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O que foi o Trovadorismo?
A escola literária denominada como Trovadorismo é o primeiro movimento literário da Língua Portuguesa e nasce em Portugal no século XII. No movimento trovadoresco, a literatura era cantada e não escrita. Quem cantava eram os trovadores, que possuíam origem nobre, ou os jograis, quando pertenciam à plebe. Os trovadores compunham as cantigas (do amigo, do amor, do escárnio e do mal-dizer) e cantavam as melodias em feiras, festas e castelos.
Contexto histórico do Trovadorismo:
O momento histórico em que o trovadorismo ocorre é a Idade Média. É importante compreender que a linha do tempo das escolas literárias facilita a compreensão dos textos e da estrutura da escola. O movimento trovadoresco se estende desde o século XII até o século XV. Essa data não é exata, mas é a utilizada para caracterizar que o período literário ocorre ao mesmo tempo que o período medieval. Ele ascende quando a formação de Portugal está sendo firmada, após a Guerra da Reconquista. Mas, além da formação de Portugal, a linguagem e a cultura também ainda estão sendo estabelecidas e, por isso, o Trovadorismo é a primeira escola literária da Língua Portuguesa.
Além disso, a sociedade da época era teocêntrica e monárquica. O rei era legitimado pela igreja que, por causa do teocentrismo, exercia grande influência sobre a população. É importante saber, também, que o sistema econômico da época era o feudalismo.
A literatura propriamente dita durante o trovadorismo:
O Trovadorismo conta com um acervo de prosa e poesia. No entanto, a poesia constitui um espaço muito maior durante essa época por ser de mais fácil acesso à população. Como as poesias eram cantadas, elas atingiam uma gama de pessoas mais ampla. Vamos ver os aspectos da poesia e, depois, da prosa.
Poesia trovadoresca:
Quem faz a poesia? A poesia é composta e cantada pelo trovador e é feita em forma de cantiga. O trovador faz parte da nobreza, apesar de não ser o maior dos nobres. Mesmo assim, ele não é parte do vassalo.
Apesar do trovador, a cantiga pode ser cantada, também, pelo jogral. O jogral é mais pobre que o trovador e somente canta. Ele não compõe porque, nesse período, a população mais pobre não sabia ler e escrever.
Fora isso, tanto o trovador quanto o jogral, poderiam ser acompanhados pelas soldadeiras. Elas não são a voz principal da cantiga e exercem um papel de “backing vocals” da Idade Média. Além de ser, praticamente, o único momento em que as mulheres aparecem nessa escola literária. O idioma utilizado para a produção literária era o galego-português.
A poesia trovadoresca é dividida em dois grupos:
- poesia lírica
Que é dividida, também, em dois grupos:
- cantiga de amor:
A cantiga de amor possui o eu-lírico masculino e retrata a história de um “amor impossível”. O homem (que faz parte do vassalo) está perdidamente apaixonado e sofrendo por uma mulher nobre e inalcançável. A cantiga nunca revela nomes e a mulher, por sua vez, muitas vezes se assemelha à Virgem Maria devido a sua perfeição.
Exemplo:
“Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.”
- cantiga de amigo:
Já na cantiga de amigo, o eu-lírico é feminino. Entretanto, quem compõe a cantiga continua sendo um homem. A diferença é que, aqui, ele cria uma personagem feminina para a poesia. O amor retratado nessa versão, é o amor saudosista. Ele ainda não vai acontecer, mas é um pouco mais alcançável. Essas cantigas eram construídas de maneira a parecer que a jovem estivesse contando sua história de amor para alguém: mãe, tia, amiga ou quem estivesse disposto a ouvir.
Exemplo:
“Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
(…)”
- poesia satírica
É mais popular e também é dividida em dois grupos:
- cantiga de escárnio:
É, literalmente, um escárnio. É feita para tirar sarro de alguém, no entanto não cita nomes. Ou seja, pode-se dizer que é como uma crítica explícita a alguém sem dizer o nome da pessoa. E, claro, também é cantada.
- cantiga de mal-dizer:
Assim como a cantiga do escárnio, ela é feita para criticar alguém. Mas, aqui, isso é feita de maneira direta e explícita. As cantigas de mal-dizer citam os nomes de quem se critica e podem conter até mesmo palavras de baixo calão.
Exemplo para os dois tipos de cantiga satírica:
“Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!”
O trovador mais famoso desse período é o Dom Diniz.
Prosa trovadoresca:
A prosa durante o trovadorismo foi feita em menor quantidade. No entanto, elas são de extrema importância para compreender e saber mais sobre a história de Portugal. As prosas são divididas em quatro grupos:
- crônicas:
São encontradas até em latim e não diretamente no galego-português ou português arcaico – que é a linguagem que se forma em Portugal – e narram a história do país.
- histórias de linhagem:
Também contam sobre a história de Portugal, mas contam muito mais sobre as famílias que viveram no país naquela época. Mostram, literalmente, a linhagem.
- hagiografias:
São as histórias e relatos religiosos. Histórias de santo e coisas que aconteceram na religião. É, basicamente, sobre religião.
- novelas de cavalaria:
Fizeram bastante sucesso, eram bastante populares e comuns. Por isso, era normal que fossem lidas nas casas de famílias.
Por Amanda Abreu
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