Obras Literárias

junho, 2017

  • 8 junho

    Soneto da Fidelidade

    Vinícius de Moraes De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu …

  • 7 junho

    Soneto da Espera

    Vinícius de Moraes Aguardando-te, amor, revejo os dias Da minha infância já distante, quando Eu ficava, como hoje, te esperando Mas sem saber ao certo se virias. E é bom ficar assim, quieto, lembrando Ao longo de milhares de poesias Que te estás sempre e sempre renovando Para me dar …

  • 7 junho

    Soneto da Desesperança

    Vinícius de Moraes De não poder viver sua esperança Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho Secreto, onde ao sabor do seu capricho Fugisse a vê-la como uma criança. Tão cauteloso fez-se em seus cuidados De não mostrá-la ao mundo, que a queria Que por zelo demais, ficaram um dia …

  • 7 junho

    Soneto com Pássaro e Avião

    Vinícius de Moraes Uma coisa é um pássaro que voa. Outra um avião. Assim, quem o prefere Não sabe às vezes como o espaço fere Aquele, um vi morrer, voando à toa Um dia em Christ Church Meadows, numa antiga Tarde, reminiscente de Wordsworth… E tudo o que ficou daquela …

  • 7 junho

    Soneto ao Inverno

    Vinícius de Moraes Inverno, doce inverno das manhãs Translúcidas, tardias e distantes Propício ao sentimento das irmãs E ao mistério da carne das amantes: Quem és, que transfiguras as maçãs Em iluminações dessemelhantes E enlouqueces as rosas temporãs Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes? Por que ruflaste as tremulantes asas Alma do …

  • 7 junho

    Soneto a Quatro Mãos

    (Vinícius de Moraes) Tudo de amor que existe em mim foi dado Tudo que fala em mim de amor foi dito Do nada em mim o amor fez o infinito Que por muito tornou-me escravizado. Tão prodígo de amor fiquei coitado Tão facil para amar fiquei proscrito Cada voto que …

  • 7 junho

    Soneto a Pablo Neruda

    Vinícius de Moraes Quantos caminhos não fizemos juntos Neruda, meu irmão, meu companheiro… Mas este encontro súbito, entre muitos Não foi ele o mais belo e verdadeiro? Canto maior, canto menor – dois cantos Fazem-se agora ouvir sob o cruzeiro E em seu recesso as cóleras e os prantos Do …

  • 7 junho

    Soneto a Oxford

    Vinícius de Moraes Ó Oxford, prende o sol em tuas pontas Góticas; dormem divinas harmonias Em tuas torres puras e sombrias E em teus jardns de grandes flores tontas. O eterno farfalhar de Christ Church Meadows E as mesmas águas trêmulas dos Ices Enchem meu coração da antiga fé Dos …

  • 7 junho

    Soneto a Octávio de Faria

    Vinícius de Moraes Não te vira cantar sem voz, chorar Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas Desencantar, e mudo recolhê-las Para lançá-las fulgurando ao mar? Não te vira no bojo secular Das praias, desmaiar de êxtase nelas Ao cansaço viril de percorrê-las Entre os negros abismos do luar? Não te …

  • 7 junho

    Soneto a Lasar Segall

    Vinícius de Moraes De inescrutavelmente no que pintas Como num amplo espaço de agonias Imarcescível música de tintas A arder na lucidez das coisas frias: Tão patéticas sois, tão sonolentas Cores que o meu olhar mortificais Entre verdes crestados e cinzentas Ferrugens no prelúdio dos metais. Que segredo recobre a …