Humanismo

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O que foi o Humanismo?

O Humanismo é um movimento literário e, também, uma corrente filosófica que representa a transição entre a Idade Média (que acreditava muito na religião) e o Renascimento (que valorizava mais a razão e a ciência). Por isso, ele ainda apresenta algumas características de ambos. Nele o homem passa a ser mais valorizado, lugar que antes era ocupado exclusivamente por Deus.

Esse é um dos conceitos que representa uma das características renascentistas porque a Europa sai da Idade Média (idade das trevas) – em que não existia investimento e nem grande conhecimento científico por conta da sociedade teocêntrica) e passa a valorizar o conhecimento humano e o racionalismo.

Homem Vitruviano
Figura 1 – Homem Vitruviano (1490) de Leonardo da Vinci. Símbolo do antropocentrismo.

Contexto histórico

No Humanismo, o homem assume o papel de protagonista diante da sociedade. Antes disso, Deus era única e exclusivamente o protagonista de toda a população – característica do teocentrismo. Mas, com o avanço do Humanismo, o antropocentrismo ocupa esse espaço. Ou seja, agora o homem está no centro de tudo.

Um dos fatores que levam a isso, é a criação dos burgos. Os burgos, nada mais são do que cidades ao redor do palácio que são cercadas por uma murada de pedra. Lá a população fazia o comércio dos artigos que possuíam. O surgimento dos burgos e da burguesia causa muitas transformações na Europa.

É uma época em que o continente passa por muitas mudanças e há uma volta ao apego das ideias gregas – que já estavam sendo esquecidas devido terem sido substituídas pelo Cristianismo. Esse conjunto de acontecimentos é que o acaba tornando a sociedade mais racional e antropocêntrica. É nesse período, inclusive, que Galileu Galilei prova sua teoria de que o sol está no centro do universo e não a Terra, como muitos acreditavam. Com a sociedade racional, teorias científicas ganham força e se inicia, dessa forma, a queda o Império.

Produção literária e autores

Durante o Humanismo, a literatura é ainda mais restrita do que no Trovadorismo. A poesia durante o período trovadoresco era cantada e, por isso, chegava a mais camadas sociais. A partir de agora, no movimento humanista, as poesias são escritas. Desse modo, ela se restringe apenas à nobreza – pessoas muito ricas, como reis, rainhas, príncipes e princesas – que eram as únicas pessoas que sabiam ler naquela época.

Nesse movimento, também há a prosa e a poesia. No entanto, a poesia aqui, como era bem restrita, era chamada de poesia palaciana. Já a prosas, eram escritas por um homem chamadoFernão Lopes e as histórias narravam o cotidiano nos palácios. Afinal, era isso que interessava ao público que tinha acesso a essas obras. A prosa, aqui, pode ser chamada de prosa historiográfica porque é rica em informações de como os palácios eram naquela época. As principais obras de Fernão Lopes foram: “Crônica d’El-Rei D. Pedro”, “Crônica d’El-Rei D. Fernando” e “Crônica d’El-Rei D. João I”.

Exemplo de poesia palaciana:

“Meu amor tanto vos quero,

que deseja o coração

mil cousas contra a razão.

Porque, se vos não quisesse,

como poderia ter

desejo que me viesse

do que nunca pode ser?

Mas conquanto desespero,

e em mim tanta afeição,

que deseja o coração.”

(Aires Teles)

Apesar disso, o autor que realmente representa o Humanismo é Gil Vicente. Ele é o cara do momento e também foi quem começou a escrever o que, hoje, nós conhecemos por teatro. Suas obras são um retrato da sociedade daquela época e continha críticas sociais. Além de também conter humor em suas obras existia, ainda, a presença de temas populares para a cultura da época como, por exemplo, a religião e a sátira ao povo nobre.

As principais obras de Gil Vicente são os autos.

Mas, afinal de contas, o que é um auto?

Os autos em Gil Vicente são os textos religiosos porque, apesar de não ser mais o centro de tudo, Deus é muito presente na vida das pessoas. Por exemplo, o “Auto da Barca do Inferno”, obra mais popular e que já foi obrigatória em leituras de vestibulares, contém as principais características do autor: é um texto com cunho religioso que critica a sociedade.

Mas, além dos autos, Gil Vicente também escrevia farsas. As farsas, também encenadas em teatros, são textos mais curtos e engraçadas. O principal objetivo delas é tirar sarro das mazelas da sociedade. Ou seja, mais uma vez, o autor continua criticando os aspectos sociais da época.

Principais características do Humanismo:

– antropocentrismo;

– homem mais racional;

– problemas sociais.

Por Amanda Abreu

A tradição humanista

China, Índia e Europa Ocidental todos têm tradições de pensamento humanista que pode ser rastreada até pelo menos 2.500 anos.

Esta maneira de compreender o mundo, de encontrar sentido na vida e o pensamento moral também é encontrada em muitas outras culturas.

Muitas pessoas pensaram e expressaram idéias humanistas ao longo de muitos séculos em todo o mundo, contribuindo para uma tradição humanista. Embora alguns deles podem ter acreditado em um deus ou deuses, eles foram bem planejadas, seres humanos, pessoas de mente aberta, e muitos deles lutou contra a ignorância eo fanatismo religioso de sua época, às vezes assumindo riscos pessoais consideráveis para o fazer.

Muitos dos grandes filósofos, cientistas e pensadores morais eram essencialmente humanista, porque não aceitar as crenças tradicionais, mas pensou para si e empurrou para a frente do conhecimento humano.

Definição

Humanismo é um sistema de valores e crenças que se baseia na idéia de que as pessoas são basicamente boas e que os problemas podem ser resolvidos usando a razão, em vez de religião

Humanismo, termo aplicado livremente para uma variedade de crenças, métodos e filosofias que colocam ênfase central no reino humano.

Na maioria das vezes, no entanto, o termo é usado com referência a um sistema de educação e modo de investigação que desenvolveu no norte da Itália durante os séculos 13 e 14 e mais tarde se espalhou através da Europa e Inglaterra.

Noção geral do Humanismo

Não esperamos o interesse suscitado pelas novas diretivas comunistas concernentes ao humanismo socialista para situar o problema do humanismo.

Desde então, este problema está na moda; afinal há lugar para que nos rejubilemos com isto, questões de importância central foram levantadas para o futuro. Não se poderá mais dizer que o problema do homem só começará a ter significação depois do desaparecimento da economia capitalista.

Todavia, não nos apercebemos ainda de que tomar posição sobre o humanismo obriga a situar ao mesmo tempo muitos outros problemas.

Desejaria aqui, e para introduzir às considerações propostas na presente obra, chamar a atenção para um destes problemas.

Nada há que o homem deseje tanto como uma vida heróica; nada há de menos ordinário ao homem do que o heroísmo: é, parece-me, o sentimento profundo de tal antinomia que faz, a um só tempo, o trágico e a qualidade espiritual da obra de André Malraux. Suponho que a questão do humanismo, mesmo socialista, não parece a Malraux uma questão de repouso.

Poderei eu afirmar que a Aristóteles tampouco ela não parecia uma questão de repouso?

Propor somente o humano ao homem, notava ele, é trair o homem e desejar sua infelicidade, porquanto pela sua parte principal, que é o espírito, o homem é solicitado para melhor do que uma vida puramente humana. Sobre este princípio (senão sobre a maneira de o aplicar), Ramanuja e Epíteto, Nietzsche e S. João da Cruz estão acordes.

A nota de Aristóteles que acabo de lembrar é humanista ou é anti-humanista?

A resposta depende da concepção que se faz do homem. Vê-se por isto que a palavra humanismo é um vocábulo ambíguo. É claro que aquele que o pronuncia compromete de logo uma metafísica, e que, segundo existe ou não no homem alguma coisa que respira acima do tempo, e uma personalidade cujas necessidades mais profundas ultrapassam toda ordem do universo, a idéia que se fará do humanismo terá ressonâncias inteiramente diferentes.

Contudo, porque a grande sabedoria pagã não pode ser supressa da tradição humanista, devemos ser advertidos em qual quer caso em não definir o humanismo pela exclusão de toda ordenação ao super-humano e pela abjuração de toda transcendência. Para deixar as discussões abertas, digamos que o humanismo (e uma tal definição pode ser desenvolvida segundo linhas muito divergentes) tende essencialmente a tornar o homem mais verdadeiramente humano, e a manifestar sua grandeza original fazendo-o participar de tudo o que o pode enriquecer na natureza e na história (“concentrando o mundo no homem”, como dizia mais ou menos Scheler, e “dilatando o homem ao mundo”); ele exige ao mesmo tempo que o homem desenvolva as virtualidades nele contidas, suas forças criadoras e a vida da razão, e trabalhe por fazer das forças do mundo físico instrumento de sua liberdade.

Assim entendido, o humanismo é inseparável da civilização ou da cultura, tomando-se estas duas palavras como sinônimas.

Pode haver um humanismo heróico?

As observações precedentes parecem dificilmente contestáveis. De fato, no entanto, não se apresentam os períodos humanistas, nos diversos ciclos de cultura, em oposição com os períodos heróicos, e não aparecem como um declínio destes no humano, ou como uma retomada do humano sobre estes, como uma recusa mais ou menos geral do super-humano? Seria portanto o humanismo incompatível com o heroísmo, e com os momentos criadores, ascendentes, e verdadeiramente orgânicos da cultura, a não ser quando estivesse ligado a um dinamismo histórico, onde ele ficasse inconsciente de si mesmo e escondido aos próprios olhos, e no qual mesmo à dor fosse cego, e se suportasse na ignorância, o homem se ignorando então para se sacrificar por qualquer coisa mais elevada do que ele? Será que o humanismo somente se pode desembaraçar por si mesmo e se exprimir, e significar ao mesmo tempo suas postulações próprias, nos momentos de dissipação de energia, de dissociação e de descida, em que para recorrer uma vez a esta oposição de termos, a “cultura” se torna “civilização”, em que a dor abre os olhos sobre si, – e não é mais suportada? Será que o homem só se pode conhecer renunciando ao mesmo tempo a se sacrificar por qualquer coisa maior do que ele ? Humana, demasiado humana, pulando nesta “anarquia dos átomos” de que falou Nietzsche, é a decadência neste sentido um fenômeno humanista?

Talvez a resposta fosse menos simples do que parece a certo aristocratismo fácil, talvez certas formas de heroísmo permitissem resolver esta aparente contrariedade. Pretende-o o heroísmo comunista pela tensão revolucionária e o titanismo da ação, o heroísmo budista, pela piedade e a inação (non – agir). Pelo amor pretende-o outro hurnanismo. O exemplo dos santos humanistas, como o admirável Tomás Morus, é neste ponto de vista particularmente significativo.

Testemunha porém ele somente que humanismo e santidade podem coexistir, ou então que pode haver um humanismo nutrido nas fontes heróicas da santidade?

Um humanismo desembaraçado por si mesmo e consciente de si, que conduz o homem ao sacrifício e a uma grandeza verdadeiramente super-humana, pois então a dor humana desvenda os olhos, e é suportada por amor, – não na renúncia à alegria, mas em uma sede maior, e na exultação da alegria. Pode haver um hurnanismo heróico ?

Quanto a mim, respondo que sim. E me pergunto se não e da resposta a esta questão (e das considerações que se acrescentam) que dependem antes de tudo as diversas posições tomadas por iins e outros em face do trabalho histórico que se efetua aos nossos olhos, e as diversas opções práticas às quais se sentem obrigadas.

O Humanismo Ocidental e a Religião

Bem compreendo que, para alguns, um humanismo autêntico só deve ser por definição um humanismo anti-religioso. Pensamos de modo absolutamente contrário, como se verá nos capítulos que se seguem. No momento, quereria somente indicar, a propósito, duas observações de fatos.

Primeiramente, é verdade que, desde os princípios da Renascença, o mundo ocidental passou progressivamente de um regime de heroísmo sacral cristão a um regime humanista. Mas o humanismo ocidental tem fontes religiosas e “transcendentes” sem as quais é incompreensível; – chamo “transcendentes” todas as formas de pensamento, quaisquer que sejam fora disto as suas diversidades, que põem na origem do mundo um espírito superior ao homem, no homem um espírito cujo destino vai além do tempo, e uma piedade natural ou sobrenatural no centro da vida moral. As fontes do humanismo ocidental são fontes clássicas e fontes cristãs, e não é somente na massa da antigüidade medieval, é também em uma das partes menos recusáveis da herança da antigüidade pagã, aquela que evocam os nomes de Homero, Sófocles, Sócrates, Virgílio “Èai do Ocidente”, que aparecem os caracteres a que acabo de me referir. De outro lado, pelo fato somente de que o regime da cristandade medieval era um regime de unidade da carne e do espírito, ou de espiritualidade incarnada, ele envolvia em suas formas sacrais um humanismo virtual e implícito; no XII e XIII séculos ele devia “aparecer” e se manifestar, – com o brilho de uma beleza instável e como que obrigada a existir, pois de logo a discordância entre o estilo cultural medieval e o estilo do humanismo clássico (sem falar das diversas desfigurações que o próprio cristianismo iria sofrer e cujas principais foram o puritanismo e o janseísmo), devia recobrir e esconder por um tempo o acordo provindo (?) do cristianismo e do humanismo considerados em suas essências.

Nesses tempos medievais, uma comunhão, em uma mesma fé viva, da pessoa humana com as outras pessoas reais e concretas, e com o Deus que elas amavam, e com a criação inteira, tornava, no meio de muitas misérias, o homem fecundo em heroísmo assim como em atividade de conhecimento e em obras de beleza; e nos corações mais puros um grande amor, exaltando no homem a natureza acima dela própria, estendia às próprias coisas o senso da piedade fraterna; então, um São Francisco compreendia que antes de ser explorada em nosso serviço por nossa indústria, a natureza material reclama em qualquer sorte ser adestrada por nosso amor; quero dizer que amando as coisas, e nelas o ser, o homem as atrai ao humano, em lugar de fazer passar o humano sob a sua medida.

De outro lado, – e é esta a minha segunda observação, a considerar o humanismo ocidental em suas formas contemporâneas aparentemente as mais emancipadas de toda metafísica da transcendência, é fácil ver que, se um resto de conao (?) comum subsiste ainda da dignidade humana da liberdade dos valores desinteressados, é uma herança de idéia e sentimentos outrora cristãos, hoje desviados. E compreendo muito bem que o humanismo liberal-burguês seja apenas o trigo degerminado, pão de amido. E contra esse espiritualismo materializado, o materialismo ativo do ateísmo ou do paganismo levam vantagem. Todavia, desligadas de suas raízes naturais e colocadas em um clima de violência, são ainda em parte energias cristãs adoecidas que, de fato, existencialmente, qualquer que sejam as teorias, comovem o coração dos homens e os obrigam à ação. Não é um dos sinais da confusão das idéias que se estende hoje sobre o mundo, ver tais energias outrora cristãs servir para exaltar precisamente a propaganda de concepções culturais diametralmente opostas ao cristianismo ? Seria bela a ocasião para os cristãos reconduzir as coisas à verdade, reintegrando na plenitude de sua fonte original essas esperanças de justiça e essas nostalgias de comunhão, cujo sustento é feito pela dor do mundo e cujo élan é desorientado, e suscitando assim uma força cultural e temporal de inspiração cristã capaz de agir na história e ajudar os homens.

Ser-lhes-iam necessárias para tal uma sã filosofia social e uma sã filosofia da história moderna. Trabalhariam eles então para substituir, ao regime inumano que agoniza aos nossos olhos, um novo regime de civilização que se caracteriza por um humanismo integral, e que representaria a seus olhos uma nova cristandade não mais sacral, porém profana, como tentamos mostrar nos estudos aqui reunidos.

Este novo humanismo, sem medida comum com o humanismo burguês, e tanto mais humano quando menos adora o homem, mas respeita realmente e efetivamente a dignidade humana e dá direito às exigências integrais da pessoa, nós o concebemos como que orientado para uma realização social-temporal desta atenção evangélica ao humano, a qual não deve existir somente na ordem espiritual, mas incarnar-se, e também para o ideal de uma comunidade fraterna. Não é pelo dinamismo ou pelo imperialismo da raça, da classe ou da nação que ele pede aos homens de se sacrificarem, mas por uma vida melhor para os seus irmãos, e pelo bem concreto da comunidade das pessoas humanas; pela humilde verdade da amizade fraterna a fazer passar – ao preço de um esforço constantemente difícil, e da pobreza, – na ordem do social e das estruturas da vida comum; é deste modo somente que um tal humanismo é capaz de engrandecer o homem na comunhão, e é por isto que ele não poderia ser outro senão um humanismo heróico.

Humanismo – Período

Humanismo é o nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média e início da Moderna , ou seja , parte do século XV e início do XVI , mais precisamente , de 1434 a 1527 .

Três atividades mais destacadas compuseram esse período: a produção historiográfica de Fernão Lopes , a produção poética dos nobres , por isso dita Poesia Palaciana , e a atividade teatral de Gil Vicente.

O tipo de resposta que você vai obter para essa pergunta depende da espécie de humanista a quem você pergunta!

A palavra “humanismo” tem muitos significados e, uma vez que autores e conferencistas geralmente não deixam claro a qual significado se referem, os que tentam explicar o humanismo podem facilmente gerar confusão. Felizmente, cada significado da palavra constitui um diferente tipo de humanismo — os diferentes tipos sendo facilmente separados e definidos através do uso de adjetivos apropriados.

Portanto, permitam-me resumir as diferentes variedades de humanismo da seguinte maneira:

Humanismo Literário: É uma devoção pelas humanidades ou cultura literária.

Humanismo da Renascença: É o espírito de aprendizado que se desenvolveu no final das idades médias com o renascimento das letras clássicas e uma renovada confiança na habilidade dos seres humanos para determinar por si mesmos o que é verdadeiro e o que é falso.

Humanismo Cultura: É a tradição racional e empírica que teve origem, em grande parte, nas antigas Grécia e Roma e evoluiu, no decorrer da história européia, para constituir atualmente uma parte fundamental da abordagem ocidental à ciência, à teoria política, à ética e à lei.

Humanismo Filosófico: É uma visão ou um modo de vida centrado na necessidade e no interesse humanos. Subcategorias deste tipo de humanismo inclui o Humanismo Cristão e o Humanismo Moderno.

Humanismo Cristão: É definido em dicionários como sendo “uma filosofia que defende a auto-realização humana dentro da estrutura dos princípios cristãos”. Esta fé com maior direcionamento humano é em grande parte produto da Renascença e representa um aspecto daquilo que produziu o humanismo da Renascença.

Humanismo Moderno: Também chamado Humanismo Naturalista, Humanismo Científico, Humanismo Ético, e Humanismo Democrático, é definido por um dos seus principais proponentes, Corliss Lamont, como “uma filosofia naturalista que rejeita todo supernaturalismo e repousa basicamente sobre a razão e a ciência, sobre a democracia e a compaixão humana”. O Humanismo Moderno tem uma origem dual, tanto secular quanto religiosa, e estas constituem suas subcategorias.

Humanismo Secular: É uma conseqüência do racionalismo do iluminismo do século XVIII e do livre-pensamento do século XIX. Muitos grupos seculares […] e muitos cientistas e filósofos acadêmicos sem outra filiação defendem esta filosofia.

Humanismo Religioso: Emergiu da Cultura Ética, do Unitarianismo e do Universalismo. Hoje em dia, muitas congregações Unitario-Universalistas e todas as sociedades de Cultura Ética descrevem-se como humanistas no sentido moderno.

Os humanistas seculares e os humanistas religiosos compartilham a mesma visão de mundo e os mesmos princípios básicos. Isto fica evidente a partir do fato de que ambos, humanistas seculares e humanistas religiosos, assinaram o Primeiro Manisfesto Humanista, em 1933, e o Segundo Manifesto Humanista, de 1973. Do ponto de vista exclusivamente filosófico, não há diferença entre os dois. É apenas na definição de religião e na prática da filosofia que os humanistas seculares e os humanistas religiosos discordam efetivamente.

O Humanismo Religioso é “fé em ação”. Em seu ensaio “The Faith of a Humanist”, Kenneth Phife, de congregação Unitario-Universalista, declara:

O Humanismo nos ensina que é imoral esperar que Deus aja por nós. Devemos agir para acabar com as guerras, os crimes e a brutalidade desta e das futuras eras. Temos poderes notáveis. Termos um alto grau de liberdade para escolher o que havemos de fazer.O humanismo nos diz que não importa qual seja a nossa filosofia a respeito do universo, a responsabilidade pelo tipo de mundo em que vivemos, em última análise, cabe a nós mesmos.

A tradição humanista secular é uma tradição de desconfiança, tradição que remonta à antiga Grécia. Podemos ver, até na mitologia grega, temas humanistas que raramente aparecem, se é que aparecem, em mitologias de outras culturas. E eles certamente não foram repetidos pelas modernas religiões. O melhor exemplo, no caso, é o personagem Prometeus.

Prometeus se sobressai por ter sido idolatrado pelos antigos gregos como aquele que desafiou Zeus. Ele roubou o fogo dos deuses e o trouxe para a terra. Por causa disso, foi punido. E mesmo assim, continuou seu desafio em meio às torturas. Essa é a origem do desafio humanista à autoridade.

Outro aspecto da tradição humanista secular é o ceticismo. O exemplo histórico disso é Sócrates. Por que Sócrates? Porque, depois de todo esse tempo passado, ele ainda é único, entre todos os santos e sábios famosos, desde a Antiguidade até o presente. Toda religião tem seu sábio. O Judaísmo tem Moisés, o Zoroastrismo tem Zaratustra, o Budismo tem Buda, O Cristianismo tem Jesus, O Islamismo tem Maomé, o Mormonismo tem Joseph Smith… Todos afirmaram conhecer a verdade absoluta. Foi Sócrates, e unicamente ele, entre todos os sábios, que afirmou que NADA sabia. Cada um devisou um conjunto de regras ou leis, exceto Sócrates. Em vez disso, Sócrates forneceu-nos um método — um método para questionar as regras de outros, um método de inquirição. […]

Sócrates permanece como um símbolo, tanto do racionalismo grego como da tradição humanista que surgiu a partir daí. E, desde sua morte, nenhum santo ou sábio igualmente considerado juntou-se a ele, nesse aspecto.

O fato de que o Humanismo possa, ao mesmo tempo, ser religioso e secular apresenta, de fato, um parodoxo, mas não é este o único paradoxo. Um outro é que ambos colocam a razão acima da fé, geralmente até o ponto de evitar completamente a fé. A dicotomia entre razão e fé freqüentemente recebe ênfase no Humanismo, com os humanistas tomando lugar ao lado da razão. Por causa disso, o Humanismo Religioso não deveria ser visto como uma fé alternativa, mas sim como um modo alternativo de ser religioso.

É possível explicar, em termos claros, o que é exatamente a filosofia Humanista moderna. É fácil resumir as idéias básicas sustentadas em comum tanto pelos humanistas seculares como pelos humanistas religiosos.

Essas idéias são as seguintes:

1. O Humanismo é uma daquelas filosofias para pessoas que pensam por si mesmas. Não existe área do pensamento que um humanista tenha receio de desafiar e explorar.
2.
O Humanismo é uma filosofia que se concentra nos meios humanos de compreender a realidade. Os humanistas não afirmam possuir ou ter acesso a um suposto conhecimento transcendental.
3.
O Humanismo é uma filosofia de razão e ciência em busca do conhecimento. Portanto, quando se coloca a questão de qual é o meio mais válido para se adquirir conhecimento sobre o mundo, os humanistas rejeitam a fé arbitrária, a autoridade, a revelação e os estados alterados de consciência.
4.
O Humanismo é uma filosofia de imaginação. Os humanistas reconhecem que sentimentos intuitivos, pressentimentos, especulação, centelhas de inspiração, emoção, estados alterados de consciência, e até experiência religiosa, embora não válidos como meios de se adquirir conhecimento, são fontes úteis de idéias que nos podem levar a novas maneiras de olhar o mundo. Estas idéias, depois de racionalmente acessadas por sua utilidade, podem em seguida ser postas para funcionar, geralmente como abordagens alternativas para a solução de problemas.
5.
O Humanismo é uma filosofia para o aqui e agora. Os humanistas encaram os valores humanos como tendo sentido apenas no contexto da vida humana, mais do que na promessa de uma suposta vida após a morte.
6.
O Humanismo é uma filosofia de compaixão. A ética humanista preocupa-se apenas em atender às necessidades humanas e em responder aos problemas humanos — tanto pelo indivíduo como pela sociedade — e não dedica atenção alguma à satisfação dos desejos de supostas entidades teológicas.
7.
O Humanismo é uma filosofia realista. Os humanistas reconhecem a existência de dilemas morais e a necessidade de cuidadosa consideração sobre as conseqüências imediatas e futuras na tomada moral de decisões.
8.
O Humanismo está em sintonia com a ciência de hoje. Os humanistas reconhecem, portanto, que vivemos em um universo natural de grande tamanho e idade, que evoluímos neste planeta no decorrer de um longo período de tempo, que não existe uma evidência premente de uma “alma” dissociável, e que os seres humanos têm determinadas necessidades inatas que formam efetivamente a base de qualquer sistema de valores orientado para o homem.
9.
O Humanismo está em sintonia com o pensamento social esclarecido de nossos dias. Os humanistas são compromissados com as liberdades civis, os direitos humanos, a separação entre Igreja e Estado, a extensão da democracia participativa, não só no governo, mas no local de trabalho e na escola, uma expansão da consciência global e permuta de produtos e idéias internacionalmente, e uma abordagem aberta para a resolução de problemas sociais, uma abordagem que permita a experiência de novas alternativas.
10.
O Humanismo está em sintonia com novos avanços tecnológicos. Os humanistas têm boa-vontade em participar de descobertas científicas e tecnológicas emergentes, de modo a exercerem sua influência moral sobre estas revoluções à medida que surgem, especialmente no interesse de proteger o meio ambiente.
11.
O Humanismo, em suma, é uma filosofia para aqueles que amam a vida. Os humanistas assumem responsabilidade por suas próprias vidas e apreciam a aventura de participar de novas descobertas, buscar novo conhecimento, explorar novas possibilidades. Em vez de se satisfazerem com respostas prefabricadas para as grandes questões da vida, os humanistas apreciam o caráter aberto de uma busca e a liberdade de descoberta que este proceder traz como sua herança.

Embora alguns possam sugerir que esta filosofia sempre teve poucos e excêntricos seguidores, os fatos da história mostram o contrário.

Entre as modernas adesões ao Humanismo, contam-se: Margaret Sanger, fundadora do Planejamento Familiar, Humanista do Ano de 1957 da Associação Humanista Americana; os psicólogos humanistas pioneiros Carl Rogers e Abraham Maslow, também Humanistas do Ano; Albert Einstein, que aderiu à Associação Humanista Americana nos anos cinqüenta; Bertrand Russell, que aderiu nos anos sessenta; o pioneiro dos direitos civis, A. Philip Randoph, que foi o Humanista do Ano de 1970, e o futurista R. Buckminister Fuller, Humanista do Ano de 1969.

As Nacões Unidas são um exemplo específico do Humanismo em ação. […] Uma das grandes realizações desta organização foi varrer a varíola da face da terra.

[…]

Enquanto isso, humanistas como Andrei Sakharov, Humanista do Ano de 1980, têm se levantado em favor dos direitos humanos sempre que estes são suprimidos. Betty Friedan e Gloria Steinem lutam pelos direitos humanos, Mathilde Krim combate a epidemia da Aids, e Margaret Atwood é uma das mais comentadas defensoras da liberdade literária no mundo — todas humanistas.

A lista de cientistas inclui uma multidão: Stephen Jay Gould, Donald Johanson, Richard Leakey, E. O. Wilson, Francis Crick, Jonas Salk e muitos outros — todos membros da Associação Humanista Americana, cujo presidente nos anos oitenta foi o cientista e escritor Isaac Asimov.

Talvez isso tenha sido o que levou George Santayana a declarar que o Humanismo é “uma realização, não uma doutrina”.

Portanto, no Humanismo moderno pode-se encontrar uma filosofia ou uma religião sintonizada com o conhecimento moderno; […] ele tem inspirado as artes, da mesma forma que as ciências; a filantropia, tanto quanto a crítica. E mesmo na crítica, é tolerante, defendendo o direito que têm todas as pessoas de escolher outros caminhos, de falar e escrever livremente, de viver suas vidas segundo seu próprio discernimento.

Então, a escolha é sua. Você é um humanista?

Você não precisa responder nem sim, nem não. Pois esta não é uma proposição de “ou isso ou aquilo”. O Humanismo está à sua disposição — você pode adotá-lo ou recusá-lo. Pode pegar um pouquinho ou pode pegar bastante, ficar bebericando a taça ou sorvê-la de um gole só.

Contexto Histórico

No final do século XV, a Europa passava por grandes mudanças, provocadas por invenções como a bússola, pela expansão marítima que incrementou a indústria naval e o desenvolvimento do comércio com a substituição da economia de subsistência, levando a agricultura a se tornar mais intensiva e regular.

Deu-se o crescimento urbano, especialmente das cidades portuárias, o florescimento de pequenas indústrias e todas as demais mudanças econômicas provenientes do Mercantilismo, inclusive o surgimento da burguesia.

Todas essas alterações foram agilizadas com o surgimento dos humanistas, estudiosos da cultura clássica antiga. Alguns eram ligados à Igreja; outros, artistas ou historiadores, independentes ou protegidos pro mecenas. Esses estudiosos tiveram uma importância muito grande porque divulgaram, de forma mais sistemáticas, os novos conceitos, além de identificaram e valorizarem direitos dos cidadãos.

Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino e elegeram-no como a razão de todo conhecimento, estabelecendo, para ele, um papel de destaque no processo universal e histórico.

Essas mudanças na consciência popular, aliadas ao fortalecimento da burguesia, graças à intensificação das atividades agrícolas, industriais e comerciais, foram, lenta e gradativamente, minando a estrutura e o espírito medievais.

Em Portugal, todas essas alterações se fizeram sentir, evidentemente, ainda que algumas pudessem chegar ali com menor força ou, talvez, difusas, sobretudo porque o impacto maior vivido pelos portugueses foi proporcionado pela Revolução de Avis ( 1383-1385 ), na qual D. João, mestre de Avis, foi ungido rei, após liderar o povo contra injunções de Castela.

Alguns fatores ligados a esse quadro histórico indicam sua influência no rumo que as manifestações artísticas tomaram em Portugal.

São eles: as mudanças processadas no país pela Revolução de Avis; os efeitos mercantilistas; a conquista de Ceuta ( 1415 ), fato que daria início a um século de expansionismo lusitano; o envolvimento do homem comum com uma vida mais prática e menos lirismo cortês, morto em 1325; o interesse de novos nobres e reis por produções literárias diferentes do lirismo. Tudo isso explica a restrição do espaço para o exercício e a manifestação da imaginação poética, a marginalização da arte lírica e o fim do Trovadorismo. A partir daí, o ambiente se tornou mais propício à crônica e à prosa histórica, ao menos nas primeiras décadas do período.

Características

Culturalmente, a melhoria técnica da imprensa propiciou uma divulgação mais ampla e rápida do livro, democratizando um pouco o acesso a ele. O homem desse período passa a se interessar mais pelo saber, convivendo com a palavra escrita. Adquire novas idéias e outras culturas como a greco-latina.

Mas, sobretudo, o homem percebe-se capaz, importante e agente. Acreditando-se dotado de “livre arbítrio”, isto é, capacidade de decisão sobre a própria vida, não mais determinada por Deus, afasta-se do teocentrismo, assumindo, lentamente, um comportamento baseado no antropocentrismo. Isto implica profundas transformações culturais. De uma postura religiosa e mística, o homem passa gradativamente a uma posição racionalista.

O Humanismo funcionará como um período de transição entre duas posturas. Por isso, a arte da época é marcada pela convivência de elementos espiritualistas ( teocêntricos ) e terrenos ( antropocêntricos ).

A historiografia, a poesia, a prosa doutrinária e o teatro apresentaram características específicas.

PROSA DOUTRINÁRIA

Com o aumento de interesse pela leitura , houve um significativo e rápido crescimento da cultura com o surgimento de bibliotecas e a intensificação de traduções de obras religiosas e profanas, além da atualização de escritos antigos. Esse envolvimento com o saber atingiu também a nobreza, a ponto de as crônicas históricas passarem a ser escritas pelos próprios reis, especialmente da dinastia de Avis, com os exemplos de D. João I, D.Duarte e D. Pedro.

Essa produção recebeu o nome de doutrinária, porque incluíam a atitude de transmitir ensinamentos sobre certas prática diárias, e sobre a vida.

Alguns exemplos: Ensinança de bem cavalgar toda sela, em que se faz o elogio do esporte e da disciplina moral, e Leal Conselheiro, em que se estabelecem princípios de conduta moral para a nobreza m ambos de D. Duarte; livro de Montaria (D.João I) sobre a caça; e outros.

POESIA PALACIANA

Conforme já dito no capítulo relativo às crônicas históricas, o Mercantilismo e outros acontecimentos de âmbito português modificaram o gosto literário do público, diminuindo-o quanto à produção lírica, o que manteve a poesia enfraquecida durante um século (mais ou menos de 1350 a 1450). No entanto, em Portugal, graças à preferência do rei D.Afonso V ( 1438-1481), abriu-se um espaço na corte lusitana para a prática lírica e poética. Assim, essa atividade literária sobreviveu em Portugal, ainda que num espaço restrito, e recebeu o nome de Poesia Palaciana, também identificada por quatrocentista.

Essa produção poética tem uma certa limitação quanto aos conteúdos, temas e visão de mundo, porque seus autores, nobres e fidalgos, abordavam apenas realidades palacianas, como assuntos de montaria, festas, comportamentos em palácios, modas, trajes e outras banalidades sem implicação histórica abrangente. O amor era tratado de forma mais sensual do que no Trovadorismo, sendo menos intensa a idealização da mulher. Também, neste gênero poético , ocorre a sátira.

Formalmente são superiores à poesia trovadoresca, seja pela extensão dos poemas graças à cultura dos autores, seja pelo grau de inspiração, seja pela musicalidade ou mesmo pela variedade do metro estes dois últimos recursos conferiam a cada poema a chance de possuírem ritmo próprio. Os versos continuavam a ser as redondilhas e era normal o uso do mote. A diferença mais significativa em relação às cantigas do Trovadorismo é que as poesias palacianas foram desligadas da música, ou seja, o texto poético passou a ser feito para a leitura e declamação, não mais para o canto.

Humanismo – História

Ao final da Idade Média a Europa passa por profundas transformações.

A imprensa é aperfeiçoada permitindo maior divulgação dos livros; a expansão marítima é impulsionada graças ao desenvolvimento da construção naval e à invenção da bússola; aparecimento da atividade comercial. Surge o mercantilismo, e com ele, a economia baseada exclusivamente na agricultura perde em importância para outras atividades. As cidades portuárias crescem, atraindo camponeses. Criam-se novas profissões e pequenas indústrias artesanais começam a se desenvolver.

Uma nova classe social emerge nas pequenas cidades ( burgos), composta por mercadores, comerciantes e artesãos, as quais passam a desafiar o poder dos nobres. Essa classe recebe o nome de Burguesia.

O espírito medieval, baseado na hierarquia nobreza – clero – povo, começa a se desestruturar e o homem preso ao feudo e a o senhor adquire nova consciência. Diante do progresso, percebe-se como força criadora capaz de influir nos destinos da humanidade, descobrindo, conquistando e transformando o Universo.

O homem descobre o homem. A idéia de que o destino estava traçado por forças superiores, a qual caracteriza a homem como ser passivo, vai sendo substituída pela crença de ele é o mentor de seu próprio destino. O misticismo medieval começa a desaparecer, e o Teocentrismo cede lugar ao Antropocentrismo.

Portugal tem como marco cronológico de toda essa transição a Revolução de Avis (1383 – 85), quando D. João, o Mestre de Avis, aliado aos burgueses, proporcionou a expansão ultramarina. A tomada de Ceuta em 1415, primeira conquista ultramarina, Portugal inicia a longa caminhada de um século até conhecer seu apogeu.

Os valores humanistas

Com as bases do feudalismo abaladas e diante de uma nova ordem econômica e social, inicia-se um período fundado numa economia comercial expansionista – o capitalismo comercial.

Diante dessas alterações, o homem começa a valorizar o saber.

Os humanistas passam a difundir a idéia de que os valores e direitos de cada indivíduo deveriam sobrepor-se as ordens sociais. Grandes admiradores da cultura antiga, estudavam, copiavam e comentavam os textos de portas e de filósofos greco-latinos, cujas idéias seriam amplamente aceitas no Renascimento.

O Humanismo foi, portanto, o movimento cultural que esteve a par do estudo e da imitação dos clássicos. Fez do homem o objeto do conhecimento, reivindicando para ele uma posição de importância no contexto do universo, sem contudo, negar o valor supremo de Deus.

O movimento Literário

O período compreendido como Humanismo na Literatura Portuguesa vai desde a nomeação de Fernão Lopes a cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Francisco Sá de Miranda da Itália, quando introduziu uma nova estética, o Classicismo, em 1527.

Gil Vicente, nasce o Teatro em Portugal

O ano de nascimento do teatrólogo Gil Vicente, o introdutor do teatro em Portugal, não é conhecido ao certo; alguns assinalam que teria sido em 1465 ou 1466, e o ano de sua morte entre 1536 e 1540. Sabe-se, entretanto, que ele iniciou sua carreira teatral em 1502, quando, representando os servidores do Palácio do rei D. Manoel, declamou em espanhol o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro, na câmara de D. Maria de Castela .

Vicente, figura cimeira do teatro português, foi homem de coragem, que não hesitou em denunciar com lucidez, mordacidade e sentido de humor os abusos, hipocrisias e incoerências que estavam a sua volta.

Nada escapou a sua observação: o clérigo devasso e venal, esquecido do verdadeiro sentido de sua missão; o velho cúpido e avarento; a moça fútil e preguiçosa; a esposa infiel, hipócrita e interesseira – todos eles constituem personagens vivas, lançadas do tempo para a eternidade pelo genial Mestre Gil.

Foi assim que começou…

No mais rico cenário de então no Paço Real Português, na magnificente alcova real, horas depois de a rainha Dona Maria, mulher de D. Manuel, Ter dado à luz aquele que viria a ser El-rei D. João III, na noite de 7 para 8 de julho do ano da graça de 1502… “entrou um vaqueiro dizendo: Perdiez! Siete repelones / me pegaron à la entrada…”.

…E mestre Gil, entrando naquela suntuosa câmara recamada de damascos e pedrarias, com seu Monólogo do Vaqueiro, inicia a sua carreira de dramaturgo. E, por ser coisa nova em Portugal, Dona Leonor lhe pediu que o repetisse, endereçado ao nascimento do Redentor, nas matinais do Natal, em 1502.

O Teatro de Vicentino

A obra de Vicente é um documento vivo do que foi o Portugal da primeira metade do século XVI. O ambiente social deste momento da História apresentou ao dramaturgo enovelado numa série de fatores típicos. O clero, classe muito numerosa, estava presente em todos os setores da sociedade e a maior aparte de seus membros acusava uma singular relaxação de costumes.

A nobreza estava em decadência, tanto econômica quanto culturalmente. Mas vivia alardeando riquezas, explorando o trabalho dos servidores e desprezando-os, prometendo tudo e nada dando.

As profissões liberais também são referidas nas obras do dramaturgo das cortes de D. Manuel e de D. João III. Os médicos eram os charlatães que pouco sabiam do seu ofício, explorando os clientes.

O camponês, de condição miserável e alienada, era o sustentáculo da hierarquia feudal ( clérigos e nobres). Mas, como todo homem, tem a ambição e aspira a viver na corte.

No aspecto religioso, debatia-se a questão das indulgências, perdões e outras fontes de réditos para a Santa Sé, criticavam-se as rezas mecânicas, o culto dos santos e as superstições.

Um outro aspecto que merece atenção na época é a infidelidade conjugal das esposas, conseqüência da partida dos maridos nas armadas das descobertas e conquistas, fato bem documentado no Auto da Índia.

A Ama lamenta-se que: Partem em maio daqui quando o sangue novo atiça.

Parece-te que é justiça?

Tentando uma explicação para ela própria e propondo-se levar uma vida desregrada. Aliás, muitas casavam contra os seus gostos e vontade, quer por imposição dos pais, quer na ânsia de alcançar títulos nobiliárquicos. Daí a esperança que se apossava delas de que os seus “queridos” maridos por lá ficassem enterrados ou encerrados em algum cativeiro. Mas acontecia que eles acabavam por regressar, embora de mãos vazias e, por vezes, famintos; e então vinham as pragas e lamentações.

O riso não é em Gil Vicente uma concessão à facilidade ou um meio de adoçar asperezas, ou ainda uma máscara apara incompreensão. É acima de tudo a expressão de um profundo sentido da tragédia humana. “O riso é a coisa mais séria do mundo”. Por que é a exteriorização de uma dolorosa tomada de consciência diante de um mundo louco e inacabado, que teima em tomar-se a sério – como se nada mais houvera a fazer nele e por ele. Esse mundo desconcertado Gil Vicente não rejeita, mas também não aceita passivamente. É pelo caminho mais difícil – o de analisar esse mundo, recriando-o – que ele segue para compreendê-lo e dar-lhe uma nova medida.

Fonte: humanism.org.uk/www.geocities.com/www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/universoliterario.vilabol.uol.com.br

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