe ao país um grande desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de derivados do petróleo, como a borracha sintética, tintas, plásticos e fertilizantes.

No governo de Juscelino Kubitschek, de 1956 a 1960, o crescimento industrial brasileiro trilhou novos caminhos, pois o presidente abriu a economia para o capital internacional, atraindo empresas multinacionais, como as de montadoras de veículos.

Após 1960, entretanto, o ritmo da expansão diminuiu, tendo em vista o fato de que a infra-estrutura econômica existente não mais sustentava a mesma alta taxa de crescimento.

No intuito de superar esses obstáculos as autoridades federais adotaram um programa abrangente que proporcionasse uma situação econômica voltada à renovação do setor industrial, público e privado.

A industrialização do Brasil continuou a crescer, embora, tenha passado por momentos de crise, e atualmente, possui uma grande base industrial, produzindo em diversos mercados. Nos últimos anos, o país estabeleceu indústrias tecnologicamente sofisticadas, especialmente no campo das telecomunicações, processamento eletrônico de dados, biotecnologia e novos materiais.

Entretanto o crescimento de setores como o do aço, o automotivo, o petroquímico e o de serviços públicos, teve um papel decisivo não só no desenvolvimento do setor industrial, mas também na expansão da economia como um todo.

Fonte:  www2.fiemg.com.br/www.geocities.com/Governo Federal do Brasil

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