Faz muito tempo

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Foi em 1500, em Portugal, do outro lado do mar.
Havia um menino chamado Pedrinho.
E havia o mar.
Pedrinho amava o mar.
Pedrinho queria ser marinheiro.
Tinha alma de aventureiro.

Perguntava sempre para o pai:
– O que é que há do outro lado do mar?
O pai sacudia a cabeça:
– Ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe…
Naquele tempo, ninguém sabia o que havia do outro lado do mar.

Um dia, o padrinho de Pedrinho chegou.
O padrinho de Pedrinho era viajante.
Chegou da Índias.
Trouxe de suas viagens coisas que as pessoas nunca tinham visto…
Roupas bordadas de lindas cores…
Doces de gostos diferentes…
E os temperos, que mudavam o gosto da comida?
E as histórias que ele contava?
De castelos, de marajás, de princesas, de tesouros…
Pedrinho ouvia, ouvia e não se cansava de ouvir.
Até que o padrinho convidou:
– Ó menino, tu queres ser marinheiro?
Pedrinho arregalou os olhos.
– Não tens medo, ó Pedrinho?
Pedrinho bem que tinha medo.
Mas respondeu:
– Que nada, padrinho, homem não tem medo de nada.
– Pois, se teu pai deixar, embarcamos na semana que vem.
– Pra onde, padrinho?
– Para o outro lado do mar, Pedrinho.

Quando chegaram ao porto, que beleza!
Quantas caravelas, de velas tão brancas!
Pedrinho nunca tinha visto tantos navios juntos.
– Quantos navios, padrinho! Para onde vão?
– Pois vão conosco, Pedrinho, vão atravessar o mar.

Pedrinho embarcou.
No dia da partida houve grandes festas.
Pedrinho viu, do seu navio, quando o rei, Dom Manoel, se despediu do chefe da expedição, Pedro Álvares Cabral.
E esperaram chegar o vento. E quando o vento chegou, as velas se enfunaram e os navios partiram.

E a grande viagem começou.
Pedrinho gostou logo do seu trabalho.
Para Pedrinho, era o mais bonito de todos.
Ficar lá em cima do mastro mais alto, numa cestinha, e ir avisando tudo o que via.
Aprendeu logo as palavras diferentes que os marujos usavam e, logo que havia alguma coisa, gritava, muito importante:
– Nau capitânia a bombordo…
– Baleias a estibordo…

Depois de alguns dias, Pedrinho viu ao longe as ilhas Canárias, mais tarde, as ilhas de Cabo Verde.
E depois não se viu mais nenhuma terra.
Somente céu e mar, mar e céu.
E peixes, que pulavam fora da água, como se voassem.
E baleias, que passavam ao longe, espirrando colunas de água.
Pedrinho viu noites de lua, quando o mar parecia um espelho.
E noites de tempestade, quando as ondas, enormes, pareciam querer engolir o navio.
E dias de vento, e dias de calmaria.

Até que um dia…
Até que um dia, boiando sobre as águas, Pedrinho avistou alguma coisa.
O que seria?
Folhas, galhos, parecia.
De repente, uma gaivota, voando seu vôo branco contra o céu.
Pedrinho sabia o que isso queria dizer:

– Sinais de terra!!!
Todos vieram olhar e houve grande alegria.
– Sinais de terra!!!
E todos trabalharam com mais vontade.
Até que, no outro dia, Pedrinho avistou, ao longe, o que parecia um monte.
E gritou o aviso tão esperado:

– Terra à vista!
E como era o dia da Páscoa, o monte recebeu o nome de Monte Pascoal.

E no outro dia chegaram mais perto e viram.
A praia branca, a mata fechada…

– Deve ser uma ilha – diziam todos.
Pedrinho, lá do alto, enxergava melhor:
– A praia está cheia de gente…

Os navios procuraram um lugar abrigado e lançaram suas âncoras.
E esse lugar se chamou Porto Seguro.
E Pedrinho viu o que havia do outro lado do mar.
Era uma terra de sol, terra de matas, terra de mar…

Do outro lado do mar viviam pessoas.
Homens, mulheres, meninos, meninas.
Todos muito morenos, enfeitados de penas, pintados de cores alegres: índios.

Viviam pássaros de todas as cores.
Cobras de todos os tamanhos.
Feras de todas as bravezas.
Do outro lado do mar viviam meninos índios que pensavam:
– O que é que existe do outro lado do mar?

Pedrinho conheceu os meninos e ficaram logo amigos.
Mas uns não entendiam o que os outros diziam.
Pedrinho dizia:
– Menino.
O menino índio respondia:
– Curumim.
Pedrinho dizia:
– Menino moreno.
O indiozinho respondia:
– Curumim-tinga.
E o indiozinho queria dizer:
– Menino branco.

Pedrinho levou uma galinha para os índios verem.
Os índios tiveram medo.
Mas, depois, gostaram da galinha e quiseram ficar com ela.
Pedrinho deu a galinha aos meninos.

Os meninos deram a Pedrinho uma ave engraçada que dizia:
– Arara… Arara… – e era verde e amarela.
Pedrinho disse:
– Vou chamar este pássaro de 22 de abril, porque foi o dia em que nós chegamos.
A terra ficou se chamando Ilha de Vera Cruz.
Porque todo mundo pensava que era uma ilha.

Depois, os portugueses levantaram na praia uma grande cruz e rezaram uma missa.
Os índios não sabiam o que era missa, mas acharam bonito.
E faziam todos os movimentos e gestos dos portugueses.

E, depois, as caravelas tiveram que partir para as Índias, mas uma voltou para Portugal…
Para contar ao rei Dom Manuel, o Venturoso, as aventuras que tinham vivido: as histórias da linda terra descoberta por Pedro Álvares Cabral.
E Pedrinho, do alto do mastro, deu adeus aos seus amigos índios.
Levava como lembrança a arara.
E pensava:
– Quando eu crescer, eu vou voltar para ficar morando aqui.
E foi o que aconteceu.

Um dia, Pedrinho voltou para a terra descoberta.
E a terra era a mesma, mas seu nome tinha mudado.
O novo nome era Brasil.
E foi no Brasil que Pedrinho viveu feliz por muitos e muitos anos..

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