Alfabeto Braile

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O Braille é um sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas. Surgiu na França em 1825, sendo o seu criador o francês Louis Braille que ficou cego aos três anos de idade vítima de um acidente seguido de oftalmia.
Este sistema consta do arranjo de seis pontos em relevo, dispostos na vertical em duas colunas de três pontos cada. Os seis pontos formam o que se convencionou chamar “cela braille”.Para facilitar a identificação, os pontos são numerados da seguinte forma:

Alfabeto Braile
Desenho cela braille

Alfabeto Braile
Numeração convencionada dos pontos

A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63 combinações ou símbolos Braille para anotações Científicas, música, estenografia.
O Braille pode ser produzido por impressoras elétricas e computadorizadas; máquina de datilografia e, manualmente,através de reglete e punção.

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Alfabeto Braille

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Reglete

Alfabeto Braile
Punção

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Máquina Braille

Fonte: www.padrechico.org.br

Alfabeto Braile

A invenção do sistema braille e a sua importância na vida dos cegos

A educação dos cegos

Foi no século XVIII que se iniciou, de forma sistemática, o ensino dos cegos. Valentin Haüy (1745-1822), homem de ciência e homem de coração, fundou em Paris, em 1784, a primeira escola destinada à educação dos cegos e à sua preparação profissional.

Homem de coração, Valentin Haüy teve a ideia de instruir os cegos depois de haver contemplado, na Feira de Santo Ovídio, em Paris, um espectáculo que o chocou profundamente.

Sobre um estrado, por conta de um empresário sem escrúpulos, dez cegos exibiam-se como fantoches.

Homem de ciência, influenciado pelas filosofias sensistas segundo as quais tudo vinha dos sentidos, Valentin Haüy entendeu que na educação dos cegos o problema essencial consistia em fazer que o visível se tornasse tangível.

Adaptou, pois, para o seu uso, os processos dos videntes. Aliás, Valentin Haüy foi o primeiro a defender o princípio de que, tanto quanto fosse possível, a educação dos cegos não deveria diferenciar-se da dos videntes.

Na sua escola, para a leitura, adoptou o alfabeto vulgar, que se traçava em relevo na expectativa de que as letras fossem percebidas pelos dedos dos cegos. Para a escrita (redacções e provas ortográficas), serviu-se de caracteres móveis. Os alunos aprendiam a conhecer as letras e os algarismos, a combinar os caracteres para formar palavras e números e a construir frases.

Tudo isso não passava de meros exercícios tipográficos, sempre condenados à destruição.

O problema da educação dos cegos só ficou satisfatoriamente resolvido com a invenção e adopção do Sistema Braille – processo de leitura e escrita por meio de pontos em relevo hoje empregado no mundo inteiro.

O Sistema Braille é um modelo de lógica, de simplicidade e de polivalência, que se tem adaptado a todas as línguas e a toda a espécie de grafias. Com a sua invenção, Luís Braille abriu aos cegos, de par em par, as portas da cultura, arrancando-os à cegueira mental em que viviam e rasgando-lhes horizontes novos na ordem social, moral e espiritual.

Luís Braille
Luís Braille era natural de Coupvray, pequena aldeia a leste de Paris, onde nasceu a 4 de Janeiro de 1809. Era o filho mais novo de Simão Renato Braille, o correeiro da localidade, e de Mónica Baron. Tinha um irmão e duas irmãs.

A sua vida foi uma vida humilde. Das mais modestas. Em 1812, quando brincava na oficina do pai, Luís Braille feriu-se num dos olhos. A infecção progrediu, transmitiu-se ao olho são, vindo o pequeno a ficar completamente cego algum tempo depois. Pouco deve ter conservado em termos de imagens visuais ou de recordações dos rostos e dos lugares que rodearam a sua infância.

Os pais souberam assegurar, da melhor maneira possível, a primeira educação deste seu filho cego. Sabe-se que Luís Braille frequentou a escola da sua aldeia, beneficiando assim do contacto com pequenos condiscípulos videntes. Sabe-se também que quando Luís Braille chegou à escola que Valentin Haüy havia fundado com carácter privado, e que, depois de ter passado por diversas vicissitudes, tinha então o nome de Instituição Real dos Jovens Cegos, sabia fazer franjas para os arneses. Este trabalho foi a base do desenvolvimento da sua destreza manual.

O pai de Luís Braille teve conhecimento da existência da Instituição Real dos Jovens Cegos, em Paris, e escreveu repetidas vezes ao director para se inteirar dos trabalhos que ali se realizavam e certificar-se de que eram verdadeiramente úteis para a educação do seu filho. Depois de algumas hesitações, decidiu-se pelo internamento.

Luís Braille deu entrada na Instituição em 15 de Fevereiro de 1819. Ali estudou e leu nos livros impressos em caracteres ordinários, ideados por Valentin Haüy. Era habilidoso, aplicado e inteligente. Carácter sério, dele também se pode dizer que era a honradez em pessoa. Espírito metódico e apaixonado pela investigação, nele predominava a imaginação criadora e a mentalidade lógica.

A partir de 1819 Luís Braille viveu uma vida de internado na Instituição dos Jovens Cegos, que foi para ele como que um segundo lar. Mas passava as suas férias em Coupvray e aqui residiu também todas as vezes que a doença o obrigou a prolongados repousos. Em Coupvray permaneceram os seus restos mortais desde 10 de Janeiro de 1852, já que a sua morte se verificou em Paris, a 6 do mesmo mês.

No centenário da sua morte, em Junho de 1952, representantes de quarenta países foram em romagem a Coupvray, ao túmulo de Luís Braille, e acompanharam a transladação do seu corpo para o Panteão dos Homens Ilustres. Era o reconhecimento da França, para quem o nome de Braille é um raio do esplendor da intelectualidade e do humanismo francês. Era a gratidão dos cegos de todo o mundo, para quem Braille, mais do que um nome, é um símbolo. Símbolo da emancipação conquistada, para todos os cegos, por um dos seus.

Da sonografia de Barbier ao sistema braille

No próprio ano em que Luís Braille foi admitido como aluno da Real Instituição, o capitão de artilharia Carlos Barbier de la Serre começou a interessar-se pela escrita dos cegos.

Numa outra fase desta evolução Barbier teve a ideia de designar as coordenadas dos seus símbolos sonográficos por certo número de pontos (indicativos da linha e da coluna a que o símbolo pertencia) colocados em duas filas verticais e paralelas. Assim, por exemplo, o sinal que estivesse em última posição na segunda linha seria representado por dois pontos na fila vertical esquerda e seis pontos na fila vertical direita.

Neste ponto da sua evolução a sonografia de Barbier estava concebida e realizada para que os videntes se entendessem no que concerne à escrita secreta por meio de pontos, que deviam fazer-se com o lápis ou a pena.

Mas, sendo Barbier capitão de artilharia, algum dia terá pensado na necessidade de os oficiais em campanha expedirem mensagens na obscuridade. Assim, em novo aperfeiçoamento, introduziu os pontos em relevo para ir ao encontro dessa necessidade. Barbier inventou um pequeno instrumento por meio do qual, com auxílio de um estilete, podiam gravar-se no papel todos os símbolos do seu sistema. E deu o nome de escrita nocturna sem lápis e sem tinta a esta sonografia mais aperfeiçoada. A escrita nocturna podia até tornar possível decifrar mensagens no escuro, contando os pontos com os dedos.

O tacto acabou por aparecer como elemento essencial para a interpretação dos símbolos formados por pontos em relevo, que agora constituíam a sonografia de Barbier. Foi então que lhe ocorreu, não se sabe devido a que circunstâncias, pôr esta sonografia, ou escrita nocturna , ao serviço dos cegos. Do ponto de vista psicológico, coube-lhe o mérito de evidenciar que a leitura por meio de pontos é mais adequada para o sentido do tacto do que as letras vulgares em relevo linear.

Em Março e Abril de 1821, depois de ter experimentado com alguns cegos, Carlos Barbier foi recebido na Instituição e apresentou a sua escrita nocturna . Mas as grandes dimensões dos caracteres tornavam difícil conhecê-los ao primeiro contacto táctil e lê-los sem ziguezaguear com o dedo através das linhas.

Por outro lado, os princípios fonéticos em que o sistema assentava faziam dele, apesar dos seus méritos, um sistema pouco prático.

O sistema de Barbier nunca foi usado na Instituição, mas constituiu a base dos trabalhos que Luís Braille realizou por volta de 1825. Luís Braille reconheceu que os sinais com mais de três pontos em cada fila ultrapassavam as possibilidades de uma única percepção táctil. Tratou, pois, de lhes reduzir as proporções, de modo a obter sinais que pudessem formar uma verdadeira imagem debaixo dos dedos. Além disso, criou uma convenção gráfica, atribuindo a cada símbolo valor ortográfico e não fonético, em perfeita equivalência com os caracteres vulgares.

Aponta-se geralmente o ano de 1825 como a data do aparecimento do Sistema Braille, mas só em 1829 Luís Braille publicou a primeira edição do seu Processo para Escrever as Palavras, a Música e o Canto-Chão por meio de Pontos, para Uso dos Cegos e dispostos para Eles , a que deu forma definitiva na segunda edição publicada em 1837.

Na edição de 1829 há 96 sinais. Os sinais estão agrupados em nove séries de dez sinais cada uma e mais seis suplementares. Apenas as quatro primeiras séries correspondem ao sistema que actualmente conhecemos. As restantes séries combinam pontos e traços, aproveitando, pois, elementos dos métodos anteriores de escrita linear.

O Processo de 1829 proporcionou uma excelente base de experimentação. Sabe-se que por volta de 1830 o Sistema Braille se começou a empregar nas aulas para a escrita de exercícios. Esta feliz iniciativa fez com que se prescindisse dos sinais com traço liso, muito difíceis de escrever.

A edição de 1837 confirma o alfabeto e estabelece uma estenografia rudimentar, que evoca claramente a sonografia de Barbier. Normaliza a representação dos números, que vêm formados pelos sinais da primeira série precedidos do que ainda hoje conhecemos como sinal numérico . Os sinais de pontuação são representados com os sinais que constituem a actual quinta série.

A edição de 1837 contém ainda uma notação que, nas suas linhas essenciais, constitui o núcleo da musicografia braille dos nossos dias.

O triunfo do sistema braille

Era necessário um cego para imaginar um alfabeto táctil. E também foi preciso, em muitos sítios, o esforço perseverante dos cegos para impor o seu uso. Os professores e directores de escolas especiais, quase sempre pessoas videntes, eram contrários à adopção de um alfabeto duro para a vista. Por isso, agarravam-se ao princípio de Haüy segundo o qual a educação dos cegos não deveria diferenciar-se da dos videntes, levavam esse princípio ao exagero e não renunciavam à leitura em caracteres comuns. Só o formidável impulso dos cegos que se serviam do alfabeto braille pôde obrigar os responsáveis pela sua educação a reconhecer os frutos que a aplicação deste alfabeto produzia nas escolas.

Coisa diferente aconteceu nos países ou regiões em que não era conhecido nenhum outro método de leitura e escrita para cegos. Foi o caso da América Latina, onde a história da educação das pessoas cegas começa com o Sistema Braille. A chegada do braille, o início da alfabetização e educação e também a criação de imprensas e bibliotecas para cegos foram fenómenos simultâneos.

Na França. – A Instituição Real dos Jovens Cegos, onde o Sistema Braille foi concebido e aperfeiçoado, demorou 25 anos a aceitá-lo de maneira definitiva. Aponta-se a data de 1854 como a da implantação do Sistema Braille em França.

Na Instituição era conhecido outro método de leitura para cegos. O director foi jubilado prematuramente e o novo director pretendeu voltar ao relevo linear, impondo-o no campo literário entre 1840 e 1850. Durante esses anos de eclipse o braille afirma-se na música (há obras impressas em que o texto literal aparece em caracteres ordinários em alto relevo e a música em notação braille) e os alunos e professores usam-no nas suas coisas pessoais.

NO BRASIL. – A data de 1854 pode também considerar-se como o ponto de partida da difusão do Sistema Braille fora da França. Nesse ano foi levada a cabo, na Instituição Real dos Jovens Cegos, a impressão de um método de leitura em língua portuguesa, registado no Museu Valentin Haüy com o nG 1439.

Acontece que um rapaz cego, José Álvares de Azevedo, regressou ao Brasil depois de ter estudado durante seis anos em Paris. O Dr. Xavier Sigaud, médico francês que esteve ao serviço da corte imperial brasileira e pai de uma filha cega, Adélia Sigaud, conheceu-o e apresentou-o ao Imperador D. Pedro II, conseguindo despertar o seu interesse para a possibilidade de educar os cegos. O Dr. Xavier Sigaud foi o primeiro director do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, inaugurado no Rio de Janeiro em 17 de Setembro de 1854.

EM PORTUGAL. – Adélia Sigaud estava em Lisboa por volta de 1885. É conhecida na história da tiflologia em Portugal como Madame Sigaud Souto . Aqui estava também, por essa altura, Léon Jamet, que era organista na igreja de S. Luís dos Franceses e havia estudado na Instituição de Paris.

A convivência com estes dois não videntes instruídos motivou, em 1887, um grupo de pessoas a fundar a Associação Promotora do Ensino dos Cegos.

Em 1888 a APEC inaugurava a sua primeira escola, que adoptou a classificação de asilo-escola e tomou por patrono António Feliciano de Castilho em 1912, ao instalar-se em Campo de Ourique, em edifício próprio.

Branco Rodrigues (1861-1926) colaborou com Madame Sigaud Souto. Foi o primeiro grande impulsionador da valorização dos cegos em Portugal. Em 1896, depois de ter instruído alguns alunos na escola da APEC, criou uma aula de leitura e de música no Asilo de Nossa Senhora da Esperança, em Castelo de Vide. Em 1897, numa sala cedida pela Misericórdia de Lisboa, instalou outra aula de leitura. Fundou escolas que vieram a transformar-se no Instituto de Cegos Branco Rodrigues, em S. João do Estoril, e no Instituto S. Manuel, no Porto. Dotou essas instituições com bibliotecas braille, literárias e musicais, quer adquirindo livros impressos no estrangeiro, quer promovendo a sua produção por transcritores e copistas voluntários.

Além disso, com a colaboração de um habilidoso funcionário da Imprensa Nacional, fez as primeiras impressões em braille que apareceram em Portugal. A primeira impressão foi em 1898, de um número especial do Jornal dos Cegos , comemorativo do 4º centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia.

NOS PAÍSES GERMÂNICOS. – A segunda edição do Processo , em 1837, foi confeccionada para dar a conhecer o Sistema Braille e assegurar a sua difusão no estrangeiro. Apresentava o Pai Nosso em seis línguas – latim, italiano, espanhol, inglês, alemão e francês -, com a correspondente versão em caracteres ordinários em relevo linear. Sabe-se que esta edição foi remetida a todas as escolas de cegos então existentes.

Mas nos países germânicos o Sistema Braille levou 40 anos a impor-se. Era acusado de erguer um muro entre os cegos e os videntes. Não se queria aceitar um processo que os videntes não podiam ler senão após um período de aprendizagem.

Uns estavam demasiado apegados à rotina e outros queriam ser também inventores. Por isso, o sistema original francês haveria ainda de sofrer um novo embate. Em Santa Maria de Leipzig, fazendo malabarismos com o braille, idearam um alfabeto no qual as letras com menos pontos correspondiam às letras mais usadas em língua alemã. Assim, a primeira série representava as letras e, m, r, u, i, l, p, g, d, f. O Congresso Internacional de Paris, em 1878, liquidou estas diferenças por grande maioria, inclinando a balança para o sistema francês. Assistiram representantes da Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Suíça, Estados Unidos…

NOS ESTADOS UNIDOS. – De todos os países de línguas europeias só os Estados Unidos da América se atrasaram muito em seguir este movimento. Na maior parte das instituições usavam-se os caracteres romanos juntamente com o New York Point ou Wait System . Neste sistema, o rectângulo braille tinha três pontos de largura por dois de altura. O acordo apenas surgiu no Congresso de Little Rock, em 1910.

O braille original impunha-se pelas suas próprias virtudes.

O sistema braille e a vida dos cegos

O Sistema Braille é constituído por 63 sinais, obtidos pela combinação metódica de seis pontos que, na sua forma fundamental, se agrupam em duas filas verticais e justapostas de três pontos cada. Estes sinais não excedem o campo táctil e podem ser identificados com rapidez, pois, pela sua forma, adaptam-se exactamente à polpa do dedo.

Na leitura qualquer letra ou sinal braille é apreendido em todas as suas partes ao mesmo tempo, sem que o dedo tenha que ziguezaguear para cima e para baixo. Nos leitores experimentados o único movimento que se observa é da esquerda para a direita, ao longo das linhas. Não somente a mão direita corre com agilidade sobre as linhas, mas também a mão esquerda toma parte activa na interpretação dos sinais. Em alguns leitores a mão esquerda avança até mais ou menos metade da linha, proporcionando assim um notável aumento de velocidade na leitura.

Dispondo de um processo fácil de leitura, o gosto pelos livros estendeu-se amplamente entre os cegos e ocupou um lugar importante na sua vida. À instrução oral sucedeu a instrução pelo livro. O conhecimento intelectual, sob todas as suas formas (filosofia, psicologia, teologia, matemáticas, filologia, história, literatura, direito…), tornou-se mais acessível aos cegos.

Os benefícios do Sistema Braille estenderam-se progressivamente, à medida que as aplicações revelavam todas as suas potencialidades. As estenografias tornaram a escrita mais rápida e menos espaçosa. As máquinas de escrever permitiram fazer simultaneamente todos os pontos de um sinal, em vez de os gravar um a um, com o punção. Enfim, obteve-se o interponto, graças a um sistema de precisão em que é possível intercalar os pontos do reverso de uma página com os do seu anverso.

Nos dias de hoje as novas tecnologias representam o mais espantoso contributo para valorizar o Sistema Braille, depois da sua invenção. A drástica redução de espaço proporcionada pelo braille electrónico é exemplo disso. Um livro em braille com 2000 páginas de formato A4 pode ficar contido numa só disquete. Uma vez introduzido o texto desse livro no computador, o utilizador cego tem ao seu alcance toda a informação não gráfica disponível no ecrã, que pode ler através de um terminal braille.

Um outro exemplo é a facilidade de imprimir textos em braille. Introduzidos no computador, os textos podem ser submetidos a um programa de tratamento específico e sair numa impressora braille. Os textos assim tratados podem utilizar-se, quer na produção directa em papel, quer na produção de placas de impressão, conforme o número de exemplares a obter. A impressão de livros, permitindo a sua multiplicação, tem um efeito cultural considerável.

A utilização do sistema braille nos nossos dias

Não obstante as virtudes do Sistema Braille, não obstante a extensão dos seus benefícios, temos de reconhecer que nos nossos dias existe uma tendência para a menor utilização do braille e para o abaixamento da qualidade do braille que se utiliza. O alerta foi dado quando o uso dos livros sonoros se começou a generalizar, mas há outros factores que igualmente explicam a crise. Entre estes factores conta-se a exiguidade dos fundos bibliográficos braille, que podem eventualmente não corresponder às necessidades dos potenciais utilizadores. Em Portugal, por exemplo, a maior parte do braille que se produz é destinada ao ensino, designadamente aos estudantes que frequentam o ensino regular.

A crise do braille também tem a ver com dificuldades inerentes ao próprio braille, sobretudo quando, como acontece actualmente entre nós, essas dificuldades são agravadas por um ensino mal orientado. Efectivamente, hoje em dia, durante a Escolaridade Obrigatória, os nossos estudantes cegos não são motivados para a prática do braille nem o conhecem em todas as suas modalidades. Lêem pouco, o processo de reconhecimento dos caracteres é lento e eles cansam-se depressa. Incapazes de ler a um ritmo satisfatório, fogem de utilizar os livros e manuais que já vão tendo ao seu dispor. Recorrem preferencialmente a textos introduzidos no computador, que ouvem com recurso à voz sintética, ou servem-se de leituras feitas por outrem, normalmente gravações em fita magnética (livros sonoros).

A falta de leitura directa reflecte-se, naturalmente, na escrita, que é deficiente quanto ao braille e desconcertante quanto à ortografia.

Os livros sonoros e a informática são muito importantes para o desenvolvimento cultural dos cegos, mas nada poderá ou deverá substituir o braille como sistema base da sua educação.

Tal como a leitura visual, a leitura braille leva os conhecimentos ao espírito através de mecanismos que facilitam a meditação e assimilação pessoal daquilo que se lê. O braille permite estudar os quadros em relevo e ler eficientemente os livros técnicos. O braille é, ainda, o único meio de leitura disponível para os surdocegos. Por outro lado, a perfeição na escrita está relacionada com a leitura braille que cada um faz, pois é através dela que entra em contacto com a estrutura dos textos, a ortografia das palavras e a pontuação.

A qualidade do ensino do braille é decisiva para uma leitura destra e para a aquisição de hábitos de leitura. Se os alunos cegos, como as outras crianças, forem motivados para a prática normal e constante do seu método de leitura e escrita, a leitura será rápida e tornar-se-á também mais agradável e instrutiva, porque a atenção, menos requerida pelo trabalho de reconhecimento dos caracteres, irá mais em ajuda do pensamento. Ao acabarem de ler, as crianças e jovens cegos terão aprendido alguma coisa e estarão mentalmente dispostos a partir para novas leituras.

Ora, é a ler que se ganha e se desenvolve o gosto pela leitura. Só o gosto de ler garante que o processo de aquisição de cultura não se interromperá ao sair da Escola, apesar das vicissitudes do quotidiano. E não se pode ignorar a importância da cultura como factor de integração social, como instrumento de trabalho e como elemento de conscientização na vida das pessoas cegas.

É, pois, necessário rever a política até agora seguida pelo Ministério da Educação no que toca ao ensino dos alunos cegos, para que os passe a habilitar a ler e a escrever braille exactamente como os demais alunos são habilitados a ler e a escrever. Levar os jovens cegos a utilizar abusivamente meios que são complementares do braille, não lhes fornecer os livros em braille e outros materiais de que precisam e já existem ou é possível produzir, abandoná-los a si mesmos ou às condições que o meio familiar e a sua escola lhes dêem, equivale a comprometer seriamente, no dia de amanhã, as suas possibilidades de afirmação, tanto na vida profissional como nas actividades de lazer.

Fonte: www.lerparaver.com

Alfabeto Braile

INTRODUÇÃO

Com a recente publicação e vigência a partir de 1º de janeiro de 2003, da GRAFIA BRAILLE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA, aprovada pela portaria nº 2.678 de 24/09/2002, o Ministério da Educação, além de reafirmar o compromisso com a formação, profissional do cidadão cego brasileiro, contribuirá significativamente para unificação da grafia braille nos países de Língua Portuguesa, conforme recomendação da União Mundial de Cegos – UMC e a UNESCO. (Grafia Braille para Língua Portuguesa). p.9

“O principal objetivo deste documento é permitir que o Sistema Braille continue sendo o instrumento fundamental na educação, reabilitação e profissionalização das pessoas cegas.”

Grafia Braille para a Língua portuguesa/ Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC; SEESP. 2002.

O conhecimento do respectivo código e sua correta utilização devem constituir um objetivo permanente para todos, de forma a facilitar à assimilação de padrões propiciadores da melhoria do nível e desempenho do Deficiente Visual, quer na escrita e/ou na leitura da nova Grafia Braille para a Língua Portuguesa.

HISTÓRIA DO SISTEMA BRAILLE

O Sistema Braille utilizado universalmente na leitura e na escrita por pessoas cegas, foi inventado na França por Louis Braille,1 um jovem cego, no ano de 1825. Antes desse histórico invento, registram-se inúmeras tentativas em diferentes países, no sentido de se encontrarem meios que proporcionassem às pessoas cegas condições de ler e escrever. Dentre essas tentativas, destaca-se o processo de representação dos caracteres comuns com linhas em alto relevo, adaptado pelo francês Valentin Hauy, fundador da primeira escola para cegos no mundo, em 1784, na cidade de Paris, denominado Instituto Real dos Jovens Cegos.

Foi nesta escola, que estudou Louis Braille. Onde os estudantes cegos tinham acesso apenas à leitura, através do processo de seu fundador. O ensino constituía em fazer os alunos repetirem as explicações e os textos ouvidos. Alguns livros escritos no sistema de Valentin Haüy, método oficial de leitura para cego da época, permitiam leitura suplementar. Esses poucos livros eram os únicos existentes. Até então, não havia recursos que permitissem à pessoa cega comunicar-se pela escrita individual.

As dificuldades enfrentadas por Louis Braille em seus estudos o levaram desde cedo, a preocupar-se com a possibilidade de criação de um sistema de escrita para cego. Para isso, ele contou com a ajuda de outras pessoas como Charles Barbier de La Serre, oficial do exército francês criador de um sistema de sinais em relevo denominado sonografia ou código militar. O invento tinha como objetivo possibilitar a comunicação noturna entre oficiais nas campanhas de guerra.

Barbier pensou na possibilidade de seu processo, servir para a comunicação entre pessoas cegas, transformando-o num sistema de escrita com o nome de “grafia sonora” apresentou na escola onde Louis Braille estudou e foi professor, para a experimentação entre as pessoas cegas do Instituto Real dos Jovens Cegos. O invento de Barbier não logrou êxito no que se propunha, inicialmente Louis Braille, jovem estudante, tomou conhecimento dessa invenção desenvolvida por Charles Barbier, que se baseava em doze sinais, compreendendo linhas e pontos salientes, representando sílabas na língua francesa.

Através deste sistema, qualquer frase podia ser escrita, mas como era um sistema fonético as palavras não podiam ser soletradas. Um grande número de sinais era usado para uma única palavra, o que tornava a decifração longa e difícil. Louis Braille rapidamente aprendeu a usar o sistema, que praticava sempre com um amigo, escrevendo como auxílio de uma régua guia e de um estilete. Adquirindo maior habilidade no uso do método, ele acabou descobrindo que o sistema não permitia o conhecimento de ortografia, já que os sinais representavam apenas sons; e não havia símbolos diferenciais: pontuação, números, símbolos matemáticos e notação musical; e principalmente, a lentidão da leitura devido à complexidade das combinações.

A significação tátil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi à base para a criação do Sistema Braille, que ficou pronto em 1824, quando tinha apenas 15 anos de idade, aplicável tanto na leitura como na escrita por pessoas cegas e cuja estrutura diverge fundamentalmente do processo que inspirou seu inventor.

O sistema Braille, onde 63 combinações representavam todas as letras do alfabeto, além de acentuações, pontuações e sinais matemáticos. Constituindo assim um novo sistema que leva o seu nome. A partir daí, em 1825, seu autor desenvolveu estudos que resultaram, em 1837, na proposta que definiu a estrutura básica do sistema, ainda hoje utilizada mundialmente.

Apesar dos esforços de Louis Braille para aperfeiçoar e desenvolver seu sistema, e de sua aceitação pelos alunos da instituição, o método de ensino continuava sendo as letras em relevo de Valentin Haüy, pois muitos professores conservadores relutavam em abandonar o tradicional método.

O diretor da época era contrário a oficialização do sistema, pois julgava que o Sistema Braille isolava os cegos. Em 1840, o Ministro Francês do Interior, a quem coube a decisão final, opinou que os estudos em Braille deveriam ser encorajados, mas que eles não estavam prontos para a mudança do sistema.

Só quando, em 1843, o Instituto Real para Jovens Cegos foi transferido para um novo prédio, é que o diretor passou a aceitar o Sistema Braille. Na inauguração, seu método finalmente foi demonstrado publicamente e aceito.

Comprovadamente, o Sistema Braille teve plena aceitação por parte das pessoas cegas, tendo-se registrado, no entanto, algumas tentativas para a adoção de outras formas de leitura e escrita, e ainda outras, sem resultado prático, para aperfeiçoamento da invenção de Louis Braille.

A partir da invenção do Sistema Braille, em 1825, seu autor desenvolveu estudos que resultaram, em 1837, na proposta que definiu a estrutura básica do sistema, ainda hoje utilizada mundialmente Apesar de algumas resistências mais ou menos prolongadas em outros países da Europa e nos Estados Unidos, o Sistema Braille, por sua eficiência e vasta aplicabilidade, se impôs definitivamente como o melhor meio de leitura e de escrita para as pessoas cegas.

Em 1878, um congresso internacional realizado em Paris, com a participação de onze países europeus e dos Estados Unidos, estabeleceu que o Sistema Braille deveria ser adotado de forma padronizada, para uso na literatura, exatamente de acordo com a proposta da estrutura do sistema, apresentada e concluído em 1837 por Louis Braille em 1837.

Os símbolos fundamentais do Sistema Braille utilizados para as notações musicais foram, também, apresentados pelo próprio Louis Braille na versão final dos estudos constantes da proposta de estrutura do sistema concluída em 1837. Lemos, p.17.

II SISTEMA BRAILLE

O sistema Braille foi adotado no Brasil a partir de 1854, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant. Esse sistema inventado por Louis , em 1825, foi utilizado em nosso país, na forma original, até a década de 40 do século XX.

A reforma ortográfica da Língua Portuguesa, ocorrido à época, impôs algumas modificações no Braille, de origem francesa, aqui utilizado. As alterações ocorridas posteriormente se deram por professores, técnicos especializados e de instituições ligadas à educação e à produção de livros em Braille que mantiveram o sistema acessível e atualizado até o final do século.

O Sistema Braille na sua aplicação, quase todos os sinais conservam a sua significação original. Apenas algumas vogais acentuadas e outros símbolos se representam por sinais que lhes são exclusivos. Assim dentro desta estrutura, são obtidas as combinações diferentes que constituem o Sistema pelo qual, em todo o mundo, as pessoas cegas têm acesso à leitura e à escrita de suas respectivas línguas.

Os sinais que se empregam na escrita corrente de texto em Língua Portuguesa tem a significação seguinte:

2.1 Alfabeto

Alfabeto Braile

Alfabeto básico de 23 caracteres, com as letras estrangeiras K, W e Y, que embora não pertencente ao alfabeto português, estão inclusas, por ser de uso freqüente em textos da Língua Portuguesa. Ver Anexo I – uma representação figurativa mais completa, com mais caracteres, números, letras acentuadas e sinais de pontuações.

2.2 Letras com Diacríticos

Alfabeto Braile

Diacríticos são sinais que modificam o som da letra (também chamados de notações ortográficas): acentos: agudo, circunflexo, grave e os sinais: til, cedilha, trema e apóstrofo.

O “c” com a cedilha (ç) é específico da Língua Portuguesa, assim como o “n” com til (ñ), é específico da Língua Espanhola.

2.3 Definições/Identificação dos Pontos

O Sistema Braille é uma escrita em relevo, constituído por 63 sinais codificados por pontos, a partir do conjunto matricial formado por ? 6 pontos, distribuídos entre duas colunas, descritas pelos números de cima para baixo: à esquerda ? (pontos 123) e: à direita _ (pontos 456). Juntos, representam a cela braille, também, a vogal é (e com acento agudo).

2.4 Referencial de Posição – Cela Braille

Esse espaço ocupado pelos pontos alfabeto_braile-0034(123456), que mede 3x4mm, aproximadamente, ou por qualquer outro sinal, é chamado por cela ou (célula) Braille. mesmo quando vazio, também, é considerado por alguns expert, como um sinal.

Aqueles em cuja constituição figuram os pontos 1 e/ou 4, mas em que não entram os pontos 3 nem 6, chamam-se sinais superiores. E aqueles que formados sem os pontos 1 e 4 chamam-se sinais inferiores

Exemplos:

Alfabeto Braile

2.4.1 Quando na transcrição de código, tabelas, etc., um sinal inferior ou da coluna direita aparece isolado (entre celas vazias), e há possibilidade de o confundir com outro sinal, coloca-se junto dele o sinal fundamentalAlfabeto Braile que, neste caso, vale apenas como referencial de posição.

Exemplos:

Alfabeto Braile

 

III GRAFIA BRAILLE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA

Com a aprovação e publicação da Grafia Braille para a Língua Portuguesa, Além de símbolos já consagrados na escrita braille, a grafia em vigor, traz algumas alterações. Novos símbolos e um conjunto de normas para a aplicação de toda essa simbologia, às informações complementares e a adequação gráfica decorrente do novo Sistema. Exemplos variados são demonstrados nesta Apostila que se destina especialmente para os professores e vários outros profissionais, bem como, para o usuário do Sistema Braille.

“O principal objetivo deste documento é permitir que o Sistema Braille continue sendo o instrumento fundamental na educação, reabilitação e profissionalização das pessoas cegas – Comissão Brasileira de Braille” – Grafia Braille para a Língua portuguesa “, SEESP p.12”.

3.1 Ordem Braille

É a representação na sua forma original (criação), de uma seqüência de fileiras denominada “Ordem Braille”, que se distribuem sistematicamente, por 7 séries; constituídas por 10 sinais em cada uma delas, exceto a 6ª e a 7ª.

3.1.1 A 1ª série (base para construção das demais séries), é composta pelos sinais de pontos todos superiores. Aqueles em cuja constituição, figuram os pontos 1 e/ou 2, 4 e 5, mas que não entram o ponto 3 ou 6, em suas combinações. Esses dois últimos, isolados e/ou combinados, servem para a construção das demais séries que se seguem.

3.1.2 A 2ª série obtém-se juntando a cada um dos sinais da 1ª o ponto 3.

3.1.3 A 3ª série resulta da adição dos pontos 3 e 6 aos sinais da série superior.

3.1.4 A 4ª série é formada pela junção do ponto 6 a cada um dos sinais da 1ª série.

3.2 Escrita Braille

O Braille se faz ponto a ponto na reglete fig.1 (da direita para esquerda), ou letra a letra na máquina braille, igual como se escreve a tinta, ou seja da esquerda para direita. É um processo de escrita em relevo mais adotado em todo mundo e se aplica não só a representação dos símbolos literais, mas também à dos matemáticos químicos, fonéticos, informáticos, musicais, etc.

3.3 Reglete e Punção

A reglete é o instrumento utilizado para a pessoa cega produzir, a escrita braille. Juntamente com o Punção: que é um pequeno estilete (furador) que forma o conjunto para a impressão em papel (40kg) especial para a impressão dos caracteres em Braille. Também são importantes na escrita do Sistema Braille a máquina Perkins (fig.2), e máquinas Impressoras de braille de grande porte, geralmente instaladas em gráficas, Editoras de livros em Braille e as de médio porte, em Colégios de referência em Educação Especial e de Educação Inclusiva.

Alfabeto Braile
Fig. 1: A reglete aberta com punção à direita

3.4. Máquina Perkins

A máquina ( Perkins, básica de escrever em Braille), possui nove teclas, ao centro está a barra de espaço e à esquerda, na ordem, as teclas para os pontos 1, 2 e 3 e na extremidade esquerda, a tecla de espaçamento de linha. À direita da barra de espaço, estão as teclas para os pontos 4, 5, e 6 nesta ordem e na extremidade direita, a tecla de retrocesso.

Nas laterais superiores estão dois botões, estes são as únicas projeções da máquina. Movendo-se na direção do digitador, alimenta o papel para a máquina e movendo-se no sentido inverso retira o papel. Para se teclar uma letra, deve-se pressionar as teclas correspondentes a ordem dos pontos desta letra na cela Braille.

Alfabeto Braile
Fig. 2: Máquina Perkins.

O Sistema Braille na sua aplicação à Língua Portuguesa, quase todos os sinais conservam a sua significação original. Apenas algumas vogais acentuadas e outros símbolos se representam por sinais que lhes são exclusivos.

Assim dentro desta estrutura são obtidas as combinações diferentes que constituem o Sistema pelo qual, em todo o mundo, as pessoas cegas têm acesso à leitura e à escrita de suas respectivas línguas, da Matemática, Física, Química, Música, mais recentemente da Informática.

3.5 Sinais Simples e Compostos

Os sinais do Sistema Braille recebem designações diferentes de acordo com o espaço que ocupa. Os que ocupam uma só cela denominam-se sinais simples.

Exemplos: letra M (134); e hífen – (36)

Aqueles cuja constituição figuram duas ou mais celas são chamados de sinais compostos.

Exemplos: (abre parênteses (126 3); fecha parênteses) ,> (3 345); reticências

3.6 Pontuações e Sinais Acessórios

Os sinais de pontuações e acessórios seguem a mesma regra descrita anteriormente (letras com Diacrítico), ou seja, existe para cada sinal de pontuação da escrita cursiva um sinal representante na grafia braille. Não deixando de utilizar as normas e regras da gramática da língua a qual está sendo aplicada a grafia braille. (Ver Apêndice – Grafia Braille para a Língua Portuguesa).

3.7 Sinais Exclusivos da Escrita Braille

Como já foi dito anteriormente, o Sistema Braille tem um código específico para cada sinal da escrita cursiva da Língua Portuguesa. Porém no Código Braille não existe “letra maiúscula, caixa alta e nem números”, como se conhece na escrita convencional á tinta. Daí os sinais exclusivos para compor a Grafia Braille para a Língua Portuguesa.

Ver Anexo II – Alfabeto Braille (Descritivo). Cada símbolo é representado pelos números que indicam a posição relativa à impressão na cela braille, dos pontos formadores de cada caracter

3.7.1 Sinal de Maiúscula

As letras maiúsculas representam-se pelas minúsculas precedidas imediatamente do sinal . (46), com o qual formam um símbolo composto (sinal composto é formado por mais de uma cela juntas para representar um símbolo).

Alfabeto Braile

3.7.2 Sinal de Caixa Alta

Para indicar que todas as letras de uma palavra são maiúsculas utiliza-se o sinal composto .. (46 46) antes da primeira letra

Exemplos:

PAZ ..Alfabeto Braile

BRASIL .. Alfabeto Braile

3.7.3 Sinal de Série Maiúsculas

Na transcrição de um título, onde se tem mais de três palavras todas em maiúsculas, utiliza-se o sinal composto 3.. (25 46 46) no início da frase e o sinal composto de todas maiúscula .. (46 46) antes da última palavra da série.

Exemplo:

LER É A ARTE DE DESFSAZER NÓS CEGOS. Goethe

Alfabeto Braile

3.8 Siglas

As siglas são constituídas por iniciais maiúsculas antepondo-se o sinal composto .. (46 46)

Exemplos:

Alfabeto Braile

Quando, no original em tinta, as iniciais são seguidas de pontos abreviativo, antepõe-se a cada uma delas o sinal simples . (46)

Alfabeto Braile

 

 

IV NÚMEROS E SINAIS COM ELES USADOS

4.1 Representação (Sinal de Número) de Algarismos

Os caracteres da 1ª série (ver ordem braille), precedidos do sinal de número, pontos # (3456), representam os algarismos de um a zero. Quando um número é formado por dois ou mais algarismos, só o primeiro é precedido deste sinal.

Alfabeto Braile

4.2 Vírgula Decimal e Ponto Separador de Classe

O sinal 1(2) representa a vírgula decimal e o  ponto que na escrita cursiva representa o ponto separador de classe.

Exemplos:

Alfabeto Braile

4.2.1 O ponto separador de classe, é corrente, contudo, só efetuar tal separação em números constituídos por mais de quatro algarismos, na parte inteira ou parte decimal.

Exemplos:

Alfabeto Braile

4.3 Números Ordinais

Os números ordinais são representados pelos caracteres da 1ª série, porém escritos na parte inferior da cela braille 7 (2356), precedido pelo sinal de nº. #(3456), seguido de uma das terminações o, a, os, as.

Exemplos:

Alfabeto Braile

4.4 Datas

A representação de datas sob a forma inteiramente numéricas deve obedecer às seguintes regras:

Os elementos constitutivos da data devem ser, separados por barra ou hífen, e colocados pela ordem dia-mês-ano, utilizando-se dois algarismos para o dia, dois para o mês dois ou quatro para o ano.

A representação deve ser feita com algarismos arábicos.

Na representação do ano não se emprega o ponto separador de classe. O sinal de número #(3456), deve ser repetido antes de cada elemento, ou seja dia, mês e ano.

Exemplos:

Alfabeto Braile

4.5 Algarismos Romanos

Para escrever a numeração romana empregam-se letras maiúsculas.

Exemplos:

Alfabeto Braile

4.5.1 Quando o número é constituído por duas ou mais letras emprega-se o sinal caixa alta .. (46 46) antes da primeira letra.

Exemplos:

Alfabeto Braile

V SINAIS DE ITÁLICO E OUTRAS VARIANTES TIPOGRÁFICAS

5.1 Sinal de Destaque

O sinal 9(35) , além de Apóstrofo, é o correspondente braille do itálico, sublinhado, negrito e da impressão em outros tipos (cursivo, normando, etc.). Antepõe-se e pospõe-se imediatamente a texto, fragmento de texto, palavra ou elemento de palavra a destacar.

Exemplo:

A formação intelectual só é possível através da polêmica. Humbold.

Alfabeto Braile

5.1.1 Se o texto a destacar é constituído por mais de um parágrafo, o sinal 9(3.5) antepõe-se a cada um deles e pospõe-se apenas ao último.

5.1.2 O sinal alfabeto_braile-0056 (246 135) representa um círculo e serve para destacar certas formas de enumeração.

Apêndice

A GRAFIA BRAILLE DA LÍNGUA PORTUGUESA consiste no conjunto do material signográfico e das instruções/recomendações orientadoras da sua utilização na escrita corrente de textos em Língua Portuguesa. A matéria desta Grafia está exposta em três capítulos, 56 parágrafos e quatro apêndices. Apresenta e define a Ordem do Sistema Braille, assim como, se procede às recomendações para a sua aplicação. Portaria nº. 2.678 de 24 de setembro de 2002, p.13

Pontuação e Sinais Acessório p22

virgula (2)
ponto e virgula (23)
dois pontos (25)
Ponto; apóstrofo (3)
Interrogação (26)
exclamação (235)
reticência (3 3 3)
hífen ou traço de união (36)
travessão (3636)
círculo (246 135)
abre parênteses (126 3)
fecha parênteses (6 345)
abre e fecha colchete (12356 3)
fecha colchete (6 23456)
abre e fecha aspas, virgulas altas ou coma (236)
abre e fecha aspas angulares (6 236)
abre e fecha outras variantes de aspas ( aspas simples por exemplo) (56 236)
asterisco (35) o mesmo que sinal de destaque, ex: itálico, negrito, sublinhado (…).
é comercial (12346) ( o mesmo que ç )
barra (6 2)
barra vertical (456)
seta para direita (25 135 p51)
seta para esquerda (246 25)
seta de duplo sentido (245 25 135)

Sinais Usados com Números p23

Euro (4 15)
cifrão (56)
por cento (456 356)
por mil (456 356 356)
parágrafo(s) jurídico(s) (234 234)
mais (235)
menos (36)
multiplicado por (236)
dividido por, traço de fração (256)
igual a (2356)
traço de fração (5 256)
maior que (135)
menor que (246)
grau (356)
minuto(s) (1256)
segundo(s) (1256 1256)

Sinais Exclusivos da Escrita Braille p23

sinal de maiúscula (46)
sinal de maiúscula todas letras da palavra (46 46)
sinal de série de palavras com todas as letras maiúsculas (25 46 46)
sinal de minúscula latina; sinal especial de translineação de expressões matemáticas ( 5 )
sinal restituidor do significado original de um símbolo braille (56)
sinal de número (3456)
sinal de expoente ou índice superior (16)
sinal de índice inferior (34)
sinal de itálico, negrito ou sublinhado (35)
sinal de transpaginação (5 25)
arroba (345) apêndice 1 p65
sinal delimitador de contexto informático apêndice 1p66

Símbolos Usados em Contextos Informáticos p66 (errata 11-12-02)

til autônomo (2346)
barra oblíqua (256)
arroba (156)
barra vertical (456 123)
sinal de translineação (5)
sinal delimitador de contexto informático (5 2)
barra invertida ou “raiz” (5 3)
indicador de início de sublinhado (456 36)
indicador de fim de sublinhado (456 25)
cardinal ou “cerquinha” (3456 13)
caracteres sublinhados autônomos (46 36)
apóstrofo (6)
maior que (5 135)
menor que (5 246)
abre parênteses (5 126)
fecha parênteses (5 345)
abre colchete (5 12356)
fecha colchete (5 23356)

Referências Bibliográficas

GRAFIA BBRAILLE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA/Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC; SEESP, 2002. 93 p.
LUCY, J. – Louis Braille: sua vida e seu sistema . 2ª ed., Fundação para o Livro do Cego no Brasil – São Paulo, 1978
LEMOS, E.R, e CERQUEIRA, J. B. Revista Benjamim Constant, no 2, pg. 13, 1996

Fonte: www.lapeade.com.br

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