Aluísio Azevedo

Aluísio Azevedo – Quem foi

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Aluísio Azevedo foi um romancista brasileiro, caricaturista, diplomata, dramaturgo e contista.

Inicialmente um escritor romântico, ele viria a aderir ao Movimento Naturalista. Ele introduziu o movimento naturalista no Brasil com a novela O Mulato, em 1881.

Ele fundou e ocupou a quarta cadeira da Academia Brasileira de Letras desde 1897 até sua morte em 1913.

Aluísio Azevedo – Vida

Aluísio Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão a 14 de abril de 1857 e faleceu em 21 de janeiro de 1913 em Buenos Aires.

Foi funcionário público e jornalista.

Com a Idade de vinte e quatro anos iniciou, em sua terra natal, a carreira literária, escrevendo os romances: “Uma Lágrima de Mulher” “0 Mulato” e “Memórias de um Condenado”. Mais tarde transferiu-se para o Rio de Janeiro.

Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Simpatizante da Escola Realista, pode ser considerado como o iniciador dessa corrente literária, no Brasil. Arguto observador social, soube descrever com elegância e exatidão os costumes do povo. Aos quarenta anos entrou para a carreira diplomática, servindo como cônsul do Brasil na Espanha, Inglaterra, Japão, Argentina e Itália. Seus romances são do tipo naturalista, tendo realizado o romance experimental.

“O Mulato” explora a questão racial, embora isso não se coadunasse com os postulados do naturalismo. Sua obra mais expressiva é, sem dúvida, “O Cortiço”.

Em “O Cortiço” sobressaem com mais vigor e as qualidades excelentes de Aluísio Azevedo. É uma obra-prima de observação pormenorizada.

O escritor revela a influência de Eça nos tipos mais caricaturais que apresenta; focaliza as aglomerações residenciais da ralé dos pobres do Rio, semelhantes às nossas favelas atuais.

Aluísio não criou tipos, pois, não se detinha a analisar as almas de seus personagens, nem enveredou pela psicologia Individual, mas limitou-se a lidar com as massas. Nesta obra, são freqüentes os diálogos e observa-se nela o relacionamento dos episódios.

Condensou variados aspectos da sociedade da época: o português ambicioso, o fidalgo burguês, o negro, o mestiço, a luta pela vida num ambiente tipicamente brasileiro. Aluísio Azevedo pode ser chamado realista objetivo em busca da realidade externa. Escreveu, também, obras para o teatro e contos, mas é no romance que se destaca o verdadeiro narrador.

Escreveu:

“Uma Lágrima de Mulher” (1880); “Memórias de um Condenado” , (1882); “Filomena Borges”, (1884); “0 Homem”, (1887); “0 Esqueleto”, (em colaboração com Olavo Bilac) “A Mortalha de Alzira”, (1894); “Livro de uma Sogra”, (1895); “A Girândola de Amores” ou “0 Mistério de Tijuca” (1900); “Condessa Vesper, (1901), etc.

Para o teatro produziu:

“Os Doidos”, “Casa de Orates”, “Flor de Lis”, “Em Flagrante”, “Caboclo”, “Um Caso de Adultério”, “Venenos que Curam” e “República”.

Obras consideradas de maior valor literário: “O Mulato” (1881); “O Cortiço” (1890) -, e principalmente “Casa de Pensão” (1894). Imensa foi a repercussão que este último livro obteve no seio da sociedade fluminense, devido ao desenlace ocorrido numa dessas casas de habitação coletiva.

Além disso, no romance se movem tipos de perfeito desenho ao natural, característica peculiar ao seu poderoso engenho retratista. Como jornalista redigiu o “Pensador”.

Suas obras têm ocasionado as opiniões mais desencontradas da crítica especializada. Mas, o grande público continua lendo seus livros sempre com grande curiosidade.

Aluísio de Azevedo foi um observador dos costumes de sua época, procurando retratar a burguesia e estudando os seus tipos, como o mau sacerdote, a mulher histérica, o preconceito de cor na figura do mulato. Seu romance não é psicológico; caricatura as pessoas, as coisas e as cenas.

“0 Cortiço”, “0 Mulato” e “Casa de Pensão” são os seus romances mais significativos, bastante o primeiro deles para lhe assegurar o título de principal representante do Naturalismo em nosso país.

O MULATO

Romance precursor do Realismo no Brasil. Tem por local o Maranhão em fins do século XIX, entupido ainda de preconceito racial. Seus personagens principais, Raimundo, jovem mulato recém chegado da Europa após terminar os estudos de Direito naquele continente, Ana Rosa, sua prima e noiva, filha de Manuel Pescada que não consentia no casamento da filha com seu sobrinho, por ser ele filho da escrava Domingas, Cônego Dias, assassino do pai de Raimundo, e Luís Dias, empregado de Manuel Pescada, que por instigação do cônego acabou por assassinar Raimundo. Aluísio Azevedo em “0 Mulato”, reprova com veemência o ignóbil racismo do fim do século XIX, e dá uma autêntica demonstração de anticlericalismo.

Aluísio Azevedo – Biografia

Aluísio Azevedo
Aluísio Azevedo

Nascimento: 14 de abril de 1857, São Luís, Maranhão.

Falecimento: 21 de janeiro de 1913, La Plata, Argentina.

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi romancista. Nasceu em São Luís, Maranhão, em 14 de abril de 1857.

Lançou seu primeiro romance, “Uma Lágrima de Mulher”, em 1878, uma obra romântica.

Conseguiu manter-se finaceiramente escrevendo outras obras no mesmo estilo, porém seus três principais trabalhos foram feitos segundo a escola naturalista, uma corrente que buscava descrever os tipos psicológicos de seus personagens baseando-se em teorias consideradas científicas no séc. XIX, em sua maioria racialistas; foram estes trabalhos, “O Mulato” (1880), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890).

“O Mulato” (1881) foi lançado meio à campanha abolicionista em São Luís, no Maranhão, um dos estados brasileiros com maior concentração de negros e negromestiços e um dos maiores centros de exploração de trabalho escravo.

A obra provocou a ira da elite branca e católica local por narrar as perseguições de um clérico racista contra um jovem mulato, dentro do ambiente da sociedade maranhense. As hostilidades geradas levaram Aluísio de Azevedo a decidir transferir-se para o Rio de Janeiro, onde já antes estivera como estudante.

“O Cortiço”, considerado sua obra-prima, escrito sob influência de Eça de Queiroz e de Émile Zola, descreve os conflitos humanos e raciais dentro de uma comunidade carente e explorada.

Chegou também a publicar um jornal, “O Pensador”, que teve vida curta. Em 1895 entra para o serviço público e em 1897 foi aceito na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira n.º 4.

Outras obras suas são: “Condessa Vésper”, “O Livro de Uma Sogra”, “Os Doidos” e “O Madeireiro”.

Ao entrar para a vida diplomática Aluísio de Azevedo abandonou a produção literária.

Faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913.

Aluísio Azevedo – Escritor

(1857-1913)

Aluísio Azevedo (Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo), caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. É o fundador da Cadeira nº 4 da Academia Brasileira de Letras.

Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de d. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do comediógrafo Artur Azevedo.

Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e ríspido comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na sociedade maranhense.

Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se, fazia caricaturas para os jornais da época, como O Fígaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. A partir desses “bonecos” que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas de romances.

A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da família.

Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal anti-clerical O Pensador, que defendia a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela.

Em 1881, Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto de que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor.

Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir a sobrevivência.

Depois, surgiu nova preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português.

Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores obras: Casa de pensão (1884) e O Cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède.

Em 1895 encerrou a carreira de romancista e ingressou na diplomacia. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D. Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1ª classe, sendo removido para Assunção. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Ali faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente.

Introdutor do Naturalismo no Brasil, Aluísio Azevedo, inspirado por Zola (1840-1902) e Eça de Queirós (1845-1900), escreve romances para o cenário brasileiro. Sua obra, marcada de altos e baixos, retrata o meio maranhense da época, expõe preconceitos e satiriza os hábitos dos típicos moradores de São Luís. A luta do escritor se volta contra o conservadorismo e a forte presença do clero, responsável pela falta de ação dos habitantes maranhenses. Entretanto, como não é mestre na análise do íntimo de suas personagens, não cria tipos, mas dedica-se à descrição das massas, observando-as do exterior e privilegiando o relato do pormenor. Suas narrativas se organizam em torno de episódios e diálogos freqüentes, geralmente, comandados por narradores oniscientes.

Em O Cortiço, sua grande obra, reúne vários tipos da sociedade do período: o português ganancioso, o negro, o mestiço e o fidalgo burguês.

Alfredo Bosi destaca como valores do escritor e legado ao romance de costumes “o poder de fixar conjuntos humanos como a casa de pensão e o cortiço dos romances homônimos”. Contudo, lamenta o apego do escritor às teorias darwinistas que o impediram de “manejar com a mesma destreza personagens e enredos, deixando uns e outros na dependência de esquemas canhestros”.

Obras de Aluísio Azevedo

Uma Lágrima de Mulher, romance, 1879
Os Doidos, teatro, 1879
O Mulato, romance, 1881
Memórias de um Condenado, romance, 1882
Mistérios da Tijuca, romance, 1882
A Flor de Lis, teatro, 1882
A Casa de Orates, teatro, 1882
Casa de Pensão, romance, 1884
Filomena Borges, romance, 1884
O Coruja, romance, 1885
Venenos que Curam, teatro, 1886
O Caboclo, teatro, 1886
O Homem, romance, 1887
O Cortiço, romance, 1890
A República, teatro, 1890
Um Caso de Adultério, teatro, 1891
Em Flagrante, teatro, 1891
Demônios, contos, 1893
A Mortalha de Alzira, romance, 1894
O Livro de uma Sogra, romance, 1895
Pegadas, contos, 1897
O Touro Negro, teatro, 1898

Aluísio Azevedo – Autor

Escritor, jornalista e diplomata maranhense (14/4/1857-21/1/1913).

Autor de uma obra anticlerical, e que trata do adultério e dos vícios humanos, é considerado o “papa” do naturalismo brasileiro. Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasce em São Luís.

Aos 19 anos muda-se para o Rio de Janeiro, onde trabalha como caricaturista no jornal O Fígaro. Seu primeiro romance, Uma Lágrima de Mulher, é publicado em 1879.

No ano seguinte volta ao Maranhão e é um dos fundadores de O Pensador, jornal anticlerical. Funda também A Pacotilha, primeiro diário de São Luís.

Em 1881 lança O Mulato, seu segundo romance, provocando grande escândalo. A partir de então, novamente morando no Rio, inicia um período de intensa produção literária. Publica A Condessa de Vésper (1882), Casa de Pensão (1883) e A Mortalha de Alzira (1884). O Cortiço, um de seus romances mais conhecidos, é lançado em 1890.

Cinco anos depois publica sua última obra, O Livro de uma Sogra.

Abandona a atividade de escritor para se dedicar à carreira diplomática.

Morre em Buenos Aires, onde servia como vice-cônsul do Brasil.

Aluísio Azevedo – Literatura

Aluísio Azevedo nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís, capital do Maranhão.

Após cursar as primeiras letras no “Liceu Maranhense”, foi para o Rio de Janeiro estudar arte na Academia Belas Artes.

Após conhecer o cotidiano e a vida política carioca, passou a trabalhar como chargista em alguns jornais da cidade.

Por causa da morte do seu pai em 1878, Aluísio Azevedo retornou a São Luís para tomar conta da família.

Nesse período, atraído pelo jornalismo, passou a escrever em alguns jornais locais, publicou o romance Romântico “Uma Lágrima de Mulher” e colaborou muito na fundação do jornal “O Pensador”, que criticava o clero e a sociedade maranhense.

Em 1881 chocou a sociedade local com o lançamento de “O mulato”, primeiro romance Naturalista da literatura brasileira. Essa obra, que abordava a questão do preconceito racial, foi muito mal recebida pela sociedade maranhense e Aluísio Azevedo, que já não era visto com bons olhos, tornou-se o “Satanás da cidade”.

Para se ter uma idéia da indignação causada pela obra, pode-se citar o fato de o redator do jornal “A civilização” ter aconselhado Aluíso a “pegar na enchada, em vez de ficar escrevendo”. O clima na cidade ficou tão ruim para o autor que ele decidiu retornar ao Rio de Janeiro.

Nesse lugar, Aluísio tentou sobreviver exclusivamente de seus escritos, porém, como a vida de escritor não lhe deu a estabilidade desejada, abandonou a literatura e ingressou na carreira diplomática. Em 1895 foi nomeado vice-consul e, nessa função, viajou por vários países do mundo.

Em 21 de janeiro de 1913 faleceu na cidade de Buenos Aires, Argentina.

Na tentativa de ganhar dinheiro como escritor, Aluísio era obrigado a fazer muitas concessões e a estar sempre publicando alguma coisa. Por isso, pode-se explicar porque sua obra apresenta muitas alternâncias entre romances Românticos, chamadas, pelo próprio autor de “comerciais” e romances Naturalistas, denominados de “artísticos”. À essa necessidade de escrever também é atribuído o desnível de qualidade de seus romances.

O Aluísio Romântico, publicou os romances “Uma lágrima de mulher” (1879); “Memórias de um condenado” (ou A condessa Vésper) (1882); “Mistério da Tijuca” (ou Girândola de amores) (1882); “Filomena Borges” (1884); “A mortalha de Alzira” (1894). etc.

Essas obras são consideradas como de consumo e, por isso, possuem pouco valor literário.

Já o Aluísio Naturalista preocupou-se em interpretar a realidade de uma camada social marginalizada, em franco processo de degradação.

Além disso, defendeu os ideais Republicanos e criticou clero e a burguesia.

Os romances Naturalistas publicados pelo autor foram o seguintes: “O mulato” (1881); “Casa de pensão” (1884); “O homem” (1887); “O cortiço” (1890); e, “O coruja” (1890).

A redenção de Aluísio Azevedo

Aluísio Azevedo jamais realizou a obra-prima sonhada, segundo a maior parte dos críticos. O escritor maranhense teria consumido a imaginação nos folhetins e, com isso, legado apenas dois romances de peso: Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890).

Ambos, tidos como gemas do naturalismo nacional, integrariam um grande ciclo imaginado à maneira de uma comédia humana ‘científica’, no espírito da série Les Rougon-Macquart, de Émile Zola: a história natural e social de uma família no Segundo Reinado, em dezenas de volumes. Não teve tempo. Morreu de infarto em 1913, aos 55 anos, em Buenos Aires, onde era adido comercial.

Devido às obrigações diplomáticas, passou seus últimos 18 anos sem escrever ficção. Talvez por causa da biografia artística abortada, os críticos o tenham visto erroneamente como um fracasso total.

A recém-lançada Ficção Completa, da editora Nova Aguilar, colabora na reavaliação do juízo negativo. O cuidadoso trabalho de fixação do texto e de reunião de bibliografia, iconografia e fortuna crítica realizado por Orna Levin – professora de Literatura da Unicamp – eleva o texto de Azevedo ao patamar que merecia, o de inquieto experimentador do romance moderno. Pela primeira vez, tem-se uma idéia de seqüência de suas histórias, cenários e personagens, numa edição condensada em papel-bíblia. Se não atingiu o ápice, sua obra transborda vitalidade, com personagens e histórias fortes e narrativa elaborada em diversos planos.

Azevedo foi um fabricante de ficção, bem ao estilo dos tempos modernos que se avizinhavam do Brasil.

Aos 40 anos, autor vendeu sua obra e abandonou a literatura

Para consolidar seu lugar, os textos necessitavam de correções. Como explica a organizadora, as três edições de suas obras completas – pela Garnier e depois Briguiet no início do século XX e pela Martins nos anos 50 – foram feitas numa sucessão repetitiva de ‘gralhas’, saltos e omissões. Quando a obra passou ao domínio público, em 1970, proliferaram edições de alguns romances, sempre com a negligência inaugural. ‘Desde criança, me acostumei a lê-lo em más edições’, diz o editor Sebastião Lacerda.

E completa, com orgulho: ‘Agora, Aluísio Azevedo está redimido’.

O ciclo de falhas começou em 1897, ano em que o autor vendeu a obra à editora Garnier. Azevedo vivia o cume da popularidade. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, achava-se no Japão, trabalhando como vice-cônsul. Não fez mau negócio, pois cedeu todos os direitos por 10 contos de réis – quantia suficiente, no tempo, para comprar uma boa casa. A Garnier se aproveitou da fama e comercializou seus títulos em grande quantidade. Para o autor de 40 anos, a venda marcou o encerramento de fato de sua obra.

A alta produção do escritor ocorreu em apenas 16 anos. Entre 1879 e 1895, publicou em livro 11 romances e uma coletânea de contos, Demônios.

Um 12° romance amarelou nas páginas de A Semana de 1885: a farsa Mattos, Malta ou Matta?, redescoberta cem anos depois. A nova edição incorpora essa deliciosa sátira social ao cânone do autor. Só se excluiu a produção eventual, como teatro, poesia, crônica e correspondência – material a ser publicado em volume separado.

Apesar de ter sido adotado como autor obrigatório, o refinado ficcionista foi apresentado em andrajos todos estes anos. Nos dois volumes da Nova Aguilar, é possível vê-lo como um artista em cruel e tenaz busca da observação do animal humano e da vida social, um caçador do bizarro. Percebe-se o ritmo vertiginoso dos enredos e o reaproveitamento de material de obra para obra. O texto comercial do folhetim serviu-lhe para testar tramas que iria consolidar em trabalhos maiores. Infelizmente, o progressivo e consciente extermínio do romantismo que empreendia se interrompeu de súbito, no irônico Livro de uma Sogra (1895).

No fim da vida, ainda acalentava mais um projeto, um romance que narrasse a saga do beato Antônio Conselheiro, retratado como uma espécie de Dom Quixote dos sertões. Mesmo literariamente estéril e sem ter escrito uma única linha do livro, não parou de inventar.

Influências da infância e adolescência no Maranhão

Da infância e adolescência no Maranhão, ficaram algumas influências , permanente na obra de Aluisio Azevedo:

A. A aproximação com o falar português, os arcaísmos e lusitanismos, freqüentes em O Mulato, O Cortiço, Casa de Pensão, etc, decorrem do fato de que o Maranhão era, na época, a mais portuguesa das províncias brasileiras, com fortes resíduos da colonização e permanente intercâmbio com Lisboa; além disso , os pais de Aluísio eram portugueses.

B. A crítica à hipocrisia da vida provinciana parece também decorrente do fato de que a sociedade conservadora de São Luís hostilizou duramente os pais de Alísio, que não eram casados e viviam juntos. Em O Mulato, Aluísio parece vingar-se de São Luís.

C. A técnica do pintor e do caricaturista que Aluísio desenvolveu, posto que sua primeira inclinação foi para as artes plásticas, reflete-se na capacidade de , através da escrita, “visualizar” rapidamente as personagens e cenas, captando, de imediato, seus traços mais exteriores. Se , por um lado, essa propensão para a caricatura faz as personagens de Aluísio bastante esquemáticas, reduzidas a “tipos” , sem profundidade psicológica, por outro, possibilitou ao autor movimentar em seus romances centenas de tipos, habilitando-o para o romance de coletividade de multidão.

Aos 19 anos, Aluísio transfere-se para o Rio de Janeiro, onde o irmão Artur de Azevedo já fazia sucesso com suas peças teatrais. Torna-se caricaturista e suas charges políticas apareceram em jornais como ;O Fígaro, O Mequetrefe, A Semana Ilustrada, Zig-Zag, etc. (Consta que, mais tarde , ao abandonar o desenho pela literatura, Aluísio Azevedo manteve o hábito de , antes de escrever seus romances, desenhar e pintar, sobre papelão, as personagens principais mantendo-as em sua mesa de trabalho, enquanto escrevia).

Por ocasião da morte de seu pai, volta a São Luís, onde troca pintura pelo jornalismo anticlerical. Publica no Maranhão Uma Lágrima de Mulher (ainda romântico) e O Mulato (1881), , que provoca verdadeiro escândalo em São Luís (algumas personagens eram conhecidas figuras da sociedade local).

Regressa ao Rio em 1882, quando passa a viver profissionalmente como escritor de folhetins. Foi o nosso primeiro escritor profissional. Mas literatura não era ganha -pão viável. Assim, em 1896, abandona definitivamente a atividade literária, ingressando na carreira diplomática. Até a morte, em 1913, não escreveu absolutamente nada , nem romances, nem folhetins, nem teatro; produziu apenas correspondência diplomática e algumas observações (inéditas) sobre o Japão.

Um dos pioneiros da literatura naturalista no Brasil

Aluísio Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (Maranhão) a 14 de abril de 1857 e morreu em Buenos Aires (Argentina) a 21 de janeiro de 1913.

Homem de temperamento irrequieto, exerceu as mais diversas profissões.

Foi funcionário público, jornalista, professor, teatrólogo, caricaturista, cenógrafo, romancista e, algumas vezes, poeta.

A sua obra literária, que é bastante vasta, compreende principalmente romances e peças de teatro, muitas das quais foram escritas em colaboração com Artur de Azevedo, que era seu irmão.

Assinou com pseudônimos alguns dos seus trabalhos; os que usou mais freqüentemente foram Victor Leal e Gil Vaz.

A sua produção jornalística aparece, com certa assiduidade, nos jornais Pacotilha e Pensador, do Maranhão, e as suas caricaturas no Fígaro e O Mequetrefe. Ingressando na carreira diplomática, exerceu funções consulares na Espanha, no Japão e, finalmente, na Argentina, onde faleceu.

É considerado um dos pioneiros da literatura naturalista no Brasil.

Da sua obra, que abrange os mais diversos gêneros literários, fazem parte: Os Doidos (1879), comédia, escrita em colaboração com Artur de Azevedo; Uma Lágrima de Mulher (1880), romance que assinala, verdadeiramente, a sua estréia literária; O Macário. Aluízio de Azevedo foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a Cadeira N.º 4, cujo patrono é Basílio da Gama. ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO. São Luís, MA, 1857 – Buenos Aires, 1913.

Obras principais

Conto: Demônios, 1893; Pegadas, 1897.

Novela: O Touro Negro, 1938

Romance: Uma Lágrima de Mulher, 1879; O Mulato, 1881; Condessa Vésper, 1882; Mistério da Tijuca ou Girândola de Amores, 1882; Casa de Pensão, 1884; O Homem, 1887; O Cortiço, 1890; A Mortalha de Alzira, 1891

Crônica: O Japão, 1984 (póstuma)

Teatro: A Flor de Lis, 1882; Casa de Orates, 1882; Em Flagrante, 1891; O Cabloco, 1886; etc.

Fonte: en.wikipedia.org/www.bibvirt.futuro.usp.br/www.algosobre.com/www.geocities.com/www.literaturanet.hpg.ig.com.br/

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