O Ursinho Chorão

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Quando Cláudia chegou à casa de Maria, ela brincava com o seu ursinho de pelúcia.

– Que gracinha! – Cláudia se admirou. – Como é o nome dele?

– Ih, Cláudia, sabe que ainda não sei? – Maria respondeu, passando a mãozinha na cabeça.

– Por que não chama ele de Marquito?

– Marquito? Marquito?… Não. Marquito é um nome sem graça.

– Chama ele de Leão, então.

– De Leão… De Leão também não.

– De… Tigre!

– Também não. Meu ursinho é manso e Tigre não é manso.

– Ah, já sei! De… Não sei nada não. Esqueci.

– Acho que vou chamar ele de Bíli.

– De Bíii-li?

– É.

– Por quê?

– Ah, porque gosto desse nome.

– Mas Bíli não é nome de urso.

– É sim. Mamãe falou assim que é. Ela contou que já teve um urso de nome de Bilu. Daí troquei o u por i.

Não fica bom?

– Não sei não, mas, já que você quer assim… Vamos brincar com o Bíli?

– Vamos!

Brincaram, brincaram e brincaram a tarde toda, sem se cansar. Como Maria achou que o ursinho não parava quieto, deu bronca nele:

– Bíli! Se você não parar, vou deixar você de castigo.

Mas achou que o ursinho ficou muito triste e até parecia que ia chorar.

– Está bem, Bíli, não vou mais falar desse jeito com
você.

Mais tarde, depois que Cláudia tinha ido embora, na hora do banho quis levar Bíli para a banheira, mas sua mãe não deixou.

– Ursos de pelúcia não tomam banho, Maria.

– Meu ursinho gosta de tomar banho sim, mãe.

– Eu sei, filha. Mas ele não pode entrar na banheira porque é de pelúcia. Se entrar, vai ficar encharcado.

– Então você me espera lá no quarto, viu, Bíli?, que eu já volto – disse Maria para o ursinho e o deixou no quarto.

Entrou na banheira. Tomou banho. Enxugou o corpo.

Já estava quase saindo quando se surpreendeu com o ursinho que caminhava na sua direção.

– Oh, Bíli, teimoso! Por que não ficou quietinho onde o deixei? Eu não deixei você lá no quarto, por que saiu?

Ralhava brava com o ursinho, mas o ursinho não respondia. Somente chorava. Ela, então, pegou-o no colo e o agradou.

– Dorme, nenê. Nenê não quer dormir… – igualzinho como sua mãe fazia com ela quando estava preste a dormir.

O ursinho dormiu. Ela, bem devagarzinho, deitou-o na cama para que não acordasse e depois saiu de mansinho do quarto. Mas não demorou muito e ele começou a chorar.

Ela voltou. Agradou-o de novo. Como ele não dormia, gritou:

– Ursinho chorão!

Daí ele dormiu.

A mãe chamou-a para jantar. Preocupada com o ursinho, sentou-se na cadeira e foi logo dizendo:

– Bíli estava acordado até agora, mamãe. A senhora acredita? Não queria dormir!

– Acredito, sim… – a mãe olhou para o pai. O Sr.

Leocádio devorava a comida que tinha no prato.

– Ih! – exclamou Maria de repente, irritando o pai.

–Esqueci de trazer o ursinho pra jantar conosco.

O Sr. Leocádio até derrubou a comida do garfo.

Maria continuava a se preocupar:

– Bíli vai dormir sem comer nada… que pena… acho que vou dar comida pra ele depois, de qualquer jeito…

A mãe chamou sua atenção:

– Maria, na hora de comer a gente não fala. É muito feio.

– Mas Bíli está com fome, mamãe! Ele dormiu sem comer, coitado. Se Continuar com fome, vai ficar fraquinho.

– Eu sei… – a mãe, embora parecesse compreensiva, irritava-se também, apesar de não demonstrar. No entanto, o pai…

– Ora! Quem foi que disse que urso de pelúcia come?

– perguntou o Sr. Leocádio, já bastante irritado.

–Trate logo de comer, Maria, porque sua comida está esfriando!

– Papai, então o senhor não acredita que o meu

ursinho come? Ora, papai! Ele anda, chora, dorme…

Agora mesmo ele estava chorando lá no quarto.

Maria explicava para o pai inutilmente. Ele não acreditava nela. A mãe não acreditava nela. Ninguém acreditava nela. Lembrou-se de Cláudia.

– Pergunta pra Cláudia, mamãe. Ela viu o ursinho chorar.

Mas ao ver o pai abrir a boca para repreendê-la, arregalou os olhos e não disse mais nada. Nesse momento o ursinho chegou até ela, chorando.

– Viu, mamãe? Não falei que ele chora de verdade?

– De verdade o que, Maria? O que você falou que era de verdade?

– Que o ursinho chorava.

– Ah, o ursinho? Está sonhando de novo, filha? Vê se levanta logo da cama, que já tá quase na hora de ir pra escola. Se demorar, vai chegar atrasada de novo.

Somente então Maria acordou.

“Que pena”, pensou.

Descobriu que tudo não tinha passado de um sonho.

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