Obras Literárias

março, 2017

  • 2 março

    Ditoso seja aquele que somente (1598)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Ditoso seja aquele que somente se queixa de amorosas esquivanças; pois por elas não perde as esperanças de poder n’algum tempo ser contente. Ditoso seja quem, estando ausente, não sente mais que a pena das lembranças; porqu’, inda que se tema de mudanças, menos …

  • 2 março

    Diana prateada, esclarecia (1668)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Diana prateada, esclarecia com a luz que do claro Febo ardente, por ser de natureza transparente, em si, como em espelho, reluzia. Cem mil milhões de graças lhe influía, quando me apareceu o excelente raio de vosso aspecto, diferente em graça e em amor …

  • 2 março

    Despois que viu Cibele o corpo humano (1616)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Despois que viu Cibele o corpo humano do fermoso Átis seu verde pinheiro, em piedade o vão furar primeiro convertido, chorou seu grave dano. E, fazendo a sua dor ilustre engano, a Júpiter pediu que o verdadeiro preço da nova palma e do loureiro, …

  • 2 março

    Depois que quis Amor que eu só passasse (1598)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Despois que quis Amor que eu só passasse quanto mal já por muitos repartiu, entregou me à Fortuna, porque viu que não tinha mais mal que em mim mostrasse. Ela, porque do Amor se avantajasse no tormento que o Céu me permitiu, o que …

  • 2 março

    Debaixo desta pedra esta metido (1595)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões À sepultura de D. Fernando de Castro Debaixo desta pedra está metido, das sanguinosas armas descansado, o capitão ilustre, assinalado, Dom Fernando de Castro esclarecido. Por todo o Oriente tão temido, e da enveja da fama tão cantado, este, pois, só agora sepultado, está …

  • 2 março

    De vos me aparto, ó vida! Em tal mudança (1595)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança, sinto vivo da morte o sentimento. Não sei para que é ter contentamento, se mais há de perder quem mais alcança. Mas dou vos esta firme segurança que, posto que me mate meu tormento, pelas …

  • 2 março

    De um tão felice engenho produzido (1668)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões De um tão felice engenho, produzido de outro, que o claro Sol não viu maior, é trazer cousas altas no sentido, todas dinas de espanto e de louvor. Museu foi antiquíssimo escritor, filósofo e poeta conhecido, discípulo do Músico amador que co som teve …

  • 2 março

    De tão divino acento e voz humana (1595)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões De tão divino acento e voz humana, de tão doces palavras peregrinas, bem sei que minhas obras não são dinas, que o rudo engenho meu me desengana. Mas de vossos escritos corre e mana licor que vence as águas cabalinas; e convosco do Tejo …

  • 1 março

    Dai-me üa lei, Senhora, de querer-vos (1595)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Dai me üa lei, Senhora, de querer vos, que a guarde, sô pena de enojar vos; que a fé que me obriga a tanto amar vos fará que fique em lei de obedecer vos. Tudo me defendei, senão só ver vos, e dentro na …

  • 1 março

    Correm turvas as águas deste rio (1616)

    Sonetos de Luís Vaz de Camões Correm turvas as águas deste rio, que as do Céu e as do monte as enturbaram; os campos florecidos se secaram, intratável se fez o vale, e frio. Passou o Verão, passou o ardente Estio, üas cousas por outras se trocaram; os fementidos Fados …