Charles Baudelaire

Charles Baudelaire – Vida

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1821-1867

Charles Pierre Baudelaire, poeta francês precursor do Simbolismo, autor de Les Fleurs du Mal, 1857 (As Flores do Mal). Com versos rigorosamentemetrificado e rimados, que prefiguram o Parnasianismo, Baudelaire trata de temas e assuntos que vão dosublime ao escabroso, investindo liricamentecontra as convenções morais que permeavam a sociedade francesa dos meados do século XIX.

Destacou-se também como crítico de arte, com L’Art Romantique, 1860 (A ArteRomântica), e com as traduções do contistanorteamericano Edgar Allan Poe.

Entre os ensaios, destacam-se Les Paradis Artificiels,1860 (Os Paraísos Artificiais), sobre a ingestão de drogas e seus efeitos estéticos.

A vida de Charles Baudelaire ficou marcada pelos desentendimento como o padrasto,que chegou a enviá-lo à Índia e a submetê-lo a conselho judiciário, visando a recuperá-lo da vida boêmia que levava em Paris.

Diversos poemas de As Flores do Mal foram cortados do livro como imorais, por decisão legal, num processo que só foi anulado em 1949.

Na poesia de Baudelaire já se encontram traços que serão dominantes no Modernismo do século XX.

Charles Baudelaire
Charles Baudelaire

Charles Baudelaire foi um dos maiores poetas franceses do século 19.

Famoso por suas Flores do mal, influenciou toda a poesia simbolista mundial e lançou as bases da poesia moderna.

Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas “malditos”. De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício. Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos. Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.

Acontecimento capital na vida do poeta é o processo a que foi submetido em 1857, ao publicar Les Fleurs du mal (As flores do mal). Além de condená-lo a uma multa por ultraje à moral e aos bons costumes, a justiça obrigou-o a retirar do volume seis poemas. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Uma nova estratégia da linguagem

Quase toda a crítica moderna concorda que Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem. Erich Auerbach observou que sua poesia foi a primeira a incorporar a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo. Nesse sentido Baudelaire criou a poesia moderna, concedendo a toda realidade o direito de ser submetida ao tratamento poético.

A atividade de Baudelaire se dividiu entre a poesia, a crítica literária e de arte e a tradução. Seu maior título são Les Fleurs du mal, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além da celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado por muitos como um subproduto degenerado do romantismo.

Tanto Les Fleurs du mal como os Petits poèmes en prose (1868; Pequenos poemas em prosa), depois intitulados Le Spleen de Paris (1869) e publicados em revistas desde 1861, introduziram elementos novos na linguagem poética, fundindo o grotesco ao sublime e explorando as secretas analogias do universo. Para fixar a nova forma do poema em prosa, Baudelaire usou como modelo uma obra de Aloïsius Bertrand, Gaspard de la nuit (1842; Gaspar da noite), se bem tenha ampliado em muito suas possibilidades.

Crítica de arte e traduções

Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salon de 1845 (Salão de 1845) e o Salon de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira.

Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de L’Art romantique (1868; A arte romântica) e Curiosités esthétiques (1868; Curiosidades estéticas). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Extensão da atividade crítica e criadora de Baudelaire foram suas traduções de Edgar Allan Poe.

Dos ensaios críticos de Poe, sobretudo “The Poetic Principle” (1876; “O princípio poético”), Baudelaire tirou as diretrizes básicas de sua poética, voltada contra os excessos retóricos: a exclusão da poesia dos elementos de cunho narrativo; e a relação entre a intensidade e a brevidade das composições.

Ainda um outro Baudelaire é o revelado em suas obras especulativas e confessionais. É o caso de Les Paradis artificiels, opium et haschisch (1860; Os paraísos artificiais, ópio e haxixe), especulações sobre as plantas alucinógenas, parcialmente inspiradas nas Confessions of an English Opium-Eater (1822; Confissões de um comedor de ópio) de Thomas De Quincey; e de Journaux intimes (1909; Diários íntimos) — que contém “Fusées” (notas escritas por volta de 1851) e “Mon coeur mis a nu” (“Meu coração desnudo”) –, cuja primeira edição completa foi publicada em 1909. Tais escritos são o testamento espiritual do poeta, confissões íntimas e reflexões sobre assuntos diversos.

Quer pelo interesse inerente a sua grande poesia, quer pelos vislumbres que essas confissões propiciam, Baudelaire se destaca entre os poetas franceses mais estudados por ensaístas e críticos. Jean-Paul Sartre situou-o como protótipo de uma escolha existencial que teria repercussões no século XX, enquanto a crítica centrada nas relações históricas, como a de Walter Benjamin, dedicou-se a examinar sua consciência secreta de uma relação impossível com o mundo social.

Após uma existência das mais atribuladas, Baudelaire morreu de paralisia geral em Paris em 31 de agosto de 1867, quando mal começava a ser reconhecida sua influência duradoura sobre a evolução da poesia.

Charles Pierre Baudelaire – Vida

Nascimento: 9 de abril de 1821, Paris, França

Morte: 31 de agosto de 1867, Paris, França

Charles Baudelaire
Charles Baudelaire

Charles Pierre Baudelaire nascido em Paris, no dia 9 de abril de 1821, aos 6 anos fica órfão de pai e, pouco mais de um ano depois, a mãe casa-se novamente com um major: este acontecimento causará em Baudelaire um trauma cujas conseqüências repercutirão em toda sua vida.

Em 1832, o padrasto é promovido a tenente-coronel e transferido para Lyon, matricula Baudelaire no Colégio Real daquela cidade, mas em 1836 retorna a Paris onde seu padrasto fora chamado para um cargo junto ao Estado Maior.

Começa então a freqüentar o colégio “Louis lê Grand” onde, apesar de uma expulsão, consegue passar no baccalauréat em 1839, mesmo ano em que o padrasto é nomeado general.Nessa mesma época datam os primeiros ensaios poéticos e a colaboração anônima no jornal satírico Corsaire Satan. Em 1840, conflitos familiares levam o jovem poeta a morar sozinho na pensão Lévêque Bailly, onde conhece os poetas Gustave lê Vavasseur e Enerts Prarond, e inicia um relacionamento com Sarah, uma judia cujo nome de guerra como prostituta era Louchette.

O padrasto odiado, preocupado com a vida libertina de Baudelaire, consegue convencê-lo a viajar para o Oriente: assim cumprindo o périplo da África, primeiramente na ilha Maurício, em seguida na Ilha da Reunião, mas volta para França em fevereiro de 1842. Atingindo a maioridade recebe a herança do pai falecido, mas a superestimando passa a viver num apartamento na Ilha de Saint Louis e começa um relacionamento com a mulata Jeanne Duva, figurante no teatro da Porte Saint Antoine; mas tendo como ocupação maior a prostituição.Faz amizades com Nerval, Balzac, Gautier e Banville, freqüenta o “Club dês Hashishins”, um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan, onde passa a morar.Inicia uma vida depravada que vai sugando de forma selvagem o patrimônio.

Familiares do jovem poeta pedem que seja declarado incapaz pelo tribunal, que o acaba colocando sob a tutela de um curador, o tabelião Désiré Ancelle.Em 1845 publica Saison de 1845, publica também em varias revistas os primeiros poemas que iniciarão *LÊS FLEURS DU MAL. No mesmo ano tenta um suicídio frustrado que o faz momentaneamente se aproximar da família. Já em 1846 publica o Salon de 1846 no qual crítica sem piedade Vernet e exalta Delacroix; em 1847, uma revista publica La Fanfarlo. Inicia uma relação turbulenta com a atriz de teatro Marie Daubru, ficando ao lado dela até quando, velha e doente, não mais conseguirá levantar da cama. Começa então uma paixão por Apollonia Sabatier, chamada de “LA Presidente”, animadora de um dos mais famosos salões artísticos da época.

Em 1857 publica uma série de 18 poesias. Mas 1857 é o ano mais importante da produção literária de Baudelaire, no dia 25 de junho são publicadas Lês Fleurs du Mal que é logo violentamente atacado por Lê Figaro, o livro é recolhido poucos dias depois sob acusação de obscenidade e é condenado a um multa de 300 francos (reduzidos depois para 50) e o editor a uma multa de 100 francos e, mais grave, seis poemas devem ser suprimidos da publicação, condição sem a qual a obra não poderá voltar a circular. Sua admiração por Apollonia que havia correspondido seus cortejos, começa a esfriar, rebaixada da condição de musa para amante, não poderá ser mais para ele uma “Madonna”.O falecimento do padrasto favorece uma certa reaproximação com a mãe visitando-a vez ou outra e escrevendo-lhe cartas carinhosas e desesperadas. A saúde de Baudelaire fica precária em conseqüência de uma sífilis contraída na juventude, que o leva recorrer ao éter e ao ópio. Em 1860 sai a segunda edição de Lês Fleurs du Mal.Baudelaire se candidata a cadeira da Academia antes ocupada por Lacordaire, fato que provoca uma forte manifestação negativa pela imprensa parisiense e, no ano seguinte, seguindo conselho de Saint Beuve, retira sua candidatura.

Desapontado pela incompreensão dos seus compatriotas, deixa Paris e viaja para Bélgica mas não obtém o sucesso almejado. Retorna para a França onde sua situação financeira despenca e o leva a refugiar-se na Bélgica, os sinais da doença tornam-se mais evidentes com náuseas e vertigens. Em 1866 sai na Bélgica mais uma obra sua ,mas no dia 15 de março daquele ano o poeta cai no chão da igreja de Saint Loup, vítima de um ataque de paralisia com sintomas de afasia.

Num desespero materno sua mãe rompe todos os obstáculos e chega ao encontro do filho no dia 2 de julho, removendo-o para Paris. Embora lúcido, perde completamente a fala e a paralisia progride velozmente até que no dia 31 de agosto de 1867, após longa agonia morre nos braços da mãe Charles Pierre Baudelaire aos 46 anos *LÊS FLEURS DU MAL tem sua publicação em português com uma seleção de suas poesias sob o titulo FLores das “FLORES DO MAL” de Baudelaire pela editora EDIOURO

1821 – 9 de Abril: nasce Charles Baudelaire em Paris

1832 – Outubro: Baudelaire torna-se interno no Colégio Real de Lyon

1836 – Chamado ao Estado-Maior de Paris, Aupick interna o enteado no Colégio de Louis-le-Grand

1837 – Baudelaire obtém o segundo lugar no exame geral de fim de ano, além de conquistar o segundo prêmio num concurso de versos latinos

1839 – 18 de abril: Expulsão do Colégio Louis-le-Grand por uma ninharia (negou-se a mostrar um bilhete que lhe passara um colega);

12 de agosto: Baudelaire diploma-se bacharel;

2 de novembro: Primeira inscrição na Escola de Direito, que jamais freqüentará. Contrai a primeira de suas incontáveis afecções venéreas;

1856 – 30 de dezembro: Contrato entre Baudelaire e a editora Poulet-Malassis e De Broise, à qual o poeta vende os direitos de As Flores do Mal;

1857 – 25 de junho: Lançamento de As Flores do Mal. A coletânea inclui 52 poemas inéditos

7 de julho: A direção da Segurança Pública, Órgão do Ministério do Interior, alerta os Tribunais sobre o delito de ultraje à moral pública cometido pelo autor de As Flores do Mal. Dez dias depois, o Tribunal dá a conhecer sua resolução: é instaurada ação judicial contra Baudelaire e seus editores, e ordena a apreensão dos exemplares. No dia 11 de mesmo mês, o poeta escreve para a Poulet-Malassis rogando-lhe esconder “toda a edição”;

20 de agosto: Após ouvir a acusação de Ernest Pinard (o mesmo que conduziu o libelo acusatório contra Madame Bovary) e a defesa de Chaix d’Est-Ange, a 6.ª Vara Correcional condena Baudelaire à multa de 300 francos, seus editores à multa de 100 francos cada um e ordena o expurgo de seis poemas (Lesbos, Mulheres Malditas(Delfina e Hipólita), O Lestes, À; que esta sempre alegre, As jóias, As metamorfoses do vampiro, os chamados “Poemas condenados”, incluídos na Marginália (1866) e depois definitivamente incorporados ao texto de As flores do Mal, como se vê a partir da primeira edição póstuma, de 1868);

186013 de janeiro: Primeira crise cerebral;

15 de novembro: O Ministro da Instrução Pública concede a Baudelaire uma indenização literária de 200 francos para As Flores do Mal. Estranha Política;

1861 Março: Baudelaire se diz à beira do suicídio. O que ainda o impede de consumá-lo é o orgulho de não deixar seus negócios em desordem e o desejo de publicar suas obras de crítica;

1863 13 de janeiro: Baudelaire cede a Hetzel, por 1.200 francos, os direitos exclusivos de publicação dos Pequenos Poemas em Prosa e de As Flores do Mal¸ que já estavam vendidos a Poulet-Malassis;

1866 – 15 de março: Baudelaire passa uma nova temporada em Namur, na casa dos Rops. Durante umas visita à Igreja de Saint-Loup, o poeta escorrega e cai sobre as lajes. Os distúrbios cerebrais se declaram de forma irreversível. Removem-no para Bruxelas;

1866 – 4 de julho: Baudelaire é internado na Casa de Saúde do Dr. Duval, à Rua Dôme, próximo à Étoile. O tratamento hidroterápico proporciona-lhe algumas melhoras. Em seu quarto, ornamentado com uma tela de Manet e uma cópia do retrato da duquesa de Alba, de Goya, ele recebe numerosos amigos;

1867 31 de agosto: Morte de Baudelaire, que expira nos braços de sua mãe. Segundo o anúncio fúnebre, o poeta recebeu os últimos sacramentos;

1896 – Le tombeau de Charles Baudelaire, com colaboração de 39 escritores, entre os quais Mallarmé.

Charles Baudelaire – Poeta

Charles Baudelaire
Charles Baudelaire

Charles Baudelaire é considerado freqüentemente um dos maiores poetas do Século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista.

Baudelaire era mal-humorado e rebelde, imbuído de um intenso misticismo religioso, e sua obra reflete um desespero interior incessante.

Seu tema principal é a natureza inseparável da beleza e da corrupção.

Sua principal obra, Les Flers du Mal, traduzido como As Flores do Mal (1857), originalmente foi condenado como obsceno, e é reconhecido como uma obra-prima, especialmente notável para o brilhante fraseado, o ritmo e a expressividade de suas letras.

De seu estilo de vida originaram-se na França os chamados poetas “malditos”. Um revolucionário em seu próprio tempo. Hoje ele ainda é conhecido, não somente como poeta, mas também como crítico literário. Raramente houve alguém tão radical e ao mesmo tempo tão brilhante. Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821, na Rua Hautefeuille, nº 13 (casa já demolida; localização atual da Livraria Hachette, Boulev. St. Germain).

Joseph-François, o pai de Baudelaire, morreu em fevereiro no ano de 1827, quando Charles-Pierre tinha somente seis anos de idade.

Após a morte do seu pai, Baudelaire foi criado por sua mãe e por sua enfermeira, Mariette. Sua mãe, porém, casou-se novamente em novembro de 1828. O padrasto de Baudelaire, Jacques Aupick, era um homem brilhante e auto-disciplinado. Distinguiu-se mais tarde como general e depois como embaixador e senador. Baudelaire, entretanto, não gostava de seu padrasto.

Em 1833, Aupick mudou-se com a família para Lyons, onde matriculou Charles Baudelaire em uma escola militar. A disciplina dura e o estudo rigoroso da escola tiveram uma influência profunda em Baudelaire e aumentaram seu desagrado para com seu padrasto. Na idade de quinze anos, Baudelaire foi matriculado em Louis-le-Grande, uma notória escola secundária francesa. Lá ele tornou-se cada vez mais insolente até, finalmente, ser expulso em 1839. Logo depois, declarou que pretendia tornar-se um escritor, para o grande desapontamento dos seus pais. Para evitar maiores problemas, entretanto, concordou em seguir estudos no Ecole de Droit, a escola de Direito de Paris. Mas seus interesses estavam dirigidos para qualquer coisa, menos o estudo. Em Paris, vai então morar em Lévêque Bailly, uma famosa pensão para estudantes onde conheceu diversos amigos boêmios, entre os quais os poetas Gustave Vavasseur e Enerts Prarond. Passa a viver um relacionamento amoroso com Sarah, uma prostituta de origem judia que era mais conhecida como Louchette. Em Bailly levava um estilo de vida excessivo, endividando-se cada vez mais. Durante esse tempo contraiu também sífilis, muito provavelmente nos prostíbulos que costumava freqüentar.

Procurando afastá-lo dessa vida boêmia, os pais de Baudelaire enviaram-no para fazer uma viagem pela África, seguindo primeiramente para ilha Maurício, em seguida na Ilha da Reunião e depois para a Índia. Saiu de Paris em junho de 1841 no navio, Des Mers du Sud de Paquebot, sob a supervisão do capitão Saliz.

Durante todo o trajeto, Baudelaire permaneceu mal humorado e expressou seu desagrado em relação à viagem. Alguns meses após sua partida, o navio encontrou uma tempestade violenta e foi forçado a parar em um estaleiro para reparos. Lá Baudelaire anunciou sua intenção de retornar à França, apesar dos esforços do capitão Saliz em fazê-lo mudar de idéia. Acabou concordando em continuar a viagem. Apesar de seu desagrado quanto à viagem, é inegável que esta teve uma influência profunda em suas obras. Deu-lhe uma visão de mundo que poucos de seus contemporâneos tiveram.

Depois de seu retorno a Paris, Baudelaire recebeu uma herança de 100.000 francos deixada pelo seu pai. Com esta fortuna, mudou-se para um apartamento na ilha de Saint-Louis, onde freqüentou as galerias de arte e gastou horas com leituras e passeios. Por causa de seu comportamento excêntrico e roupas extravagantes, Baudelaire ganhou a reputação de dandy.

Em 1842 conhece Jeanne Duval, uma atriz do Quartier Latin de Paris. Jeanne era figurante no teatro da Porte Saint Antoine, entretanto sua maior ocupação era mesmo a prostituição. Como amante de Baudelaire, teve grande influência em muitas de suas obras. Sua beleza morena era a inspiração de diversos de seus poemas. A mãe de Baudelaire, entretanto, era totalmente indiferente a ela, chamava-a depreciativamente de “Vênus negra” por Jeanne ser mestiça.

Em 1847, Baudelaire encontrou-se com Marie Daubrun, uma jovem atriz que foi sua amante entre 1855 e 1860, até que esta morreu doente. Em 1852, conhece Apollonie Sabatier, animadora de um salão literário muito badalado que era o ponto de encontro habitual para jantares com artistas e escritores famosos.

Baudelaire e Sabatier vivem um caso amoroso e ele escreveu-lhe muitos poemas que expressavam sua gratidão, porém depois que a paixão arrefece, passa a ter com ela apenas um relacionamento formal. Em 1854, já pensava em voltar para Duval ou Daubrun. A influência destas três mulheres em Baudelaire como escritor é muito evidente em seus poemas de amor e erotismo. Nessa época faz amizades com diversos escritores da época como Nerval, Balzac, Gautier e Banville e passa a freqüentar o famoso “Club dês Hashishins”, um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan, onde passa a morar.

Em apenas dois anos esbanjou quase a metade de sua fortuna, e seus pais começaram a se preocupar com suas despesas excessivas. Colocaram-no então sob a guarda legal de um tutor, o escolhido foi Narcisse-Desejam Ancelle, um ato que Baudelaire considerou especialmente humilhante. Teve muitos débitos e foi forçado ainda a viver com uma renda muito abaixo do que estava habituado, sendo obrigado a viver dessa forma pelo resto de sua vida.

Enquanto o tempo passava, Baudelaire tornava-se cada vez mais desesperado. Em 1845 tentou o suicídio, embora tenha agido assim mais para chamar a atenção de sua mãe e de seu padrasto. Estes consultaram-no sobre a possibilidade dele voltar a viver com eles em Paris, entretanto Baudelaire preferiu continuar a viver longe dos pais. Em 1847 publicou Fanfarlo uma obra autobiográfica. Envolveu-se na revolta de 1848 em que teve um papel relativamente pequeno, ajudando na publicação de alguns jornais radicais de protesto.

Em 1852, Baudelaire publicou seu primeiro ensaio sobre o escritor norte americano Edgar Allan Poe. Tinha conhecido a obra de Poe em 1847, e começou a traduzi-la para o francês mais tarde. Foi influenciado extremamente pelas obras de Poe, e incorporou muitas de suas idéias em seu próprio trabalho. Publicou cinco volumes de traduções de Poe entre 1856 e 1865. Os ensaios introdutórios a estes livros são considerados seus estudos críticos mais importantes, destacando-se sobretudo o trabalho intitulado “O princípio poético” (1876).

Em 1857, a primeira edição de Les Fleurs du mal foi publicada por Poulet-Malassis um velho amigo de Baudelaire. A obra não foi bem aceita pelo público devido a seu foco em temas satânicos e lesbianismo. Menos de um mês depois que o livro foi posto à venda, o jornal Le Figaro publicou uma crítica mordaz que teve efeitos devastadores na carreira de Baudelaire. Ele e seu publicador foram ambos acusados de ultraje à moral e aos bons costumes. Foi multado em 300 francos, e seu publicador foi multado em 200 francos. Além disso, seis dos poemas no livro foram proibidos porque foram considerados muito imorais para serem publicados. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Tal desapontamento, mais a morte de seu padrasto no mesmo ano, lançou Baudelaire no mais profundo pessimismo e depressão. Em 1859, muda-se com a mão para Paris onde passa a viver com ela. Lá escreveu o terceiro Salão (1859), um livro de crítica artística que discute os trabalhos de vários artistas. Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salão (1845) e o Salão de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de A Arte Romântica (1868) e Curiosidades estéticas (1868). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Compôs também mais poemas para a segunda edição de As Flores do Mal, incluindo “A Viagem”, que é considerado um de seus mais belos poemas.

Em 1860, publicou Paraísos Artificiais, ópio e haxixe , uma obra ao mesmo tempo especulativa e confessional, que trata sobre plantas alucinógenas, parcialmente inspirado no Confissões de um comedor de ópio (1822) de Thomas De Quincey. Durante toda sua vida, tinha recorrido freqüentemente às drogas a fim de estimular a inspiração, mas viu também o perigo de tal hábito. Concluiu que havia alguma espécie de “gênio mal” que explicaria a inclinação do homem para cometer certos atos e pensamentos repentinos. Este conceito das forças do mal que cercam a humanidade reapareceu em diversos outros trabalhos de Baudelaire.

A segunda edição de As Flores do Mal apareceu em 1861, com trinta e cinco poemas novos. Em poucos meses seguintes, a vida de Baudelaire foi marcada por uma série de desapontamentos. Foi desanimado por seus amigos de se candidatar a uma vaga na Academia Francesa de Letra, que esperava que pudesse ajudar a alavancar sua carreira de escritor. Devido a sua crise financeira, era incapaz de ajudar o seu publicador Poulet-Malassis, que acabou preso por não pagar as dívidas. Além disto, descobriu que sua amante Jeanne Duval tinha vivido por diversos meses com um outro amante de quem ela havia dito a Baudelaire ser apenas seu irmão. Em 1862 começou primeiramente a se queixar de dores de cabeça, náuseas, vertigens e pesadelos. Todos estes eventos devastadores, junto com seus problemas de saúde em decorrência da sífilis que contraiu na juventude, causaram a Baudelaire à sensação de que estaria enlouquecendo.

Em abril de 1863, Baudelaire saiu de Paris e foi para Bruxelas na esperança de encontrar um publicador para suas obras. Lá sua saúde piorou consideravelmente e em 1865 sofreu um ataque de apoplexia. Continuou a sofrer uma série de ataques, um destes teve como resultado afasia e uma paralisia parcial. Após permanecer em uma casa de repouso por dois meses, retornou a Paris no dia 02 de julho. No dia 31 de agosto de 1867, morreu de paralisia geral nos braços da sua mãe.

Charles Baudelaire – Biografia

Charles Baudelaire
Charles Baudelaire

Charles Baudelaire era um poeta francês, nascido em 9 de Abril de 1821, em Paris, França.

Em 1845, ele publicou seu primeiro trabalho. Baudelaire ganhou notoriedade por seu volume de poemas 1857, Les Fleurs du mal (The Flowers of Evil).

Seus temas de sexo, a morte, o lesbianismo, metamorfose, a depressão, a corrupção urbana, inocência perdida e álcool não só ele ganhou seguidores leais, mas também recebeu controvérsia.

O homem que mudou a literatura moderna. Definir o francês Charles Baudelaire somente desta maneira não seria correto. Ficaria muito aquém de sua verdadeira importância. Tradutor, poeta, crítico de arte e literato, Baudelaire foi o ponto alto do século 19 nas letras.

Charles foi o único filho de Joseph-François Baudelaire e de sua jovem segunda esposa, Caroline Archimbaut Defayis. Seu pai havia sido ordenado como padre quando neófito, mas largou o ministério durante a revolução francesa. Trabalhou como tutor dos filhos do duque de Choiseul-Praslin, o que lhe proporcionou um certo status. Ganhou dinheiro e respeito e aos 68 anos se casou com Caroline, então com 26. Vivendo num orfanato e já passada da idade de se casar, ela acabou por não ter opção. Em 1819, se casaram. Charles-Pierre Baudelaire veio ao mundo um ano e meio depois, em 9 de Abril de 1821.

Seu pai era um admirador das artes. Pintava e escrevia poesias. E insistiu para que o filho seguisse o caminho. Baudelaire, anos mais tarde, se referiu à sofreguidão do pai como “o culto das imagens”. Mas a convivência entre ambos durou pouco. Em fevereiro de 1827, Joseph-François Baudelaire faleceu. O jovem Charles e sua mãe tiveram que se mudar para o subúrbio de Paris para não terem problemas financeiros.

Em um de seus textos de 1861, Charles escreveu para a mãe: “Eu estive sempre vivo em você. Você foi totalmente minha”. Este tempo de convivência terminou quando Caroline se casou com o soldado Jacques Aupick, que conseguiu se tornar general e mais tarde serviu como embaixador francês para o Império Otomano e para Espanha, antes de se tornar senador do Segundo Império.

A vida acadêmica de Baudelaire começou no Collège Royal em Lyon, quando Aupick levou a família inteira ao assumir um cargo na cidade. Mais tarde, ele foi matriculado no Liceu Louis Le Grand, quando retornaram a Paris em 1836. Foi justamente ai que Baudelaire começou a se mostrar um pequeno gênio. Escrevia poemas, que eram execrados por seus professores, que acham que seus textos eram um exemplo de devassidão precoce, afeições que não eram normais em sua idade. A melancolia também dava sinais no jovem Charles. Aos poucos, ele se convenceu de ser um solitário por natureza. Em abril de 1839, acabou expulso da escola por seus atos de indisciplina constantes.

Mais tarde, ele se tornou aluno da Escola de Droit. Na verdade, Charles estava vivendo de maneira livre. Fez os seus primeiros contatos com o universo da literatura e contraiu uma doença venérea que o consumiu durante a vida inteira. Tentando salvar seu enteado do caminho libertino, Aupick o enviou para uma viagem à Índia, em 1841, uma forte inspiração para sua imaginação, e que trouxe imagens exóticas ao seu trabalho. Baudelaire retornou a França em 1842.

Neste mesmo ano, ele recebeu sua herança. Mas como dândi que era, consumiu rapidamente a pequena fortuna. Gastou em roupas, livros, quadros, comidas, vinhos, haxixe e ópio. Os dois últimos, um vício adquirido após consumir pela primeira vez entre 1843 e 1845, em seu apartamento no Hotel Pimodan. Pouco depois deste seu retorno, ele conheceu Jeanne Duval, a mulher que marcou definitivamente a sua vida. A mestiça primeiro se tornou sua amante e mais tarde, controlou sua vida financeira. Ela ira ser a inspiração para as poesias mais angustiadas e sensuais que o poeta escreveu. Seu perfume e o seus longos cabelos negros foram o mote da poesia erótica “La Chevelure”.

Charles Baudelaire continuou levando sua vida extravagante e em dois anos dilapidou todo o seu dinheiro. Também se tornou presa de agiotas e bandidos. Neste período, acumulou dívidas que o assombraram para o resto da vida. Em setembro de 1844, sua família entrou na justiça para impedi-lo de mexer no pouco dinheiro da herança que ainda sobrava. Baudelaire perdeu e acabou recebendo somas anuais, que mal dava para manter o seu estilo de vida e muito menos para pagar o que devia. Isto o levou a uma dependência brutal de sua mãe e ao ódio de seu padrasto. Seu temperamento isolacionista e desesperador, fruto de sua adolescência conturbada e que ele apelidou de “spleen” retornou e se tornou cada vez mais freqüente.

Após a sua volta a França, ele decidiu se tornar um poeta, a qualquer custo. De 1842 a 1846, ele compôs que mais tarde foram compilados na edição de “Flores do Mal” (1857). Baudelaire evitou publicar todos estes poemas separadamente, o que sugere que ele realmente tenha arquitetado em sua mente uma coleção coerente, governada por uma temática própria. Em outubro de 1845, compilou “As Lésbicas” e em 1848, “Limbo”, obras que representam a agitação e a melancolia da juventude moderna. Nenhuma das duas coleções de poemas foram lançadas em livros e Baudelaire só foi aceito no circuito cultural de Paris porque também era crítico de arte, trabalho que exerceu por um bom tempo.

Inspirado pelo exemplo do pintor Eugène Delacroix, ele elaborou uma teoria da pintura moderna, convocando os pintores a celebrarem e expressarem o “heroísmo da vida moderna”. O mês de janeiro de 1847 foi importante para Baudelaire. Ele escreveu a novela “La Fanfarlo”, cujo o herói, ou melhor, anti-herói, Samuel Cramer, um alter-ego do autor, oscila desesperado entre o desejo pela maternal e respeitável Madame de Cosmelly e o erótico pela atriz e dançarina Fanfarlo. Com este texto, Baudelaire começava a chamar a atenção, mesmo que timidamente.

Este anonimato acabou-se em fevereiro de 1848, quando participou de manifestações para a derrubada do Rei Luís Felipe e para a instalação da Segunda República. Consta que comandou um violento ataque contra o general Aupick, seu padrasto, então diretor da Escola Politécnica. Este acontecimento leva vários especialistas a minimizarem a participação do do poeta burguês nesta revolução, já que seus motivos não seriam sociais e políticos mas sim pessoais, que ainda não havia publicado nada. Porém, estudos recentes assumem uma veia política brutal em Baudelaire, em especial sua associação com o anarquista-socialista Pierre-Joseph Proudhon. Sua participação na revolta de proletários em junho de 1848 é comprovada e também na resistência contra os militares de Napoleão 3º, em dezembro de 1851. Logo após este episódio, o poeta declarou encerrado seu interesse em política e voltou toda a sua atenção para seus escritos.

Em 1847, ele descobriu um escritor norte-americano obscuro: Edgar Allan Poe. Impressionado pelo que leu e pelas similaridades entre os escritos de Poe com seu próprio pensamento e temperamento, Baudelaire decidiu levar a cabo a tradução completa das obras do norte-americano, trabalho este que lhe tomou boa parte do resto de sua vida. A tradução do conto “Mesmeric Revelation” foi publicado em julho de 1848 e depois, outras traduções apareceram em jornais e revistas antes de serem compiladas no livro “Histórias Extraordinárias” (1856) e “Novas Histórias Extraordinárias” (1857), todas precedidas por introduções críticas feitas por Charles Baudelaire. Depois se seguiu “As Aventuras de Arthur Gordon Pym” (1857), “Eureka” (1864) e Histórias Grotescas” (1865). Como tradução, estes trabalhos foram clássicos da prosa francesa, e o exemplo de Poe deu a Baudelaire uma confiança em sua própria teoria estética e ideais para a poesia. O poeta também começou a estudar o trabalho do teórico conservador Joseph de Maistre, que, junto com Poe, incentivaram seu pensamento a ir numa direção antinaturalista e anti-humanista.

Do meio de 1850, ele iria se pronunciar arrependido de ser um católico romano, apesar de manter sua obsessão pelo pecado original e pelo demônio. Tudo isto sem a fé no amor e perdão de Deus, e sua crença em Cristo se rebaixou tanto a ponto de praticamente não existir mais.

Entre 1852 e 1854, ele dedicou vários poemas à Apollonie Sabatier, sua musa e amante apesar da reputação de cortesã da alta-classe. Em 1854, Baudelaire manteve um caso com a atriz Marie Daubrun. Ao mesmo tempo, sua fama como o tradutor de Poe aumentava. O fato de ser crítico de arte permitiu que publicasse algum de seus poemas. Em junho de 1855, a Revue des Deux Mondes publicou uma sequência de 18 de seus poemas, com o título de “As Flores do Mal” (“Le Fleurs du Mal”). Os poemas, que ele escolheu pela originalidade e pelo tema, lhe trouxeram notoriedade. No ano seguinte, Baudelaire fechou um contrato com o editor Poulet-Malassis para uma coleção completa de poemas sob o título prévio.

Quando a primeira edição do livro foi publicado em junho de 1857, 13 dos 100 poemas foram imediatamente acusados de ofensas à religião e à moral pública.

Um julgamento foi feito no dia 20 de agosto de 1857 e 6 poemas foram condenados a serem retirados da publicação sob a acusação de serem obscenos demais.

Baudelaire foi multado em 300 francos (mais tarde, reduzido a 50 francos). Em 1866, na Bélgica, os seis poemas foram republicados sobre o título de “Les Èpaves”. A proibição dos poemas só foram retirados da França em 1949. Como toda polêmica sempre é benéfica, “As Flores do Mal” se tornou um marco por sua obscenidade, morbidez e devassidão. A lenda de Baudelaire como um poeta maldito, dissidente e pornográfico nasceu.

Porém, as vendagens não foram nada boas. Baudelaire nutria uma expectativa gigantesca pelo sucesso, o que não aconteceu e imediatamente se tornou amargo. Os anos que vieram transformaram Baudelaire numa personalidade soturna, assombrado pelo sentimento de fracasso, desilusão e desespero. Após a condenação de seu livro, ele se juntou com Apollonie Sabatier e a deixou em 1859 para retomar seu relacionamento com Marie Daubrun, novamente infeliz e fracassado.

Apesar de ter escrito alguns de seus melhores trabalhos nestes anos, poucos foram publicados em livro. Após a publicação de experimentos de prosa em verso, ele se concentrou numa segunda edição de “As Flores do Mal”.

Em 1859, enquanto vivia novamente com sua mãe, perto do rio Sena, onde ela se mantinha reclusa após a morte de Aupick em 1857, Baudelaire produziu uma série de obras-primas da poesia, começando com “Le Voyage” em janeiro e culminando no que é considerado seu melhor poema, “Le Cygne”, em dezembro.

Ao mesmo tempo, compôs dois de seus mais provocativos ensaios de crítica de arte: “Salon de 1859” e “Os Pintores da Vida Moderna”. Este último, inspirado por Constantin Guys, é visto como uma declaração profética dos elementos do Impressionismo, uma década antes do surgimento da escola.

Em 1860, publicou “Os Paraísos Artificiais”, uma tradução de partes do ensaio de “Confissões de um Inglês Comedor de Ópio”, de Thomas De Quincey, acompanhado por sua pesquisa e análise das drogas. Em fevereiro de 1861, uma segunda edição, maior e ampliada, de “As Flores do Mal” foi publicada por Poulet-Malassis. Ao mesmo tempo, publicou ensaios críticos sobre Theophile Gautier (1859), Richard Wagner (1861), Victor Hugo e outros poetas contemporâneos (1862), e Delacroix (1863). Estes textos seriam compilados em “A Arte Romântica”, em 1869. Os fragmentos de sua autobiografia entitulada “Fusèes”e “Mon Coeur Mis à Nu” também foram lançados entre 1850 e 1860. É também desta época seu ensaio onde afirma que a fotografia era um engodo, que aquela nova forma nunca seria arte. Mais tarde, o poeta se arrependeu e voltou atrás em suas declarações e chegou a ser retratado por Félix Nadar.

Em 1861, Baudelaire tentou se eleger à Academia Francesa mas foi fragorosamente derrotado Em 1862, Poulet-Malassis faliu e ele foi implicado na falência, o que piorou sua condição financeira. Seus limites mentais e físicos atingiram o topo. Ele definiu aquele momento como “o vento das asas da imbecilidade que passou por minha vida”. Abandonando a poesia, ele foi fundo na prosa em versos. Uma sequência de 20 de seus trabalhos foi publicada em 1862.

Em abril de 1864, ele deixou Paris para se instalar em Bruxelas, onde tentaria persuadir um editor belga a publicar suas obras completas. Lá ficou, amargurado e empobrecido até 1866, quando após um ataque epilético na Igreja de Saint-Loup at Namur, sua vida mudou. Baudelaire teve uma lesão cerebral que lhe ocasionou afasia (perda da capacidade de compreensão e de expressão pela palavra escrita ou pela sinalização, assim como pela fala) e paralisia. O dândi nunca mais se recuperou. Retornou a Paris no dia 2 de julho, onde ficou em uma enfermaria até sua morte. Em 31 de agosto de 1867, aos 46 anos, Charles Baudelaire morreu nos braços de sua mãe.

Quando a morte o visitou, Baudelaire ainda mantinha vários de seus trabalhos não publicados e os que já haviam saído estavam fora de circulação. Mas isto rapidamente mudou. Os líderes do movimento Simbolista compareceram ao seu funeral e já se designavam como seus fiéis seguidores.

Menos de 50 anos após a sua morte, Baudelaire ganhou a fama que nunca teve em vida: havia se tornado o maior nome da poesia francesa do século 19.

Conhecido por sua controvérsia e seus textos obscuros, Baudelaire foi o poeta da civilização moderna, onde suas obras parecem clamar pelo século 20 ao invés de seus contemporâneos. Em sua poesia introspectiva ele se revelou como um lutador a procura de deus, sem crenças religiosas, procurando em cada manifestação da vida os elementos da verdade, de uma folha de uma árvore ou até mesmo no franzir das sobrancelhas de uma prostituta. Sua recusa em admitir restrições de escolha de temas em sua poesia o coloca num patamar de desbravador de novos caminhos para os rumos da literatura mundial.

Baudelaire morreu em 31 de agosto de 1867, em Paris.

Charles Baudelaire – Poeta francês

Charles Baudelaire
Charles Baudelaire

O pai morre quando ele tem seis anos, e pouco depois a mãe volta a casar-se com um militar, o comandante Aupick. A ausência do pai e o ressentimento contra a mãe causam em Baudelaire um sentimento de carência afetiva que o persegue durante toda a sua vida. Em 1840, o padrasto, preocupado com a sua vida desbaratada, envia-o de viagem à Índia, aonde nunca chega. Da ilha de Reunião volta para Paris. Ao chegar à maioridade entra na posse da herança do pai.

Durante dois anos entrega-se ao consumo de diversas drogas, une-se à mulata Jeanne Duval, doente com sífilis e alcoolismo, e cai nas mãos dos usurários, com o que se iniciam as preocupações económicas que o atormentam durante toda a sua vida. Em 1844, a mãe consegue que a justiça lhe retire o usufruto da sua fortuna, que fica nas mãos de um notário. Na Revolução de 1848 está nas barricadas com os sublevados; no ano seguinte trava amizade com o pintor Courbet.

Em 1857 entrega a um editor o manuscrito de As Flores do Mal; a edição é apreendida e segue-se um processo contra o seu autor.

Em 1864, deprimido pela falência do seu editor, debilitado fisicamente e moralmente abatido, muda-se para Bruges. Um ano mais tarde, a sua saúde agrava-se gravemente e dois anos depois morre nos braços da mãe.

As publicações de Baudelaire não são muitas. Em 1845 começa a publicar em revistas poemas, críticas de arte e alguns contos. A partir de 1848 começa a aparecer a longa série de traduções de Poe. Após As Flores do Mal publica apenas poemas. Em 1861 sai Les Paradis Artificiels, ensaio sobre as drogas como estimulantes da imaginação e, pouco depois, em revistas e jornais, os seus primeiros poemas em prosa, que formam o livro póstumo Petits Poèmes en Prose.

A obra de Baudelaire como crítico de pintura é de grande importância, e vem a constituir a versão francesa mais coerente da estética romântica. A sua crítica literária, demasiado afetada pelas suas preferências e aversões, não é de grande relevância. Não obstante, a importância histórica da obra poética de Baudelaire é enorme. Pode dizer-se que a sua poesia provoca uma mudança radical em toda a poesia ocidental. Baudelaire é o último grande romântico francês, mas também o iniciador de uma nova sensibilidade baseada na experiência da vida urbana e na observação das ambivalências do mundo emotivo e imaginativo. Por assim dizer, Baudelaire expulsa da poesia a «beleza» no seu sentido clássico greco-latino. Inicialmente a sua influência observa-se apenas em imitadores de aspectos superficiais (o satanismo, a ficção do rigor formal, etc.).

Para o dizer com palavras de Paul Valéry: «As Flores do Mal não contêm poemas nem lendas nem nada que tenha que ver com uma forma narrativa. Não há nelas nenhum discurso filosófico. A política está ausente por completo. As descrições, escassas, são sempre densas de significado. Mas no livro tudo é fascinação, música, sensualidade abstrata e poderosa.»

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil/br.geocities.com/www.speculum.art.br/www.vidaslusofonas.pt

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