Arte na Pré-História

Arte na Pré-História – Tipos

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Os arqueólogos identificaram 4 tipos básicos de arte da Idade da Pedra, da seguinte forma: petroglifos (cúpulas, gravuras rupestres e gravuras); pictogramas (aparência pictórica, ideogramas, símbolos ou ideogramas), uma categoria que inclui a pintura de caverna e desenho; e escultura pré-histórico (incluindo pequenas estatuetas totêmicas conhecidas como Venus Figuras, várias formas de zoomórficas e therianthropic escultura de marfim, e alívio esculturas); e arte megalítica (Petroforms ou quaisquer outros trabalhos associados com arranjos de pedras).

Obras que são aplicadas a uma superfície de rocha inabalável são classificados como arte parietal; obras que são portáteis são classificados como arte mobiliária.

As primeiras formas de Arte na Pré-História são extremamente primitiva.

Arte na caverna pré-histórica não é realmente um movimento de arte, pois é um período de desenvolvimento artístico da humanidade.

Arte Pré-Histórica

Na sua definição estrita, considera-se arte pré-histórica as manifestações que existiram antes do advento da escrita no planeta como um todo. Isso pressupõe, como se pode imaginar, uma heterogeneidade que dificilmente pode ser submetida a uma classificação dentro de características uniformes, como se se tratasse de um movimento artístico dentro da história da arte. De fato, é valido perguntar a partir de que momento começou a existir uma arte pré-histórica e quais são as manifestações que devem ser analisadas como tal.

Nesse contexto, a produção do homem pré-histórico, pelo menos a que foi encontrada e conservada, é representada por objetos em grande parte portadores de uma utilidade, seja ela doméstica ou religiosa: ferramentas, armas ou figuras com uma simbologia específica. No entanto, seu estudo e a comparação entre elas permitiram constatar que já existiam então noções de técnica, habilidade e desenho, embora não se possa separar o conceito de arte, em praticamente nenhum caso, dos conceitos de funcionalidade e religião.

A arte pré-histórica surgiu na Europa aproximadamente no ano 25000 do período paleolítico (40000 – 8000 a.C.), estendendo-se até o mesolítico (8000 – 5000 a.C.), ao neolítico (5000 – 3000 a.C.) e à idade do ferro (3000 a.C.), na qual iniciou-se a arte proto-histórica, caracterizada por manifestações artísticas muito mais concretas. Isso sempre em relação à Europa, pois é preciso lembrar que no Oriente, a partir do ano 5000 a.C., existiam culturas com um alto grau de civilização, que já tinham iniciado sua história.

As áreas da Europa de maior concentração de vestígios pré-históricos correspondem à Espanha, ao centro e ao sul da França e ao sul da Itália. Destaca-se em importância, pela quantidade e qualidade dos achados, a região franco-cantábrica, onde estão localizadas as famosas cavernas de Castilho, Altamira e Lascaux, entre outras. Nelas foi descoberta uma quantidade considerável de pinturas rupestres em bom estado de conservação. Tal fato pode ser atribuído em parte à alta densidade demográfica dessas regiões durante o paleolítico médio.

ARQUITETURA NA ARTE PRÉ-HISTÓRICA

Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido de disciplina artística, apesar do seu caráter funcional. Os primeiros Homo Sapiens refugiaram-se nos lugares que a natureza lhes oferecia. Esses locais poderiam ser aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé de montanhas ou até no alto delas. Mais tarde eles começariam a construir abrigos com as peles dos animais que caçavam ou com as fibras vegetais das árvores das imediações, que aprenderam a tecer, ou então combinando ambos os materiais.

É somente no final do neolítico e início da idade do bronze que surgem as primeiras construções de pedra, principalmente entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. No entanto, como esses monumentos colossais tinham a função de templo ou de câmaras mortuárias, não se tratando de moradias, seu advento não melhorou as condições de habitação. Pelo peso dessas pedras, algumas de mais de três toneladas, acredita-se que não poderiam ter sido transportadas sem o conhecimento da alavanca.

Existem três tipos de formações megalíticas: as galerias cobertas, ou dólmens, espécie de corredor que possibilita o acesso a uma tumba; os menires, que são pedras gigantes cravadas verticalmente no solo, em fileira; e os cromlech, que são menires dispostos em círculo. As construções megalíticas mais famosas são as de Stonehenge, em Salisbury, na Inglaterra; as da ilha de Malta e as de Carnac, na França. Todos esses monumentos têm uma função ritual, já que não serviam de habitação.

ESCULTURA NA ARTE PRÉ-HISTÓRICA

A escultura da pré-história corresponde à chamada arte móvel e abrange tanto os objetos religiosos e artísticos quanto os utensílios.

A temática dessa disciplina não fugiu dos conceitos pictóricos: animais e figuras humanas. Os gêneros desenvolvidos foram a estatueta e a gravação, tanto em pedras calcárias quanto em argila ou madeira queimada. Os utensílios utilizados na tarefa de modelagem eram de pedra, sendo muitos deles decorados com asas modeladas como se fossem estatuetas.

As figuras femininas foram mais numerosas, sem dúvida devido à sua clara relação com o culto à fecundidade. Todos os objetos encontrados, a maior parte pertencente ao período paleolítico (25000 a.C. – 8000 a.C.), mostram uma desproporção deliberada entre os genitais e as demais partes do corpo, o que reforça a teoria de mulher-mãe-natureza. Essas estatuetas são conhecidas entre os especialistas como Vênus Esteatopígeas. Entre elas, as mais famosas são a Vênus de Lespugne, na França, e a Vênus de Willendorf, na Áustria.

As gravações repetem os esquemas e motivos da modelagem, ressalvando-se, entretanto, que as representações costumam ser de tamanho maior.Uma das características mais evidentes dessas manifestações paleolíticas é que as figuras representadas são verdadeiras adaptações das formas naturais da pedra, fato que deve ter desafiado a imaginação do artista, mas que com certeza lhe poupou trabalho na etapa de modelagem.

No período neolítico (5000 a.C.-3000 a.C.), o homem já conhece o fogo e especializa-se na combinação de materiais.A comprovação desse fato são as peças de cerâmica cozida, em forma de vasos e conchas, com cercaduras decorativas de motivos geométricos gravadas na superfície. A partir da idade do bronze alcançou-se uma diversificação muito grande na arte da cerâmica, em razão da importância que esses artefatos tinham como utensílios domésticos e recipientes para o transporte de alimentos.

PINTURA NA ARTE PRÉ-HISTÓRICA

A pintura pré-histórica recebeu o nome de arte rupestre ou parietal pelo fato de ter se desenvolvido quase que exclusivamente em paredes de pedra, no interior de cavernas e grutas e, com menor freqüência, fora delas. É curioso notar que essa pintura passou por uma evolução muito semelhante à experimentada pela pintura histórica. As primeiras manifestações, de caráter naturalista, foram evoluindo até chegar à abstração total de formas no seu último período.

As pinturas do paleolítico (25000 a.C. – 8000 a.C.) concentraram-se em três temas principais: a representação de animais, (principalmente cavalos e bisões e, em menor número, cervos, leões, mamutes e touros); o desenho de signos, cujo verdadeiro significado ainda se desconhece, apesar das diferentes hipóteses; e a figura humana, tanto masculina quanto feminina, ou em combinação com formas animais. As cores empregadas foram o preto e as tonalidades avermelhadas, ocres e violáceas, que são as mais fáceis de se obter na natureza.

Avançando em direção ao mesolítico (8000 a.C.), surgem os seixos pintados, ou amuletos, com símbolos e cercaduras, entre geométricas e abstratas. Já no neolítico (5000 a.C. – 3000 a.C.), além das primeiras peças de cerâmica decoradas, encontram-se verdadeiras cenas murais que documentam a vida de então. Pelo estudo dos desenhos, pode-se deduzir que o homem pré-histórico não só pintava com os dedos, mas também com pincéis e espátulas, além de empregar um sistema de nebulização para obter os sombreados de mão em negativo.

Por volta do ano 2000 a.C., em plena idade do bronze, produziu-se uma evolução cuja tendência era voltada para a abstração, principalmente nas representações rupestres. As figuras, signos e símbolos atingiram um nível muito próximo ao da escrita.No decorrer dos períodos pré-histórico e proto-histórico, a pintura cumpriu diferentes funções, seja como parte de um ritual religioso ou mágico, na representação e celebração da fecundidade, seja com relação ao culto totêmico aos antepassados.

As artes na pré-história: algo mais que iconografia mágica

Por que e para que?

O interesse de estudo das artes na pré-história é muito amplo, uma vez que constituem rico material para os sociólogos na investigação dos fenômenos institucionais; para os antropólogos, na procura do ser humano a partir das bases de sua fenomenologia vital . Ao esteta e ao historiador da arte o que deve mais interessar é a busca das origens das artes e de seus possíveis significados.

Foi pensando na especificidade dos cursos de Artes Plásticas e de Educação Artística da Escola Guignard que resolvi escrever sobre artes na pré-história.

Exatamente porque julgo ser uma boa oportunidade de levantarmos algumas questões, exercitar o nosso raciocínio e compreender o sentido estético das artes.

Compreende-se por pré-história o período que vai desde a origem do homem até a aparição dos primeiros escritos ou ideogramas.

Divide-se em três períodos: Paleolítico ou pedra lascada, que tem início, aproximadamente, há 80 mil anos, caracterizando-se pelas atividades de caçador e pescador e a técnica de lascar toscamente a pedra para o fabrico de utensílios e armas. O período Mesolítico é o de transição entre o lascar e o polir a pedra. O Neolítico ou pedra polida ficou, mais ou menos há 10 mil anos de nossa era e caracteriza-se pela técnica do polimento da pedra, princípios da agricultura, domesticação dos animais e vegetais, desenvolvimento da cerâmica e vestígios do uso do cobre e do bronze.

De forma arbitrária, a palavra arte tem sido utilizada para qualificar quase todas as atividades humanas. Contudo, não é falso afirmar que tudo que o homem faz em sociedade é artificial. Os seus instintos são domados e submetidos ao complexo cultural de seu meio. O filhote de um cão, se atirado n’água no mesmo dia em que nasce, não se afogará porque tem condição instintiva de se defender nadando.

O mesmo não acontecerá com uma criança: terá que passar por um processo de aprendizagem. O nado de uma criança é, portanto, um artifício. E quando o homem não é capaz ou não está disposto ao artifício de nadar ele usa o artefato (uma ponte ou um barco). O tigre caça com seus dentes e com suas garras naturais enquanto o homem usa o artefato (uma flecha, uma armadilha).

É exatamente isso que difere o homem dos outros animais. O homem é um animal artificioso e cultural, sujeito às leis da sociedade. Já os outros animais estão submetidos às leis da natureza.

Quando as coisas feitas e usadas pelos homens têm funções claras e objetivas, como o arco e a flecha, elas são chamadas de artefatos. Os painéis encontrados nas cavernas de Altamira na Espanha; em Lascaux, na França, representam animais dominados pelos caçadores, como o “Porco Flechado” no painel Oeste da Lapa de Cerca Grande, no município de Matosinhos em Minas Gerais, indica uma prática mágica de um povo caçador que ao representar a cena, acreditava exercer um domínio sobre o animal. Então, se na verdade tais pinturas são de caráter mágico e têm funções objetivas, elas não seriam obras de arte, mas artefatos ou artifícios utilizados pelos homens primitivos que habitaram aquelas regiões há mais de 9 mil anos.

Precisamos compreender que o enfoque econômico dos fenômenos artísticos não deve ser como uma doutrina onipotente explicativa da preponderância do fator econômico, mas que existe uma ação recíproca sobre a base da necessidade econômica que em última análise, que acaba sempre por prevalecer.

Daí que o antropólogo, Marco Rubinger, é levado a afirmar: “Cada cultura tem sua esfera ideacional de pontos de comportamento, sincronizada com sua base econômica. É por isso que dizemos cultura de coletores de alimentos, de caçadores, de pastores, de agricultores, de mercadores, de industriais, mistas ou de transição”.

Se um povo coletor tem uma rudimentar concepção animista do mundo, um caçador já crê em um deus animal, enquanto que uma sociedade agrícola cultua deuses da fertilidade da terra. “(RUBINGER, M. M, 1979 p 29). Um outro dado importante é que, geralmente, os povos caçadores habitaram as cavernas enquanto os povos agrícolas habitavam os campos, as montanhas e as margens dos rios, apresentando um tipo de arte muito mais refinado.(RUBINGER, M M , 1979 p 38)

Se parássemos por aqui, a questão ficaria muito nebulosa. Na verdade ela servirá para aguçar a nossa vontade de excogitar o significado da arte.

Aristóteles encarava a arte como a ciência do possível, isto é, o que pode ser de um modo ou de outro, como a arquitetura, a poesia, a retórica, a medicina, as artes manuais ou mecânicas. Excluía a lógica, a analítica, a física e a matemática. Já na Idade Média são os trabalhos manuais que significam arte.

Kant separou duas classes de arte: a primeira é a arte mecânica onde se cumprem somente as operações necessárias para realizá-la (artefato? artesanato?). A Segunda é a arte estética onde o fim imediato é o sentimento de prazer. (Arte).

O fenômeno artístico só aparece dentro de condições propícias. Charles Lalo classificou as condições anestéticas e as condições estéticas da arte. As primeiras são os fatores domésticos, religiosos, econômicos e políticos. As segundas estão ligadas ao amor, às sensações e aos sentimentos. É difícil especificar ou separar as condições estéticas das anestéticas de um painel parietal pré-histórico, a exemplo de uma representação de sol (Tradição São Francisco) bem geometrizada, em círculos e raios de cores quentes.

É difícil exatamente porque desconhecemos o momento histórico que o produziu. Esta tarefa torna-se fácil quando conhecemos em profundidade a vida social de um povo. Não sabemos nada mais dos povos primitivos que habitaram as Minas Gerais, senão aquilo que inferimos das obras por eles deixadas nas cavernas.

Mas é assim mesmo: na era histórica partimos da organização social para conhecer a arte. Já na pré-história partimos da arte para compreender a sociedade.

Em minha adolescência tive um vizinho que era considerado por todos como louco ou deficiente moral. Certa vez fui ao cinema com os amigos. O vizinho nos acompanhou e assistiu ao filme que tinha como tema a Segunda Guerra Mundial. Terminada a projeção caminhamos pela cidade em animados comentários sobre a história da guerra e sobre o enredo do filme. Surpreendentemente o vizinho nos interrompeu dizendo que nunca mais iria ao cinema, pois era uma perda de tempo ficar ali duas horas com os olhos fixos na tela.

A gente nada mais via senão sombra da fantasia. Para ele o teatro era uma pura fantasia e o cinema uma sombra desta. Por muito tempo fiquei a pensar sobre o meu vizinho: como uma pessoa que era capaz de um pensamento tão lógico, tão racional podia ser considerado um louco? Por outro lado ele devia ter uma “telha” a menos por ser tão duro, tão seco e não sentir necessidade da arte. Dois anos depois ele morreu, aos 22 anos de idade, caindo no esquecimento de sua família.

O tempo foi passando até que um dia eu lia o livro “Cultura e Civilização” , de Câmara Cascudo , quando ele citou a seguinte frase de Menéndez y Pelayo : “Todo ombre tiene horas de niño, y desgraciado del que no los tenga.” Minha primeira lembrança foi a do meu desgraçado vizinho. Compreendi, então, que ele havia sido escravo e vítima de uma lógica implacável. Incapaz de romper as algemas que prendiam o seu “Eu” e o impedia de voar. Incapaz, enfim, de compreender ou sentir a sua própria limitação.

Podemos aceitar ou negar a tese do caráter mágico da pintura do período paleolítico (REINACH, S, 1971 p 46). Mas não podemos afirmar que ela não seja artística. Embora extraída da realidade objetiva ela não é a realidade. É a representação imaginosa da realidade. Existiu um sentimento estético embora submetido a finalidades exteriores a ele. Isto é, a finalidades sociais. Será que a pintura que cobre as paredes dos apartamentos de hoje corresponde à finalidade puramente estética? Parece-me que a conquista de “status”, muitas vezes, supera a finalidade estética de tais obras.

Quanto à pintura do Neolítico observa-se completa revolução estilística. Os pintores abandonaram o realismo figurativo do paleolítico em favor de uma simplificação e geometrização das imagens visuais. Aproveitam os símbolos e os signos. Usam as formas abstratas e abandonam o figurativismo realista.

E no Brasil?

Até 1951 não havia um livro de informação geral sobre as artes pré-históricas no Brasil. Existiam, sim, artigos publicados em revistas científicas especializadas que repousavam ociosamente nas estantes das bibliotecas. Registravam espaçadamente os casos curiosos observados por arqueólogos, antropólogos estrangeiros e estudiosos brasileiros.

Em 1952 foi entregue ao público um extraordinário trabalho intitulado: “As artes plásticas no Brasil”, coordenado por Rodrigo de Melo Franco Andrade.

Reuniu em seu primeiro volume, as mais preciosas informações sobre o assunto. De lá para cá pouco temos a acrescentar, quer em termos de achados arqueológicos, quer em termos de análise sobre o material existente, embora possa ser registrado um interesse maior pelo assunto.

Pintura

Os registros de pinturas deixadas por sociedades primitivas (Paleolítico) formadas por caçadores são alguns os seguintes:

São Raimundo Nonato, PI, “Tradição Nordeste”. Predominância das cores vermelho, amarelo, preto, branco e cinza. Tintas à base de minerais. Usavam pincéis de vegetais e com os próprios dedos. As cenas de caça focalizavam tatus sendo pegos a mão e a golpes de bastão, enquanto as onças eram atingidas com lanças para um ritual. As copas das árvores são representadas por ramagem simples e limpas, formando losangos e triângulos.

Não menos importantes são os painéis da “Tradição São Francisco” (Januária, São Francisco e Montalvânia), onde a geometrização chega a figuração humana em completa abstração, desaguando em uma codificação de complexa fruição . No que pese a complexidade das superposições, ainda se pode identificar com clareza uma roça de milho entremeada por animais.

Cerâmica

Segundo os estudiosos os povos com base na economia agrícola geralmente possuem arte cerâmica e escultura em pedra. Suas representações são modeladas, esculpidas, pintadas ou gravadas.(RUBINGER, M M, p 38).

O alto nível registrado na cerâmica do Norte do Brasil (marajoara e tapajônica) inspirou cientistas a estabelecerem relações entre os exemplares arqueológicos do norte e Sul da América. No que pese ao pouco material de que dispunha, o primeiro a estabelecer comparações entre a América Central e as da Amazônia foi Nordenskild (BARATA F. 1952 p 44). Contando com um vasto material, Helem Palmatary, da Universidade da Pensylvânia realizou o mais completo estudo tipológico da cerâmica. Em seus quinze anos de trabalho conseguiu estabelecer correlações e a existência de semelhanças ou identidades de certos traços das cerâmicas de Marajó e dos Tapajós com os da louça dos “mouds” do Sul dos Estados Unidos.(BARATA, F. 1952 p 44).

Da ilha de Marajó origina-se a cerâmica que se poderia denominar clássica, na arqueologia brasileira, caracterizada pela riqueza dos ornatos geométricos gravados (champlevê) ou pintados com admiráveis traços e perícia em suas urnas funerárias em ídolos e outros variados objetos.

A configuração cultural da ilha de Marajó é muito acidentada. Ocupada e reocupada por povos diversificados que modificaram constantemente o panorama da grande ilha. Cliford e Betty Evans denominaram pela ordem, os quatro segmentos como Anatuba, Mangueiras, Formiga e finalmente Marajoara. Além do material já mencionado os marajoaras usaram tangas de terra cota medindo, aproximadamente, 11 centímetros, de formato triangular, côncava e furos nas extremidades, para suspensão. Eram utilizadas pelas mulheres, no púbis, em rituais fúnebres. A decoração das tangas era feita com finas e graciosas incisões geométricas.(BARATA, F. 1952 p 46)

Caiapônia – Go. Predominância do vermelho. Raramente o preto, a base de minerais. Raras figuras humanas, mas acabadas, seguram crianças, usam porretes e enfrentam animais.

Cerca Grande, Matosinhos – MG. As pinturas, na parte Leste da Lapa estão há 12 metros do solo. Para alcançá-las é necessário atravessar uma longa, acidentada e escura galeria. Predomina a representação de veados. Em uma das janelas eles são distribuídos no espaço chapado, de uma galeria superior, completando uma forma piramidal. Isto é, os tamanhos das representações vão diminuindo na medida em que vão subindo e ocupando o espaço. O desenho do painel revela observação de movimento e suavidade nos contornos, coerentes com a anatomia do animal focalizado. A textura do primeiro veado da base do painel foi obtida através de linhas pontilhadas, no sentido horizontal. Quanto aos demais aplicaram o colorido pleno. Ainda nesta galeria encontramos peixes no sentido vertical. Na galeria Oeste encontramos uma série de pinturas de tamanhos reduzidos, mas todas de cenas de caças ou representações de animais, como um porco flechado. Os pigmentos utilizados eram à base de óxido de ferro abundante nas proximidades do sítio.

O abrigo de Santana do Riacho- MG- Prevalece a monocromática em figurações de veados. Verifica-se algumas superposições de figuras em vermelho. A textura do desenho é feita com aplicação de linhas pontilhadas horizontais e linhas contínuas. Os desenhos desta Lapa, comparados com os de Cerca Grande, apresentam movimentação mais intensa, com prejuízo da forma anatômica.

Passaremos agora a uma abordagem da pintura que mais ou menos corresponde a dos povos agricultores (neolítico).

As formas geométricas como circunferência, quadrado, retângulo e triângulo não são encontradas na natureza. Não correspondem a realidade vivida pelo homem pré-histórico. Por isso, quando o primitivo traça um perfil figurativo usando tais formas geométricas ele começa a chegar a um desenho abstrato. A figuração já exige do fruidor um esforço de interpretação, a exemplo dos painéis de Sete Cidades, no Piauí, onde o realismo mágico cedeu lugar a simplificação e à geometrização das imagens. Em São Raimundo Nonato, PI, na Toca do Salitre encontra-se a figuração de um casal em que o desenho do homem é elaborado a partir de planos retangulares e triangulares. A mulher aparece bem menor que o homem, representada por três blocos geométricos formados pelos membros superiores, abdômen de gestante e membros inferiores. Ainda em São Raimundo Nonato, na Toca da Extrema, homens em volta de uma árvore, formam um curioso painel. Houve uma nítida intenção de organizar o espaço ao ordenar as pessoas em filas harmônicas.

Santarém, centro das explorações arqueológicas da cultura tapajó, localiza-se nas proximidades do encontro do rio Tapajós com o Rio Amazonas. Ninuendaju faz referências desse povo que chegou a defrontar-se com os espanhóis expulsando Orelana em 1542. Em 1630 expulsaram também uma nau inglesa matando os homens que desejavam estabelecer uma plantação de tabaco na região. Mas não pode resistir à aventura portuguesa que os destruiu.(NINUENDAJU, C. 1949) Este povo agricultor fixo em solo fértil, domesticou animais e substituiu as cabaças por vasilhame de argila moldadas nas formas práticas para usos definidos. A cerâmica de Santarém , como é conhecida, é algo mais que um simples aparelho utilitário ou funcional. A graciosidade da composição ultrapassa os limites dos recipientes. Caracteriza-se pela elaborada modelagem de pássaros, animais e figuras humanas, combinada com incisões e ponteados, fixadas ao vaso. O excesso de ornatos em relevo confere à cerâmica um ar de aguçada sensibilidade. Não é uma expressão puramente artística, mas não deixa de revelar uma mensagem altamente estética.

Escultura

Segundo André Prous, no Brasil, muito pouco foi encontrado até hoje em termos de escultura pré-histórica e que as mais bem elaboradas são originárias da região onde predominavam as culturas tapajó e trombetas. (PROUS, A 1984, p 71).

O estudioso Barbosa Rodrigues, em obra publicada em 1899, pensava que os Muiraquitãs eram estatuetas feitas de jade procedentes da Ásia, com os primeiros elementos humanos que povoaram a América (BARBOSA RODRIGUES, J, 1899). Com o tempo a arqueologia descobriu que os Muiraquitãs foram produzidos pelos pré-colombianos da região dos rios Tapajós e Trombetas, com mineral de ótima plasticidade, como esteatita, ardósia, arenito e serpentina. Representam figuras de animais estilizados em linhas geométricas e harmoniosas. Apresentam orifícios paralelos indicando uma utilização prática. Compreende-se por Sambaquis os depósitos constituídos de montões de conchas, restos de cozinha e de esqueletos acumulados por homens pré-históricos, na região sul do Brasil. Enquanto os motivos da escultura tapajó eram animais próprios da hiléia amazônica, os povos dos Sambaquis projetavam os peixes e as aves que eram os complementos de sua alimentação à base de horticultura. O apuro técnico a que chegaram, em alguns exemplares da escultura em pedra, mostram um extraordinário domínio da forma que perseguiram. Era evidente a intenção da delicadeza e da harmonia das linhas quer nas incisões quer nas excisões. Antônio de Paiva Moura

Arte na Pré-História – Período

Arte na Pré-História
Arte na Pré-História

Arte na Pré-História – Idade da Pedra Paleolítico – Idade da Pedra Lascada – de 20 000 a.C. a 5 000 a.C.

Neste período, as populações nômades se movimentavam em função das estações do ano e das migrações da caça. Os achados arqueológicos mais importantes ocorreram na região franco-cantábrica, em grutas em Altamira, no norte da Espanha, perto de Santander, e no sudoeste da França.

As grutas de Altamira, com cerca de 300 m de comprimento, foram descobertas em 1868, mas, somente onze anos depois, uma menina reparou nas imagens nas paredes e no teto.

Os desenhos são contornados em negro ou pintados em vermelho ou negro. Destaca-se uma abóbada de cerca de 14 m com figuras de vinte animais do período (veados, javalis e bisões), que, ao que parece, possuem sentido mágico e simbólico. As grutas do sudoeste da França, por sua vez, ficam em Font-de-Gaume, descoberta em 1901, e em, Lascaux, a mais célebre, explorada em 1940. Durante todo o paleolítico, a arte está ligada à reprodução das formas da natureza.

É uma arte eminentemente naturalista, baseada na observação do real aliada a uma grande habilidade na reprodução das formas dos animais. As grutas não eram habitadas, mas, ao que tudo indica, funcionavam como santuários ou locais de cerimônia em que se almejava obter uma ótima caça. Posteriormente, mas ainda no mesmo período, é encontrada uma maior capacidade de estilização, marcando uma tendência para a ornamentação abstrata.

Nos objetos feitos com ossos do paleolítico, nota-se uma decoração puramente geométrica de linhas em ziguezague, dentadas, em espiral e em arco. Neolítico – Idade da Pedra Polida – 5 000 a. C. a 3 500 a.C.

O período deve o nome ao punhal de pedra (sílex) realizado com superfície polida e lâmina afiada.

Neste período, o ser humano passa a dominar a natureza, iniciando a domesticação de animais e a agricultura de cereais. Torna-se então sedentário, abandonando o nomadismo que o caracterizava. Os utensílios cotidianos passam a ganhar o status de obra de arte. Um exemplo de uma escultura do período é a estatueta de um corpo feminino conhecida como Vênus de Willendorf. Feita de calcário e com apenas 11 cm, foi encontrada na Áustria, próximo ao rio Danúbio.

É também o período de construção dos monumentos megalíticos. São grandes construções de culto aos mortos.

Podem ter dois aspectos: menir ou dólmen. O primeiro é um bloco de pedra colocado verticalmente sobre uma sepultura (exemplos: Penmarch, na Bretanha, com 7 m de altura, e os túmulos em círculos, em Carnac). O dólmen consiste em duas ou várias lajes de pedra fixadas verticalmente entre as quais repousa horizontalmente uma terceira laje (ex.: Stonehenge, perto de Salisbury, na Inglaterra, local que provavelmente era utilizado em cultos, cerimônias ou sacrifícios).

Na arte cerâmica, vasos e jarras de belas formas começam a ser elaborados, sendo realizados ornamentos com listras horizontais e diversos tipos de traço.

Destacam-se os vasos campaniformes (com fundura até a metade da altura em forma de sino invertido), principalmente os de Ciempozuelos. Quanto às grutas, as mais importantes ficam na Europa oriental, na região conhecida como levantina. A de Valltorta apresenta figuras humanas estilizadas e em dimensões reduzidas, como caçadores, com arco e flecha nas mãos, com gestos repletos de energia e intensidade dramática. As figuras costumam ser monocromáticas em vermelho ou amarelo e mostram também cenas de danças, provavelmente religiosas. Idade de Bronze – 3500 a.C. a 1000 a.C.

As pinturas rupestres ganham caráter ornamental. As figuras passam a ser esquemáticas ou mostram signos abstratos cuja significação permanece desconhecida. Idade de Ferro – 1000 a.C. a 500 a.C. No mundo mediterrâneo ocidental, o período é marcado pelas colonizações de fenícios, cartaginenses e gregos. Do ponto de vista decorativo, as figuras de bronze e de barro realizadas pelos cartaginenses são as mais representativas. Há notória influência egípcia e, entre os motivos zoomórficos, encontra-se a esfinge.

As figuras humanas são adornadas com colares, diademas e rosetas. Os povos iberos e celtas, por seu turno, embora recebendo influência dos colonizadores, revelam maior originalidade e certos traços decorativos parecem mostrar deuses da Mesopotâmia. Oscar D’Ambrosio

Arte na Pré-História – Homem

A arte é uma necessidade do homem, e tudo que sabemos sobre o homem em suas primeiras épocas (alem de suas ossadas) deve-se ao artesanato.

O homem primitivo escavou, gravou ou pintou nas paredes rochosas dos seus abrigos, mas e homem da Pré – História; bem, as primeiras manifestações da arte Pré – Histórica foram pequenas estatuetas ou incisões, alem de utensílios de pedra talhada.

A arte desta época é freqüentemente animalista, exceto algumas estatuetas que representam corpos femininos muito estilizados, e as figuras de animais são mais simbólicas.

O período mais antigo é caracterizado por formas geométricas, por silhuetas de animais desenhada com os dedos nas paredes argilosas úmidas e por mão pintadas em negativos sobre um fundo vermelho ou negro.

Esta arte é principalmente caracterizada pela intensidade dramática do movimento; o artista não procurava dar as formas reais, mas esquemas, por sinais e símbolos, e outros meios de expressão artística é a cerâmica e utensílios.

Arte na Pré-História
Arte na Pré-História

A fome levava os primeiros homens a habitar o planeta a caçar animais para suprir essa necessidade orgânica. Com armas rudimentares feitas a partir de pedras lascadas por atrito, eles lançavam-se a sorte ao enfrentar feras maiores e mais poderosas que eles. Era necessário encontrar mecanismos que pudessem lhes ajudar nessa guerra diária pela sobrevivência.

Os registros rupestres encontrados nas cavernas de Niaux, Font-de-Gaume e Lascaux, na França e Altamira, na Espanha parecem indicar, segundo os estudiosos da História, uma das soluções encontradas pelo homem primitivo para ajuda-lo a enfrentar o problema. Segundo a hipótese mais aceita essas pinturas possuíam um certo sentido mágico que dotava seus executores com certos poderes de dominação sobre o animal desenhado. Ao esboçar o contorno dos animais nas paredes de argila das cavernas, acreditavam esses homens adquirir poder sobre os animais ali representados, o que facilitaria seu abate nos dias seguintes.

Com cores bastante reduzidas, sendo originárias da argila, do carvão e do óxido de manganês, que funcionava como um aglutinante quando misturado à gordura ou ao sangue de animais, representavam os animais ora isolados, ora em grupo ou sendo atacado pelo grupo de homens.

Dessa forma, a Arte nasce dentro de uma função pragmática, isto é, sendo utilizada para alcançar um fim não artístico. Seu desenvolvimento e valorização existe só como meio para se alcançar uma outra finalidade não artística.

Ao desenhar o animal na parede da caverna o homem criava uma função prática para o desenho ali realizado: protegê-lo e dotá-lo de poderes contra a fera que ele teria que abater para suprir suas necessidades de alimento.

Quando entretanto, passa a domesticar os animais, a tê-los sempre a seu alcance, bastando para isso manter a manada, os desenhos feitos por esses homens perdem essa função mágica e passam a servir a outro fim. A perda desse sentido mágico não acarreta o fim do ato de produzir imagens, somente sua produção assumi outra finalidade; representar cenas do cotidiano da comunidade, registrando fatos de sua época nas paredes de pedra e argila.

Fonte: www.visual-arts-cork.com/www.cen.g12.br/www.asminasgerais.com.br/www.eba.ufmg.br

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