Teatro Oficina

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O que é

O Teatro Oficina é uma companhia de teatro das mais importantes do Brasil localizada em São Paulo.

Fundado em 1958 por um grupo de alunos da Escola de Direito do Largo de São Francisco, sendo um deles José Celso Martinez Corrêa, hoje o principal diretor do Oficina e responsável pela formação de centenas de atores, como Etty Fraser, Maria Alice Vergueiro do Tapa na pantera entre outros, ao longo de suas décadas de existência.

O Teatro Oficina distinguiu-se por ter absorvido, na década de 60, toda a experiência cênica internacional e foi neste lugar que seria lançado na cultura brasileira o que ficou conhecido como Tropicalismo, estética ligada ao movimento antropofágico de Oswald de Andrade e que influenciou músicos, poetas e outros artistas.

A representação desse Tropicalismo se deu no Teatro Oficina com a estréia de O Rei da Vela, em 1967, atuada por outro fundador do Oficina, Renato Borghi.

“A dramaturgia bombástica me fazia sentir atuando dentro da raiz e da alma brasileira; nesta peça, o Oswald falava do Brasil de uma forma antropofágica, devorando o que gente tinha de bom e de péssimo.

O Teatro Oficina

O Teatro Oficina, na década de 1960, foi um importante centro de vanguarda e de resistência aos anos autoritários do país.

Dedicado à tradução metafórica dos anos de ditadura, a partir de 1967, com a peça O rei da vela, o Teatro Oficina desenvolveu-se com o “espetáculo-manifesto”, tendo sido interditado pela Justiça Federal. Foi tombado pelo patrimônio histórico e o edifício foi reformado com projeto dos arquitetos Lina Bo Bardi e Edson Elito.

Atualmente, o Teatro Oficina é administrado em comodato pelo Grupo Uzyna Uzona. O teatro guarda ainda toda a memória de sua trajetória contestadora e vanguardista. Isso pode ser visto em recortes de jornais, cadernos de ensaios, manuscritos, impressos, fitas de áudio, filmes, vídeos, cartazes e fotografias.

O grupo de teatro amador foi formado por estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, em 1958: José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi, Carlos Queiroz Telles, Amir Haddad, Moracy do Val, Jairo Arco e Flexa. Estrearam em 28 de outubro de 1958, com dois espetáculos: A Ponte, de Carlos Queiroz Telles, dirigido por Amir Haddad e Vento Forte para Um Papagaio Subir, de José Celso Martinez Corrêa.

Depois do primeiro ano de trabalho parte do grupo decidiu pela profissionalização e nos anos seguintes foram delineando-se escolhas políticas e estéticas que fariam do Teatro Oficina expressão dramatúrgica ímpar na criação, direção e produção de espetáculos, marcados sempre pela inquietação. Revelou autores, diretores, atores e atrizes em dezenas de montagens teatrais. Em 1974, José Celso Martinez Corrêa seguiu para Portugal e Moçambique, retornando ao país após a anistia, quando retomou as atividades do Teatro Oficina.

A documentação em questão foi retirada do país após a invasão do Teatro pela Polícia Federal e retornou em 1979, com a abertura política. Registra a trajetória do grupo, bem como os momentos importantes da vida político-cultural brasileira. Abrange o período de 1959 a 1986. Destacam-se a coleção de 3.781 fotografias e as gravações de cenas ao vivo de O Rei da Vela, no Teatro João Caetano, além das encenações de Os Pequenos Burgueses (1963) e Quatro Num Quarto (1966).

Origem

Criado em 1958 por um grupo de estudantes da Escola de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, o Teatro Oficina distinguiu-se por ter absorvido, na década de 60, toda a experiência cênica internacional, vinda de fins do século passado até aqueles dias, dando-lhe um cunho eminentemente brasileiro.

A primeira grande realização do elenco, em 1963, foi Pequenos Burgueses, de Górki, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, responsável por todas as montagens subseqüentes de maior qualidade. A crítica reconheceu nela o melhor exemplo de encenação realista, na linha stanislavskiana, produzida no Brasil. Andorra, de Max Frisch (1964), já incorporou a linguagem épica, deslocada em Os Inimigos, também de Górki (1966), brigando com o estilo do autor.

A estréia de O Rei da Vela, em 1967, teve o mérito de incorporar Oswald de Andrade, com um texto publicado em 1937, à História do Teatro Brasileiro, e de ser o arauto de um movimento batizado como tropicalismo, de repercussão em outras artes.

Galileu Galilei (1968) quebrava o racionalismo extremo de Brecht com uma carnavalização eminentemente brasileira. E Na Selva das Cidades, do jovem Brecht (1969), que aproveitou as lições de Grotówski, tem o direito de considerar-se o mais poético espetáculo moderno em nosso palco.

Incansável na sua busca, o Oficina pretendeu romper as fronteiras convencionais do teatro, fazendo “te-ato” em Gracias, Senior, criação coletiva de seus atuadores, não mais intérpretes, em 1972. Aparentada a Paradise Now, do Living Theatre norte-americano, a montagem foi discutida em virtude de posturas autoritárias que parecia conter.

A rigidez da censura política, os problemas internos do grupo e o exílio de José Celso puseram fim à aventura brilhante do Oficina.

Teatro Oficina

Teatro Oficina

Fonte: www.saopaulo.sp.gov.br/segall.ifch.unicamp.br/www.mre.gov.br

Teatro Oficina

Grupo que tem como figura central o diretor José Celso Martinez Corrêa desde a fundação nos anos de 1960.

O Teatro Oficina – Uzyna Uzona passou por diversas formações, trabalhando com espetáculos de elencos bastante numerosos.

Zé Celso – como é normalmente chamado – uma marcante figura do teatro brasileiro, é tido pelos críticos e teóricos teatrais como um dos mais importantes encenadores do nosso país. Viveu as experiências da contracultura nos anos 60 e foi um dos artistas da gênese do movimento da “Tropicália”.

O Teatro Oficina, que posteriormente passa a ser chamado também de Uzyna Uzona produziu montagens antológicas nos anos 60 como “Pequenos Burgueses” (1963), “Rei da Vela” (1967) e “Na Selva das Cidades” (1969), este último uma referência de violência cênica de grande expressividade.

Sempre influenciado pelos rituais, Zé Celso explora desde elementos carnavalescos até os processos que tem base em orgias entre o elenco, e é frequentemente contestado em seu trabalho pelo uso de fortes cenas de sexo e de temas polêmicos. Nos anos de 1960, tal elemento servia como crítica contra a repressão sexual, e nos dias de hoje o sexo é ainda presente em seus espetáculos, talvez com objetivos bastante semelhantes. É comum também o uso de cenas de luta, as temáticas políticas, assim como a exposição do corpo nu, elemento usado em quase todas as suas montagens mais recentes.

Numa […] tendência mais vanguardista ou mais corretamente da vanguarda – desenvolvida a partir de experimentalismos estéticos, fundamentados na ruptura, no choque, na iconoclastia, na busca de ‘novas’ e ritualísticas relações com o público e na reapresentação de assuntos ditos proibidos, malditos ou mesmo pouco afeitos ao teatro – encontra-se a inquietante figura de José Celso Martinez Correa, um dos criadores do Teatro Oficina (fundado em 1958). Responsáveis pelas mais belas, polêmicas e significativas encenações do teatro brasileiro de todos os tempos – na tendência aludida – (e contando com os parceiros permanentes da chamada tríade do Oficina, até 1971, Fernando Peixoto e Renato Borghi), Zé Celso fincou raízes, confundiu críticos e público, desestruturou convicções, comportamentos e mentalidades e caracterizou-se em personagem totêmica e modelar do teatro universal do Ocidente (MATTE: 2003, p. da internet).

Uma das obras mais controversas no sentido do chamariz sexual foi a montagem de 1994 “As Bacantes”, baseada na tragédia de Eurípedes, obra que sugere uma abordagem antropofágica a este encenador muito afeito aos rituais, e que faz desta montagem uma “celebração orgiástica dos conflitos do Brasil contemporâneo” (COMODO; CORREA: 1993, p. da internet). Na obra original de Eurípedes, Penteu, o rei de Tebas, tenta reprimir as bacanais e desordens ligadas ao culto de Dionísio, o deus da fartura, do prazer e também do teatro. A obra é definida por Zé Celso como uma ópera de carnaval e alia elementos como vinho, nudez, cenas picantes e crítica ao governo (Idem: 1993).

A orgia não está apenas presente como recurso cênico nos trabalhos do Oficina mas também que elemento dos processos, como comenta Zé Celso:

“Mistérios gozozos, a peça anterior, nasceu de uma orgia-laboratório, realizada na escola de teatro da USP, escondida, assistida pelos vigias e por alguns alunos da noite. Eu só topei fazer esta oficina desde que todos se tocassem nos órgãos genitais. Mas não foi uma bacanal. Eram apenas toques. O espetáculo nascia leve, leve como quando você termina uma relação sexual com quem está apaixonado. De tempos em tempos a sociedade tem que fazer uma orgia senão ela não se renova. Não existe só o papai e mamãe. Existe o respeito de dar para todo mundo e de receber de todo mundo. Faz parte da vida, do conhecimento da vida (Idem: 1993).

Um motivo de grande polêmica nesta obra do Oficina foi a cena em que as sacerdotisas de Dionísio despiam uma pessoa do público. Em uma das exibições as atrizes despiram o cantor e compositor Caetano Veloso, o que aumentou ainda mais a polêmica em torno da peça. A nudez e o sexo na cena foram elementos de grande importância já que a fábula de Eurípedes explora as “bacanais”, rituais em que as bacantes despiam e devoravam homens. Conforme comenta Ivan Cláudio em um artigo para a revista Isto É – Cultura, parte do público paulista evitou a montagem depois do escândalo que envolvia esta e outras cenas.

O diretor Zé Celso Martinez responde aos alardes: “Os jornais ficaram contabilizando quantas vezes um homem beijava o outro ou passava a mão na bunda, mas escandalosa mesmo é a cultura que nos é imposta, este eterno papai-e-mamãe” (CLAUDIO: 1994, p. da internet).

“Mistérios Gozozos”, montagem de 1994 baseada na obra de Oswald de Andrade, foi musicada por José Miguel Wisnik e apresentada em praças e ruas de São Paulo, realizando também uma temporada no Teatro Oficina em 1994 e 1995. Contestando a imagem de Jesus Cristo, a obra adotava linguagem agressiva na encenação de Zé Celso buscando por meio da celebração uma interseção entre religião, sexo e arte.

“Mistérios Gozosos” contava a história de um vendedor de santos dividido entre a sua família que mora no morro e uma jovem prostituta do Mangue. Mário Vitor Santos, comenta na Folha de São Paulo de 19/3/95 sobre a abordagem do sexo na cena nesta montagem:

Sendo a história sobre as prostitutas da extinta região do Mangue, há muitas cenas de sexo. (…) Não é sexo puro porque é teatro, mas não é apenas teatro, é mais. Corrêa parece buscar um novo fazer teatral, que ultrapasse os limites da linguagem da arte, como se procurasse aproximá-la de um seu núcleo energético (TEATRO OFICINA: 2008, p. da internet).

Alberto Guzik comenta num artigo publicado em 17/2/94 no Jornal da Tarde, sobre a montagem de “Mistérios Gozosos”. Segundo ele, “a encenação impressiona pela vitalidade e energia. Foi um pequeno milagre dionisíaco. A orgia em praça pública, com livre exibição de nus indignou conservadores” (Idem: 2008). No Jornal O Estado de São Paulo, em 17/2/94, Enor Paiano comenta sobre a mesma montagem que: “Sexo explícito, como prometido não teve, em compensação, muito espectador saiu sentindose íntimo das atrizes Cristiane Tricerri e Alleyona Cavalli, que bateram recordes de nudez em praça pública.” (Idem: 2008).a

Um dos projetos mais recentes do Oficina, a montagem em cinco espetáculos das três partes de “Os Sertões” de Euclides da Cunha, expõe um vasto panorama da formação do povo brasileiro numa criação que parte das inquietações do grupo pela sobrevivência de seu edifício teatral, uma antiga luta contra o empresário Silvio Santos, interessado em construir um shopping center que compreenderia o Teatro Oficina em seu interior como sala convencional de espetáculos. A busca da terra na obra de Euclides da Cunha é a metáfora central deste trabalho.

Fonte central de seus Os Sertões é a obra homônima publicada por Euclides da Cunha em 1902. Sob o pretexto de examinar a Guerra de Canudos (Bahia, 1896-1897), ela traça um perfil sem precedentes – ainda que ideologicamente tingido pelo positivismo e o darwinismo – do povo brasileiro. É considerada a “bíblia da brasilidade”. O ciclo de Zé Celso tem três partes prontas, até agora: A Terra, O Homem 1 e O Homem 2, num total de cerca de 16 horas (VALENTE: 2004, p. da internet)

As cenas de sexo são um elemento impactante em “Os Sertões” como podemos perceber no depoimento de Dellano Rios no Diário do Nordeste em 19/11/2007:

O sexo e as heresias, sem dúvida, incomodaram. Boa parte das críticas que se ouviam pela cidade atacavam esses pontos. Os ânimos alterados não intimidaram a companhia, que a cada dia trazia novidades provocantes. Depois do oráculo vaginal, de ´O Homem I´, viu-se o próprio público entrar em cena, tirar a roupa e participar de uma quase-orgia na peça seguinte. Polêmica à parte, o sexo rendeu algumas das melhores cenas em ´Os Sertões´, exatamente quando assumia um lugar central – na miscigenação das raças encenada em seu segundo dia de espetáculo (RIOS: 2007, p. da internet).

A carnavalização no trabalho do Oficina se evidencia numa busca constante por atingir um teatro dionisíaco, um teatro orgiástico, que se defronta com uma sociedade conservadora que, para o diretor Zé Celso, está em rumo a uma purificação.

Dioniso — Zé Celso ensina —, além do teatro, criou a antropologia, oferecendo uma síntese do humano, produto da violência e do erotismo. Zé Celso desenvolve ao máximo essa idéia, associando repressão sexual e opressão política e econômica.

A centralidade da nudez se esclarece: o corpo deve renascer no palco, vivenciando a travessia do sertão e as vicissitudes da luta. A nudez é uma página em branco, na qual se pode inscrever uma nova história (ROCHA: 2005, p. da internet).

Teatro Oficina
“Os Sertões” na Alemanha (2005)

Teatro Oficina
Primeira montagem de “O Rei da Vela” (1963)

Teatro Oficina
“Mistérios Gozosos”

Referências

CLAUDIO, Ivan. Choque estético. In: Isto É – Cultura, 1994. Visitado em 16/01/2009. Disponível em: http://www.terra.com.br/istoe/cultura/142709.htm. COELHO, Sérgio Salvia. Grupo Oficina ritualiza a miscigenação do Brasil. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 23 ago. 2003. p. 9.
COMODO, Robeeto. CORREA, Zé Celso Martinez. Orgia no palco. In: Isto É – Cultura, 1993. Visitado em 16/01/2008Disponível em: http://terra.com.br/istoe/vermelha/139601.htm. LIMA, Mariangela Alves de. Luta lúdica, política e sagrada. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Caderno 2, 23 jun. 2006.
MATTE, Alexandre. Movimentos do teatro paulista. In: Jornal “O Sarrafo”. Março 2003. Número 1. Visistado em 22/10/2007. http://www.jornalsarrafo.com.br/sarrafo/edicao01/mat05.htm ; PONCIANO, Helio. Canudos transformada. Revista “Bravo!”, São Paulo, n. 63, dez. 2002. p. 90. RANGEL, Vinícius. Personas de Teatro: José Celso Martinez Corrêa & Grupo Oficina Visitado em 22/10/2007. Disponível em: http://www.estacio.br/rededeletras/numero5/persona/josecelso.asp.
RIOS, Dellano. Fluxos e refluxos d’Os Sertões. In: Diário do Nordeste. Visitado em 26/08/2008. http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=488537. 2007. ROCHA, José Cezar de Castro. Sertões pornográficos de Zé Celso em Berlim. In: Uol Notícias. 2005. Visitado em 22/03/2008. Disponível em: http://www2.uol.com.br/teatroficina/novosite/sertoes/berlim/berlim02.htm.
UZIEL, Marcos. CORREA, Zé Celso Martinez. Entrevista com Zé Celso Martinez. In: Teatro Oficina on line. Visitado em 22/03/2008. Disponível em: http://teatroficina.com.br/agora.php?strArea=agora&idAutor=1&intMes=10&dataIni=2 2&dataFin=28.
VALENTE, Augusto. Teatro Oficina apresenta “Sertões” inédito. “. In: Deutsh Welle On Line, 20/05/2004. Visitado em 22/11/2007.. Dinsponível em: http://www.dwworld. de/dw/article/0,2144,1213296,00.html . SOLIZ, Neusa. Mina alemã serve de palco a Zé Celso e “Os Sertões”. In: Deutsh Welle On Line, 20/05/2004. Visitado em 22/11/2007. Disponível em: http://www.dwworld. de/dw/article/0,,1206708,00.html . TEATRO OFICINA. Website do Teatro Oficina Uzyna Uzona. Visitado em 2008. Disponível em In: http://www.teatroficina.com.br/menus/45/posts/8.

Fonte: aqis.ceart.udesc.br

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