Dadaísmo

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Dadaísmo – O que é

Dadaísmo foi um movimento artístico e literário, que começou em 1916 em Zurique, Suíça, e refletiu um protesto niilista contra todos os aspectos da cultura ocidental, especialmente o militarismo existente durante e logo após a Primeira Guerra Mundial.

Influenciado pelas idéias e inovações de diversas vanguardas adiantados – Cubismo, Futurismo, Construtivismo e Expressionismo – sua saída era descontroladamente diversa, que vão desde arte performática à poesia, fotografia, escultura, pintura e colagem.

A estética do Dadaísmo, marcado por sua zombaria de atitudes materialistas e nacionalistas, mostrou-se uma poderosa influência sobre os artistas em muitas cidades, incluindo Berlim, Hanover, Paris, Nova York e Colônia, todos os quais geraram os seus próprios grupos.

O movimento acredita-se ter dissipado com a chegada do surrealista em França.

O termo “dada”, em francês, significa simplesmente “cavalo-de-pau”; diz-se que foi selecionado ao acaso, num dicionário, pelo poeta, ensaísta e editor Tristan Tzara, nascido em Roma.

dadaísmo foi idealizado em 1916 por Tzara, pelo escritor alemão Hugo Ball (1886-1927), pelo artista alsaciano Jean Arp, e outros jovens intelectuais que moravam em Zurique, Suíça. Uma reação semelhante contra a arte convencional aconteceu, simultaneamente, em Nova York e em Paris.

Depois da Primeira Grande Guerra o movimento chegou à Alemanha, e muitos artistas do grupo de Zurique uniram-se aos dadaístas franceses em Paris.

Contudo, o grupo parisiense se desintegrou em 1922.

Para expressar a negação de todas as correntes e valores estéticos e sociais, os dadaístas usaram freqüentemente métodos artísticos e literários que eram deliberadamente incompreensíveis. Suas performances teatrais e seus manifestos eram concebidos para chocar ou desnortear o público, com o objetivo de surpreender o público através de uma reconsideração de valores estéticos aceitos.

Para este fim, os dadaístas utilizaram novos materiais e incluíram objetos achados no lixo das ruas, além de novas técnicas em suas obras, como se permitissem ao acaso a determinação dos elementos que iriam compor seus trabalhos.

O pintor e escritor alemão Kurt Schwitters destacou-se por suas colagens com papel velho e materiais semelhantes, e o pintor francês Marcel Duchamp exibiu como obras de arte produtos comerciais ordinários, que ele mesmo chamou de ready-mades.

Embora os dadaístas tenham empregado técnicas revolucionárias, sua revolta contra os padrões estéticos vigentes estava baseada em uma convicção profunda e originada ainda na tradição romântica, na bondade essencial de humanidade, quando não corrompida através de sociedade.

Dadaísmo, como movimento artístico, declinou nos anos vinte, e alguns de seus participantes tornaram-se proeminentes em outros movimentos da arte moderna, especialmente o surrealismo.

Durante a década de 50 houve um ressurgimento do interesse pelo Dadaísmo em Nova York, onde compositores, escritores, e artistas produziram muitos trabalhos com características dadaístas.

CARACTERÍSTICAS DO DADAÍSMO

Fotomontagens oníricas
Incorporação de materiais diversos
Elementos mecânicos
Inscrições humorísticas
Expressões ridículas e burlescas

Dadaísmo – História

Dadaísmo é a vida sem pantufas nem paralelos: quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso antidogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.

Assim começa o “Manifesto do Senhor Antipirina”, o manifesto dadaísta, o mais radical de todos os movimentos de vanguarda. De feições anarquistas, o dadaísmo nasceu em meio à 1ª Grande Guerra, em Zurique, onde ainda se podia respirar os ares da paz.

Em 1916, foi fundado o Cabaret Voltarie, por Hugo Ball, e logo tornou-se local de reuniões de intelectuais e foragidos da guerra. Neste cabaret, Tristan Tzara, o próprio Hugo Ball, Hans Harp, Marcel Janco e Huelsembeck lançaram o Dadaísmo, tendo como intenção buscar uma liberdade de se exprimir, de agir; pregando e destruição do passado, o passado cultural e sócio-político da humanidade, assim como dos valores presentes, e não vendo qualquer esperança ao futuro.

Apesar de todo esse radicalismo, o dadaísmo foi na verdade um movimento pacifista, pois este desejo, esta ânsia de destruição, era motivado exatamente pela guerra, que gerou uma forte crise moral e política por toda a Europa.

Dadaísmo representou, portanto, uma reação à sociedade decadente, sobretudo a alemã.

Voltou-se inclusive contra uma possível vitória da Alemanha. E um das maneiras que os artistas encontraram para mostrar seu descontentamento com a sociedade foi criando uma antiarte, uma antiliteratura, carregada de ilogismo, de deboche, de humor sendo antiintelectualista, seguindo com isto parte das idéias cubistas, embora se declarassem anticubistas também.

O cubismo a penúria nas idéias. Os cubistas, os quadros dos primitivos, as esculturas negras, as guitarras, e agora vão cubicar o dinheiro. (Francis Picabia – Manifesto canibal na obscuridade)

Este niilismo, esta negação dadaísta, era tão forte que os artistas procuravam negar-se até a si mesmos. “Os verdadeiros dadaístas são contra dadá.”. Isto pelo fato de, uma vez destruídas a arte acadêmica e a moral burguesa, dadá seria o substituto natural.

Entretanto, o dadaísmo representou uma reação a qualquer sistema institucionalizado.

No referido manifesto, Tzara diz: “eu sou contra os sistemas, o mais aceitável dos sistemas é aquele que tem por princípio não ter princípio nenhum.”

Quanto ao significado da palavra dadá, Tzara explica: “Dada não significa nada.” De qualquer modo, esta palavra foi encontrada no dicionário Petit Larousse pelo próprio Tzara. E um dos significados lá presentes era o de que se tratava de um sinal de ingenuidade, algo ligado à criança. O que ressalta a idéia de espontaneidade, de ilogismo e humor da antiarte dadaísta.

Por outro lado, a intenção maior ao nomear o movimento de dadaísmo foi a de ter uma expressividade e uma força à própria palavra.

Dadaísmo teve como epicentro Zurique, na Suiça; porém houve uma contemporânea internacionalização do movimento, indo de Nova York a Moscou, passando por Paris, Barcelona e Munique. Na Alemanha, procurou-se ressaltar os aspectos críticos em relação à sociedade e ao pós-guerra. Enquanto nos Estados Unidos, Francis Picabia, Marcel Duchamp e o americano Man Ray realizam algo como um protodadaísmo.

Duchamp utilizou-se da técnica do ready-made, consistindo em se aproveitar de produtos industrializados para recriar um novo objeto que desprezasse a arte acadêmico-burguesa. Segundo Georges Hugnet, Duchamp “pretendia exprimir a sua aversão à arte e a admiração pelos objetos fabricados.”

Quanto à literatura, os textos dadaístas mostravam-se agressivos, opondo-se a qualquer técnica tradicional, criando com isto um texto ilógico e antiracional. “abolição da lógica, dança dos impotentes da criação: DADÁ; (…) trajetória de uma palavra lançada como um disco sonoro grito” (Manifesto Dada – 1918).

Veja como exemplo de ilogicidade dadá este poema de Tzara: As borboletas de 5 metros de comprimento se partem como os espelhos, como o vôo dos rios noturnos sobem com o fogo até à via-láctea.

Uma técnica dadaísta, aprofundada pelos surrealistas, é a da escrita automática, que consiste em escrever sem qualquer preocupação lógica, fazendo uma livre associação de idéias (conforme o poema acima).

Dentro deste espírito desconcertante, Tzara dá até mesmo a “técnica” de como se escrever um poema dadaísta:

Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-se num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Dadaísmo conheceu seu apogeu em 1920 e, no ano seguinte, seu declínio. No ano de 1920, várias peças teatrais, recitais de música e leitura de poemas dadaístas foram praticadas com até mesmo certa aceitação pública.

Porém, o distanciamento pretendido se acentuou e, em um outro manifesto, lido por Francis Picabia, “Manifesto Canibal na Obscuridade”, há a seguinte passagem:

Dada não quer nada, não pede nada. Move-se e gesticula para que o público diga: nós não compreendemos nada, nada, nada.

Contudo, a Europa, após o término da 1ª Guerra, pedia uma reconstrução, tanto física quanto cultural e moral; e este desejo de se manter distante, este aspecto destrutivo foi causa de discordâncias internas, sendo a principal a entre Tzara e André Breton, dadaísta francês que, em 1924, lançaria o movimento surrealista.

De qualquer modo, apesar de todo radicalismo peculiar, os dadaístas cumpriram seu papel ao se posicionarem contra uma sociedade decadente.

Dadaísmo – Artistas

Durante a I Guerra Mundial, a cidade de Zurique, na Suíça era considerada neutra.

Artistas, escritores e poetas de várias nacionalidades que nos seus países de origem haviam se manifestado publicamente contrários à guerra, foram acusados de impatriotismo e traição, fugiram exilando-se em Zurique e acabaram reunidos, pela primeira vez em fevereiro de 1916, numa cervejaria, a que deram o nome de Cabaret Voltaire. Na ocasião foram lidos manifestos, poesias, encenaram teatro e realizaram exposições de arte. Resolveram fundar um movimento artístico literário que expressasse suas decepções em relação a ineficiência das ciências, da religião e da filosofia que foram incapazes de evitar os horrores da guerra justamente entre as nações mais civilizadas do ocidente e por sua inutilidade já não deveriam merecer confiança e respeito.

Sob influência da psicanálise de Freud, na época em voga entre os suíços, elegeram o automatismo psíquico e as manifestações do subconsciente como fonte da criação artística e o irracionalismo como lei da conduta humana. Não adiantava pensar, raciocinar, conduzir-se conscientemente numa humanidade que havia perdido a razão.

Para designar o movimento, o poeta Tristan Tzara (húngaro)abriu ao acaso um dicionário alemão-francês Larousse acertando na palavra DADA que significa na linguagem infantil “cavalo de pau”. O nome escolhido é sem sentido e o gesto fora irracional, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra. Dez milhões de pessoas foram massacradas ou ficaram inválidas, por isso os dadaístas achassem que não podiam confiar na razão e na ordem estabelecida e sua alternativa foi subverter toda autoridade e cultivar o absurdo.

Não se preocupavam em formular uma teoria que explicasse o pensamento do grupo e somente após quase 3 anos do inicio das atividades, Tristan Tzara escreveu um manifesto sobre o Dadaísmo.

Simultaneamente o movimento foi levado a New York pelos pintores Marcel Duchamp, Picabia e Man Ray , terminado a guerra o negativismo e o irracionalismo dos dadaístas encontraram um ambiente propício na Europa traumatizada. Em Paris, com o apoio dos escritores e artistas Picabia, Max Ernst, Alfred Stieglitz, André Breton, Louis Aragon, Ribemont-Dessaignes, Marcel Duchamp, Albert Biron, Ph.Soupault, Paul Eluard, Benjamin Peret, promoveram famosas reuniões.

Seus seguidores procuravam chocar o público anulando as formas técnicas e os temas da pintura, dando valor ao irracionalismo como fundamento da criação artística; consideravam válida qualquer expressão artística inclusive involuntária, elevando-a a categoria de obra de arte Ex. urinol ou outros objetos banais (ridicularizando a arte eterna ou profunda); poemas sem sentido; máquina sem função (zombando a ciência).

O movimento difere dos futuristas pois não possuía o otimismo e nem a valorização da tecnologia e se aproxima deste no conceito de simultaneidade e provocação (em suas apresentações se misturam desde dançarinas a poetas, a oradores; tudo ao mesmo tempo). Propunham a interdisciplinaridade como única maneira possível de renovar a linguagem criativa.

Em 1922 realizou-se a última grande manifestação em Paris. O movimento durou sete anos e seu declínio é reflexo da recuperação dos países vítimas do conflito e das divergências doutrinárias entre alemães chefiados por Tzara e franceses chefiados por Breton, porém o sinal de alerta do espírito contra a decadência de valores; sua ruptura com a lógica e o raciocínio convencional, foram a base de novas formas de enriquecimento do imaginário como o Surrealismo em 1924.

Característica gerais:

Pregavam “non sense e antiarte” (deliberada irracionalidade)
A colagem era feita com papéis rasgados e não cortados.
Utilizavam materiais diversos como botões, gesso, entre outros.
Usavam as leis do acaso (criação artística não depende de regras estabelecidas e nem da habilidade mental)
Fotomontagem (distorção da fotografia)
Movimento contra o tradicional.

Dadaísmo – Movimento artístico e literário

Movimento artístico e literário com um pendor niilista, que surgiu por volta de 1916, em Zurique, acabando por se espalhar por vários países europeus e também pelos Estados Unidos da América. Embora se aponte 1916 como o ano em que o romeno Tristan Tzara, o alsaciano Hans Arp e os alemães Hugo Ball e Richard Huelsenbeck seguiram novas orientações artísticas e 1924 como o final desse caminho, a verdade é que há uma discrepância de datas respeitantes, quer ao início, quer ao final deste movimento, ou como preferem os seus fundadores, desta «forma de espírito» («Manifesto Dada», in Dada-Antologia Bilingue de Textos Teóricos e Poemas, 1983).

O movimento Dada (os seus fundadores recusam o termo Dadaísmo já que o ismo aponta para um movimento organizado que não é o seu) surge durante e como reação à I Guerra Mundial.

Os seus alicerces são os da repugnância por uma civilização que atraiçoou os homens em nome dos símbolos vazios e decadentes. Este desespero faz com que o grande objetivo dos dadaístas seja fazer tábua rasa de toda a cultura já existente, especialmente da burguesa, substituindo-a pela loucura consciente, ignorando o sistema racional que empurrou o homem para a guerra.

Dada reivindica liberdade total e individual, é anti-regras e ideias, não reconhecendo a validade, nem do subjetivismo, nem da própria linguagem.

O seu nome é disso mesmo um exemplo: Dada, que Tzara diz ter encontrado ao acaso num dicionário, ainda segundo o mesmo Tzara, não significa nada, mas ao não significar nada, significa tudo.

Este tipo de posições paradoxais e contraditórias são outra das características deste movimento que reclama não ter história, tradição ou método. A sua única lei é uma espécie de anarquia sentimental e intelectual que pretende atingir os dogmas da razão. Cada um dos seus gestos é um ato de polémica, de ironia mordaz, de inconformismo.

É necessário ofender e subverter a sociedade.

Essa subversão tem dois meios: o primeiro os próprios textos, que embora sejam concebidos como forma de intervenção direta, são publicados nas numerosas revistas do movimento como Der Dada, Die Pleite, Der Gegner ou Der blutige Ernst, entre muitas outras.

O segundo, o famoso Cabaret Voltaire, em Zurique, cujas sessões são consideradas escandalosas pela sociedade da época verificando-se frequentes insultos, agressões e intervenções policiais.

Não é fácil definir Dada.

Os próprios dadaístas para isso contribuem: as afirmações contraditórias não permitem um consenso já que, enquanto consideram que definir Dada era anti-Dada, tentam constantemente fazê-lo. No primeiro manifesto, por ele próprio intitulado dadaísta, Tristan Tzara afirma, que Ser contra este manifesto significa ser dadaísta!» («Manifesto Dada», in Dada-Antologia Bilingue de Textos Teóricos e Poemas, 1983) o que confirma a arbitrariedade e a inexistência de cânones e regras neste movimento.

Tentam mesmo dissuadir os críticos de o definir: Jean Arp, artista plástico francês ligado ao movimento de Zurique, ridiculariza a metodologia crítica escrevendo, que não era, nem nunca seria credível qualquer história deste movimento já que, para ele não eram importantes as datas, mas sim o espírito que já existia antes do próprio nome; além disso Tzara afirma ser «contra sistemas.

O sistema mais aceitável é, por princípio, não ter nenhum.» (Dada and Surrealism,1972).

São conscientemente subversivos: ridicularizam o gosto convencional e tentam deliberadamente desmantelar as artes para descobrir em que momento a criatividade e a vitalidade começam a divergir. Desde o início que é destrutivo e construtivo, frívolo e sério, artístico e anti-artístico.

Embora se tenha espalhado por quase toda a Europa, o movimento Dada tem os núcleos mais importantes em Zurique, Berlim, Colônia e Hanôver. Todos eles defendem a abolição dos critérios estéticos, a destruição da cultura burguesa e da subjetividade expressionista reconhecendo, como caminhos a seguir, a dessacralização da arte e a necessidade do artista ser uma criatura do seu tempo, no entanto, há uma evolução diferenciada nestes quatro núcleos.

O núcleo de Zurique, o mais importante durante a guerra, é muito experimentalista e provocatório, embora mais ou menos restrito ao círculo do Cabaret Voltaire.

É aqui que surgem duas das mais importantes inovações dadaístas: o poema simultâneo e o poema fonético.

O poema simultâneo consiste na recitação simultânea do mesmo poema em várias línguas; o poema fonético, desenvolvido por Ball, é composto unicamente por sons, com predominância de sons vocálicos.

Nesta última composição a semântica é completamente posta de parte: já que o mundo não faz sentido para os dadaístas, a linguagem também não terá de fazer.

Ball considera ser esta uma época onde « Um universo desmorona-se. Uma cultura milenar desmorona-se.» («A Arte dos Nossos Dias», in Dada-Antologia Bilingue de Textos e Poemas, 1983). Estes tipos de composições, juntamente com o poema visual, também assente em princípios simultaneístas, e a colagem, primeiro utilizada nas artes plásticas, são as grandes inovações formais deste movimento.

O grupo de Berlim, mais ativo depois da guerra, está profundamente ligado s condições socio-políticas da época. Ao contrário do anterior realiza intervenções politizantes, próximas da extrema esquerda, do anarquismo e da “Proletkult” (cultura do proletariado). Apesar de tudo, os próprios dadaístas têm consciência que são demasiado anarcas para aderir a um partido político e que a responsabilidade pública que daí advinha era inconciliável com o espírito dadaísta.

Colônia e Hanover são menos significativos, sendo no entanto de salientar o desenvolvimento da técnica da colagem no primeiro e a inovadora utilização de materiais casuais e subalternos, como jornais e bilhetes de autocarro, na pintura do segundo.

Estes autores destacam-se da sociedade em que estão inseridos pela revolta, pelos valores expressos nas suas obras, pelas convicções que defendem e pelas contradições que apresentam, muitas vezes exemplo da vitalidade e humor dos criadores.

Dada tornou-se muito popular em Paris, para onde Tzara vai viver depois da guerra. Na capital francesa, ao contrário de Berlim e Nova Iorque, o movimento Dada desenvolve-se bastante no campo literário.

Esta ligação foi muito importante para a génese do surrealismo que acaba por absorver o movimento no início da década de vinte.

As fronteiras entre os dois movimentos são ténues, embora se oponham: o surrealismo mergulha as suas raízes no simbolismo, enquanto Dada se aproxima mais do romantismo; o primeiro é nitidamente politizado, enquanto o segundo é, na generalidade apolítico (com excepção do grupo de Berlim, como já foi referido).

É também possível encontrar vestígios dadaístas na poesia de Ezra Pound e T. S. Elliot e na arte de Ernst e Magritte.

Dadaísmo – Origem

Fundado na neutra Zurique, em 1916, por um grupo de refugiados da Primeira Guerra Mundial, o movimento dadá tomou seu nome de uma palavra nonsense.

Em seus sete anos de vida, o Dadaísmo muitas vezes parecia mesmo sem sentido, mas tinha um objetivo de não-sem-sentido: protestava contra a loucura da guerra.

Nesse primeiro conflito global, anunciado como “a guerra para acabar com todas as guerras”, dezenas de milhares morriam diariamente nas trincheiras para conquistar uns poucos metros de terra calcinada e em seguida eram forçadas a recuar pelos contra-ataques. Dez milhões de pessoas foram massacradas ou ficaram inválidas.

Não admira que os dadaístas achassem que não podiam mais confiar na razão e na ordem estabelecida. Sua alternativa foi subverter toda autoridade e cultivar o absurdo.

Dadaísmo foi uma atitude internacional, que se expandiu de Zurique para França, Alemanha e Estados Unidos.

Sua principal estratégia era denunciar e escandalizar.

Uma noite dadaísta típica contava com diversos poetas declamando versos nonsense simultaneamente em línguas diferentes e outros latindo como cães.

Os oradores lançavam insultos à platéia, dançarinos com trajes absurdos entravam pelo palco, enquanto uma menina de vestido de primeira comunhão recitava poemas obscenos.

Os dadaístas tinham um objetivo mais sério do que causar escândalo: queriam acordar a imaginação.

Dadaísmo – Movimento

O Dadaísmo, movimento artístico e literário anárquico fundado em 1916 por artistas e intelectuais exilados na Suíça durante a I Guerra Mundial teve como fundadores: Hans Richter [1888-1976] e Raul Haussmann [1886-1971].

Por essa altura, publicaram-se numerosos manifestos Dada que proclamavam a espontaneidade, a liberdade e a anarquia absolutas do artista e consideravam a invenção pura, as leis do acaso e a permutação de formas antropomórficas e inanimadas muito importantes para o trabalho artístico. Mais tarde se expande por outros países da Europa e pelos Estados Unidos (EUA). Caracteriza-se pelo desejo de destruir as formas de arte institucionalizadas e de romper o limite entre as várias modalidades artísticas.

Os artistas opõem-se à sociedade materialista, vista como fracassada por promover a guerra, e propõem ignorar o conhecimento até então acumulado pela humanidade.

Acima de tudo, os dadaístas procuravam chocar a sociedade com uma extravagância deliberada.

Devem ainda referir-se como precursores deste movimento: Marcel Duchamps [1887-1964], francês e Francis Picabia [1878-1953], de origem cubana, que inicialmente foram seguidores do Cubismo.

O seu nome deriva de da-da, duas das primeiras sílabas a serem pronunciadas pelas crianças, segundo os seus autores.

É um estilo entre o infantil e o burlesco [Duchamps, por exemplo, pintou a Gioconda com bigodes…]. Com Duchamps, as formas passam a ter um aspecto mais ou menos mecânico mas não são animadas de um movimento natural. Este artista pintou cerca de vinte quadros, a maior parte deles sobre vidro. Foi ele que imaginou os “ready-made”, ou seja, simples objetos manufaturados, como por exemplo um abridor de garrafas ou um urinol, em que ele se limitava apenas a modificar-lhe um pequeno pormenor ou até a não mudar absolutamente nada.

Isto levou a que, em 1962, numa carta que Duchamp escreveu a Richter desabafasse: “Quando descobri os ready-mades pensei que ia desencorajar os estetas… Atirei-lhes o porta-garrafas e o urinol à cara como um desafio e eles agora admiram-nos pela sua beleza estética”.

Picabia, grande humorista, levou mais longe ainda o seu desafio com as suas mistificações absurdas. Esta atitude é muito característica do Dadaísmo e revela o seu espírito de protesto e de provocação.

Aliás, este movimento surge precisamente como uma reação às conseqüências nefastas da 1ª Grande Guerra Mundial. Perante o horror da guerra, viram-se forçados a reconhecer a fragilidade da civilização e dos seus valores. Por isso, os dadaístas entendiam como necessário fazer uma limpeza na arte, fazendo-a reviver, ou seja, começar tudo a partir do zero, defendendo assim a espontaneidade e a anarquia. Utilizavam qualquer tipo de material que encontrassem à mão.

Atualmente os seus quadros são admirados nos museus e reproduzidos em livros e revistas de arte. Entre os seus principais adeptos, contam-se Tristian Tzara, de origem romena, Hugo Ball, alemão, Jean Arp, alsaciano, Max Ernst, alemão, e Man Ray, norte-americano.

No seu início, os dadaístas chamaram a atenção de Picasso e de outros artistas cubistas, mas em breve manifestaram a sua oposição com firmeza.

O movimento acabou por se desintegrar em 1922 e os seus adeptos foram aderindo a outros movimentos. Contudo, verificou-se um certo mérito neste movimento. Através da ironia e do absurdo, acabaram por provocar o desequilíbrio num determinado número de hábitos e idéias pré-concebidas enraizados na sociedade de então, que só dessa forma puderam ser alterados. Alguns dos seus elementos, do grupo dadaísta alemão, George Grosz [1893-1959] e Otto Dix [n.1891] criaram um outro movimento, denominado Nova Objetividade. Os temas tratados tinham um caráter amargo e satírico. Punha-se em causa a vida política e social, o caos e a hipocrisia da vida.

Fonte: www.geocities.com/www.redacional.com.br/www2.fcsh.unl.pt

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