Arco e Flecha

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O arco e flecha tem atraído muito a atenção de jovens de 8 a 80 anos nos dias de hoje. É fascinante ver como brilham os olhos de uma criança ao ver alguém praticando tiro com arco. Quando estou treinado em nossa Associação, s vezes chega um grupo de crianças de oito a doze anos e ficam de longe olhando com os seus olhinhos fixos no alvo. Quando chegamos a fazer um bom agrupamento de flechas no alvo ficam admirados, soltando exclamações próprias da idade.

Mas, em face do alto custo do equipamento utilizado hoje em dia, muitos tem optado por fabricar o seu próprio arco.

Mas o que tem levado muitos arqueiros a optarem pelo arco primitivo ou mesmo nativo é somente uma: satisfação pessoal. Há também o romance do esporte fazendo com que você retorne às bases do arco primitivo. É claro que esta modalidade é muito mais difundida no exterior, com associações próprias e inúmeros artigos e livros editados a respeito.

Aqui no Brasil, o arco primitivo mais conhecido é o arco do nosso índio, o índio brasileiro, o qual também é chamado de arco nativo. Interessante como o estrangeiro tomou a iniciativa e estudou tais arcos. Existe até um livro publicado sobre o arco do índio sul-americano, o que nada mais é senão o arco do nosso índio, o arco nativo.

Por ocasião da primeira etapa do 1º Torneio da Federação Goiana de Tiro com Arco, em março/2000, esteve aqui em Goiânia arqueiros do Estado do Mato Grosso, disputando a modalidade do “Arco Nativo”. É impressionante ver aqueles arcos atirarem aquelas flechas enormes, as quais pareciam perdizes assustadas alçando vôo no meio do pasto quando a gente delas se aproxima. Ali estiveram expostas uma variedade de flechas dos índios de várias nações, tais como Gavião, Xavantes etc., as quais chamavam a atenção pelo esmero e beleza da sua confecção. Os arcos também eram notados pela aspecto primitivo e madeira usada.

Contudo o arco primitivo ou o arco nativo não se restringe somente ao arco do índio brasileiro. Temos que nos reportar ao passado do homem moderno para verificar que vários tipos de arcos foram elaborados naqueles tempos. O que caracteriza o arco primitivo é a sua total ausência de material sintético ou moderno na sua elaboração. Podemos citar aqui o famoso “longbow” inglês; o “flatbow” do índio norte-americano; os famosos arcos recurvos e compostos da Ásia, Coréia, Turquia, e mesmo Egito, os quais eram compostos de madeira, chifre de búfalo d’água e “sinew” (tendão da pata de veados, búfalos, etc.), famosos pela durabilidade e velocidade de seus tiros, dando especial fama aos turcos. Não poderíamos esquecer aqui dos arcos japoneses, os quais são feitos de bambu e tiras de outras madeiras em seu interior e moldados em sua forma peculiar tão atraente.

Muito se poderia falar sobre a origem e elaboração de tais arcos até os dias atuais, mas a finalidade precípua de nosso artigo é repassar a técnica do fabrico do arco primitivo, em dois modelos a escolher. Este artigo vem também resgatar a falta do assunto em nossa língua portuguesa, já que existem inúmeras páginas na Internet esgotando exaustivamente o assunto sobre o arco primitivo.

Pessoalmente confeccionei três arcos primitivos, de Ipê Roxo, especialmente o similar ao flatbow do índio norte-americano, por me parecer mais atraente. Fiz um simples e outro com sinew aplicado em suas costas, o qual aumentou substancialmente a sua força. No entanto, havia feito um protótipo com sinew o qual em vez de fortalecer o arco, o sinew roubou metade de sua força. A conclusão que cheguei foi que o sinew usado para o ‘”backing” (colagem das fibras do tendão nas costas do arco) foi de gado confinado. Como o gado confinado não faz exercício nenhum, a não ser comer, é claro que o tendão do animal será fraco. Todos os três acabaram quebrando, em face de falhas na sua elaboração. Mas enquanto estavam atirando deram-me enorme satisfação não só no prazer da sua elaboração, como no próprio uso em si.

Desnecessário será dizer aqui o enorme trabalho despendido para a confecção dos arcos. No entanto, quando você tem o produto finalmente acabado e faz o primeiro tiro com ele, algo mexe com você. Talvez toda a nossa herança ancestral venha à tona nesse instante, quando o potencial de tal instrumento foi descoberto e as possibilidades de se conseguir, com mais facilidade, colocar o alimento na mesa para a mulher e os filhos, sem arriscar tanto a vida para conseguir encher a barriga faminta.

O LONGBOW

O longbow é o arco que mais se aproxima do índio brasileiro pela sua forma. Contudo, aqui iremos considerar o termo “longbow” o arco com pontas retas fabricados pelos antigos arqueiros ingleses. Este arco tem, em geral, mais ou menos 1,70 a 1,80 m de comprimento, cujas extremidades são finas, embora mais “gordas” do ponto de vista do arco flatbow. Em suma o arco é ligeiramente menor do que o arqueiro e sem qualquer curvatura drástica nas suas lâminas. Na realidade, o que caracteriza o termo “longbow” é a sua aparência e não os materiais com que ele foi fabricado. O arco em causa pode ser construído inteiramente de madeira e coberto de materiais tais como couro cru, ou sinew (tendão) ou ele pode ser feito de laminações de madeira, fibra de vidro ou qualquer outra fibra sintética.

O FLATBOW

O flatbow é feito menor do que o longbow e quase sempre com as lâminas mais largas. Para entender o princípio básico da madeira no flatbow temos ver o arco através de um corte transversal. Quando fazemos um corte transversal no arco verificamos que a sua espessura medindo das suas costas ao seu ventre.

A pergunta é: de que lado é a costa do arco e de que lado é a seu ventre? Bem, se você segurar o arco em posição de tiro, com o braço esticado à sua frente, o ventre do arco estará voltado para a sua face e as costas, é claro, o lado oposto. Quando você puxa a corda de um arco em posição de tiro, a costa do arco é esticada e o ventre é comprimido. Quanto maior é a espessura do arco, maior é a força de quebra imposta ao ventre. Muito se pode fazer para minimizar a força de quebra na costa de um arco, através de fibra de sinew, couro cru, etc., mas pouco se pode fazer em relação ao ventre do arco. Um bom bowyer (fabricante de arco) não ousaria em fazer um arco de madeira com uma seção transversal muito grossa. Em arquearia isto é chamada de “stacking”, ou seja, empilhamento dos anéis de crescimento da madeira no braços do arco. Os antigos longbows ingleses eram conhecidos pelo seu elevado desenho de “stacking”.

Por outro lado, um arco cuja seção transversal é relativamente fina das costas ao ventre pode dobrar-se substancialmente sem quebrar-se. É o caso do flatbow.

Exemplo: você pode dobrar substancialmente uma régua de madeira, mas nem de longe poderá dobrar um palito de dentes por causa da sua forma arredondada.

Ele dobrará somente um pouco antes de quebrar-se. O lendário Jay Massey, famoso bowyer primitivista do Alaska, em seu livro The Bowyer’s Craft, menciona que o dilema do arqueiro que se aventura em fazer uma arco de madeira é fazer um arco grosso, o qual é difícil de puxar e se puxado, poderá, talvez, quebrar ou fazer um arco fino, que poderá não ter força nenhuma. E, como o próprio Jay recomenda, “…são limites dentro dos quais você terá que trabalhar”.

E é justamente assim que o flatbow é feito: nem tão grosso, nem tão fino – porém com suas lâminas mais largas. A largura das lâminas é que o faz forte.

Contudo não vá fazer um arco com lâminas tão largas que possa parecer mais asas de um avião do que um arco! Você não poderá vergá-lo.

A MADEIRA

Os arcos primitivos europeus e norte-americanos eram e são ainda confeccionados por duas espécies principais de madeiras obtidas das seguintes árvores: o Yew e a Osage Orange. Até o Sassafrás é usado para se fazer arcos. O Yew é o preferido para os longbows e o Osage Orange para os flatbows.

Como são árvores não cultivadas no Brasil, recomendamos três madeiras relativamente fáceis de se obter. A primeira é o Ipê Roxo, a segunda o Pau Brasil e a terceira é a Aroeira (Gonçalo Alves). Esta última me foi recomendada pessoalmente, juntamente com o Ipê, por Mike R. Rigazio (drawknif@TheRamp.net), bowyer norte-americano.

O Pau Brasil é o preferido pelos fabricantes de arco de violinos, pela sua flexibilidade e beleza. O programa Globo Rural, da Rede Globo de Televisão realizou uma reportagem excelente sobre esta árvore maravilhosa que deu origem ao nome do nosso País.

Em determinada parte da reportagem o locutor mostrou uma das utilizações do Pau Brasil pelos nossos índios: o arco. Foi uma pena não ter discorrido mais sobre esta utilização.

O Ipê Roxo é, para mim, a madeira de primeira escolha, tendo em vista ser mais fácil de encontrar e, sobretudo, de se trabalhar. Os índios brasileiros utilizam muito o Pati, que é extraída da palmeira que leva o mesmo nome. Também utilizam o Roxinho. Bem, por não ter experimentado qualquer madeira extraída da palmeira Pati, não poderia sugeri-la na confecção dos arcos deste artigo, pela simples razão da variação do seu desempenho, que é diferente de madeira para madeira. Um arco confeccionado com Ipê Roxo pode ser mais forte do que o Pati ou o Pau Brasil, ou vice-versa. Até mesmo arcos da mesma madeira, com as mesmas medidas, podem variar de potência. No entanto, caso queira experimentar, conte-me depois como foi.

O arco é nada mais nada menos do que uma mola. Puxa-se a corda, o arco é vergado. Solta-se a corda e o arco volta a posição de repouso instantaneamente. É o princípio da mola. Quando se faz um corte transversal em um tronco de árvore pode-se ver seus anéis de crescimento. Esses anéis são formados anualmente e é utilizado para se verificar a idade provável da árvore. Esses anéis são mais salientes quando a árvore sofre a ação dos ventos frios do inverno. Quanto mais anéis tiver uma árvore, mais idosa ela será. Quando os anéis de crescimento crescem mais perto uns dos outros, em algumas árvores, melhor o seu efeito “mola”.

É o caso do Osage Orange dos Estados Unidos. O Pau Brasil tem esta característica também. Não tão saliente quanto o Osage Orange, mais é fácil de se ver no corte transversal. O Ipê Roxo não tem esta característica mais saliente, mas pode-se verificar também. Quando nos deparamos com uma árvore adulta, devemos ter um sentimento de respeito por aquela espécie vegetal. Ela poderá ser muito mais velha do que você. As vezes passo pela avenida Araguaia que passa entre o Parque Mutirama e o Parque Botafogo, no setor central de Goiânia, em Goiás, e ergo meus olhos para aquelas árvores centenárias que já estavam ali muito antes da fundação da cidade, penso comigo mesmo por quanto tempo mais elas irão resistir à poluição dos veículos que trafegam por aquela avenida e quantas irão resistir a depredação pela mão do homem.

Outro aspecto a ser levado em consideração na madeira a ser utilizada para a confecção do arco é o seu fator de umidade. Não se pode fazer um arco de madeira verde, por razões óbvias. Por outro lado não se pode fazer um arco de madeira muito seca, pois irá quebrar na primeira puxada da corda, não importa quão bem foi confeccionado. A compra de um aparelho para se medir a umidade da madeira será um bom investimento, principalmente se você optar por ser um bowyer profissional (e porque não? Fred Bear, um dos pioneiros americanos fabricantes de arco começou fabricando arcos para si e para os amigos!). Caso não possa adquirir esse aparelho, a solução está nas mãos. Uma madeira está pronta para ser trabalhada se estiver seca e aquecida ao toque das mãos e imprópria para o trabalho se apresentar fria e úmida ao toque. Somente a prática lhe fará hábil em identificar a madeira que estiver no ponto para ser trabalhada. Por outro lado, se tiver o aparelho para medir a umidade da madeira, esta deverá estar entre 8 e 13% de umidade para poder ser trabalhada. Outra solução será conseguir madeira nova e estocá-la pelo período de dois anos ou mais. Neste caso, você a corta em pequenas toras cortadas ao meio, sentido transversal, semelhante ao aspecto de se rachar lenha, só que será uma lenha maior, um pouco maior do que o arco que deseja construir, tire sua casca e sele com algum material vedante, tal como uma seladora, cola de sapateiro ou parafina, os lados extremos da madeira. Isto evitará que rache, secando lentamente e por igual. O ambiente de secagem deverá ser bem ventilado e a madeira não deverá se expor ao sol diretamente.

Outra forma de se obter uma madeira seca para se trabalhar é construir uma caixa de secagem, com lâmpadas para aquecimento, a qual irá secar rapidamente a madeira, porém a qualidade da madeira a ser trabalhada será um pouco inferior, segundo dizem os melhores bowyers.

Partindo do pressuposto que você dispõe de uma madeira já seca para ser trabalhada, deve observar os anéis de crescimento, os quais serão as costas do arco, que ficará do lado oposto ao arqueiro quando estiver atirando. A parte externa da madeira, responsável pela condução da seiva da madeira não será utilizada por ser muito fraca. Então você deve voltar a sua atenção para a parte mais interna da madeira, ou seja próxima ao cerne, de cor escura.

Mike R. Rigazio recomenda que, em se tratando de madeira dura, deve-se retirar a parte externa do tronco que está diretamente abaixo da casca, mais clara e voltar-se para a parte logo abaixo, que é mais escura, perto do cerne. Se a madeira usada for branca, ou clara, não há necessidade de se excluir tal parte.

Todo cuidado para com a madeira ao confeccionar o arco é pouco. Você pode danificar, desbastar errado e enfraquecer o arco. Os “nós” que aparecem na madeira também é um ponto crítico para o arco. Se o nó da madeira ficar na extremidade lateral da superfície do arco, ou seja, na beirada, com certeza o arco quebrará. No entanto se o nó ficar no meio da lâmina, mesmo a parte central do nó saindo e deixando um buraco, tem solução. Você tem que usar uma furadeira e tirar fora o nó. Se o nó da madeira for maior do que o diâmetro de um giz de escola, esqueça. Não use a madeira. No entanto se for do diâmetro de um giz de escola ou menos, retire o nó com a furadeira e, a seguir, confeccione um “Dutchman plug”, ou seja um pedaço da mesma madeira, nas mesmas dimensões, com o anel de crescimento voltado para o lado longitudinal à lâmina do arco, que é o lado mais forte do “Dutchman plug” e cole-o no lugar com uma boa cola de madeira ou de couro.

Embora haja caso de arcos com um buraco no lugar do nó que tenham tido vida longa, com o tempo, se não fizer este reparo, irá levantar pequenas lascas de madeira em volta que logo irá danificar o arco. Os turcos tiravam fora o nó e colocavam no lugar uma pequena bucha de sinew (tendão de animal) colada com cola de couro. Os turcos ficaram famosos pelos arcos compostos (madeira, sinew, cifre de búfalo d’água) pequenos e potentes de até 110 libras de força, que lançavam flechas especiais até 800 metros!

COMO FAZER

O material que irá utilizar para confeccionar o arco será uma morsa grande (nº4), guarnecida com um pedaço de tapete liso (desses que se usa para forrar a carroceria de camionetas) de borracha ou um bom pedaço de couro para não estragar a madeira ao prendê-la na morsa, fita métrica, uma régua de metal, paquímetro (para as medidas de espessura), lápis de marceneiro ou uma boa caneta ponta porosa, uma machadinha bem afiada para desbastar a madeira, uma raspadeira, uma raspilha e lixas. Você também pode prender a madeira em um banco comprido e sem encosto, com dois grampos de rosca chamado “sargento” e trabalhar em cima da madeira com uma enxó. Uma grosa e uma lima redonda também será de boa valia.

Nos Estados Unidos os bowyers usam uma ferramenta muito rara por aqui mas que é de extrema valia: a “drawknife”. Consiste em uma lâmina de aço, com um único fio, bem afiada, com dois cabos nas extremidades.

Pode-se fazer uma de forma caseira, aproveitando a folha de uma lima de 20 a 30 cm. Para fazer o fio e o lugar de se colocar o segundo cabo será necessário destemperá-la e depois temperá-la novamente. É um trabalho exaustivo, porém de extrema valia para quem estiver disposto e quiser ser um verdadeiro bowyer. Acho mais simples importar uma. Já vem afiada e pronta para uso. Muito provavelmente poderá ser achada em lojas especializadas em ferramentas importadas de marcenaria, em São Paulo – SP.

Primeiramente você deverá trabalhar as costas do arco (a parte oposta à face do arqueiro quando está atirando).

Lembre-se de duas coisas de extrema importância:

1) as fibras da madeira deverão estar no sentido longitudinal para que o arco tenha força e não se quebre facilmente.
2) os anéis de crescimento da madeira deverão estar como originalmente na madeira: uma sobre a outra (efeito mola). Portanto não faça cortes transversais na peça escolhida para o arco.

Caso não tenha uma peça em bom tamanho para se fazer um arco, você poderá improvisar, com sucesso, o que se chama de junção em “cauda de peixe”, o que é nada mais nada menos do que a junção de duas peças de madeira em recorte próprio semelhante à cauda de peixe, colando-as fortemente e, para reforço, introduzindo um pinho de metal na parte central da junção. Esta junção tem dois cortes próprios, os quais deverão ser efetuadas, para melhor feitio, já que serão encaixadas entre si, em uma serra de fita. Após a colagem das peças de madeira uma na outra, dá-se prosseguimento ao desbaste da peça para se chegar à forma do arco. O punho deverá estar situado justamente na junção das peças, e o pino de metal (o qual poderá ser um prego destituído da cabeça e da ponta) colocado com cola somente após o desbaste para se chegar ao punho.

Após tirar a parte abaixo da casca da madeira, você deverá chegar a uma forma bem aplainada da madeira.

O passo seguinte será, com um lápis de marceneiro ou uma boa caneta ponta porosa, marcar as medidas do arco nas costas da madeira, primeiramente traçando uma linha longitudinal central. Depois marque o centro do arco no sentido transversal e, após, as medidas de desbaste até a ponta das lâminas onde será feito o “nock” (parte onde é encaixada a corda do arco). Com as medidas postas nesta parte da peça de madeira, estará então desenhado o arco em si, pois unindo as medidas chega-se ao desenho do arco na peça.

Após efetuar as marcas da medida, deverá virar a madeira e trabalhar o ventre do que será o futuro arco. Marque o centro do futuro arco e comece a desbastar a partir daí, uma metade de cada vez. Quando tiver chegado próximo a parte mais grossa do futuro arco é hora de fazer as marcas das medidas de espessura.

Tire a madeira do suporte de sargentos ou da morsa e, aproveitando as marcas feitas nas costas do futuro arco, marque as medidas de largura e espessura. A partir daí, trabalhando o ventre e os lados do futuro arco, é melhor usar um paquímetro, sempre auferindo as medidas para dar o caimento perfeito e simultâneo de cada medida. O trabalho é maior quando se faz o desbaste com o punho do arco na própria madeira (é a parte mais espessa do arco). Se o punho for colado após, o trabalho de desbaste é mais rápido. Contudo, como o punho colado é algo mais complicado, fixaremos nossa atenção no punho esculpido no próprio arco.

Quando o desbaste está muito próximo das medidas de finalização e a madeira já apresentar uma forma tosca do futuro arco, é hora de mudar para uma raspadeira de metal ou vidro e ir, com paciência, fazendo os desbastes até chegar a forma final do arco. É um trabalho muito especial e paciente, pois qualquer erro nas medidas poderá enfraquecer ou arruinar o arco.

Com a forma tosca do arco, é hora de se fazer um nock (lugar onde encaixa as cordas) provisório e, com uma corda de nylon, em tamanho maior do que o arco, fazer uma amarra simples nas extremidades do arco e, segurando no punho do arco, puxe levemente a corda e verifique se ambas as lâminas estão se curvando por igual.

Caso tenha disponibilidade ou tenha intenção de se tornar um bowyer, pode utilizar um ótimo método para auferir a curvatura das lâminas. Embora simples, requer um certo trabalho. Se tiver uma garagem, ou mesmo um cômodo onde você trabalha sua oficina de hobby, e dispor de um poste de madeira ou uma pilastra, ou mesmo a própria parede do lugar, parafuse nela uma lâmina de compensado de 1,90 m de largura por 1 m de altura e cole cartolina em toda a sua extensão. A seguir, risque um quadriculado de em toda a sua extensão. Este quadriculado poderá ficar a seu critério, dependendo do mais fiel possível irá querer averiguar a curvatura das lâminas. Eu creio que retângulos de 8×4 cm é mais do que suficiente para o serviço. A seguir procure o centro exato do painel e parafuse ali, com dois parafusos tipo nº 8 de rosca soberba, um suporte no formato de um triângulo com a parte superior abaulada para assentar o punho do arco, na 2ª linha do início superior do quadriculado. Após, umas duas linhas do quadriculado, contando debaixo para cima, na parte central do painel, alinhado com o suporte para o arco, fixe uma pequena roldana. Lembre-se de que a fixação destes dispositivos deverá ser bem feito para não danificar o painel e, é claro, não acontecer nenhum acidente, como a roldana se soltar pela ação da corda e vier atingir seu rosto e, pior ainda – seus olhos.

Com o painel pronto, ponha o arco no suporte, amarre uma corda de nylon na corda do arco e passe a extremidade da corda pela roldana. A seguir vá puxando levemente e verificando a curvatura das lâminas. Se uma das lâminas do arco não está curvando igual a outra, ou seja, uma estiver curvando mais do que a outra, é sinal de que a que estiver curvando menos deverá ser mais desbastada até curvarem por igual. Se isto acontecer desbaste até conseguir uma simetria aceitável.

Caso não use o painel auferidor de lâminas, o recurso é o mencionado anteriormente, usando as mãos para vergar levemente as lâminas com a mão e os olhos para discernir a simetria de curvatura.

Com as lâminas curvando por igual, é hora de se fazer o acabamento com uma raspadeira de metal ou vidro, e após, passando a usar uma boa lixa para finalizar.

Após este trabalho você já tem em mãos o que se pode chamar de um arco semi-acabado. É hora de se colocar a corda no arco e verificar os pontos que precisam ser mais desbastados. Após este procedimento, se o arco já estiver bem desbastado, dobrando as lâminas, por igual, parte-se para o trabalho de lixa.

Comece com uma lixa de madeira grossa e finalize com uma de granulação fina, a mais fina que puder encontrar. Nesta fase de acabamento o arco começa a apresentar-se atraente e a vontade que temos é a de darmos uns tiros com ele. Calma. Vá devagar. Contenha a sua vontade de puxar a corda do arco até o queixo completamente, principalmente se você tem braços compridos. Lembre-se que o padrão internacional de puxada para arcos simples é de 28 polegadas.

Outra coisa de que deverá se lembrar também que um arco sem nenhuma proteção nas suas costas é um arco 80% quebrado. Assim sendo, a coisa mais sensata a fazer é fazer uma aplicação de couro cru ou sinew (fibra de tendões) nas costas do arco. Isto manterá as fibras da madeira fixas na madeira enquanto é submetido ao “esticamento” pela puxada de tiro. Dos métodos citados, o que mais dará segurança ao seu arco é a aplicação de fibras de sinew. O couro cru é bom mas não tão bom quanto o sinew.

APLICAÇÃO DE SINEW

O sinew, são fibras derivadas dos tendões de animais ativos. Ativos porque se for extraído de animais em confinamento, tipo gado confinado, serão tendões fracos e atuarão de forma inversa no arco, enfraquecendo-o. A função da aplicação de materiais nas costas do arco, como mencionamos anteriormente, é evitar o arco de quebrar, tendo em vista que o auxilia a manter as fibras da madeira nas costas do arco – as quais estão sob tensão quando o arco está em posição de tiro – evitando de se levantarem. Seria mais ou menos “um arrepiar de fibras” tal qual os cabelos do braço quando se está com frio.

O lendário Saxton Pope escreveu que quebrou vários arcos até atender o conselho do último índio selvagem americano, cujo nome era Ishi, de aplicar fibras de sinew no arco.

Mas atente para isso: uma simples aplicação de sinew ou couro cru ou mesmo couro comum nas costas do arco não irá garantir o arco de quebrar se você não estiver seguindo as linhas longitudinais de crescimento na sua peça de madeira ao construir seu arco!

Os tendões do sinew mais usados são os da pata traseira do animal. São maiores do que as das patas dianteiras e rendem mais. A lógica é que o animal dispensa mais energia através de suas patas traseiras ao deslocar-se, em corrida, por exemplo, todo o seu corpo para frente. O ideal seria usar tendões de animais silvestres tais como o Veado. Como a caça no Brasil está proibida, o recurso será apelar para sinew de gado. O tendão de búfalo será ótimo. O tendão que procuramos está localizado na parte traseira da pata do animal, logo acima do casco. Sua cor é branca. Não use quaisquer outros tendões brancos ou amarelados do pescoço ou outro local em que encontre tendão. Use somente o indicado ou o resultado do trabalho lhe deixará frustado.

De posse dos tendões, limpe o mesmo de quaisquer resquícios de carne ou gordura, os quais podem arruinar os tendões, deteriorando-os. Após esta limpeza, coloque para secar durante algumas semanas. Depois de secos terão uma consistência dura e uma aparência de âmbar transparente, os quais deverão ser processados da seguinte forma para se obter as fibras. Com uma pedra de forma achatada e um martelo de madeira, bata em cada tendão até ele se desmembrar em filamentos. O martelo de madeira é a melhor opção para bater o tendão, tendo em vista que não irá estragar os filamentos. Após malhar os tendões, quaisquer sobras de tecido muscular ou gordura ficarão à parte dos filamentos que terão a cor esbranquiçada.

O passo seguinte será obter a cola para a aplicação do sinew. A cola que se deve usar é a cola obtida do couro. Não compre cola de couro pronta, mesmo porque é dificílima de se encontrar. Mas isto não é problema. Você poderá obtê-la, fervendo em água pedaços de couro de gado abatido e alguns tendões juntos. Poderá usar cabeças e caudas de peixe também. Demorará um pouco para se chegar ao resultado, já que é uma operação que irá consumir certo tempo, mas compensa. A grossa geléia que sobrar no fundo da panela é cola de couro.

A aplicação do sinew não deverá ser algo imediato à confecção da cola de couro. Deixe a cola secar e descansar na geladeira uns três dias antes de processá-la para aplicação. Enquanto isto verifique se o arco está curvando simetricamente, faça os devidos desbastes nos pontos que precisarem de ajuste. Use sempre uma corda mais longa do que o que irá usar no arco quando pronto, lembrando sempre de não puxar muito a corda, senão todo o trabalho estará arruinado.

Quando tudo estiver pronto, coloque o arco em uma morsa forrada com um couro grosso ou borracha (a borracha costuma deixar a madeira do arco manchada; dê preferência ao couro grosso) com as costas voltadas para cima. Passe um pano embebido em acetona para tirar quaisquer resquícios de gordura.

Misture as granulações de cola de couro em uma panela ou marmita velha que tiver em casa com água quente e espere reconstituir a consistência de uma sopa média, nem tão grossa, nem tão fina. Aqueça a cola de couro de forma que você possa pegá-la confortavelmente com os dedos, o que deverá ser uma temperatura em torno de 48 a 54 graus centígrados. Atenção! Se a cola estiver quente demais irá cozinhar o sinew tornando em uma consistência emborrachada e ficará imprópria para o uso!

Aplique, a seguir uma camada bem liberal de cola nas costas do arco. Se puder conseguir algum amigo para ajudá-lo nesta tarefa, será muito bom, pois é um serviço em que irá molhar ambas as mãos com a cola.

Pegue um dos sinews desfibrados e coloque-o na cola de couro quente, mexendo-os na cola alguns segundos até que fiquem de consistência macia. Tire o sinew da panela e, com os dedos, retire o excesso de cola. Aplique então sobre o arco partindo do centro do mesmo, na altura do punho, para as pontas. Tome o cuidado especial de aplicar o sinew em camada grossa, mas espalhe-o bem em camada fina sobre as costas do arco. As rebarbas poderão ser lixadas após a secagem do sinew. Ao chegar nas pontas, envolva as pontas com um pouco de sinew para fixá-lo bem e evitar que descole, em caso de alguma falha nessa área.

Após aplicada a primeira camada de sinew, pincele outra mão de cola de couro e, de imediato, passe a aplicar outra camada fina de sinew. Após esta tarefa, deixe o sinew aplicado descansar alguns minutos e então envolva cuidadosamente todo o arco com uma atadura. Este procedimento não necessário, contudo, faz com que o sinew fique mais bem assentado e tenha uma melhor aparência.

Agora aguarde a cola de couro e o sinew secar completamente uma ou duas semanas e aplique uma terceira camada de sinew. Se duas camadas de sinew é o que você quer então aguarde o arco secar duas semanas inteiras em um local bem seco e ventilado.

Tendo secado o arco e o sinew por duas semanas, retire a bandagem. Se a bandagem não quiser sair, lixe-a totalmente com uma lixa grossa e ponha uma corda mais longa no arco para verificar se as lâminas estão curvando simetricamente. Se o arco não parece estar suficientemente forte, aplique outra camada de sinew. Se estiver forte demais, retire mais madeira do ventre do arco (a parte que fica voltada para sua face quando em posição de tiro) com uma raspadeira.

Se o sinew estiver bem seco e as lâminas do arco estiverem curvando simetricamente, você poderá encordoar o arco e fazer, com segurança, o primeiro tiro. Após esta primeira série de tiros o sinew sofrerá uma certo assentamento e o arco perderá um pouco a sua força, mas não muito.

Se você lixou o sinew nas costas do arco, você deverá cobri-lo para evitar que as fibras do sinew se levantem como cabelo arrepiado. Qualquer espécie de couro fino servirá. Couro cru, couro de cobra ou mesmo de algumas espécies de peixe poderá ser aplicado. Contudo deverá atentar para a questão de se usar sempre cola de couro e esperar duas semanas para secar completamente antes de atirar com o arco. O que se precisa deixar bem claro aqui é que o processo de elaboração do arco primitivo não é algo assim industrial. É primitivo mesmo e como as coisas antigamente caminhavam de forma mais devagar do que os dias hodiernos, demora certo tempo para submeter a nossa mente a um processo lento de se fazer as coisas.

Aliás, eu, pessoalmente usaria o termo mais apropriado para deixar um arco com sinew aplicado descansar: cura. O arco tem que curar tal como um bom queijo.

TOQUE FINAL NO ARCO COM SINEW APLICADO

Esta é uma parte de suma importância para que o arco tenha maior durabilidade. Como é uma peça elaborada com materiais naturais e com aplicação de produtos base de água, a umidade é o seu maior inimigo. Os índios americanos tornavam o arco resistente à umidade esfregando várias demãos de gordura de urso ou outros tipos de gordura animal. Os europeus usavam o se chama de “French polish”, que a combinação de óleo de linhaça e goma-laca. Esta mistura em igual parte de óleo de linhaça e goma-laca deverá ser esfregada no arco em mais ou menos uma dúzia de vezes para se obter uma proteção satisfatória. Os mais modernos bowyers, apesar de arqueiros primitivos, dão uma boa cobertura de poliuretano. Especial cuidado deverá ser dispensado aos nocks (lugar onde encordoa-se o arco).

Com o arco pronto talvez gostaria de dar um toque de classe no mesmo, calçando o punho com couro. Uma vaqueta seria ótimo. O couro poderá ser colado ou, de preferência, costurado, à mão, no punho do arco. Isto lhe dará uma maior confiança na empunhadura. A costura deverá ser efetuada com duas agulhas e linha de sapateiro grossa, semelhante as que usam para costurar bolas de futebol.

APLICAÇÃO DE COURO CRU

A aplicação de couro cru segue um processo semelhante. Poderemos chamar de couro cru para aplicação em arcos, não aquele couro de gado ou animal silvestre seco. É uma espécie de couro especial clarificado, meio transparente muito usado para confeccionar maletas de couro de excelente qualidade. Temos informações de uso bem sucedido daqueles couros industrializados na forma daqueles ossos grandes para cachorros fortalecerem seus dentes tentando roê-los.

O couro cru é um material inerte. Inerte pois não irá adicionar, como o sinew, força alguma ao arco. Poderá até diminuir um pouco a força do arco.

A relação custo/benefício da sua aplicação é somente uma: irá manter as fibras da madeira no seu devido lugar evitando de quebrar o arco, se, e somente se, você seguir o sábio conselho de, ao desbastar a peça de madeira para fazer o arco, seguir as linhas dos anéis de crescimento da madeira. Se você cortou-a transversalmente ou em uma determinada parte do arco você desviou de seguir esta recomendação, o couro cru pouco ou nada poderá fazer para salvar seu arco e você ficará frustado.

Portanto se você tem a intenção de fazer uma aplicação de couro cru no seu arco – siga esta recomendação e o mais importante: em face da perda de força do mesmo, altere as medidas do arco para fazê-lo mais forte. Se ficar mais forte do que você possa vergá-lo, é só desbastá-lo no ventre até chegar ao seu ponto ideal.

Você precisará de duas tiras do couro cru cortadas um pouco mais largas do que o seu arco e pelo menos a 50% maior do que cada lâmina. Mergulhe as tiras em água morna por uma meia hora para que amoleçam. Enquanto elas ficam de molho, você pode ir preparando as costas de seu arco para receber a aplicação, raspando e lixando com uma lixa grossa.

Fixe então o seu arco em uma morsa com a sua barriga para baixo e aplique a cola de couro em toda extensão de suas costas. Não use epoxi. Não funcionará.

Use sempre cola de couro elaborada naturalmente. Aplique também uma demão de cola nas tiras de couro. Fixe o couro nas costas do arco e aplique outra demão de cola por cima e retire o excesso com os dedos. Semelhante à aplicação com sinew, envolva o arco todo em uma bandagem larga para assentar perfeitamente o couro nas costas do arco. É uma operação bem lambuzada, mas necessária. Os excessos de cola e couro poderão ser lixadas depois.

Lembre-se: a cola de couro leva cerca de uma semana ou mais para ficar completamente seca!

A finalização do processo é a mesma da aplicação do sinew.

A vantagem de se fazer um arco maior do que o normal é a seguinte: se o arco ficar muito fraco e não se puder desbastar muito o seu ventre, você tem ainda uma última alternativa: poderá remover uns três ou seis centímetros das pontas. Com isto ele ficará mais forte.

Outro ajuste importante que poderá ser feito no arco é a correção da lâmina. Se a lâmina do arco, quando o mesmo estiver encordoado, estiver virando para um lado, deslocando a corda fora do eixo central do arco, retire um pouco de madeira na lateral oposta. A lâmina do arco torcerá para o lado mais fraco. Faça isto com moderação até a corda voltar ao eixo central, um pouco de cada vez e vá checando até conseguir a correção desejada.

A CORDA DO ARCO

Os antigos arqueiros ingleses e índios americanos usavam para elaborar a corda de seus arcos o sinew torcido, couro cru, seda, e outros estranhos materiais, até mesmo algumas raízes fibrosas. O índio sul-americano também usa fibras muito parecidas com o sisal. Hoje confeccionar uma corda para um arco primitivo é um trabalho extremamente cansativo (o próprio arco o é) e somente compensará palmilhar por esse caminho se você for extremamente fundamentalista, um purista.

Por outro lado é bem mais simples optar para materiais mais modernos neste caso, como o Dacron B50, um derivado do polyester. O material mais moderno é o Fast Flight. Contudo para arcos primitivos é um autêntico destruidor de nocks, quebrando as pontas dos arcos.

Outra opção seria o Kevlar. Contudo, o ideal é você pedir a um amigo arqueiro que possua um Jig (gabarito) para se confeccionar cordas para arco para, quando aprender, você fazer sua própria corda. Porque batemos nesta tecla? A razão é simples. Se confeccionamos um arco fraco, uma corda de poliester será o suficiente. Contudo em arcos de 35 libras de força em diante, este material será impróprio para o uso, sendo esticada demais pela força do arco e irá, com certeza rebentar, e o encordoamento de arco com cordas mais grossas não deixará você encaixar o nock da flecha. Portanto, nada melhor do que usarmos uma corda confeccionada com material moderno.

O arqueiro enche de ar os pulmões, prende a respiração, olha o alvo com a concentração que o tiro requer e relaxa os dedos, liberando a flecha, que, por sua vez, acerta o alvo com precisão. Isto pode não acontecer se você, um primitivista que convicção, ou por economia, não confeccionou a flecha com carinho, de forma a ter o balanço necessário para o vôo correto.

A MADEIRA

Embora, nos dias atuais, os materiais usados para elaboração de flechas estejam, de forma fantástica, extremamente modernos, que vão do alumínio aeronáutico ao grafite e carbono, extremamente resistentes, sobremaneira duráveis, iremos nos ater ao mais simples e original elemento para a elaboração de nossas flechas: a madeira. Isto porque o arco primitivo requer, em sua essência, uma flecha que “case” com sua característica original. Arco de madeira – flecha de madeira. É claro que você pode optar por atirar com flechas de material moderno e a performance poderá ser até melhor. Alguns tradicionalistas mais iminentes atiram com flechas de alumínio e fazem muito bem (ótimamente bem, eu diria), como o famoso Bayron Ferguson. Mas, o elemento chave da questão é o prazer de você atirar uma flecha que você mesmo fez. E, se ela tiver uma trajetória perfeita, conforme você espera que tenha, a satisfação é indescritível.

No Brasil, temos várias madeiras pela qual você poderá optar. Você poderá iniciar com o Pinho de Riga, muito usado em cartelas de tecidos, e passar pelo Cedro, Pau-Brasil (usado também na confecção do próprio arco) e a aromática e bonita Cerejeira. Em minha experiência, o pinho é muito fácil de trabalhar. Para principiantes, é o melhor. É excelente para arcos de menor potência. Contudo, não perdoa as más “largadas” (quando você relaxa os dedos para soltar a corda do arco, ao atirar). A mais tolerante e resistente, de todas que experimentei, foi a Cerejeira. Muito cheirosa e de uma cor amarelada, ela é extremamente flexível e a que mais tolerou minhas más largadas, quebrando menos.

O PARADOXO

Quando você puxa a corda do seu arco e mira o alvo, imagine uma linha que se inicia na rabeira (nock) e vai até a ponta da flecha. Estendendo esta linha imaginária até o alvo – ela passará à esquerda do alvo. Veja bem, neste caso você não é um arqueiro canhoto. Se for, a linha imaginária passará à direita do alvo.

Arcos primitivos, principalmente o estilo longbow, não são arcos de tiro centralizado como os arcos compostos modernos. Você passa a flecha ao lado do arco e a flecha é atirada lateralmente ao arco e não no centro do arco.

É o paradoxo: a flecha, ao ser atirada, começa por ser apontada fora da lateral do arco, flexiona como um peixe até sair do arco – e voa reta em frente.

Se a flecha não tiver esta flexibilidade, ela irá chocar-se contra a lateral do arco e, em vez de cessar a flexão, ela irá se flexionando para um lado e para outro (ela vai para um lado, a pena tenta estabilizar e a flecha volta para outro lado, e vice-versa) até o alvo, em tal impacto em forma lateral que, ao penetrar no alvo, irá pender-se de tal forma para um lado e poderá quebrar-se, em vez de apenas vibrar, tendo em vista a força cinética impetrado pelo arco. Se não quebrar, irá ficar pendida de lado, em vez de ficar reta, alinhada com o alvo.

AS VARETAS

Qualquer que seja a madeira escolhida, o importante é você se certificar se ela está bem seca (não muito seca, pois quebrará com facilidade), e cortada seguindo as linhas de linhas de crescimento do tronco da madeira, como no caso do corte para arco. Seguindo este processo, será resistente e não emborcará tão fácil. Se a madeira estiver úmida, ela emborcará facilmente, arruinando a flecha.

Primeiramente, você precisa conhecer o tamanho das flechas que irá precisar. De posse de seu arco, uma fita métrica em polegadas (ou centímetros), e um amigo, segure o seu arco como se fosse atirar (não precisa encordoar o seu arco), puxando a fictícia corta do arco até o seu queixo, ou até onde você costuma puxar para atirar (varia de arqueiro para arqueiro) e peça ao amigo para medir do punho no arco até os seus dedos no queixo. Adicione duas polegadas para a ponta (ou os centímetros correspondentes. Eu uso polegadas por pura comodidade. É o sistema métrico usual no arqueirismo mundial).

O diâmetro da flecha vai depender da potência de seu arco. Se for um arco muito forte, diâmetro maior, é a lógica. Levando em conta que você é iniciante e, com certeza, o seu arco primitivo estará em uma potência entre 30 a 50 libras, o ideal é usar uma flecha de diâmetro de 5/16 a 11/32 polegadas. Isto é, entre 7,93 mm a 8,73 mm de diâmetro. Se usar pontas de alvo de aço (field points) prontas para uso, vendidas em lojas do ramo, irão servir, com um pouco de adaptação.

Neste caso, o ideal é saber qual o diâmetro correto de suas flechas antes comprá-las.

O próximo passo é você elaborar um Jig (gabarito). Veja bem, os termos em inglês são usados aqui para você ir se familiarizando com a linguagem mundial do arco e flecha, já que nós, brasileiros, estamos assimilando o know-how milenar deles no esporte, e você, caso queira se enveredar pelo mundo da internet, irá encontrar muita coisa …..na língua inglesa!

O Jig em questão aqui é o de uso muito antigo, bem medieval. É chamado, em inglês, de “Shuting Board”. Consiste em dois caibros de madeira de cinco centímetros de largura cada um, pelo tamanho da flecha que você irá confeccionar. Cada caibro sofrerá, em uma das extremidades, um chanfro, no sentido longitudinal, em forma de cunha, os quais, quando ajuntados, com os chanfros de maneira oposta entre si, terão uma profundidade de 6,5 centímetros, mais ou menos. Lança-se mão de uma pequena placa de madeira cortada na forma quadrada de 10x10x2 centímetros e cola-se em uma das extremidades dos caibros.

Você poderá parafusar, se quiser, não importa a forma de unir os caibros e a placa de madeira. Olhando de cima, o Jig deverá estar parecendo uma canaleta em profundidade triangular, devido aos chanfros, com uma das extremidades da canaleta livre e a outra tampada pela placa. A finalidade da placa é frear a vareta, em uma das extremidades, para aparelhá-la.

Para cilindrar uma vareta de 1,5×1,5 de espessura – é bastante simples:

1) Ponha a vareta na canaleta
2)
Aplaine uma quina da vareta com uma raspadeira (poderá usar até um caco de vidro, mas, cuidado! Lembre-se que se você cortar algum tendão dos dedos, pode dizer adeus ao arco e flecha!)
3)
Vire então a vareta um quarto de volta e aplaine a próxima quina
4)
Faça isto novamente até ter 8 quinas na vareta
5)
Idem até ter 16 quinas e assim por diante.

Faça uma averiguação do diâmetro constantemente. Quando você tiver a vareta o mais cilíndrico possível, lixe bem a vareta. Não se preocupe se a vareta não ficou perfeitamente cilíndrica. As imperfeições internas-esportes da madeira afetam muito mais o vôo da flecha do que uma pequena área externa imperfeita. Mas se você quiser uma vareta o mais próximo do ideal, você tem mais um recurso. Faça um segundo pequeno Jig que consiste em um furo, em uma pequena peça de madeira de 8x3x2 cm, na medida do diâmetro da flecha que você deseja (uma broca de furadeira na medida certa, adquirida em uma loja própria facilitará isto).

A medida em que for lixando a vareta, passe a vareta pelo furo do Jig feito e vá checando as bordas. Onde a vareta não passar pelo furo, marque com um lápis e lixe até conseguir passá-la pelo furo do Jig. Faça assim até a vareta passar livremente pelo furo, sem impedimento e a vareta estará o mais próximo do ideal.

Outro recurso para fazer varetas cilíndricas de flechas é bem mais moderno e bem mais cômodo, mas muito mais caro. Consiste em você encomendar a um torneiro mecânico que faça um torno para cabides, mas com as facas apropriadas para sua medida de diâmetro de suas flechas. Adicione um bom motor elétrico e uma bancada e pronto. Creio eu que um arqueiro primitivista irá pautar pela solução mais barata e recompensadora, embora mais trabalhosa.

RABEIRAS (NOCK’S)

A rabeira (nock: atenha-se ao nome em inglês, pois poderei usá-lo tanto um como outro), é o lugar onde a corda do arco assenta-se para transmitir à flecha a energia estocada pela “mola” retesada de seus braços (braço: parte superior e inferior de um arco, acima e abaixo do punho). Essa energia transmitida pela corda é que irá impelir a flecha. É extremamente brusca nos arcos primitivos, decrescendo sua força à medida que a corda volta ao repouso. Nos arcos compostos modernos, os quais usam roldanas para estocar a energia acumulada pelos braços do arco, o sentido é inverso devido ao let-off (let-off: é a quebra brusca de potência/energia que as roldanas do arco composto concedem ao arco, diminuindo a sua força em 50, 60, 65 e até mesmo 80% de sua potência total). Nesses arcos, quando solta-se a corda, a potência do arco é retomada de força brusca, porém aumentando sua velocidade gradativamente até o máximo, o que ocorre até finalmente a corda encontrar-se em repouso. Assim, depreende-se que, com estes mecanismos, se dois arcos de igual potência, um primitivo/tradicional e um composto, o arco composto lançará a flecha a uma velocidade maior, embora a potência seja similar ao arco primitivo ou tradicional.

Em face desta enorme energia transmitida à flecha ser aplicada ao nock, este necessita ser fortalecido, pois, do contrário, não resistirá. Se uma corda cortar a flecha ao meio, pela sua desguarnecida rabeira, a energia que haveria de ser transmitida à flecha é aplicada ao arco danificando-o, tendo a sua corda partida, para dizer que este seria o mínimo dano provável.

Há várias formas pelas quais se pode fortalecer o nock. No entanto, antes de fazê-lo, como abrir o nock na vareta da flecha?

Primeiro ponto: você precisa obedecer às linhas de crescimento da madeira. Isto é, lembre-se sempre de uma camada de molas uma sobre a outra. São os anéis de crescimento da madeira. Cada anel, um ano de vida. Por isto as madeiras com uma camada de linhas mais condensada umas às outras são mais fortes e resistem mais à quebra, pois são mais flexíveis.
Segundo ponto:
se você cortou as varetas das flechas obedecendo este critério, como foi recomendado no princípio, pegue uma vareta e escolha o lado que irá ser a ponta e a rabeira. Escolhido o lado, observe as linhas de crescimento da madeira. Elas deverão parecer como várias camadas umas às outras, como especificado. Observando as camadas no sentido horizontal, trace, com o lápis, no sentido vertical contrário às linhas, o lugar em que irá abrir o nock.
Terceiro ponto:
Com a linha para o nock marcado na vareta, pegue três ceguetas (lâminas de serra 18 ou 24 para cortar metais) e prenda-as juntas com uma fita adesiva. Elas abrirão um corte de 3/32”, aproximadamente, na vareta. Antes, marque a profundidade, com um lápis, de aproximadamente 3/8”. Você pode optar por ter um nock mais profundo nas suas flechas, garantindo que não vão escapulir da corda.
Quarto ponto:
Prenda a vareta em uma bancada de serviço ou em uma mesa de cozinha, com um sargento (clamp), daqueles usados em marcenarias. Tenha o especial cuidado para que os sargentos não danifiquem a vareta, tão cuidadosamente elaborada. Cubra-a com um pedaço de couro ou borracha macia, antes de prendê-la com o sargento. Se você tiver uma morsa, tudo bem. Os cuidados para não danificar a vareta são os mesmos.
Quinto ponto:
Com as três serras atadas com fita adesiva (aquelas usadas para tapar buracos em tênis dos filhos adolescentes são ótimas!) faça, cautelosamente, o corte do nock, em medidas laterais iguais (ponha as serras em cima da vareta e, centralizando, risque com o lápis de um lado e do outro) para não fazer um lado do nock mais fino que o outro, até a profundidade desejada. Faça isto com as varetas restantes. Dica: treine antes em uma vareta que foi descartada, para você sentir-se seguro e não prejudicar todo o trabalho nas varetas.
Sexto ponto:
Com a abertura do nock pronto, de posse de uma lima tamanho médio, você passa então a dar o acabamento nas bordas da madeira, no fundo do corte, aplainando bem. Feito isto, com uma lixa de granulação fina finalize o serviço.
Sétimo ponto:
O ponto mais fraco de um nock não reforçado é o leito, onde a corda faz o contato com a vareta. Se o nock falha é no leito que ele racha. Portanto é de extrema importância você reforçar o nock. Há várias maneiras de reforçar o nock, mas a mais simples é você passar uma linha de espessura duas vezes mais grossa do que uma linha de costura, de preferência aquelas usadas em confecção de estofados de carros. Primeiramente enrole, de forma simétrica (não faça um novelo de lã, enrole cada volta corretamente) a base do nock para firmar a linha. Depois passe a linha no leito do nock e de cada lado, simetricamente, até você sentir que está firme e apresentando bem à vista. Desça simetricamente cerca um centímetro e meio e fixe a ponta com uma fita adesiva.
Oitavo ponto:
Prepare uma cola epóxi de secagem rápida, tipo 5 minutos e aplique sobre a linha, cobrindo toda sua extensão. A finalidade é fixar não só a ponta da linha, mas proteger todo o enrolamento. Pronto. Você agora dispõe de um nock durável. Agindo assim, você vai notar que a flecha pode até quebrar, estragar, perder as penas – antes de estragar o nock.

Existem outras formas de se reforçar os nocks, usando, inclusive a técnica de se fazer uma cunha de madeira dura e inserir na ponta da vareta antes de fazer o nock. É trabalhoso, mas eficaz. A forma anterior é mais fácil de se fazer.

ENDIREITAMENTO DA VARETA

Um dos maiores problemas encontrados por aqueles que usam flechas de madeira é a facilidade com que elas se entortam com a ação do tempo e umidade. Isto pode ser resolvido com alguns cuidados, os quais o arqueiro primitivista deve prestar especial atenção.

Existem duas maneiras de endireitar uma boa vareta de flecha. A forma mais primitiva possível, consiste em você acender uma chama no fogão de cozinha, ou qualquer outra forma de se obter uma chama segura e sobrepô-la, a uma distância que não chamusque a madeira da vareta. Com o esquentamento, as fibras da madeira tornam-se maleáveis, apropriadas para você endireitar. O trabalho é todo feito no “olhômetro”, pois você submete o local torto da vareta ao calor e aplica uma força regular naquele lugar, tomando cuidado para não quebrá-la. Fazendo assim, a madeira assumirá uma forma retilínea.

Outra forma de se endireitar uma vareta torta é você confeccionar um gancho de metal, não ferroso, na forma e tamanho de um gancho de cabides e inseri-lo em um cabo de madeira. De posse de uma vareta torta, marque o ponto mais torto da vareta com um lápis, vire a parte torta para cima e, com o gancho – esfregue-o, friccionando rapidamente para obter calor e forçando-a para baixo simultaneamente. Aos poucos você notará que o calor obtido pela fricção do gancho na madeira e a pressão no sentido antagônico à parte torta – irá tornando a vareta reta.

Com suas varetas prontas, uma dúzia mais ou menos, você desejará mantê-las protegidas da umidade, impedindo que elas entortem novamente. Você tem um caminho seguro a trilhar para obter este resultado. Não perca tempo passando leo de peroba ou qualquer outro óleo nas varetas. O melhor caminho é você usar uma seladora de boa qualidade, destas que se compram em lojas para marcenarias. Uma boa esfregada de acetona para tirar a gordura superficial da madeira e mais umas duas demãos de seladora, acompanhadas de uma boa lixada farão com as varetas fiquem protegidas contra a umidade. Os americanos usam um conteiner cheio de seladora, no qual deixam as varetas imersas por 12 a 24 horas e as retiram para secar. É claro que a imersão dará total garantia contra umidade. Eu, pessoalmente, usei a primeira opção sem maiores problemas com umidade. Se uma das flechas, devido ao tempo, teimava em entortar-se, eu simplesmente esquentava-a ao fogo e a desentortava. Estava pronta para ser usada.

PONTAS

Hoje temos vários tipos de pontas, para alvo estático, à venda em lojas de materiais para arco e flecha, nacional e estrangeiras. Você pode mandar fazê-las em um torneiro mecânico ou adquiri-las prontas. Os primitivos arqueiros usavam do osso ao metal. Todas funcionando muito bem, com algumas restrições.

Como você irá querer uma durabilidade maior nas pontas de treino, será bom comprar as “field points” para suas flechas. Caso você quebre alguma flecha, poderá retirá-las da vareta esquentando a ponta no fogo e puxando com um alicate. Cole-as sempre com Araldite.

As pontas de treino tem uma vantagem: você pode aproveitá-las para fazer pontas de caça. O processo é simples. Primeiramente você necessita de encontrar aquelas tiras de aço grossas que as firmas que vendem tubos de irrigação e canalização de grosso calibre, a usam para transportá-las. As molas de portas de aço são inviáveis. São extremamente endurecidas para a finalidade que se propõem e não há serra que as serre sem primeiro destemperar.

Serre, então, com uma cegueta para metal, as tiras de aço em tamanhos 5 ou 6 centímetros. Desenhe, com uma caneta para retroprojetores, uma ponta triangular em cada pedaço.

Note bem: não é apenas desenhar a forma triangular na peça. Meça com a régua o centro, marque, tire uma linha central, das extremidades inferiores da peça trace duas retas até o centro marcado na parte superior e pronto. Mantenha sempre as medidas, as quais podem variar dependendo do tamanho da ponta. Coloque, a seguir, a peça em uma morsa e com uma lima dê o ponto de inicio para a cegueta e serre seguindo as linhas das extremidades desenhadas. Você terá, após o corte, uma peça triangular de 3×5 cm (as medidas variam com o tamanho da ponta que desejar). Separe de lado e faça o mesmo com as outras peças.

Passo seguinte é você dar o primeiro desbaste para o futuro afiamento.

Dica: Para melhor travamento da lâmina na ponta de treino, faça, na base da lâmina, um rebaixamento na medida um pouco maior que a largura maior da ponta de treino, ou seja, a base que vai “vestida” na vareta.

Quando você tiver todas as pontas prontas é hora de trabalhar a ponta de treino. Prenda uma ponta de treino na morsa de forma que a morsa não danifique a parte oca da ponta. Com uma lima, desbaste um pouco a ponta de treino. A seguir dê um pique, com a lima, na ponta desbastada, para abrir caminho para a cegueta. Pegue a cegueta e, com cuidado, abra a ponta de treino o suficiente para encaixar a lâmina de aço.

Note bem: a parte que você irá abrir na ponta de treino é a parte densa e não a parte oca onde encaixa a vareta da flecha! Lembre-se de manter o corte reto, pois se você não tiver mão firme e manter uma trajetória reta com a cegueta, a lâmina não se assentará direito e ficará inutilizada para o tiro.

Possivelmente você terá que usar umas duas ceguetas juntas para que haja espaço suficiente para encaixar a lâmina. Isto feito, encaixe a lâmina e estando tudo de acordo com a especificação, retire a lâmina e fure com uma furadeira elétrica um pequeno furo, da grossura de um prego fino de, no máximo, 2 mm de espessura, na ponta de treino chanfrada. Vaze de um lado a outro. Pegue a lâmina novamente e insira na ponta de treino. Assente ela de forma que não penda para direita ou para a esquerda. A seguir, fure a lâmina através dos orifícios da ponta de treino na qual ela está assentada. Para finalizar, com um pedaço de prego cortado no tamanho certo, insira no buraco travando a lâmina na ponta de treino e uma pequena bigorna ou pedaço de ferro próprio para esta finalidade e martele em ambas as extremidades do pedaço de prego, rebitando-o. Desbaste com a lima ou no esmeril se ficou muito saliente.

Com a ponta pronta, é só afiar. Essas lâminas já vem zincadas e não precisa temperar para endurecê-las, pois sua dureza é suficiente para caça. Só certifique-se de que a lâmina está perfeitamente em ângulo reto com a ponta de treino para que a flecha não se desvie da trajetória. Você sabe, a ponta de caça é, na realidade uma pequena asa delta. Qualquer defeito na asa/lâmina, haverá planeio e desvio de trajetória.

Afie suas pontas como você afia uma faca de caça. Existem, no mercado estrangeiro, alguns artefatos específicos para afiação de lâminas de pontas de caça.

Infelizmente, em nosso país, ainda não há fabricantes para esta artefato, pela óbvia razão de que o esporte (caça), em tese, não existe aqui.

Vale aqui uma pequena observação. Assisti, pesarosamente, um documentário sobre algumas tribos indígenas nacionais e constatei que estavam caçando com revólver e espingarda. Ao ver aquilo, senti um peso muito grande ao notar que os povos estão fazendo viagens inversas entre si, no que tange ao uso de armas para caçar. As facilidades da arma de fogo cativam os índios. Isto significa que a cultura indígena, no futuro, estará restrita somente à algumas danças. Se quisermos arcos e flechas indígenas autênticos, próprias para a caça, teremos que buscá-los junto aos índios Ianomânis, do contrário só teremos arcos e flechas confeccionados, para turistas, pelos Carajás e Xavantes. Tive oportunidade de ver bons arcos e flechas elaborados pelos índios Gaviões e Suiás. Será que esta arte sobreviverá? Enquanto o índio busca a arma de fogo – os civilizados buscam o arco e flecha para caçar.

PENAS

As penas são colocadas nas flechas por uma boa razão: estabilizar a flecha em vôo. Se as penas são colocadas de forma paralela à vareta, a flecha voará reta. Se você aplicar às penas um ligeiro ângulo, a flecha irá girar em seu eixo longitudinal . Isto dará à flecha uma trajetória mais acurada, mas, também, irá gerar mais turbulência. As penas com ligeiro ângulo são melhores para pequenas distâncias de tiros. Penas muito grandes e com ângulo aplicado é impróprio para longas distâncias, pois fará com que a flecha fique sujeita ação de ventos e turbulências. Por outro lado, flechas equipadas com pontas de caça exigem penas de 4 ou 5 polegadas para serem estabilizadas.

Penas são o melhor material de se usar nas flechas. Os índios pigmeus, na África, são tão simples em seu material que usam simplesmente uma folha dobrada encaixada em um rasgo na madeira da flecha. Isto porque suas flechas são atiradas a uma distância muito curta e são, pelo seu pequeno tamanho, envenenadas, para que surja o efeito mortífero.

Para flechas bem tradicionais, o ideal é usarmos penas de pato, ganso ou, melhor ainda, de peru.

Uma regra precisa ser observada: use penas somente de uma das asas. Asa direita ou asa esquerda. Jamais use penas das duas asas em uma mesma flecha.

Aliás, nem mesmo entre uma flecha e outra. Se você tem um jogo de flechas, use todas elas de uma asa só. Penas das duas asas em flechas são incompatíveis entre si. Se você comprar penas importadas, é fácil checar se são todas de asa esquerda ou asa direita. As superfícies superiores e inferiores diferem entre si. Se não forem exatamente iguais, descarte.

Como um bom primitivista, você está de posse de um bom número de penas esquerdas ou direitas, retiradas de algum ganso ou peru descuidado, sem que ele tenha notado. Você pode, então, optar por dois métodos para separar as metades de cada pena.

Método 1: Pegue uma pena pela sua extremidade fina e, com os dedos indicadores e polegares você puxa de forma que uma parte descarta da outra parte em duas metades. Descarte a metade inferior.
Método 2:
Pegue uma pena e prenda-a, pela parte de maior superfície, em duas metades de madeiras lisas e bem retas em uma morsa, ficando a superfície inferior para fora da morsa. Com um estilete você corta um pequeno pedaço da ponta dura da pena e corte fora, com o estilete, a partir da parte seccionada da ponta, a parte inferior da pena.

Após separadas as metades, você tem que preparar a base das penas para que elas tenham uma base bem plaina e aceite o assentamento, com a cola, na flecha. Isto se consegue lixando, com uma lixa fina a base até que fique corretamente plaina, sem imperfeições de corte. Se você a firmar, como no método 2, na morsa, para lixar, o serviço ficará mais fácil e rápido.

Isto feito, você deverá cortá-las no tamanho e desenho desejado. Há uma gama muito grande de desenhos de penas. Mas, a opção por desenhos simples ou mesmo o aspecto natural é desejável, em face da ausência de artefatos para essa finalidade. Os ingleses usavam o desenho muito parecido com os estabilizadores antigos de foguetes, ou seja, começa bem afilado, em um ângulo agudo, e só. Os índios americanos usavam o aspecto natural da pena, com a altura da superfície superior igual do início ao fim.

Para fixar as penas você terá que usar de muita paciência, pois a fixação correta das mesmas compensará sobremaneira o trabalho. Nada mais bonito do que uma flecha voando perfeita ao alvo. Quando conseguir esta performance você se lembrará destas palavras….

Depois de muito apanhar, desenvolvi um método simples para fixar as penas. No entanto, você, mesmo assim, precisará de um prendedor do tipo usado em pranchetas de anotações, ou um desses prendedores de trabalhos de escola, daqueles que são inseridos na margem esquerda de todo o conjunto do trabalho. Estes prendedores tem a faculdade de serem bem leves e prender a flecha de forma que deixa somente a base de fora.

FIXAÇÃO DAS PENAS

Você irá precisar de um cola tudo universal. É semelhante aos cola tubos pvc, porém de consistência mais grossa. O melhor deles é o da 3M. Sua consistência é elástica ao secar, não sai com água e é, aqui no Brasil, a melhor para colar penas.

Material

a) 2 barbantes finos ou linha grossa, cor branca
b)
caneta ponta porosa
c)
uma pequena régua para medidas em centímetros
d)
cola 3M (cola tudo universal)
e)
prendedor para as penas (no tamanho das penas)
f)
relógio
g)
morsa (para prender a vareta)

Passo 1

Limpe bem a área de suas flechas, onde irá colocar as penas, com um pano e acetona. Gorduras são inimigas de colas. Se uma colagem saiu mal feita e descolou penas, e a cola é nova, creia, você deixou gordura no local.

Passo 2

A primeira pena que você irá colar será a pena guia. Pode ser de outra cor ou com uma marca sua, feita com tinta de caneta, para identificá-la na hora de por a flecha na corda. A pena guia é colocada em um ângulo de 90 graus em relação ao eixo do nock, aberto para receber a corda. Ela ficará, quando você for atirar, paralelamente aos seus lábios, se a sua âncora de puxada da corda for junto ao canto da boca. Meça, portanto, com a régua, uns 2,5 cm – a partir da ponta do nock e marque ali um ponto com a caneta.

Passo 3

A partir do ponto marcado, meça a medida da pena. Marque o ponto.

Passo 4

Coloque agora a vareta marcada (marca para cima) em uma morsa para você melhor trabalhar a peça. Não vá danificar a vareta na morsa. Prenda-a com um pedaço de couro ou borracha macia.

Passo 5

Nos pontos marcados pela caneta ponta porosa, amarre agora os barbantes. Um em cada ponto marcado. Não dê nó cego. De um laço tipo laço de presentes, pois você irá aproveitar as marcas efetuadas no barbante para as outras flechas.

Passo 6

Com a caneta ponta porosa (as usadas em transparências de retroprojetores são ótimas) marque no barbante o local da pena guia. Ficará na lateral esquerda do nock, bem centralizada. Faça o mesmo com o barbante nº 2. Pronto. Este será o ponto de partida para você marcar os outros pontos.

Passo 7

Para marcar o 2º ponto, pegue como base a ponta extrema direita superior do nock direito. Note bem: não é o centro da lateral direita do nock, senão ficará igual à pena guia. Ele é no cantinho acima. Se você pegar um transferidor escolar e o colocar deitado na base do nock, com o zero grau ou 360º na marca da pena guia, a próxima pena estará a um ângulo de 120º e assim por diante. As penas estarão distantes uma da outra todas em ângulos de 120º. Com a régua partindo dessa extremidade, marque o 2º ponto no barbante nº1 (é o barbante que está amarrado próximo ao nock). Faça o mesmo, com a régua como auxiliar, no barbante nº 2.

Passo 8

Marque, finalmente, o 3º ponto para fixação da terceira pena no barbante nº1, tendo como base a ponta extrema direita inferior do nock direito. Faça o mesmo no barbante nº2.

Passo 9

Feito isto, você terá referências para as extremidades das penas. Pegue então o prendedor e introduza uma pena nele, deixando a base de fora. Limpe, com acetona, a gordura da base onde irá passar a cola.

Passo 10

Se você é destro, segure o prendedor com a pena, na mão esquerda e, com a direita, firme o bico do tubo de cola na base traseira da pena e passe a cola, levemente e em quantidade pequena, da traseira da pena em direção da ponta. Qualquer excesso de cola aqui é prejudicial. Faça isto com cuidado.

Passo 11

Agora, com as duas mãos, segure o prendedor com firmeza e cuidado e, a seguir, coloque-o nas referências 1 e 2 da pena guia da vareta da flecha e conte 5 minutos no relógio sem se mexer. Pronto. Retire o prendedor simplesmente puxando para o lado direito e ele se soltara da pena guia que estará colada.

Passo 12

Afrouxe a morsa e vire a vareta da flecha na posição superior das próximas referências e repita o processo.

Passo 13

Terminada a fixação das penas, retire a vareta da morsa e desamarre os barbantes. Pegue o tubo de cola e coloque uma gotinha pequena nas pontas e traseiras das penas. Isto evitará que as pontas se levantem, desprendendo-se por qualquer motivo. Agora cheque se estão bem colocadas, se não ficaram com a base levantada ao meio, etc. Se um local não foi cola suficiente, coloque ali uma gota fina de cola.

Completada toda a operação, disponha-as sobre a mesa e observe as simetrias. Este é o momento em que o coração pulsa mais forte e uma satisfação, sem par, toma conta de você. Aquela sensação de auto-suficiência não tem comparação.

Não se esmoreça diante de todo o trabalho de colocação das penas. É de suma importância você se esmerar na fixação das penas, pois todo o trabalho será recompensado quando você for atirar com elas. Um grito de guerra bem alto será o mínimo que você fará ao ver o vôo perfeito de suas flechas. Talvez você entoe um canto de guerra dos índios americanos, em retribuição ao seu milenar conhecimento a nós, pobres civilizados…..

Uma pequena observação: Outro método, talvez mais simples para a marcação da fixação das penas consiste em antes de fazer os nocks (rabeiras), você marcar os ângulos de 120º na vareta.

Caso você queira dar um sentido helicoidal nas penas, para que ela gire a flecha no seu eixo longitudinal, o sistema é simples: quando amarrar o barbante nº2, não o faça apertado.

Então, quando as marcas de 120º estiverem sido marcadas no mesmo, dê um pequeno giro de 1 ou 2 milímetros no barbante (não mais que isto, pois você precisaria de um prendedor curvo para fixar as penas). As pontas das penas, quando fixadas, estarão levemente giradas em relação à suas traseiras.

Mas lembre-se: jamais gire o barbante no sentido inverso ao sentido natural das penas! Gire no sentido natural das penas de asa direita ou penas de asa esquerda.

Que suas flechas encontrem o alvo…..sempre!

Fonte: www.geocities.com

Arco e Flecha

História

A descoberta do Arco não tem data precisa, mas pinturas em cavernas e outros achados arqueológicos comprovam sua utilização desde o Período Paleolítico, Idade da Pedra Lascada.

Foi uma das descobertas mais importantes do homem, comparável a descoberta e utilização do fogo, da linguagem e da roda.

Os Assírios e Babilônios usaram com sucesso o Arco e Flecha em guerras de 3.000 a 539 A.C.

Os Egípcios também fizeram história com arqueiros em charretes.

Um Arco foi encontrado na tumba de Tutankhamon, assim como detalhes em ouro, mostrando o Arco e Flecha, nos seus pertences.

Os Mongóis, com seu líder e grande conquistador Genghis Khan, foram o terror de seu tempo. O segredo de seu sucesso era, além da grandiosa cavalaria, a habilidade com flechas incendiárias (com fogo).

Usado como arma de guerra, caça e pesca, com a descoberta da pólvora, grupos de arqueiros, nobres, reis e rainhas, unidos pela mesma paixão, passando a ter o Arco e Flecha como lazer e até culto religioso, faziam desafios de habilidades e acabaram transformando-o em esporte, que a partir de 1900 em Paris, França, passou a fazer parte dos Jogos Olímpicos, oficialmente, permanecendo no programa olímpico até os Jogos Olímpicos da Antuérpia, 1920, com exceção de 1912, em Estocolmo.

O Tiro com Arco voltou ao programa olímpico em Munique, 1972, e, em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, passou a ter a disputa por equipes.

A Federação Internacional de Tiro com Arco (FITA) foi fundada em 1931, mesmo ano do primeiro Campeonato Mundial.

Alguns países ainda mantém em suas forças armadas um grupo de arqueiros treinados.

Na Guerra do Vietnã, novamente o Arco foi utilizado. Como arma silenciosa, teve seu valor por dificultar a localização do atirador (arqueiro).

Esporte interativo praticado por toda a família, sem limites de idade, com jovens dos 8 aos 80 anos.

Não requer muita força, não interferindo na feminilidade da mulher.

Trabalha a musculatura das costas, ajudando na postura.

No Japão, usado desde os guerreiros samurais, até hoje estudado como arte Zen para o desenvolvimento do ser humano (Kyudo). Citado também no livro “A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen”. Além do milenar Yabusame, arqueiro a cavalo.

Concentração, Respiração, Postura e Relaxamento.

O Arco também inspira romance e poesia. Estórias ou história, quem nunca pensou ou ouviu falar do Cupido, de Robin Hood, Guilherme Tell e da força de um signo como o de Sagitário.

O arco e flecha no Brasil

Nos últimos tempos, aqui no Brasil, o Arco e Flecha, ou Tiro com Arco numa denominação mais correta, é praticado principalmente como esporte e lazer, já que a caça é proibida, no que estamos de pleno acordo.

No esporte é regido pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco e pelas Federações dos Estados filiados, sendo a maior a de São Paulo.

Seguindo regras da FITA (Federation Internationale de Tir a L’Arc), temos três tipos de competições: Outdoor, Indoor e Field; e 3 categorias de tiro: Arco Recurvo com Mira, Recurvo sem Mira e Arco Composto com Mira, temos outra categoria ainda não reconhecida pela FITA que é a de Arco Composto sem Mira, além das divisões por sexo e idade.

O Campeonato Outdoor é realizado em campo aberto e plano, como um campo de futebol. Dependendo da categoria de tiro, as distâncias dos alvos variam, sendo de 90, 70, 50 e 30 metros nas categorias com Mira Masculino e 70, 60, 50 e 30 m. na com Mira Feminino e nas sem Mira. São disparados 144 tiros (flechas) válidos, sendo 36 tiros em cada distância, em séries de 6 flechas nas duas maiores distâncias e de 3 flechas nas duas menores.

O Indoor é realizado em lugares fechados, como um ginásio coberto. A distância é de 18 metros, onde são disparados 60 tiros em dois rounds de 30 tiros, em séries de 3 flechas.

O Field é realizado em lugar aberto mas em terreno irregular, com morros, rios ou lagos e árvores, simulando uma situação de caça. São vários alvos, variando as distâncias entre 5 e 60 metros. São feitos dois rounds, sendo que no primeiro as distâncias não são conhecidas (só se saberá no segundo), em série de 3 flechas em cada alvo.

O arco Recurvo, é parecido com aqueles antigos arcos longos, conhecidos como Longbow, como os que aparecem nos filmes, mas com as extremidades das lâminas recurvadas. Também é chamado Arco Olímpico por ser o único aceito nas Olimpíadas.

O arco Composto utiliza um sistema de roldanas e cabos que auxiliam o ato de “puxar” a corda e armazenar energia para disparar a flecha. Muito usado para caça (infelizmente) até os dias atuais.

O Brasil tenta seu “lugar ao sol” frente aos outros países em termos de Campeonatos Mundiais e Olimpíadas.

A de 96, em Atlanta, ficamos de fora e os motivos são muitos, não são desculpas, mas para se ter idéia: aqui nós temos cerca de 300 atletas (arqueiros) atuantes, enquanto que nos Estados Unidos são mais de 1 milhão; aqui precisamos importar equipamento analisando em catálogos e o dos colegas, lá fora, além das várias lojas, os fabricantes põe à disposição dos melhores atletas todo material para testes, treinamento e competição; em outros países, o esporte amador em geral tem maior apoio, patrocínio e prêmios em dinheiro, podendo um atleta viver do esporte e para o esporte, enquanto que aqui, normalmente é preciso ter uma profissão para auto-sustento, o que toma a maior parte do dia e impede certos cursos e viagens para treinos e competições de alto nível.

Precisamos crescer, divulgar e difundir este Esporte tão pouco conhecido da maioria dos brasileiros.

MODALIDADES E EQUIPAMENTOS

Modalidades

Outdoor
Indoor
Field
Ski-archery (esqui)
Clout
Flight

Existem duas modalidades de Arco aceitos pela FITA: o Arco Recurvo e o Arco Composto.

O Arco Recurvo ou Olímpico é um arco cujo principio de funcionamento corresponde aos arcos tradicionais utilizados desde os tempos antigos é constituído basicamente por uma empunhadura, um par de lâminas e uma corda, obviamente completados por modernos acessórios hoje existentes no mercado, tais como alças de mira, estabilizadores frontais e laterais, botões de pressão, cliclers e outros.

Também conhecido como arco olímpico, por ser o equipamento usado para as disputas Olímpicas, nada mais é do que uma evolução do arco tradicional assumindo alguns aparatos, tais como: alça de mira, estabilizadores, materiais de ponta, que propicionam um rendimento mais apurado para distâncias longas.

Como o anterior, tem uma só corda presa diretamente as extremidades. Tem seu nome devido ao tipo de lâminas, que são curvadas. Podem ser inteiriços ou desmontáveis.

Seu design fornece grande velocidade à flecha. O equipamento de cada arqueiro tem características pessoais, portanto, é de fundamental importância a compra correta de material, obedecendo a envergadura e força de cada atleta.

Arco e Flecha
Arco Recurvo ou Olímpico

O Arco Composto foi inventado por um Norte Americano há aproximadamente 20 anos, tendo um principio de funcionamento diferente do Arco recurvo, utilizando-se de um sistema de roldanas que trabalha as lâminas e reduz em torno de 60% da potência da puxada, transmitindo a energia a flecha no ato do Tiro.

Foi concebido inicialmente para ser utilizado na caça esportiva por permitir o uso de grandes potências, acima de 60 libras, possibilitando que a flecha alcance velocidade maiores e grande poder de penetração, sendo utilizado na caça de grandes animais como búfalos, elefantes, ursos e alces. etc.

Este arco criou um novo conceito no tiro com arco. Ao contrário do que se imagina, o arco composto já era desenvolvido nos anos 40. Com seu conceito absolutamente revolucionário, demorou cerca de 30 anos até ser realmente aceito e incorporado ao esporte em âmbito internacional.

Recebe este nome por apresentar um conjunto de cabos e roldanas excêntricas que permitem ao arqueiro mais conforto ao disparar.

Apresenta grande evolução tecnológica, como o uso de roldanas que multiplicam a potência do disparo, miras telescópicas que aproximam a imagem do alvo de 4 a 12 vezes, assim como gatilhos disparadores.

Os arcos modernos muito se assemelham a equipamentos futuristas, mas nem por isso tiram a sensação inenarrável do disparo de uma flecha. Muitos se enganam acreditando que o arco composto oferece um nível de facilidade maior que os demais. Em realidade para se tornar um arqueiro de ponta é necessário total dedicação, tal qual o recurvo ou o tradicional.

Arco e Flecha
Arco Composto

Atualmente ambos tipos de arcos são considerados esportivos e a FITA promove campeonatos mundiais das duas modalidades, sendo as únicas exceções os Jogos Olímpicos e os Jogos Pan-americanos onde o Arco Composto ainda não foi introduzido, por ser de utilização mais recente.

Tipos de competições

Campeonato Outdoor:

Mais tradicional e principal forma de competição internacional, é realizado com disparos à longas distâncias.

Masculino: 90, 70, 50 e 30 metros
Feminino:
70, 60, 50 e 30 metros

Campeonato Indoor:

Competição realizada em ambientes fechados, à distância de 18 metros, tem sua origem nos países de inverno rígido, onde à pratica do esporte ficava suspensa por grandes períodos.

Campeonato Field:

Caracteriza-se por ser um torneio em campo aberto, nas mais adversas condições possíveis, levando em conta relevo, vegetação, dificuldades naturais, etc; com distâncias variando de 5 à 65 metros, sendo estas conhecidas ou não.

REGULAMENTO DO ESPORTE

As competições oficiais obedecem ao regulamento internacional da FITA e podem ser Outdoor e Indoor.
As provas Outdoor, são realizadas em campo aberto onde são atiradas 36 flechas em cada distância, totalizando 144 flechas por torneio, sendo 90/70/50 e 30 metros para os homens, 70/60/50 e 30 metros para as mulheres, num tempo de 4 minutos para cada 6 flechas atiradas nas distâncias maiores e 2 minutos para cada 3 flechas nas distâncias menores. O campeão do torneio será o arqueiro que fizer o maior pontuação na soma das 4 distâncias.
As provas Indoor são realizadas em ambiente fechado (ginásios, galpões etc.) e consistem em duas séries de 30 flechas totalizando 60 flechas, atiradas de 3 em 3 em um tempo de 2 minutos para cada 3 flechas em alvos colocados à 18 metros. O campeão será o arqueiro que alcançar maior pontuação no total das 60 flechas.
Nos Jogos Olímpicos, visando o interesse de transmissão pela mídia, a competição foi resumida em um combate eliminatório homem a homem entre os 64 melhores arqueiros do mundo, sendo a prova disputada na distância de 70 metros. Estes arqueiros são escolhidos através de sua classificação nos Campeonatos Mundiais Outdoor e das Seletivas Continentais.

Fonte: www.netesporte.com/www.geocities.com/www.portaldoarcoeflecha.com.br

Arco e Flecha

Os seres humanos vêm utilizando o Arco e Flecha desde o início dos tempos, para caçar, guerrear e, nos tempos modernos, como esporte. Pontas de flecha de pedra com mais de 50.000 anos de idade têm sido encontradas na África e o arco-e-flecha foi utilizado praticamente por todas as sociedades na Terra. Houve muitas ocasiões nas quais o arco-e-flecha mudou o rumo da história. Poucos esportes Olímpicos podem exibir essa grande herança!

Os arcos primitivos provavelmente eram curtos, utilizados para a caça nas florestas. Os arcos eram utilizados dessa forma pelos índios americanos, e na Europa e Ásia. Os egípcios foram os primeiros a desenvolver arcos compostos (feitos de vários materiais diferentes), esticando intestinos de carneiros para fabricar a corda do arco. Os arqueiros egípcios se deslocavam sobre carruagens e deve ter sido uma visão espantosa quando eles corriam através dos desertos, nos flancos dos exércitos inimigos.

Aníbal utilizou arqueiros montados em cavalos a partir de 260 AC, à medida que expandia seu império. Os chineses desenvolveram bestas (arcos montados horizontalmente e operados como uma pistola) e os exércitos e imperadores da China aprenderam a manejar o arco-e-flecha (você pode ver tropas armadas com bestas no exército de terracota em Xi An). Os habitantes da Pártia no Irã e Afeganistão podiam atirar flechas sobre seus cavalos enquanto escapavam dos exércitos que se aproximavam (‘Um tiro de Pártia (A Parthian shot)’ que provavelmente se tornou ‘Um tiro de saída (A parting shot)’ no idioma inglês, significando um ato, gesto ou comentário mordaz feito na partida ou saída para outro lugar).

Entretanto, há outros exércitos que ficaram na história pelo seu uso do arco-e-flecha. A partir da Hungria, Átila o Huno conduzia seus vastos exércitos em todas as direções, forjando um imenso império que se estendia do Reno ao Mar Cáspio. A utilização de arcos compostos foi crucial em muitas de suas vitórias.

Possivelmente, os arqueiros mais famosos na história foram os Mongóis. Em 1208 DC, Genghis Khan conduziu suas hordas a partir das planícies da Mongólia, construindo um império vasto e sangrento. Os mongóis eram excelentes cavaleiros, podendo ficar de pé sobre os estribos e disparar flechas em todas as direções.

Nessa época, o império mongol se estendia desde a Áustria até a Síria, Rússia, Vietnã e China.

HISTÓRIA – ANTIGUIDADE

Podemos precisar a data de origem de todos os esportes conhecidos nos tempos modernos e antigos, mas como o arqueirismo isso não aconteceu pois todas as informações que possuímos se perdem nas origens mais remotas da civilização humana. Pesquisas feitas em restos arqueológicos trançando-se a presença de Carbono 14, informam a presença do arqueirismo cerca de 25.000 anos atrás, tão antigo portanto como as mais remotas manifestações de civilização, e a descoberta dessa arma formidável pelo homem primitivo assegurou a sua sobrevivência , permitindo caçar, e a se defender ou atacar outros grupos hostis, nas guerras tribais de outrora.

Podemos afirmar sem medo de erro, que somente a descoberta do fogo se ombreou em importância com a do arqueirismo, permitindo a ascensão da espécie humana na superfície do planeta.

Da Antigüidade até a Idade Média

Do período que compreende desde os tempos bíblicos até o século XVI, encontramos inúmeras referências escritas sobre o arqueirismo, porém a maioria delas encarando-se sob o ponto de vista da sua utilidade como arma de guerra, nada especializada sobre esportes , a não ser alguns informes sobre os jugos olímpicos gregos, a festividades egípcias, assírias, babilônicas e depois os jogos romanos no Coliseu.

Nesse período que vai até o final da Idade Média, o poder de uma nação, tanto de conquista como de defesa dependia inteiramente do valor e destreza de seus arqueiros infantes ou montados, e os episódios históricos que conhecemos desde os nossos estudos infantis sobre História Geral nos esclarecem tal fato. Temos também as lendas gregas estáticas sobre seus heróis arqueiros.

Na Europa, Inglaterra é que tem a primazia do desenvolvimento do arqueirismo, o célebre “arco-longo” inglês e as flechas bem emplumadas para precisão do tiro escreveram páginas memoráveis nas batalhas e asseguraram a grandeza da Grã Bretanha, batalhas tais como Crecy, Poitiers e Agincourt, e foi tambémo poder dos arqueiros dos barões ingleses que forçaram ao Rei João a assinatura da Magna Carta.

Foi na Inglaterra que se escreveu o primeiro livro sobre o ensinamento da arte do arqueirismo: “TOXOPHILUS” de Robert Ascham, o qual era instrutor da Rainha Elizabeth, isto em 1545. Apesar do seu texto em inglês arcaico, o seu conteúdo é atual, não difere em nada do que se tem escrito modernamente.

Os antigos reis ingleses baixaram éditos obrigando a todos os jovens ingleses a terem arcos e um número obrigatório de flechas sempre a mão. Isto criava uma espécie de milícia nacional sempre armada de prontidão, contra as repetidas invasões dos vikings, normandos, etc… e para que o interesse sobre o arqueirismo permanecesse aceso, eram promovidos vários torneios nacionais e regionais nos contatos ingleses e os vencedores recebiam honras de heróis nacionais e favores de realeza, inclusive bons prêmios em dinheiro, e a guerra das duas rosas marcou o ápice da fama do arqueirismo como principal arma de guerra. A descoberta da pólvora e a introdução das armas de fogo, tornaram então obsoleto para a guerra.

Da Renascença até a Era Moderna

Apesar de substituído como arma de guerra, o arqueirismo entretanto continuou, principalmente na Inglaterra, como um esporte, tanto de interesse popular como da aristocracia. Não existem competições, considerava-se um ato de elegância e de educação aprimorada saber-se atirar uma flecha de maneira correta.

Os ingleses praticavam com o arqueirismo, um jogo que intitulavam de ROVER (passeio) o qual desenrolava da seguinte maneira: 1 grupo de arqueiros saía através de um bosque ou de um relvado e um deles indicava um obstáculo qualquer do local como o primeiro alvo (uma árvore, uma moita, etc…) e em seguida todos atiravam no mesmo. O que chegasse perto da marca escolhida era proclamado capitão do grupo e escolha o alvo seguinte. Este ROVER GAME incrementou o gosto pelo arqueirismo e fez notar a necessidade de competições organizadas, pois tudo aquilo que é esporte depende desse ponto fundamental. Em fins do século XVIII fundou-se a REAL SOCIEDADE DE TOXOPHILLIA e em 1844 aconteceu o 1º campeonato Inglês de Arqueirismo. Modernamente o arqueirismo inglês é controlado pela GRAND NATIONAL ACRCHERY SOCIETY, na região de Essex.

Na América o arqueirismo foi introduzido nos E.U.A. por um grupo de entusiastas em 1828, os quais criaram ao ARQUEIROS UNIDOS DE FILADÉLFIA, que competiram regularmente durante 20 anos, até se desencadear a Guerra Civil. Em 1879 fundou-se a NATIONAL ARCHERY ASSOCIATION (N.A.A) e realizou-se o 1º campeonato estadunidense neste mesmo ano, e desde essa época nunca pararam as competições durante os anos de guerra as competições eram realizadas por correspondência (MAIL MATCH).

A partir de 1930 as competições nos E.U.A. se estenderam de costa a costa, e o aparecimento de novos arcos e materiais para as flechas, a preços e facilidade mais acessíveis aos esportistas, e nos dias de hoje acredita-se que existam mais arqueiros praticantes do que em todas hordas de Gengis Kahn, ou nos efetivos dos exércitos europeus. Surgiram publicações técnicas especializadas, tais como as revistas BOW AND ARROW e THE ARCHERY ‘ S MAGAZINE.

Em 1940 a caça com arco e flecha foi legalizada em alguns estados americanos o que abriu um campo novo para milhares de novos praticantes que não se interessavam pelo tipo de competição ao alvo e então foi fundada a NATIONAL FIELD ARCHERY ASSOCIATION (N.A.F.A.) que realizou o seu primeiro campeonato em 1946. Por outro lado os arqueiros profissionais organizaram a PROFESSIONAL ARCHERS ASSOCIATION (P.A.A.) e os fabricantes de equipamento fundaram a ARCHERY MANUFACTURES ORGANIZATION (A.M.O.) esta última é que financia as despesas de viagens das equipes americanas ao exterior. Na Europa, berço do arqueirismo esportivo, o esporte evoluiu também de maneira grandiosa e em 1930 criou-se então o organismo internacional denominado FEDERATION INTERNATIONALE DE TIR L’ARC, conhecida pela sua sigla FITA. Antes disto o arqueirismo já tinha considerado esporte olímpico em 1908 e 1920, e agora novamente em 1972 e 1976, depois de consideráveis esforços desenvolvidos pelos países interessados.

Foi grande a modificação do panorama técnico no Brasil, desde a introdução do arqueirismo até os dias de hoje. Os arcos primitivos foram de madeira, muitos deles feitos de irí (ou airí) uma madeira fibrosa de palmeira, muito elástica, e esses arcos adaptados de arcos indígenas até hoje os encontramos em clubes servindo de material para os novatos.

Também as flechas, elaboradamente feitas à mão, e empenadas com penas de peru, tingidas ou não, até hoje prestam bons serviços às classes menores (infantis e juvenis) ou para aprendizado de adultos.

A seguir aparecem os arcos de aço, que marcaram época e muitos recordes, eram de fabricação sueca (SEFAB), ou então ingleses da marca APOLLO. Acompanhando esta nova conquista vieram os outros complementos tais como flechas de tubo de aço (SEFAB e PATHFINDER) , flechas de alumínio temperado marca EASTON e finalmente as flechas de carbono-alumínio também da marca EASTON .

Essas flechas de uma qualidade insuperável, altamente resistentes, hoje dominam as preferências dos arqueiros, devido à precisão do seu vôo, resultado de um equilíbrio quase perfeito.

Os arcos modernos são todos laminados de fibra de vidro madeira e carbono com o corpo em alumínio e magnésio, evoluíram do LONGBOW (arco longo e reto) para o deflexo e depois para o deflexo-reflexo, onde o limbo ou parte flexível é caprichosamente recurvo em duas curvas que trabalham em oposição, conferindo uma resposta elástica inexcedível no tiro. Mais modernos ainda são os arcos compostos, surgidos em 1969.

Também os acessórios indispensáveis sofreram evolução, as cordas para os arcos, antigamente feitas laboriosamente com linha crua encerada, ou de linho, foram substituídas por um novo material sintético, o fio de FAST FLIGHT, um poliester inextensível.. Os aparelhos de pontaria sofreram melhoras consideráveis, existindo até miras telescópicas e elétricas.

Os alvos, laboriosamente pintados à mão, hoje já são impressos.

O arco como esporte

A primeira competição organizada de arco e flecha que se tem registro ocorreu em Finsbury, Inglaterra em 1583 e contou com 3000 participantes!

Durante a Guerra dos 30 anos (1618-1648), ficou claro que o arco como arma de guerra pertencia ao passado, devido à introdução das armas de fogo. Desde então o tiro com arco tem se desenvolvido como esporte e lazer.

A história do arco no Brasil

Os primórdios do arco e da flecha

O tiro com arco é uma das artes mais antigas e que ainda continua sendo praticada. A história da evolução do arco e flecha no mundo nos remete à história da própria raça humana.

Alguns historiadores acreditam que o arco e flecha é uma das três mais importantes invenções da Humanidade, junto com a descoberta do fogo e o desenvolvimento da linguagem.

No início, paus e pedras eram as únicas armas do homem contra predadores maiores, mais fortes e mais rápidos. Mas, armado com arco e flecha, o Homem subitamente se tornou o mais eficiente caçador na Terra, capaz de atirar em sua presa com precisão de uma distância segura. O arco e flecha deu aos homens maior proteção, uma dieta rica em proteínas, e também um suprimento mais abundante de materiais crus como ossos, tendões e peles, dos quais os primeiros humanos dependiam.

Primitivas pinturas de cavernas, tais como as descobertas no leste da Espanha, provam que o homem já caçava com arco e flecha há pelo menos 12.000 anos.

Antigas pontas de flecha encontradas em Bir-El-Atir, na Tunísia, datam de mais longe ainda, algo como 40 mil anos atrás. Evidencias de arcos tem sido encontradas em todas as partes do mundo, inclusive na Austrália, onde inicialmente se pensou que o arco não teria sido usado.

O arco através dos tempos

Apesar do arco e flecha datar da Idade da Pedra, os primeiros registros históricos indicam que os Egípcios o utilizaram 5000 anos AC com propósitos de caça e como arma de guerra.

Em 1200 AC, os Assírios construíram arcos mais recurvados e menores, aumentando a potencia de tiro e facilitando o uso quando montados em cavalos.

Na China, o arco data da dinastia Shang (1766-1027 AC). Durante a dinastia Zhou (Chou) (1027-256 BC), os nobres da corte promoviam campeonatos de arco e flecha acompanhados de música e elegantes saudações.

No Japão, uma de suas artes marciais originalmente conhecida como kyujutsu (a arte do arco), e atualmente conhecida como kyudo (caminho do arco), continua sendo praticado até hoje nos mesmos padrões de seus ancestrais. Depois de um ritual de movimentos, o arqueiro se dirige para a linha de tiro e atira num alvo de 36 cm de diâmetro colocado num banco de areia e encoberto, a uma distancia de 28 metros. O arco tem 2,21 metros de comprimento e é construído com lâminas de bambu e madeira.

No período Greco-Romano, o arco era usado mais para caça do que para guerra. Tanto os Gregos quanto os Romanos usaram os Cretoneanos como arqueiros.

Os Romanos eram considerados arqueiros de segunda categoria, pois puxavam o arco até o peito e não usavam a puxada longa até a face, o que dá mais precisão ao tiro. Desta forma os seus oponentes sempre apresentavam maior habilidade no tiro com arco.

Os Parthians (ancestrais dos povos Asiáticos) por exemplo, foram cavaleiros que desenvolveram a habilidade de rotacionar sobre a sela e efetuar o tiro com arco para trás, em pleno galope. A superioridade dos equipamentos e das técnicas dos orientais continuou por séculos, e até hoje os atletas koreanos têm atuação marcante nos Jogos Olímpicos.

Para os nativos Americanos o arco foi um instrumento de subsistência e de sobrevivência durante os períodos de colonização.

Estudos recentes no Brasil mostraram o perfil verdadeiro dos Bandeirantes. Eram mestiços que utilizavam o arco e flecha como arma nas suas jornadas pela conquista de terras e ouro.

Fonte: www.manualdearqueiria.kit.net

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