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Só Minarã possuía o fogo. Só havia uma lareira em toda a terra conhecida pelos Caiangangues. A luz e o calor vinham só do sol. Não havia recurso contra o frio e os alimentos eram comidos crus.
Minarã, índio de raça estranha, egoísta, guardava só para si os segredos do fogo.
Sua cabana era constantemente vigiada e sua filha, Iaravi, era quem mantinha o fogo sempre aceso.
Os Caiangangues, porém, não desistiam de possuir do fogo também. Necessitavam do fogo para sua sobrevivência e não se conformavam com a atitude egoística de Minarã.
Foi assim que Fiietó, inteligente e astuto jovem da tribo, decidiu tirar de Miranã o segredo do fogo.
Transformado em gralha branca- Xakxó- partiu voando para o local da cabana e viu que Iaravi banhava-se na águas do Gôio-Xopin, rio largo e translúcido.
Fiietó lançou-se no rio e deixou-se levar pela correnteza disfarçado de gralha.
A jovem índia fez o que Fiietó previa. Pegou a gralha e levou-a para dentro da cabana e colocou-a junto à lareira. Quando secou suas penas, a gralha pegou uma brasa e fugiu. Minarã, sabendo do ocorrido, perseguiu a gralha que se escondeu numa toca entre as pedras.
Minarã chocou a toca até que viu a vara ficar manchada de sangue. Pensando que havia matado Xakxó, regressou contente à sua cabana.
De fato, a vara ficou manchada de sangue porque Fiietó, esperto, esmurrara seu próprio nariz para enganar o índio egoísta.
Saindo de seu esconderijo, a gralha voou até um pinheiro. Ali reacendeu a brasa quase extinta e com ela incendiou um ramo de sapé levando-o também no bico. Mas com o vento, o ramo incendiou-se cada vez mais e, pesado, caiu do bico de Xakxó.
Ao cair atingiu o campo e propagou-se para as matas e florestas distantes. Veio a noite e tudo continuou claro como o dia. Foi assim dias e dias. De todas as partes vieram índios que nunca tinham visto tamanho espetáculo e cada um levou brasas e tições para suas casas.
Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br