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Entretanto, o consenso foi rompido. Pois isto que acabo de descrever nada mais é do que uma paráfrase racionalista do texto bíblico, hoje não mais aceita por todos.
E, curiosamente, a crise começou com as reavaliações da origem, datação e significado das narrativas do Pentateuco, especialmente os estudos feitos por Thomas L. Thompson (1974), John Van Seters (1975), Hans Heinrich Schmid (1976) e Rolf Rendtorff (1977).
E daí se estendeu à História de Israel, até mesmo porque muitas das dúvidas hoje existentes sobre o Pentateuco dependem da reconstrução da história de Israel e da história de sua religião[3].
Ora, penso hoje que o chamado ‘consenso wellhausiano’ sobre o Pentateuco e, especialmente, os estudos na linha de Gerhard Von Rad, Martin Noth e muitos outros, ao colocarem o Javista (J) no reinado de Davi e Salomão, sustentavam a historicidade da época, caracterizada até como “iluminismo salomônico”.
Esta historicidade, por sua vez, era explicada pela Obra Histórica Deuteronomista (OHDtr), que, assim, garantia o J salomônico: um círculo fechado, vicioso, em que um texto bíblico amparava o outro. Assim, quando o J começou a ser deslocado para outra época pelos autores acima citados, o edifício inteiro desabou.
E então, questões que pareciam definitivamente resolvidas, foram de novo colocadas: O que teria sido o primeiro ‘Estado Israelita’?
Um reino unido, composto pelas tribos de Israel e Judá, dominando todo o território da Palestina e, posteriormente, sendo dividido em reinos do ‘norte’ e do ‘sul’?
Ou seria tudo isto mera ficção, não tendo Israel e Judá jamais sido unidos?
Existiu um Império davídico/salomônico ou só um pequeno reino sem maior importância?
Se por acaso não existiu um grande reino davídico/salomônico, por que a Bíblia Hebraica o descreve?
Enfim, o que teria acontecido na região central da Palestina nos séculos X e IX a.C.?
Além da Bíblia Hebraica, onde mais podemos buscar respostas?
Fonte: www.airtonjo.com