Gregório de Matos

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Nascimento: 23 de dezembro de 1636, Salvador, Bahia.

Falecimento: 26 de novembro de 1696, Recife, Pernambuco.

Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (Bahia), a 7 de abril de 1633. Filho de português e baiana, freqüentou o Colégio da Companhia de Jesus.

Seguindo para a Metrópole, doutora-se em Direito (1661) e ingressa na magistratura, carreira que interrompe para voltar ao Brasil.

Mas em 1680 está novamente em Portugal, onde se casa. Nesta altura, já teria feito conhecer seu talento de repentista e zombeteiro.

No ano seguinte, retorna à Bahia, casa-se, pela segunda vez, passa a advogar e toma hábitos menores.

Levando vida boêmia, e dando vazão ao temperamento satírico, acaba por acender a malquerença em derredor, até que se vê obrigado a exilar-se em Angola.

Regressa em 1695 para o Recife, onde falece uma ano depois.

Exclusivamente poeta, Gregório de Matos apenas teria publicado em vida um que outro poema.

Por isso, a totalidade de sua obra se manteve inédita até os nossos dias, quando Afrânio Peixoto a reuniu em 6 volumes publicados no Rio de Janeiro, pela Academia Brasileira de Letras, entre 1923 e 1933, sob o título de Obras.

Gregório de Matos – Vida

Gregório de Matos
Gregório de Matos

Gregório de Matos Guerra, advogado e poeta, nasceu na então capital do Brasil, Salvador, BA, em 7 de abril de 1623, numa época de grande efervescência social, e faleceu em Recife, PE, em 1696.

É o patrono da Cadeira n. 16, por escolha do fundador Araripe Júnior.

Foram seus pais Gregório de Matos, fidalgo da série dos Escudeiros, do Minho, Portugal, e Maria da Guerra, respeitável matrona.

Estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas e depois transferiu-se para Coimbra, onde se formou em Direito. Sua tese de doutoramento, toda ela escrita em latim, encontra-se na Biblioteca Nacional.

Exerceu em Portugal os cargos de curador de órfãos e de juiz criminal e lá escreveu o poema satírico Marinícolas. Desgostoso, não se adaptou à vida na metrópole, regressando ao Brasil aos 47 anos de idade.

Na Bahia, recebeu do primeiro arcebispo, D. Gaspar Barata, os cargos de vigário-geral (só com ordens menores) e de tesoureiro-mor, mas foi deposto por não querer completar as ordens eclesiásticas. Apaixonou-se pela viúva Maria de Povos, com quem passou a viver, com prodigalidade, até ficar reduzido à miséria.

Passou a viver existência boêmia, aborrecido do mundo e de todos, e a todos satirizando com mordacidade. O governador D. João de Alencastre, que primeiro queria protegê-lo, teve afinal de mandá-lo degredado para Angola, a fim de o afastar da vingança de um sobrinho de seu antecessor, Antônio Luís da Câmara Coutinho, por causa das sátiras que sofrera o tio. Chegou a partir para o desterro, e advogava em Luanda, mas pôde voltar ao Brasil para prestar algum serviço ao Governador. Estabelecendo-se em Pernambuco, ali conseguiu fazer-se mais querido do que na Bahia, até que faleceu, reconciliado como bom cristão, em 1696, ao 73 anos de idade.

Como poeta de inesgotável fonte satírica não poupava ao governo, à falsa nobreza da terra e nem mesmo ao clero. Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os mulatos e emboabas, os “caramurus”, os arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia improvisada e inautêntica, exploradora da colônia.

Perigoso e mordaz, apelidaram-no de “O Boca do Inferno”.

Foi o primeiro poeta a cantar o elemento brasileiro, o tipo local, produto do meio geográfico e social. Influenciado pelos mestres espanhóis da Época de Ouro Góngora, Quevedo, Gracián, Calderón sua poesia é a maior expressão do Barroco literário brasileiro, no lirismo.

Sua obra compreende: poesia lírica, sacra, satírica e erótica. Ao seu tempo a imprensa estava oficialmente proibida.

Suas poesias corriam em manuscritos, de mão em mão, e o Governador da Bahia D. João de Alencastre, que tanto admirava “as valentias desta musa”, coligia os versos de Gregório e os fazia transcrever em livros especiais. Ficaram também cópias feitas por admiradores, como Manuel Pereira Rabelo, biógrafo do poeta.

Por isso é temerário afirmar que toda a obra a ele atribuída haja sido realmente de sua autoria.

Entre os melhores códices e os mais completos, destacam-se o que se encontra na Biblioteca Nacional e o de Varnhagen no Palácio Itamarati.

Sua obra foi editada na Coleção Afrânio Peixoto (1a fase), da Academia Brasileira de Letras, em seis volumes, assim distribuída:

I Sacra (1923)
II Lírica (1923)
Graciosa (1930)
IV-V Satírica (1930)
VI Última (1933)

Na Biblioteca Municipal de São Paulo há uma cópia datilografada dos versos pornográficos de Gregório de Matos, com o título Satyras Sotádicas de Gregório

Gregório de Matos
Gregório de Matos

A poesia apógrafa ( reprodução de um manuscrito original ) de Gregório de Mattos e Guerra (1636-1695) permaneceu guardada em códices existentes em Portugal (o mais importante é da Biblioteca Nacional de Lisboa, Secção de Reservados, número 3.576) no Brasil e nos USA.

Foi o historiador Francisco Adolfo Varnhagen, em 1850 , que publicou um conjunto de 39 poemas no “Florilégio da Poesia Brasileira “, editado em Lisboa.

Daí em diante Gregório de Mattos passa a constar de várias antologias e “Parnasos”, até hoje, tendo a sua obra apógrafa publicada , em parte, por Alfredo do Valle Cabral (1882), Afrânio Peixoto (1923 – 1933), em 6 volumes ( Edição da Academia Brasileira de Letras ) e James Amado (1968), que edita as suas “completas “, em 7 volumes ,reeditada em 2 volumes, Record,1990, com o título de Obra Poética, contendo toda a parte erótica, pornográfica e grotesca , até então desconhecida e que Afrânio Peixoto havia censurado.

A fortuna crítica do poeta inicia-se no século XVIII com uma biografia manuscrita que aparece anexa a alguns códices, com variantes , e da autoria de Manuel Pereira Rabelo.

Foi esta biografia uma peça importante para que nós pudéssemos promover a revisão da vida do poeta , na busca incessante de fontes documentais.

A partir do século XIX, e até hoje, o poeta Gregório de Mattos teve avolumada sua biografia e os estudos a respeito de sua vida e sua obra. No momento estamos concluindo uma mais extensa indicação de fontes bibliográficas e documentais sobre o poeta satírico mais importante da literatura de língua portuguesa no período barroco.

A obra apógrafa de Gregório de Mattos mais cedo ou mais tarde será objeto de uma edição crítica, contando a sua realização com uma equipe de especialistas.

Como disse o Mestre Antonio Houaiss, “o fato é que a pesquisa histórica em torno da vida de Gregório já atingiu um inesperável grau de documentação, pois há duas décadas a documentabilidade de sua vida era algo de que não se esperava muito “.

Em verdade, a pesquisa , no sentido biográfico, muito tem ajudado e pode ajudar, com a localização de documentos e códices poéticos, para o retrato do poeta vagante Gregório de Mattos e para o conhecimento da sua obra.

Temos nos dedicado a localizar, no Brasil e em Portugal, essas fontes documentais (vida e obra), que abrem caminho para uma compreensão do poeta brasileiro e das suas identidades como magistrado, em Portugal, e clérigo e poeta na sua terra natural, o Brasil, que ele vai chamar, certa feita, de “peste do pátrio solar”.

Gregório de Matos Guerra – Biografia

Gregório de Matos Guerra nasce na Bahia, em1623, e morre no Recife em 1696. Filho de fidalgo português e de mãe brasileira, cursou humanidades com os Jesuítas da Bahia e se formou em Direito pela Universidade de Coimbra. Passou a advogar em Lisboa, ocupando cargos de magistratura. Por sua sátira, foi obrigado a voltar à Bahia e, aqui, esta foi aguçada, tornando-o motivo de reações e perseguições. Acabou deportado para Angola, retornando um ano antes de morrer em Pernambuco.

Gregório de Matos, que em vida nada publicou, produziu uma obra vasta e diversificada, mas, em sua época, muitos de seus poemas circulavam entre o povo, oralmente ou em manuscritos.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

A poesia de Gregório de Matos é religiosa e lírica. Absolutamente conforme com a estética do Barroco, abusa de figuras de linguagem; faz uso do estilo cultista e conceitista, através de jogos de palavras e raciocínios sutis. As contradições, próprias, talvez, de sua personalidade instável, são uma constante em seus poemas, oscilando entre o sagrado e o profano, o sublime e o grotesco, o amor e o pecado, a busca de Deus e os apelos terrenos.

É mais conhecido por sua sátira ferina, azeda e mordaz, usando, às vezes, palavras de baixo calão, daí seu epíteto Boca do Inferno. Critica todos os aspectos da sociedade baiana, particularmente o clero e o português. A atitude nativista que disso resulta é apenas conseqüência da situação na Colônia brasileira.

Gregório de Matos
Gregório de Matos

Cronologia da vida de Gregório de Mattos e Guerra, conhecido como Boca do Inferno ou Boca de Brasa.

1636 – A data comumente aceita para o nascimento de Gregório de Mattos e Guerra é a de 23 de dezembro de 1636, mas alguns biógrafos podem apresentar a possibilidade de ter ocorrido em março de 1623. O poeta nasceu em Salvador, Bahia, e era filho de Gregório de Mattos (natural de Guimarães, Portugal) com Maria da Guerra. Os Mattos da Bahia eram uma família abastada, formada por proprietários rurais, donos de engenhos, empreiteiros e funcionários da administração da colônia.

1642 – Devido à condição financeira de sua família, Gregório teve acesso ao que havia de melhor em educação na época e pôde estudar no Colégio dos Jesuítas, em Salvador.

1650 – Viaja para Portugal, onde irá completar seus estudos.

1652 – Ingressa na Universidade de Coimbra.

1661 – Formatura em Direito. Nesse mesmo ano, casa-se com D. Michaela de Andrade, proveniente de uma família de magistrados.

1663 – É nomeado Juiz de Fora de Alcácer do Sal, Alentejo, por D. Afonso VI.

1665-66 – Exerce a função de Provedor da Santa Casa de Misericórdia no mesmo local.

1668 – No dia 27 de janeiro é investido da incumbência de representar a Bahia nas Cortes, em Lisboa.

1671 – Assume o cargo de Juiz do Cível, em Lisboa.

1672 – Torna-se Procurador da Bahia em Lisboa por indicação do Senado da Câmara.

1674 – Novamente representante da Bahia nas Cortes, em Lisboa. Nesse mesmo ano, é destituído da Procuradoria da Bahia e batiza uma filha natural, chamada Francisca, na Freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa.

1678 – Fica viúvo de D. Michaela com quem sabe-se que teve um filho do qual não há registros históricos.

1679 – É nomeado Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia.

1681 – Recebe as Ordens Menores, tornando-se clérigo tonsurado.

1682 – É nomeado Tesoureiro-Mor da Sé, por D. Pedro II. Como magistrado de renome, tem sentenças de sua autoria publicadas pelo jurisconsulto Emanuel Alvarez Pegas. Isto viria a acontecer novamente em 1685.

1683 – No início do ano, depois de 32 anos em Portugal, está de volta a Bahia, Brasil. Meses após seu retorno, é destituído de seus cargos eclesiásticos pelo Arcebispo D. Fr. João da Madre de Deus, por se recusar a usar batina e também por não acatar a imposição das Ordens maiores obrigatórias para o exercício de suas funções. É nessa época que surge o poeta satírico, o cronista dos costumes de toda a sociedade baiana. Ridiculariza impiedosamente autoridades civis e religiosas.

1685 – É denunciado à Inquisição, em Lisboa, por seus hábitos de “homem solto sem modo de cristão”.

168(?) – Ainda na década de 1680, casa-se com Maria de Póvoas (ou “dos Povos”). Desta união, nasce um filho chamado Gonçalo.

1691 – É admitido como Irmão da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.

1692 – Paga uma dívida em dinheiro à Santa Casa de Lisboa.

1694 – Seus poemas satíricos contra o Governador Antonio Luiz Gonçalves da Câmara Coutinho faz com os filhos deste o ameacem de morte. O Governador João de Alencastro, amigo de Gregório, e outros companheiros do poeta armam uma forma de prendê-lo e enviá-lo à força para Angola, sem direito a voltar para a Bahia. Isto causa profundo desgosto a Gregório. Ainda nesse mesmo ano, envolve-se em uma conspiração de militares portugueses. Interferindo neste conflito, Gregório colabora com a prisão dos cabeças da revolta e tem como prêmio seu retorno ao Brasil.

1695 – Retorna para o Brasil e vai para o Recife, longe de seus desafetos na Bahia. Morre no dia 26 de novembro, antes de completar 59 anos, de uma febre contraída em Angola.

Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br/www.biblio.com.br/www.mundobrasil.hpg.ig.com.br

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