Obras Literárias

janeiro, 2017

  • 25 janeiro

    A Farsa ou Auto de Inês Pereira – Gil Vicente

    Gil Vicente A seguinte farsa de folgar foi representada ao muito alto e mui poderoso rei D. João, o terceiro do nome em Portugal, no seu Convento de Tomar, era o ano do Senhor de 1523. O seu argumento é que porquanto duvidavam certos homens de bom saber se o …

  • 25 janeiro

    Vai-Vem

    Geraldo Bessa Víctor Nesta ansiedade que minh’alma tem, que faz de mim um sonhador fecundo, – deixei a noite, a treva, deste mundo, buscando o sol, a luz, além… além… Achei a luz; mas (pobre vagabundo!) não tive tempo de gozar o bem. – Sei lá por que fatídico vai-vem …

  • 25 janeiro

    Quando surges na noite…

    Geraldo Bessa Víctor Quando surges na noite, quando avanças porque o som do batuque por ti chama, teu corpo negro é chama que me inflama, quando surges na noite, quando danças… Quando danças, cantando as esperanças e os desesperos todos de quem ama, teu corpo negro é fogo que derrama …

  • 25 janeiro

    Poema para a Negra

    Geraldo Bessa Víctor Deixa que os outros cantem o teu corpo que dizem feiticeiro e sedutor, e, na volúpia vã do pitoresco, entoem madrigais á tua dor. Deixa que os outros cantem teus requebros nos passos de massemba e quilapanga, e teus olhos onde há noites de luar, e teus …

  • 25 janeiro

    Ode à avó Capinha

    Geraldo Bessa Víctor Minha avó Capinha, minha avó Capinha, hoje que morreste (que tristeza a minha!), relembro as histórias que tu me contavas em manhãs de chuva, nas noites de lua… (E meu ser, magoado, perde-se, flutua como o sonho errante das almas escravas). Minha avó Capinha, sou eu que …

  • 25 janeiro

    O menino negro não entrou na roda

    Geraldo Bessa Víctor O menino negro não entrou na roda das crianças brancas – as crianças brancas que brincavam todas numa roda viva de canções festivas, gargalhadas francas… O menino negro não entrou na roda. E chegou o vento junto das crianças – e bailou com elas e cantou com …

  • 25 janeiro

    O Feitiço do Batuque

    Geraldo Bessa Víctor Sinto o som do batuque nos meus ossos, o ritmo do batuque no meu sangue. É a voz da marimba e do quissange, que vibra e plange dentro de minh’alma, – e meus sonhos, já mortos, já destroços, ressuscitam, povoando a noite calma. Tenho na minha voz …

  • 25 janeiro

    Não venhas mais ao cais, Menina Negra

    Geraldo Bessa Víctor Não venhas mais ao cais, menina negra. Que esperas tu ainda? Já sabes a tua sina: o branco que partiu não volta mais! E tu, olhando o cais, menina negra linda, vês o teu lindo sonho que já finda… Cantaram o feitiço do teu corpo, nessa noite …

  • 25 janeiro

    Lamento da Maricota

    Geraldo Bessa Víctor – Bom dia, senhor José. Como passou? Passou bem? Mas o senhor José virou a cara, rudemente, com desdém. E a pobre Maricota, que passara mesmo ao lado, a Maricota ficou a cismar, a dizer com ar banzado: – Aiué, senhor José! Para quê fazer assim? Não …

  • 25 janeiro

    Dia de Chuva no Mato

    Geraldo Bessa Víctor “Chove E a trovoada é um batuque incessante, uma estranha batucada. Os raios são setas de fogo que misteriosamente, em tom de guerra, espíritos do mal lançam da Altura para incendiar a Terra. O vento Ora violento, ora brando, o vento é o cazumbi dos cazumbis – …