Obras Literárias

junho, 2017

  • 7 junho

    Soneto a Katherine Mansfield

    Vinícius de Moraes O teu perfume, amada – em tuas cartas Renasce, azul… – são tuas mãos sentidas! Relembro-as brancas, leves, fenecidas Pendendo ao longo de corolas fartas. Relembro-as, vou… nas terras percorridas Torno a aspirá-lo, aqui e ali desperto Paro; e tão perto sinto-te, tão perto Como se numa …

  • 7 junho

    Sonetinho a Portinari

    Vinícius de Moraes O pintor pequeno O grande pintor Ruim como um veneno Bom como uma flor Vi-o da Inglaterra Uma tarde, vi-o No ermo, vadio Brodóvski onde a terra É cor de pintura Muito louro, vi-o Dentro da moldura De um quadro de aurora O olhar azul frio: – …

  • 7 junho

    Quatro Sonetos de Meditação

    Vinícius de Moraes I Mas o instante passou. A carne nova Sente a primeira fibra enrijecer E o seu sonho infinito de morrer Passa a caber no berço de uma cova. Outra carne virá. A primavera É carne, o amor é seiva eterna e forte Quando o ser que viveu …

  • 6 junho

    São Francisco

    Vinícius de Moraes Lá vai São Francisco Pelo caminho De pé descalço Tão pobrezinho Dormindo à noite Junto ao moinho Bebendo a água Do ribeirinho. Lá vai São Francisco De pé no chão Levando nada No seu surrão Dizendo ao vento Bom-dia, amigo Dizendo ao fogo Saúde, irmão. Lá vai …

  • 6 junho

    O Relógio

    Vinícius de Moraes Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansado Já perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Tic-tac . . Permanent …

  • 6 junho

    O Pinguim

    Vinícius de Moraes Bom-dia, Pingüim Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu de jaca Ou bem de levinho Puxar o rabinho Da sua casaca Permanent link to this post (45 …

  • 6 junho

    O Peru

    Vinícius de Moraes Glu! Glu! Glu! Abram alas pro Peru! O Peru foi a passeio Pensando que era pavão Tico-tico riu-se tanto Que morreu de congestão. O Peru dança de roda Numa roda de carvão Quando acaba fica tonto De quase cair no chão. O Peru se viu um dia …

  • 6 junho

    O Pato

    Vinícius de Moraes Lá vem o Pato Pata aqui, pata acolá La vem o Pato Para ver o que é que há. O Pato pateta Pintou o caneco Surrou a galinha Bateu no marreco Pulou do poleiro No pé do cavalo Levou um coice Criou um galo Comeu um pedaço …

  • 6 junho

    O Mosquito

    Vinícius de Moraes O mundo é tão esquisito: Tem mosquito. Por que, mosquito, por que Eu . . . e você? Você é o inseto Mais indiscreto Da Criação Tocando fino Seu violino Na escuridão. Tudo de mau Você reúne Mosquito pau Que morde e zune. Você gostaria De passar …

  • 6 junho

    O Marimbondo

    Vinícius de Moraes Marimbondo furibundo Vai mordendo meio mundo Cuidado com o marimbondo Que esse bicho morde fundo! — Eta bicho danado! Marimbondô De chocolat Saia daqui Sem me morder Senão eu dou Uma paulada Bem na cabeça De você. — Eta bicho danado! Marimbondo . . . nem te …