David Mestre

David Mestre – Vida

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1948 – 1997

Cidadão angolano, nasceu em Loures (Portugal) em 1948.

Foi para Angola com apenas oito meses de idade e viria a falecer em Almada (Portugal), no Hospital Garcia da Orta com 49 anos, vítima de um acidente vascular cerebral.

Radicado em Angola desde oito meses de idade.

Curso complementar dos liceus, incompleto.

Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga era o seu nome verdadeiro. Começou a ser conhecido por David Mestre após publicação do seu segundo livro «Crônicas do Gheto» (1972).

Trabalhou como jornalista e crítico literário em variados jornais e revistas de Angola, de Portugal e de outros países, coordenou diversas páginas literárias, foi diretor do «Jornal de Angola».

Cronista, poeta, recitador e ficcionista, era membro da Associação Internacional de Críticos Literários.

Fundou e dirigiu em 1971 o grupo «Poesias – Hoje».

A sua obra está traduzida em várias línguas.

Colaboração literária dispersa pela imprensa e publicações especializadas de todos os países de língua portuguesa.

Participou, na frente de batalha, da luta contra a UNITA e África do Sul.

Morreu em 1997.

David Mestre – Obra poética

David Mestre
David Mestre

Kir-Nan, 1967, Luanda, edição do autor.
Crônica do Gheto
, 1973, Lobito, Cadernos Capricórnio
Dizer País
, 1975, Nova Lisboa, Publicações Luanda
Do Canto à Idade
, 1977, Coimbra, Centelha
Nas Barbas do bando
, 1985, Lisboa, Ulmeiro
O Relógio de Cafucolo
, 1987, Luanda, União dos Escritores Angolanos
Obra Cega
, 1991, Luanda, edição do autor
Subscrito a Giz
– 60 Poemas Escolhidos, 1996, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

David Mestre – Biografia

Nos finais dos anos oitenta eu viajava muito para Luanda, onde, por vezes, ficava por longas temporadas.

Nessas alturas, para além de trabalhar para o “África”, integrava-me na equipa do David Meste, no “Jornal de Angola”, desde a altura em que ele foi nomeado como diretor.

O meu nome, de resto, figurava na ficha técnica. Esta imagem mostra-me ao lado do David no dia em que se comemorou a sua nomeação como diretor do “Jornal de Angola”.

Desde esse dia ficou assente que eu fazia parte da equipa e ele tinha acerca de nós os dois ideias muito definidas.

David Mestre
David Mestre

Dizia ele, com a sua voz meia rouca: “tu é que percebes de política,comigo é a literatura”.

Dentro desse princípio, nas alturas em que eu estava em Luanda, muitos dos editoriais do JA tinham a minha autoria. Alguns deles provocaram desassoguegos na classe política.

O David era um profissional esforçado, competente, cheio de paciência com a qualidade de alguns dos seus colaboradores e esforçou-se muito por organizar o seu jornal o melhor que lhe permitiam os meios que lhe colocavam à disposição.

Ainda como Chefe de Redação organizou uma exposição sobre o JA em cuja inauguração explicou ao então ministro da Informação, Boaventora Sousa Cardoso, todo o processo de feitura do jornal.

David Mestre
David Mestre

O David Mestre era um excesivo em muitos capítulos da sua vida e ligava pouco à sua própria saúde.

Quando eu estava em Luanda, almoçávamos, normalmente no Hotel Panorama – devo confessar que nunca eram almoços leves -. O Manuel Dionísio e outros jornalistas, de vez em quando, também nos faziam companhia. O jantar era em casa do David. Quem o fazia era a Terezinha, a quem ele, carinhosamente, tratava de “moranguinho”.

As nossas vidas deixaram de se encontrar porque o “África” fechou e eu deixei de ir a Luanda. Ainda estivémos juntos um dia em que ele veio a Lisboa e fomos O “Pereirinha de Alfama” comer um cozido à portuguesa – uma espécie de obrigação que ele cumpria sempre que vinha a Lisboa.

Depois cansou definitivamente de Luanda e da vida que o rodeava, da mediocridade, da corrupção, dos critérios políticos, da vida das elites e da pobreza do povo. Já nem os jantares de cacusso nos quintalões das Ingombotas lhe alegravam o coração. Veio para Lisboa e um dia deu uma entrevista a uma das televisões. Deitou todo o fel fora. Tinha feito um bypass, mas, a seguir continuou com a mesma vida de excessos. A notícia da sua morte chegou-me já tarde. Que a “Moranguinho” estava em Lisboa – disseram-se. Nunca consegui o contato dela para lhe dizer o quanto eu sentia a sua perda – que também era minha.

Tenho, verdadeiramente, saudades do David Mestre, cujo nome verdadeiro era Filipe Mota Veiga e cuja vida tinha começado muito mal: aos cinco anos viu o pai matar a mãe.

Para terminar, aqui fica a imagem do poeta e do crítico literário, despido de fatos emprestados. Ele mesmo, o autêntico, o homem que viveu permanentemente insatisfeito, sobretudo consigo mesmo. Uma insatisfação bem retratada na sua poesia, a que os angolanos pouco ligam porque, para eles, o David era apenas mais um branco a ocupar um lugar que não lhe pertencia, apesar de ter doado ao Estado angolano o que lhe coube da herança familiar – que não era tão pouco assim.

Fonte: betogomes.sites.uol.com.br/br.geocities.com/

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