Geraldo Bessa Víctor

Geraldo Bessa Víctor – Vida

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Nascimento: 20 de janeiro de 1917, Luanda, Angola.

Nacionalidade: Angola.

Falecimento: 22 de abril de 1985 (68 anos), Lisboa, Portugal.

Ocupação: Escritor, Advogado, Jornalista

Nascimento: 20 de janeiro de 1917 (98 anos), Luanda, Angola

Natural de Luanda, onde nasceu em 1917.

Concluiu o Liceu em Luanda, sendo, então, empregado bancário.

Foi para Lisboa, onde licenciou-se em Direito, exercendo a profissão desde da década de 50.

Anunciou, em 1973, o término de sua carreira de escritor.

Vive em Portugal.

Obra poética

Ecos Dispersos, 1941, Lisboa, Imprensa Portugal – Brasil;
Ao Som das Marimbas, 1943, Lisboa, Livraria Portugália;
Debaixo do Céu, 1949, Lisboa, Ed. Império;
A Restauração de Angola, 1951, Lisboa, e. a.;
Cubata Abandonada, 1958, Lisboa, AGU;
Mucanda, 1964, Braga, Ed. Pax;
Sanzala sem Batuque, 1967, Braga, Ed. Pax;
Monandengue, 1973, Lisboa, Livraria Portugal;
Obra Poética (inclui todos os livros anteriores), 2001, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

Geraldo Bessa Víctor – Biografia

Geraldo Bessa Víctor
Geraldo Bessa Víctor

“Mas, se às vezes a ilusão
ou a própria realidade,
por mais e melhor que eu rime,
não encontram nos meus versos
a forma desejada,
é que a matéria humana não é nada,
e nada exprime,
ante a alma, ante o ser dos universos.

(…)

À procura da própria alma universal,
esbarro na crosta do mundo.
Em busca duma estrela, dum fanal,
eu só encontro o último lampejo
dum sol já moribundo.” Excerto do “Poema de Tântalo”, in “Obra Poética”, por Geraldo Bessa Victor, Imprensa Nacional – Casa da Moeda (2001) Lisboa.

Geraldo Bessa Víctor
Geraldo Bessa Víctor

O poeta e contista Geraldo Bessa Victor nasceu em 1917 em Luanda e faleceu no ano de 1990, Lisboa, sua segunda Pátria.

É autor dos livros “Ecos dispersos”, 1941; “Ao som das marimbas”, 1943; “Debaixo do céu”, 1949, “A restauração de Angola”, 1951; “Cubata abandonada”, 1958, “Mucanda”, 1964; “Monandengue”, 1973.

Nasceu em Luanda, no dia 20 de Janeiro de 1917 Para Manuel Bandeira que prefaciou o livro “Cubata abandonada” (1958), sem qualquer dúvida, considera que: “Geraldo Bessa Victor recolheu o melhor das mais autênticas vozes de África.

Vozes que ele terá ouvido junto às Pedras Negras de Pungo Andongo, conversando com os ventos, os montes, os rios, as velhas mulembas, que lhe falavam de histórias do Quinjango e da Rainha Ginga.”.

Mais acrescenta que: “A sua poesia sabe violentamente a África, mas não fica apenas nas exterioridades da terra e sua gente: desce-lhes às recônditas matrizes, penetra-lhe o formidável subconsciente.”

Já o crítico Manuel Ferreira, interroga-se se o fato do poeta ter radicado durante muito tempo na Europa, “as suas vivências africanas”, se lhe não terão avivado em demasia a saudade, “prejudicando-lhe a resposta criadora.”, in Roteiro da Literatura (19’’’), pp 114.

M.F reconhece que “seja como for, não é lícito perder de vista que os seus primeiros poemas africanos datam de 1943. Um percursor sem dúvida. Percursor que a geração de “mensagem (1951 – 1952) aplaudiu em poemas como “O menino negro não entrou na roda”.”

Na análise de Francisco Soares, professor catedrático e crítico literário, “a posição política de Bessa Victor foi fiel ao programa da Liga Nacional Africana e de A. de Assis Júnior, assumindo ao longo dos anos 30, ou seja, no período em que a sua personalidade amadurecia e na época inicial da ditadura salazarista, a do Ato Colonial.”

Sobre as influências, Francisco Soares garante que: “De Assis Júnior terá herdado a exaltação e defesa do negro e da cultura de referência negra a troco do não questionamento da integração colonial de Angola. Se é verdade que a ambiguidade sobre a questão da independência não significa o mesmo nos anos 30 e em 1958, a consequência poética é a mesma, pois ambos, representam a revalorização das metáforas associadas ao negro e ao filho da terra, a várias das suas tradições (incluindo a crioula), à própria terra, enquanto motivos cuja contextualização é textualmente estimulada.”

Eu gosto de parar em todas estações,
Apreciar a marcha, e avaliar o espaço,
E calcular o tempo, e sondar a paisagem,
Desde o princípio ao termo da viagem,
– passo a passo –
para saber, o que ficou em mim… Excerto do poema “Viajar”, in Obra Poética, por Geraldo Bessa Victor.

Esse excerto diz tudo sobre o poeta, enquanto “escritor e enquanto homem, essencialmente uma figura de transição. De transição entre épocas, etnias, culturas e classes sociais.”.

Mais diz o crítico Francisco Soares: “Essa bífida postura e a consciência de já não ser o mesmo “camundongo/ da antiga luanda” conjuga-se para retratar um ser dilacerado em relação à sua origem, a qual também já não é o que foi. O passado fica, assim, impossível de reviver sem ser pela saudade e pela poesia.”

Pires Larangeira considera que BV “cultivou a musa lusitana, usando sem parcimónia o soneto, a rima final e a medida classicizante (decassílabo), se bem que, a par dos temas universais (o amor, a beleza, odestino), cantasse motivos africanos, negros ou mulatos, mas particularmente angolanos (em poemas como “o tocador de Marimba”, “Ngongo”, Kalundu”, “Ezuvi”, etc)” e conclui que “É o paradigma do poeta africano seguidor das poéticas ocidentais, nomeadamente a portuguesa, de tradição lírica, sentimental, recaindo com facilidade no registo lamartiniano, tão do agrado dos versejadores em Portugal e colónias”. In Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, editora Universidade Aberta, 1995, Lisboa.

Pode-se concluir que BV teve sempre a sua alma dividida, entre dois mundos que pretendeu juntar em valore pictóricos e da “duplicidade” dos seus cantos, mas “Não se negará a angolanidade literária de Bessa Victor, todavia reconhecendo-lhe limitações, exatamente as de imitação de modelos extemporâneos e exauridos, que o remetem para um papel secundário na história da literatura angolana”, assim remata Pires Larangeira.

“E na volúpia das danças,
o corridinho bailou
abraçado ao socopé,
quando a saudade juntou
na mente do colono as dispersas lembranças
de Algarve e de São Tomé,
na mesma imagem bonita.
E até o vira do Minho
Se requebrou, com carinho,
No maneio da rebita,
Quando o poeta viu na sua alma encantada
A paisagem minhota misturada
Com trechos de Luanda e arredores…

Excerto do “O colono poeta”, in “Cubata Abandonada” (1958).

Para remate final, interessa ainda retirar como elemento fulcral da análise de Francisco Soares a seguinte verdade sobre a sua trajetória literária:

“ A lírica de Bessa Victor não é, portanto alheia à defesa dos interesses dos da terra, nem representa propriamente a alienação dos seus habitantes, nem silencia os motivos e os tópicos associados à “raça” negra e à identidade angolana ou regional (sobretudo luandense). A sua diferença consiste em manter, junto com o elogio e a mistificação do negro, uma postura social conservadora e uma posição política no mínimo ambígua, porque de raiz não assinala o sistema como um mal, apenas algumas das suas manifestações, por vezes só as mais recentes.”

“Meu irmão negro, meu irmão descrente,/ sentado a um cajueiro: que desgosto,/ que prostração te vence? (já sol-posto,/ a noite veste luto, lentamente…)/Como a descrença vã te faz doente!/A crença é o melhor bordão e encosto…/Ergue-te, meu irmão, ergue teu rosto,/ e vê em teu redor, à tua frente!”, in Obra poética, por Geraldo Bessa Victor, edição Casa da Moeda (2001), poema “Soneto ao meu irmão negro”.

Fonte: betogomes.sites.uol.com.br/www.uea-angola.org

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