Obras Literárias

junho, 2017

  • 1 junho

    Samba de Orly

    (Vinícius de Moraes) Vai meu irmão Pega esse avião Você tem razão De correr assim Desse frio Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mão Pede perdão Pela duração Dessa temporada Mas não diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que …

  • 1 junho

    Samba de Breque

    (Vinícius de Moraes) Esta história é verdade. Um tio meu vinha subindo a Rua Lopes Quintas, na Gávea — era noite — quando ouviu sons de cavaquinho provenientes de um dos muitos casebres que minha avó viúva permite nos seus terrenos. O cavaco cavucava em cima de um samba de …

  • 1 junho

    Rua da Amargura

    Vinícius de Moraes A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espiando de noite Quando a minha angústia passa olhando o alto. A minha rua tem avenidas escuras e feias De onde saem papéis velhos correndo com medo do …

maio, 2017

  • 31 maio

    O Filho do Homem

    Vinícius de Moraes O mundo parou A estrela morreu No fundo da treva O infante nasceu. Nasceu num estábulo Pequeno e singelo Com boi e charrua Com foice e martelo Ao lado do infante O homem e a mulher Uma tal Maria Um José qualquer. A noite o fez negro …

  • 31 maio

    O Escravo

    Vinícius de Moraes Quando a tarde veio o vento veio e eu segui levado como uma folha E aos poucos fui desaparecendo na vegetação alta de antigos campos de batalha Onde tudo era estranho e silencioso como um gemido. Corri na sombra espessa longas horas e nada encontrava Em torno …

  • 31 maio

    O Dia da Criação

    Vinícius de Moraes I Hoje é sábado, amanhã é domingo A vida vem em ondas, como o mar Os bondes andam em cima dos trilhos E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar. Hoje é sábado, amanhã é domingo Não há nada como o tempo para passar …

  • 31 maio

    Odeon

    Vinícius de Moraes (Ernersto Nazareth e Vinícius de Moraes) Ai, quem me dera O meu chorinho Tanto tempo abandonado E a melancolia que eu sentia Quando ouvia Ele fazer tanto chorar Ai, nem me lembro Há tanto, tanto Todo o encanto De um passado Que era lindo Era triste, era …

  • 31 maio

    Octavio

    (Vinícius de Moraes) Toca a boca, olha as coisas abstrato Percorre da varanda os quatro cantos E tirando do corpo um carrapato Imagina o romance mil e tantos… Logo após olha o mundo e o vê morrendo Sob a opressão tirânica do mal E como um passarinho, vai correndo… Escrever …

  • 31 maio

    O Apelo

    Vinícius de Moraes Que te vale, minha alma, essa paisagem fria Essa terra onde parecem repousar virgens distantes? Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes Esse ar onde as nuvens se esquecem como adeuses? Que te diz o adormecimento dessa montanha extática Onde há caminhos tão tristes …

  • 31 maio

    Não Comerei da Alface a Verde Pétala

    Vinícius de Moraes Não comerei da alface a verde pétala Nem da cenoura as hóstias desbotadas Deixarei as pastagens às manadas E a quem mais aprouver fazer dieta. Cajus hei de chupar, mangas-espadas Talvez pouco elegantes para um poeta Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta Que acredita no cromo …