Obras Literárias

maio, 2017

  • 23 maio

    Minha Mãe

    Vinícius de Moraes Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo Tenho medo da vida, minha mãe. Canta a doce cantiga que cantavas Quando eu corria doido ao teu regaço Com medo dos fantasmas do telhado. Nina o meu sono cheio de inquietude Batendo de levinho no meu braço Que estou …

  • 23 maio

    Minha Desventura

    Vinícius de Moraes Ah, doce sentimento lindo e desesperador Ah, meu tormento infindo que me vai matar de dor Onde estão teus olhos Cheios de ternura Tua face pura Cheia de esperança a minha desventura é ter perdido o teu amor Ah, se eu pudesse nunca ter magoado o teu …

  • 23 maio

    Mergulhador

    Vinícius de Moraes “E il naufragar m’è dolce in questo mare”. Leopardi Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos No líquido luar tateiam a coisa a vir Assim, dentro do ar, meus lentos dedos loucos Passeiam no teu corpo a te buscar-te a ti. És a princípio doce plasma submarino …

  • 23 maio

    Mensagem a Rubem Braga

    Vinícius de Moraes (…) Mensagem a Rubem Braga full post(228 words, estimated 55 secs reading time)

  • 23 maio

    Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto

    Vinícius de Moraes Hoje a pátina do tempo cobre também o céu de outono Para o teu enterro de anjinho, menino morto Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. Berçam-te o sono essas velhas pedras por onde se esforça Teu caixãozinho trêmulo, aberto em branco e rosa. Nem rosas para …

  • 23 maio

    Máscara mortuária de Graciliano Ramos

    Vinícius de Moraes Feito só, sua máscara paterna Sua máscara tosca de acridoce Feição, sua máscara austerizou-se Numa preclara decisão eterna. Feito só, feito pó, desencantou-se Nele o íntimo arcanjo, a chama interna Da paixão em que sempre se queimou Seu duro corpo que ora longe inverna. Feito pó, feito …

  • 23 maio

    Marina

    Vinícius de Moraes Lembras-te das pescarias Nas pedras das Três-Marias Lembras-te, Marina? Na navalha dos mariscos Teus pés corriam ariscos Valente menina! Crescia na beira-luz O papo dos baiacus Que pescávamos E nas vagas matutinas Chupávamos tangerinas E vagávamos… Tinhas uns peitinhos duros E teus beicinhos escuros Flauteavam valsas Valsas …

  • 23 maio

    Mar

    Vinícius de Moraes Na melancolia de teus olhos Eu sinto a noite se inclinar E ouço as cantigas antigas Do mar. Nos frios espaços de teus braços Eu me perco em carícias de água E durmo escutando em vão O silêncio. E anseio em teu misterioso seio Na atonia das …

  • 23 maio

    Malditos

    Vinícius de Moraes (A aparição do poeta) Quantos somos, não sei… Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze terras Quantos, não sei… Só sei que somos muitos – o desespero da dízima infinita E …

  • 23 maio

    Lopes Quintas (a rua onde nasci)

    Vinícius de Moraes A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espionando de noite Quando a minha angústia passa olhando o alto… A minha rua tem avenidas escuras e feias De onde saem papéis velhos correndo com medo do …