Festa do Divino

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Festa do Divino

Manifestação religiosa e cultural importante de muitas cidades do interior do país, a Festa do Divino Espírito Santo surgiu em Alenquer, Portugal, no século XIV.

A rainha Isabel de Aragão – que se tornaria Santa Isabel – esposa do Rei Trovador Dom Dinis, mandou construir uma igreja em homenagem ao Divino, dando início às celebrações. Nas cidades onde não se podia contar com a presença da corte imperial, os devotos que participavam da festa fantasiavam-se de cortesãos, o que acabou se tornando uma tradição.

Festa do Divino

A cada ano, um novo imperador é escolhido. Em alguns lugares é um adulto, em outros, um adolescente ou criança. Ele participa de todos os rituais, tentando sempre superar o desempenho de seu antecessor. Normalmente, a festa é dividida em três momentos: coroação do imperador, rituais de homenagem ao Divino e distribuição de alimentos. Seus maiores símbolos são a bandeira vermelha e a pomba branca.

Festa do Divino

Festa do Divino começou a ser celebrada no Brasil por volta de 1765, trazida por portugueses principalmente para as áreas de mineração do ouro.

Festa do Divino

Festa do Divino

Em todo o país, observa-se pontos comuns entre as celebrações e também características peculiares assumidas de acordo com o lugar.

Assim, a Festa do Divino em São Luís do Maranhão, por exemplo, incorporou elementos da cultura africana e indígena em seus rituais, espelhando o sincretismo já existente no estado. Já em Paraty, os rituais se aproximam mais de sua origem portuguesa.

Em todas as cidades, as celebrações contam com missas, procissões, novenas e, quando há programação paralela, festa com barraquinhas e shows.

Normalmente é comemorada durante as Festividades de Pentecostes – 50 dias após a Páscoa – que acontece em maio ou junho.

 

A Festa do Divino Espírito Santo

Festa do Divino

Na ausência de documentos que registrem a origem das festas do Divino, esse assunto vem sendo bastante questionado. Apenas este comentado evento, vem sendo perpassado tradicionalmente por informações oral, de geração em geração.

No intuito de que alguma coisa seja lavrada no papel, com muita modéstia e simplicidade que me é peculiar, decidi por escrever sobre um pouco do que tenho guardado na memória daquilo que a tradição vem conduzindo através dos tempos, contado por pessoas que sempre considerei digna de respeito e credibilidade.

Destas, ouvi que a festa do Divino, teve sua origem em Portugal, onde seu povo essencialmente devota à fé católica, em cujo relato que não foi escrito desse que num certo tempo aquele país viu-se mergulhado numa situação econômica sem precedentes.

Todas as fontes produtoras, em profunda decadência; falta de trabalhos, desemprego e o caos a ameaçar toda Portugal. Para o rei ou imperador, apesar de todos os seus esforços estarem sendo inúteis, já não restava quase mais nada a fazer.

– Como tirar o país da crise? Então única tentativa lhes caberia. Apelar para a ajuda do Altíssimo: foi o que o rei fez, e com grande sucesso para o futuro do seu reinado.

Num domingo de Pentecostes, convocou toda a corte e seu povo, e num ato público religioso, colocou a sua coroa diante dos símbolos do Divino e Santíssima Trindade entregando todo reinado; dizia que daquele momento em diante, ele, o rei seria um simples instrumento nas mãos do Divino, e o Divino seria o rei de seu país.

Rei e povo formaram um grande cortejo nos derredores palacianos com festas em honra ao novo rei: O Divino. O que esta história conta que a partir desse ato de fé e religiosidade, o país saiu da crise, seu povo prosperou e as conquistas aconteceram.

Foi desta forma que se originou as festas do Divino e que foram oficializadas as suas celebrações por todo o país, tornando-se uma tradição obrigatória onde foram se estendendo por todas as terras de domínio português, inclusive o Brasil.

Como é celebrada esta festa no Brasil

No Brasil, devido as diversificações de atividades agrícolas e cada região, as festas do Divino são celebradas em datas diferentes. No caso da nossa Jacupiranga, que se situa na região do Vale do Ribeira, que desde seus primórdios tinha como suporte econômico, o cultivo do arroz.

Nesta região, a colheita deste cereal acontecia do mês de abril, aos meados do mês de junho. Era época em que o agricultor redobrava seus trabalhos, para não acontecer perdas na produção. A labuta ia da madrugada até ao anoitecer, quando o campo já estava totalmente escuro.

No final do mês de junho, quando a safra já estava totalmente recolhida nos celeiros, e pronto para a comercialização, era o tempo de comemorar e festejar.

Por ai, se pode dar algumas explicações sobre o porquê, destas festas se realizarem nos dias 29 e 30 de junho, dia dos Apóstolos, Pedro e Paulo, na época, dia santificado pela Igreja.

É sobejamente sabido, que as festas do Divino propriamente dita por este Brasil afora, teve a sua origem em Portugal conforme relata-se no capítulo inicial do pequeno histórico.

O Brasil uma colônia pertencente a Portugal, seus e colonizadores trouxeram estas tradições à nossa terra.

A medida em que as ocupações iam se sucedendo pelos portugueses que iniciou-se pelas faixas litorâneas, onde povoados, vilas e mais tarde cidades, a cada ano a implantaram como celebração de maior importância, a festa do Divino. Adentrando a exploração do interior da nossa terra, na medida em que as cidades iam se formando, as festividades em louvor ao Divino também ganharam espaço, sempre com mais brilho e expressão.

No seu conteúdo de festa do Divino Espírito Santo, traz a recordação da descida do Espírito Santo, sobre os apóstolos junto com Maria, Mãe de Jesus no cenáculo de Jerusalém, que aconteceu cinqüenta dias passada a Páscoa dos judeus; daí o nome Pentecostes.

A Igreja católica, guardiã destes mistérios a celebra com muita devoção e muita fé.

A festa do Divino na outrora Jacupiranga

Revela-nos a tradição, que as festas do Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade fora introduzida na primitiva Botujuru, hoje cidade de Jacupiranga, pelo português Antônio Pinto Leite de Magalhães Mesquita cujo personagem é explicitada na história desta cidade; quanto a data desta introdução, a história não nos dá uma indicação precisa.

Temos a informação que nos idos tempos estas festividades ocupavam três dias, e eram realizadas com grandes pompas. No dia 28 de junho, era solenemente aberta as festividades com o trajeto da banda de música, as bandeiras e rojões, que saia da casa do festeiro do ano anterior, indo até a residência do festeiro novo assim dito, até a Igreja. No final realizava-se a primeira novena e logo após os leilões.

O dia 29 de junho, dedicado ao Divino, nos trajetos ou procissões deste dia, saia à frente, o festeiro, ladeado das bandeiras vermelha; no dia 30 de junho, dedicada à Santíssima Trindade, saia à frente a esposa do festeiro ladeada com bandeiras branca.

Era na missa do dia 30 que se dava o sorteio para os festeiros do ano seguinte.

A festa do Divino e os preparativos

Anualmente realizavam-se as festividades do Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade – era a grande festa, ansiosamente esperada por todos.

Para a sua realização a contento contava-se com um longo tempo de preparação, tendo como principais itens, a saída das bandeiras para as zonas rurais que tinha a finalidade de angariar donativos. Havia o dia fixo para este acontecimento: o dia 1º de maio de cada ano, com uma longa maratona a se cumprir.

Chamavam-na a cada grupo de bandeira de “tripulação”. Esta “tripulação” era composta de um alferes assim chamado; essa pessoa era quem comandava o restante do grupo. Este era quem recebia a bandeira; fazia parte ainda dos seus apetrechos um pequeno baú metálico, um caderno e um lápis para as anotações das receitas e despesas durante todo o percurso, e fazer as remessas à casa do festeiro. Além do alferes, faziam parte da “tripulação”, o folião com a viola que entoava m tocador de rabeca, dois meninos; um com a caixa de percussão e outro com um triângulo. Ambos com as vozes graves e agudas entoavam os finais dos versos do folião com o: ôôôôi.

Fazia também parte da “tripulação” uma pessoa que a chamavam de camarada. Este era dado o trabalho de recolher as doações e fazer o transporte até a residência do festeiro.

Dos produtos arrecadados, os aptos a assar iam para a mesa dos leilões no dia das festas; outros produtos eram vendido no comércio local, cuja renda revertia-se ao pagamento das demais despesas que obviamente as tinha. O restante era repassado para a pessoa responsável na manutenção da paróquia.

Os grupos que formavam as bandeiras cumpriam uma maratona de aproximadamente 45 dias. Ao retornaram à cidade, as bandeiras eram recebidas pela comunidade paroquial, com muita festa.

A partir da chegada das bandeiras, festeiro e povo entravam pesados nos preparativos, para os grandes dias das celebrações com o início da novena. Além dos preparativos das festas, o povo em geral também preparava-se com muito esmero nas suas indumentárias: roupas novas, sapatos, chapéus e agasalhos; pois, nessa época o frio sempre foi rigoroso.

As costureiras e alfaiates trabalhavam dia e noite sem parar, para atender a demanda, porque na noite do dia 28, já começavam as festas, com rezas rojões e trajeto com a banda musical, conduzindo o festeiro e a festeira do ano anterior até a casa do novo festeiro, com as bandeiras vermelha, símbolo do Divino, e as bandeiras branca, símbolo da Santíssima Trindade.

À frente do cortejo seguia o imperador do ano que passou, conduzindo a coroa maior, atrás vai a imperatriz que é a esposa do imperador conduzindo a coroa menor.

O cortejo dirige-se à igreja matriz, onde se realiza a transferência das coroas: festeiros anteriores e atuais se ajoelham diante do padre celebrante: o padre toma a coroa das mãos do festeiro anterior: e, num gesto a coloca sobre a cabeça, para depois fazer o mesmo com o festeiro atual, onde lhe faz a entrada da coroa; o mesmo fazendo com a imperatriz.

A cidade toda engalanada anuncia que a festa já começou. O povo todo, obrigatoriamente, veste-se com seus melhores trajes e os homens com seus ternos e gravatas, costume este que hoje se dispensa.

A comunidade toda envolvida na festa do divino

Em época não muito remota, quando ainda não havia estradas de rodagem nas zonas rurais, o povo se locomovia a pé ou a cavalo por trilhas transpondo lugares escabrosos e perigosos, para se chegar à cidade. De determinados pontos, s vezes demorava mais de um dia.

Isto motivava os moradores da cidade ceder abrigo nas suas casas durante os dias das festas. Nesses dias, a cidade ficava toda tomada de povo, e barulhenta. As festas eram ocasiões propícias para fazerem seus casamentos e batizados; e, onde se arranjavam novos compadres e afilhados.

Ai oferecia-se mesas um pouco diferenciadas daquelas que se ofereciam nos sítios: bolos mais confeitados, sem faltar a típica broinha do sítio, sempre regadas com vinhos, a bebida preferida para essas festas.

Um período de interrupções nas tradicionais Festa do Divino

Nos finais da década de 1960, as tradicionais festas do Divino que se realizavam nos dias dos apóstolos São Pedro e São Paulo, passou por um período de interrupção. Foi quando assumiu a direção da Paróquia o Padre Pedro Djalma V. dos Santos.

Havia transcorrido algum tempo da realização do Concílio Vaticano II, quando interpretações diversas pairavam sobre a direção da Igreja, no tocante a algumas mudanças nas celebrações litúrgicas.

Tão logo o padre assumiu a Paróquia, a população católica, viu-se tomada por algumas surpresas. Dentre outras, as mudanças das festas do Divino costumeiramente celebrado no dia 29 de junho, para o Domingo de Pentecostes. Foi um “Deus nos acuda!” Muitos questionamentos sobre esse fato; sem qualquer alternativa foi aceitá-la; pois argumentava o Padre que era uma ordem superior.

Aconteceu a primeira festa do Divino no Domingo de Pentecostes, que começou com uma grande frustração da comunidade católica.

A festa com a missa das 10:00 horas não passou de uma simples missa dominical; a procissão da tarde com reduzido números de fiéis: alguns “gatos pingados”, no linguajar da gíria popular.

No dia 29 de junho foram chegando pessoas de outras cidades muito acostumadas com a festa. Daí suas decepções e as críticas, reclamando sobres estas mudanças, julgando a população católica, que não deixavam de sentirem-se mergulhadas nesse constrangimento.

Durante o tempo em que o Padre permaneceu na paróquia, as festas do Divino foram perdendo todo aquele brilho que passou a restar somente saudades.

Uma festa para São Pedro Preenche a lacuna

O ocorrido com as mudanças nas festas do Divino deu espaços para muitas conversações entre paroquianos.

Foi então, que algumas pessoas integrantes de um grupo de Curshilistas atuantes na época, tomaram a decisão de promover uma festa a São Pedro no dia 29 de junho para preencher o vazio deixado pela festa do Divino.

Essas pessoas foram: Angelo Lúcio da Motta, Guilherme Gimenes, Cinésio Primo de Almeida e Antônio Zanon; somaram-se também a este pequeno grupo, algumas senhoras da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus: Eremita M. Abu-Yaghi, Natália Lima Macedo, Maria José O. Lima (dona Zéza), Anésia M. Pasquini – esta irmandade também extinta.

Elaborada a programação da festa, faltava algo importante: a imagem de São Pedro, pois a Paróquia não a possuía. Ao saber que numa comunidade de uma paróquia vizinha existia a imagem, este grupo de senhoras para lá se dirigiram e conseguiram emprestá-la.

Com os trabalhos destes grupos, a nova festa obteve sucesso; a missa e a procissão foi muito bonita, com empolgações surpreendentes dando à cidade aquela conotação festiva que o tempo tinha deixado para trás.

Voltando naquilo que fora a tradição: A festa do Divino

Decorrendo os meados da década de 1970, com a chegada de outro padre para a direção da paróquia, ocorrem algumas inovações no que diz respeito s celebrações litúrgicas e festivas: o Padre Brasílio Alves de Assis.

O novo pároco, buscando informar-se melhor sobre os calendários das festas religiosas da comunidade pode sentir que mudanças bruscas ocorreram dentro de um período não muito remoto. Inteirado sobre esses acontecimentos onde as festas do Divino atravessaram décadas marcando tradições, e, quando desde os primórdios se realizavam pelos dias 29 e 30 de junho; este, junto a comunidade decidiu retomá-la para a sua data primitiva.

Contando com apoio irrestrito da comunidade, na sua próxima celebração festiva, procurou dar ênfase a este ato quase ficando ao esquecimento.

Padre Brasílio saiu à procura de foliões e, encontrando com Antônio Galdêncio e Fausto Groth, com estes conseguiu, embora a princípio sem muito estímulo, como aquelas folias de décadas anteriores.

Anunciados como foliões do Divino, estes aguardavam pelos convites feitos por moradores, quando levando as bandeiras visitavam as famílias.

Estes tipos de folias duraram por alguns anos, quando os foliões foram acometidos pela doença e mais tarde à morte. Não encontrando substituto, este ciclo foi encerrado.

O retorno das bandeiras

Animados grupos da comunidade urbana inteligentemente se organizam para manter as festas do Divino sempre bela e atraente. É quando vão ao encontro das comunidades rurais com orquestrados grupos e bandeiras, para visitá-los.

As comunidades rurais já as esperam, e recebem com muita devoção, um sentimento religioso herdado dos seus ancestrais.

Na chegada às comunidades, realiza-se na capela um ato religioso com a bandeira do Divino. Ai o animador do grupo pronuncia sobre a leitura do Evangelho do dia e fazendo referencia as festas. Na comunidade, é deixada a bandeira, que fica à disposição das famílias que desejarem cada uma em sua residência por dia, quando a mesma deverá retorná-la à Matriz no dia 20 de junho, dia da primeira novena.

Em muitas comunidades rurais, é oferecida à caravana o delicioso café, bem a moda sertaneja.

A expectativa para o retorno das bandeiras é de muita animação; pois aí, é quando o povo da comunidade deverá retribuir as manifestações

de carinho, recebido nas comunidades rurais e as suas preciosas colaborações materiais, necessárias para a festa.

No dia 20 de junho, início da novena, as comunidades rurais e urbanas, empunhando as bandeiras, adentra em procissão no recinto da Igreja, cumprindo todo o ritual festivo, num entusiástico ato de confraternização, encerra a chegada das bandeiras.

De geração em geração a tradição se mantém

Ao compararmos ao pé da história, o caminhar dos tempos, e ao chegar atualidade, percebemos que os extremos se contrastam, em circunstâncias das situações fisiológicas de cada época.

Interessante ainda é imaginarmos que as festas do Divino veio atravessando períodos difíceis, mas no seu bojo jamais deixou de apresentar o seu tradicional brilho.

Sobre as situações fisiológicas, algo a deparar. A princípio, a monocultura arrozeira, predominava em toda a região: era o sistema do trabalhador rural, lavrando a sua própria terra, em regime de economia familiar.

Com a introdução de outros tipos de agricultura, surgiram duas categorias de trabalhadores, aonde veio mudar radicalmente todo o sistema de produção. O empregador e o assalariado; este a grande força de trabalho no campo. A categoria de trabalhadores assalariado passou a submeter-se a ordens patronais, com folga somente nos dias de suas compras, em dia determinado pelo patrão. Face às novas estruturas de trabalho no campo, o trabalhador viu-se tolhido de sua liberdade de decisão.

Outras inovações regionais que trouxeram também grandes transformações foram s rodovias pavimentadas e as vicinais que revolucionou todo o sistema de transportes; os de cargas e de passageiros, e eliminou de vez os antigos sistemas.

Conforme se relata no início, o impressionante é que as tradições festivas do Divino, embora passado por revés, jamais se apagou na alma desta gente.

ANTÔNIO ZANON

A Festa do Divino comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Cristo e acontece 50 dias após o Domingo de Páscoa, o que corresponde ao Pentecostes do calendário oficial católico.

Seu principal símbolo é uma pomba branca, que representa o Divino Espírito Santo.

A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI.

Era tão popular que, em 1822, José Bonifácio de Andrada e Silva escolheu para dom Pedro I o título de imperador do Brasil, porque o povo estava mais acostumado com o nome imperador (do Divino) do que o de rei.

Em algumas cidades, o ponto alto da festa é a coroação do imperador, quando são usadas roupas luxuosas, feitas de veludo e cetim.

Dependendo da região, os folguedos mais comuns da festa são as cavalhadas, os moçambiques e as congadas. Há também danças, como o cururu, o jongo e o fandango.

As festas do Divino são comuns em várias regiões do Brasil.

As mais famosas acontecem em Pirenópolis ( GO ), Parati (RJ), São Luís do Paraitinga, Mogi das Cruzes e Tietê (SP).

 

 

A Festa do Divino, uma das mais importantes da Igreja Católica e, da cidade de Paraty, celebra a descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus no dia de Pentecostes. No calendário litúrgico, o dia de Pentecostes vem 50 dias após a Páscoa.

Desde a era colonial, essa festa veio se transformando num evento de rara beleza, com apresentação de folia, bando precatório, Ladainhas da novena, Missas cantadas, leilão de prendas, danças típicas, distribuição de doces para as crianças, coroação do imperador, grande almoço que acontece na véspera do grande dia de Pentecostes, para todos os participantes da festa, entre outros atos que reforçam nas pessoas sentimentos como o amor ao próximo e a solidariedade.

A festa do Divino em Paraty requer um enorme e incansável esforço de organização, que mobilizando a comunidade de alto a baixo e cidades vizinhas, que nos apoiam e ajudam para que tão importante festa aconteça com brilhantismo e grande expressão de fé. Ela é uma relíquia do Brasil antigo, por sua autenticidade e beleza, preservando assim, tradições e valores. É por isso que a arquitetura e as festas populares que Paraty tão bem guardou da era colonial são hoje seu maior patrimônio.

Um pouco da história e tradição

Crer no Espírito Santo é crer na força enviada sobre nós e anunciada por Jesus. Nunca o Espírito Santo faltou à comunidade, embora nem sempre os cristãos tenham tomado consciência de sua presença e de sua necessidade. Muitas vezes o Espírito Santo foi esquecido, mas ele atua no silêncio e nos corações de cada um que se abre ao amor.

A ação do Espírito Santo é silenciosa, dinâmica, é fermento que nos surpreende e nos faz dizer e fazer coisas que nem imaginamos e pensamos.

O Pentecostes foi chamado pelo Papa João Paulo II de “a nova primavera do Espírito Santo”. A igreja é um jardim e nele vão surgindo novas flores que são as novas comunidades cristãs. Toda comunidade que surge, que se renova ou que desaparece é por obra do Espírito Santo.

Então busquemos viver em Espírito e verdade e, confiantes, peçamos: “Inunda-nos Senhor com teu Espírito”.

Criada no início do século XIV, em Portugal, pela rainha D. Izabel, a Festa do Divino Espírito Santo foi introduzida no Brasil pelos colonizadores no século XIV e é celebrada no sul fluminense desde o século XVII.

Às 17:00h do domingo acontece uma festiva procissão, que percorre as ruas da cidade levando em triunfo o símbolo do Divino Espírito Santo acompanhado do Imperador, sua Corte, Banda de Música, Folia do Divino e Coral da Paróquia.

À noite, em frente à Igreja Matriz, realiza-se um leilão de prendas arrecadadas durante o ano.

O levantamento do Mastro, realizado pelo festeiro, que é um membro da comunidade escolhido no término da Festa anterior, significa que a partir daquele momento, o Santo está presente e que vai acontecer uma festa.

A comunidade de Paraty conseguiu, nestes quatro séculos, preservar sua tradição religiosa e folclórica, festejando e homenageando a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo, com a magia de seus rituais.

A bandeira da esmola, arrecada fundos para a realização da Festa.

Cinqüenta dias após o Domingo da Ressurreição as comemorações da Festa do Divino começam, dando início a 10 dias de grande devoção religiosa e alegria profana.

Por promessa ou devoção, os católicos portando bandeiras vermelhas com o símbolo do Divino Espírito Santo – uma pombinha branca – percorrem todos os bairros da cidade, visitando residências e tendo como patrocinadores de cada noite os moradores ou as entidades de cada bairro, saindo, então, em procissão das casas até a Igreja Matriz, onde são celebradas, durante nove dias, as ladainhas.

As procissões saem às ruas diariamente, sempre portando bandeiras e demonstrando a fé dos seus seguidores.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios é decorada com esmero.

O Domingo, último dia da Festa, dia de Pentecostes, homenageia o Espírito Santo, que apareceu aos apóstolos de Cristo em forma de línguas de fogo, cinqüenta dias após a Ressurreição.

Às 9:00h., uma festiva procissão sai da casa do Festeiro conduzindo o Imperador, seus Vassalos e Guarda de Honra, transladando pelas ruas da cidade o símbolo do Divino Espírito Santo até a Igreja Matriz, onde às 10:00h., é celebrada Missa Solene comemorativa ao Dia de Pentecostes, presidida pelo bispo da região. Durante a cerimônia, jovens recebem o Sacramento da Confirmação.

O último sábado da Festa do Divino é um dia especial, começa bem cedinho com os festeiros providenciando uma distribuição de alimentos aos mais carentes da comunidade.

Em seguida, sai da casa do Festeiro, uma procissão com as Bandeiras acompanhada da Banda de Música e da Folia do Divino, em Bando Precatório pelas ruas da cidade, arrecadando dinheiro para as despesas da festa, que são muitas.

No sábado, às 19:30h., é realizada a última ladainha encerrando a novena. Logo depois é celebrada Missa na Igreja Matriz. Findos os atos religiosos, tem início outra cerimônia tradicional da Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, preservada pela comunidade: A coroação do Imperador do Divino Espírito Santo. Vestidos em traje de gala da época do Império, meninos, escolhidos pelo Festeiro, acompanham o Imperador, formando sua corte: são os Vassalos e a Guarda de Honra do Imperador.

Para o Imperador presidir as festividades da tarde do sábado, é montado o Império do Divino – um palanque luxuoso com trono para o Imperador e bancos para seus Vassalos que, sentados, assistem à apresentação das danças típicas da região, outra preciosidade das tradições folclóricas que ainda perduram em Paraty.

Um dos últimos momentos da festa é a passagem da Bandeira para o próximo Festeiro, cerimônia que conta com a participação dos Foliões do Divino e a presença do Imperador e da Corte.

Em Paraty, a Festa do Divino foi se transformando, se adaptando realidade local, mas conservando sempre suas características religiosas de agradecimentos e promessas e também preservando seu aspecto pagão de recreação e divertimento.

A Festa do Divino Espírito Santo de Paraty é a mais tradicional do país, apesar da ação transformadora do tempo e da integração da cidade e de seus habitantes com a cultura dos grandes centros do país.

Uma grande queima de fogos de artifício põe um ponto final nas comemorações da Festa do Divino Espírito Santo de Paraty.

COROAÇÃO DO IMPERADOR

Consta que a festa do Divino Espírito Santo, como se conhece em Paraty, foi criada pela Rainha Dona Isabel de Portugal, no ano de 1296, quando convidou o clero, nobreza e povo para assistirem a Missa de Pentecostes. Naquela ocasião, dentre os pobres que estavam presentes cerimônia, convidou-se o mais pobre para ocupar o lugar do rei, no trono, na capela-mor. Ali o pobre ajoelhou-se e o bispo colocou-lhe sobre a cabeça a coroa real, enquanto o povo cantava o hino: “Vinde Espírito Criador”. Depois das solenidades, foi oferecido um bom almoço a todos, servido pela rainha e pelos nobres.

Nos anos seguintes, com autorização do rei, mandou-se fazer coroas iguais coroa do rei e em toda Portugal e colônias, passou a se fazer, no dia de Pentecostes, cerimônias iguais a que ali havia acontecido.

Este ato que se repete, através dos séculos, mantém este mesmo significado: “Alguém é escolhido no meio do povo, para ser o imperador. Não precisa ser rico, nem letrado. Depois da coração, ele exerce suas funções imperiais para mostrar que, qualquer um de nós pode, por mais humilde, simples e pobre, exercer em sua comunidade uma liderança que possa conduzir este povo a uma vida melhor, mais justa, mais digna e cristã! É uma demonstração de que podemos, dentro da comunidade em que vivemos, liderar e conduzir o povo de Deus à convivência fraternal que Jesus pregou ao longo de sua doutrinação e que o Divino Espírito Santo confirmou ao descer sobre os Apóstolos, na Festa de Pentecostes, como nos contam os Atos dos Apóstolos”.

Coroa do Espírito Santo

Festa do Divino

Esta devoção originou-se de uma exortação do Sumo Pontífice Leão XIII. Com efeito, o mesmo Santo Padre, em um breve 5 de maio de 1895, aconselhando os católicos a fazerem devotamento a novena do Espírito Santo sugeria como fórmula de uma prece especial, a seguinte invocação, que recomenda seja insistentemente repetida

“Enviai o vosso Espírito e tudo será criado; e renovareis a face da terra”.

Ora, se insistir numa prece quer dizer repeti-la muitas vezes, não há melhor meio de se secundar a exortação de tão grande Pontífice do que compondo com a referida invocação a corda que oferecemos piedade dos fiéis, por cujo meio poderemos também conseguir os preciosos e tão necessários dons do Espírito Santo.

Modo de recitar a coroa do Espírito Santo:

V. Deus, vinde em nosso auxílio.

R. Senhor, socorrei-nos e salvai-nos. Glória ao Pai…etc.

1º Mistério: VINDE, ESPÍRITO SANTO DE SABEDORIA, desprendei-nos das coisas da terra e infundi-nos o amor e o gosto pelas coisas do céu.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA.(Repete-se 7 vezes a mesma invocação e no fim esta outra a Maria):

Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES O SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

2º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE ENTENDIMENTO, iluminai a nossa mente com a luz da eterna verdade e enriquecei-a de santos pensamentos.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

3º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE CONSELHO, fazei-nos dóceis s Vossas inspirações e guiai-nos no caminho da salvação.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

4º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE FORTALEZA, dai-nos força, constância e vitória nas batalhas contra os nossos espirituais inimigos.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

5º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE CIÊNCIA, sede o mestre de nossas almas e ajudai-nos a por em prática os Vossos santos ensinamentos.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

6º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE PIEDADE, vinde morar em nosso coração, tomai conta dele e santificai todos os seus afetos.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

7º Mistério: VINDE, ESPÍRITO DE SANTO TEMOR DE DEUS, reinai em nossa vontade e fazei que estejamos sempre dispostos a tudo sofrer antes que vos ofender.

VINDE, ESPÍRITO SANTO, ENCHEI OS CORAÇÕES DOS VOSSOS FIÉIS E ACENDEI NELES O FOGO DO VOSSO AMOR, VINDE E RENOVAI A FACE DA TERRA(7 vezes e 1 vez): Ó MARIA QUE POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO CONCEBESTES OS SALVADOR, ROGAI POR NÓS.

 

As relações simbólicas da Festa do Divino de São Luis do Paraitinga

Introdução

O trabalho apresenta a cultura de uma região do interior de São Paulo, conhecido como Vale do Paraíba, o município em questão é São Luis do Paraitinga. Nesta cidade e em muitas outras é comemorado a Festa do Divino, uma festa popular e religiosa, que marcam a tradição e as crendices desta população.

Num primeiro momento foi abordado os temas como: cultura, folclore e festas populares.

Apresentamos de forma descritiva a festa do Divino de São Luis do Paraitinga com suas passagens, personagens e todos os atributos que compõe a festa. Para a pesquisa sobre os símbolos e as relações sociais, foi necessário compreendermos o processo de comunicação da festa. Neste trabalho foi analisado apenas o que diz respeito a mensagem, os símbolos, ou seja, códigos utilizados nos festejos. A análise foi feita através de uma vídeo documentário produzido pela produtora Universitária da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), e a festa em questão ocorreu no ano de 2003.

Num último momento são identificados vários símbolos como: a decoração, as bandeiras e suas cores e fitas, a presença do festeiro, o sal bento, o mastro, as danças, os pedidos de benção, e o símbolo maior da festa que é a própria bandeira do divino.

Cultura, Folclore e Festa Popular Discorrer sobre cultura é falar sobre o complexo de valores e objetos compartilhados por um grupo humano relativamente coeso (BOSI, 1992). Ela dita os padrões e crenças que irão determinar o indivíduo dentro da sociedade, propiciando-lhe também, a expressão de seus sentimentos e da sua visão de mundo, o que o distingue dos animais. Resumidamente, compõe-se de todas as respostas que damos as exigências da vida (BOAL, 2001).

Todo o ser humano possui a sua raiz cultural. De acordo com Simone Weil, o enraizamento é a necessidade mais importante e mais desconhecida da alma humana. Esta base advêm da participação real, ativa e natural na existência da coletividade que conserva vivos certos tesouros do passado e certos pressentimentos do futuro (WEIL, 1979).

Nitidamente pode-se perceber os diferentes tipos de cultura que se modificam tanto de uma sociedade para outra, como dentro de si só; ou seja, como não se pode falar em igualdade entre a cultura de uma Nação em relação à outra, é errôneo dizer o mesmo dentro de uma mesma sociedade. É o que acontece no caso brasileiro, onde é incorreto referir-se a uma unidade ou uniformidade cultural, devido às inúmeras manifestações decorrentes de sua formação social.

A cultura popular é uma destas ramificações, que segundo Cáscia Frade é caracterizada sobretudo pela forma de transmissão, à margem dos sistemas formais de ensino. O seu estabelecimento se dá por meio das relação familiares, de vizinhança ou de compadrio, e a aprendizagem ocorre pela participação contínua e rotineira. Para Alfredo Bosi, esta cultura está para o Floclore, assim como a cultura erudita está para a Academia.

A palavra Folclore, do neologismo inglês folk-lore, quer dizer saber do povo e trata-se de um elemento dinâmico em constante adaptação à necessidade da realidade em que se insere. Diferentemente da ideia romântica, dos primeiros folcloristas, de coletar as antiguidades populares para resguardá-lo do perigo de serem perdidas, elevando-as a um extremo particularismo. Muito estudo já feito, e ainda o é, na tentativa de encontrar parâmetros e um conceito que defina tal fato. No entanto, teorias já foram sobrepostas justamente devido ao seu caráter inconstante, pois, a existência de cada elemento folclórico só é justificada quando ele tem uma função para o grupo onde se expressa.

Um dos termos apontados como definidores do fato folclórico é a persistência, compreendida no aspecto cultural com resíduo do passado, porém reinterpretado de modo a preencher nova função e possuir outro significado (FRADE, 1997). É neste sentido que se explica algumas festas populares religiosas. Antes tratavam-se de comemorações agrárias de entressafra, ou seja, festejavam a colheita ou o plantio de uma lavoura. É o que ocorria, por exemplo, com as festas juninas e natalinas que coincidiam com os fenômenos físicos dos solstícios de verão e inverno. Posteriormente foram apropriadas pela Igreja Católica, ganhando um sentido religioso e reinterpretado segundo as necessidades da Instituição.

Algo semelhante foi o que ocorreu com ritmos e danças indígenas, como o cururu e o cateretê, que tiveram textos litúrgicos inseridos em si, com o intuito de auxiliarem na catequese dos índios.

No entanto, o que aconteceu com as festas foi uma nova articulação do povo, ajustando experiências de suas vidas com a religião oficial. Segundo Cáscia Frade, este resultado é denominado catolicismo popular.

A festa popular é mais do que a sua data, suas danças, seus trajes e suas comidas típicas, na opinião de Maria Laura Cavalcanti. Ela é o veículo de uma visão de mundo, de um conjunto particular e dinâmico de relações humanas e sociais.

Na cultura caipira, as festas populares tem um papel muito importante.

“O indivíduo que se situa dentro deste ramo da cultura popular, exprime o tipo social e cultural do homem do campo, resultado do ajustamento do colonizador português com o Novo Mundo, seja por transferência e modificação dos traços da cultura original, ou em virtude do contato com o aborígine” (CÂNDIDO, 2001).

Deixando claro que o caipira é um mode de ser, um tipo de vida, nunca um tipo racial. Nele os festejos populares religiosos são um elemento de definição da sociabilidade e solidariedade vicinal.

Nos períodos de menos trabalho o lazer, a recreação, os contatos sociais e as atividades religiosas têm papel marcante na vida destas pessoas. Segundo Antônio Cândido,

“(…) o ano agrícola é a grande e decisiva unidade de tempo do caipira.

Para ele o ano começa em agosto, com o início das operações de preparo da terra; e termina em julho, com as últimas operações da colheita” (CANDIDO, 2001)

Marcando, portanto, o período em que ocorre a maioria das festas (dos santos juninos e em agosto, São Roque, Carpição, entre outros). Este é o momento de cumprir as promessas feitas em prol de uma colheita e pedir bênçãos para a próxima lavoura. Nestes dias consagrados à religião são, inclusive, considerados de guarda, pois, acredita-se que o trabalho neste período pode causar prejuízo grave, devido ao desrespeito à norma religiosa.

Estas festas, normalmente, são inseparáveis das danças.

Conta-se a origem da Festa do Divino Espírito Santo ligada rainha portuguesa, Isabel (1271-1336), que teria convidado os pobres da Casa Real para comemorarem os votos de Pentecostes, no Palácio de Cintra. A Festa prosseguiu com D. João III, já regulamentada pelo Código Afonsino, refletindo no povo os traços reais representadas pela coroa, cetro, bandeira e Império (MAIA, 1990).

Acredita-se que os missionários jesuítas, juntamente com os primeiros colonos teriam trazido o costume de Portugal. Minas Gerais e Goiás, áreas de mineração do ouro, seriam os primeiros a incorporar a festa (AMARAL, ). O Centro-oeste e parte do Sudeste são os locais onde a festa tem maior relevância.

“No Rio de Janeiro, ela tornou-se comemorações de açougueiros portugueses que celebravam o Divino nos moldes açorianos, mas a utilizava para reafirmar laços de solidariedade, aliança política e de identidade” (FRADE, 1997).

No Vale do Paraíba Paulista, onde a cultura popular encontra a sua manifestação maior no jeito de ser caipira (modelo sobretudo do Estado de São Paulo, onde compreende a maioria da sua população tradicional), a festa firmou-se na maioria dos municípios (seja em comemorações grandes na zona urbana, ou pequenos festejos nas bairros rurais). De acordo com Thereza e Tom Maia, adaptou-se a realidade local mantendo-se como uma festa de consumo, de agradecimentos e promessas.

A distribuição de alimentos e as manifestações folclóricas (expressas nas danças, brincadeiras e representações), ou seja, o caráter profano sempre foi característica marcante. No entanto, alguns fatos (como a morte de um homem pisoteado na porta do Mercado Municipal de Guaratinguetá, por ocasião da distribuição de carne na festa) e a resistência de alguns padres aos festejos profanos fez com que as comemorações decaíssem em alguns locais.

Hoje, o maior polo de resistência, e onde ocorre uma das maiores festas em louvor ao Divino Espírito Santo é na cidade de São Luís do Paraitinga.

O município de São Luís do Paraitinga

Localizada no Vale do Paraíba Paulista, próxima ao litoral norte e a cidade de Taubaté, São Luís do Paraitinga é um reduto da história e da cultura popular brasileira.

Fundada em 1769, sempre teve a sua economia relacionada à produção agropecuária. Açúcar, cereais, fumo e gado eram as atividades de maior destaque. No entanto, a maior delas e de grande importância foi o café. Esta época deixou suas marcas nos vários casarões espalhados por toda a cidade (sobretudo na Praça Oswaldo Cruz, que possui este nome em homenagem ao filho nobre luziense) e também nas grandes e históricas fazendas.

Hoje, a beleza arquitetônica e a riqueza das tradições e da cultura são os elementos que destacam o município no cenário nacional. Dentro desta dinâmica a religiosidade e o folclore, expressos sobretudo nas festas populares (onde a Festa do Divino Espírito Santoé a maior representação) são traços que fortalecem a identidade local e com isto arrebatam a cada ano um maior número de turistas (entre pesquisadores, jornalistas, estudantes, amantes da cultura popular, devotos e curiosos).

A Festa do Divino de São Luis do Paraitinga

A festa do divino Espírito Santo é uma comemoração da religiosidade popular brasileira. No município de São Luis do Paraitinga, no Vale do Paraíba Paulista, ela é a mais tradicional, importante e um grande reduto da cultura caipira.

Trata-se de uma festividade anual, com data móvel por ser celebrada quarenta dias após a Páscoa.

O pároco da cidade (em 2003), Alaor dos Santos, diz que “a festa em louvor ao Divino é a maior demonstração de fé da população local, e acreditam veramente nele como sendo quem dá vida a Igreja”.

Esta tradição, incorporada dos portugueses, em São Luís do Paraitinga, teve início no começo do século XIX, mas os moradores relatam que existe uma divisão na história dos festejos. De acordo com tais relatos, no período de 1912 à 1941, a festa esteve “ fracassada”, devido a falta de apoio da Igreja. Depois deste período ela recomeçou, foi ganhando força e popularizando-se. Hoje ela é uma das maiores da região, arrebatando turistas dos mais variadas localidades do país.

Os visitantes que participam da festa são de perfis variados, indo desde pessoas que conviveram com esta manifestação quando crianças, outros tantos pela fé, até curiosos, jornalistas e estudantes.

Anos atrás, quando o transporte era difícil, os moradores da zona rural vinham com uma semana de antecedência para a cidade. O mercado municipal servia de abrigo para estas pessoas, que por sua vez passavam a colaborar com a festa. Desde a primeira sexta-feira dos festejos até o domingo, o ponto alto das comemorações, era servido o afogado (comida típica do Vale do Paraíba, que vem a ser a carne bovina cozida com caldo, servida com farinha de mandioca e arroz). Era esta a base da alimentação dos moradores rurais.

Atualmente, este prato continua a ser servido gratuitamente a população, mas agora somente nos dois sábados que se fazem as comemorações.

O festeiro é quem organiza e coordena o evento. Sempre unidos em grupo, onde a tarefas são divididas, eles são escolhidos por meio de um sorteio realizado logo após o término de uma festa. Os concorrente são normalmente pessoas que se oferecem, ou que fizeram alguma promessa e ou nomeados pelo pároco. Durante o ano que se segue fica ao encargo dos festeiros, esmolar pelos bairros dos municípios e pelas cidades vizinhas, as prendas que possibilitarão a realização dos festejos. Para os moradores entrevistados, o sucesso das comemorações, como eles próprios dizem, “a festa é boa” quando é organizada por festeiros e não pela própria Igreja diretamente. De acordo com eles, todos ajudam neste caso, por que sabem, que será promovida uma grande festa.

No último mês, que antecede ao evento, o trabalho para dar conta dos preparativos se intensificam. A programação, composta pela novena mais o dia da festa, carrega consigo várias outras realizações que necessitam de uma organização prévia. Dona Didi, moradora e uma das pessoas mais conhecidas da cidade, é quem comanda e orienta em boa parte destes preparativos.

O Domingo da Festa é o ponto alto das comemorações, e tem início com alvorada pela banda de música centenária da cidade, pelas ruas.

O Império, uma sala de oração e silêncio, é o ponto de maior concentração durante as comemorações. É neste local onde os fiéis, moradores e visitantes dão as suas maiores demonstrações de fé ao Divino Espírito Santo. Todo ano um dos proprietários dos casarões, próximo a praça Osvaldo Cruz, cede a sua propriedade para que seja feita esta sala.

Todos os dias da novena, as bandeiras do Divino Espírito Santo saem em procissão do Império e vão para a Igreja Matriz, para que se realizem as rezas e a missa. O cortejo mais solene é realizado no Domingo da festa, o qual os festeiros carregam as bandeiras, e o rei e a rainha, o cetro e a coroa, para a celebração das dez horas.

A bandeira do Divino é um dos maiores símbolos de devoção. Durante a festa é comum ver pessoas emocionarem-se ao poder tocá-la. Nas fitas dependuradas, os devotos fazem um nó e um pedido. Alguns amarram fotografias e ou medidas de braços, pernas, cabeças, ou seja, de membros enfermos que pedem para serem curados. Os portadores das bandeiras tem muito respeito a esta ação dos fiéis. Nenhum nó ou objeto é tirado das fitas, eles esperam que elas se encham para poderem depositá-las no quarto de milagres no Santuário da Padroeira do Brasil, no município de Aparecida.

A cidade de São Luís do Paraitinga, nos dias da festa, é toda enfeitada com as bandeiras do Divino. Os moradores a penduram nas janelas e portas das casas e comércios.

Ao meio dia do Domingo, o dia da festa, grupos folclóricos de moçambique e congada levam em procissão o mastro do Divino, da Igreja Matriz, São Luís de Tolosa, até a Igreja do Rosário, que fica no alto de uma ladeira.

Vários grupos folclóricos (da cidade, da região e até da capital paulista) reúnem-se na festa em louvor ao Divino Espírito Santo e ou para difundir a sua manifestação cultural.

A dança da fita ou trança fita é uma dança européia, onde os camponeses celebravam a chegada da primavera e pediam uma boa colheita. Cortavam uma tronca de árvore, enfeitavam-o com fitas coloridas e dançavam a sua volta reverenciando um Deus da Natureza. Portanto, uma dança desvinculada da tradição católica em suas origens, mas que ao ser trazida pelos imigrantes foi incorporada, em muitos dos casos, aos festejos religiosos.

Em São Luís do Paraitinga, Dona Didi conta que veio de Paraty e logo já foi introduzida na Festa do Divino. Isto há muito tempo atrás e de forma sucessiva que se tornou uma tradição no festejo.

A congada e o moçambique são duas outras manifestações que se apresentam no dia da festa. São vários grupos com características diferentes que dançam e cantam simultaneamente na Praça Oswaldo Cruz. Os dois tem traços semelhantes como por exemplo, a reverência que fazem a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Distinguem-se pelo fato dos moçambiqueiros usarem guizos amarrados nos tornozelos e bastões que usam ao dançar. Os congueiros apoiam-se mais nos cantos e versos, compostos em várias ocasiões no momento da dança (por isso, os participantes destacam a função de mestre da congada como se suma importância, pois é ele quem dita o verso).

Existem muitas lendas sobre as origens destas manifestações, uma delas (que o mestre de congada, Antônio dos Santos) diz que quem a criou foi São Benedito. Este santo teria ido até o céu e trazido doze negros, com ao quais formou o moçambique que originou a congada. No entanto, estudos dizem que a congada veio do século XVI por ocasião da guerra entre o Império Congo e Portugal. Desde então, a folia passou a demonstrar a resistência dos negros sobre os portugueses. No Brasil, ela era uma forma de expressão dos escravos. Já o moçambique, os pesquisadores apontam uma possível origem africana, mas, não foi trazida pelos escravos e sim ajudou na catequese dos índios, como fator de recreação popular.

Outra manifestação que mistura dança, história e música que está presente na festa é a Caiapó. Dança de origem indígena, com traços da cultura portuguesa, que conta a história do ataque e morte de um menino índio (curumim em tupi guarani) por um homem branco.

A apresentação representa os índios em torno do garoto, pedindo ao pajé que ressuscite o pequeno. O grupo da própria cidade de São Luís do Paraitinga, é composto quase que na sua totalidade por jovens, participantes também da capoeira apresentada logo após esta dança.

Os bonecões Maria Angú e João Paulino são duas figuras tradicionais da cidade que tem sua existência ligada a festa em questão. Conta-se que há mais de um século havia um morador português que percebendo a falta de atrativos para as crianças na festa, fez um casal de bonecões gigantes. Um deles passou a ter o seu nome e o outro, como ele era casado com Maria, famosa por fazer pastéis de angu, passou a ser Maria Angu.

O pau de sebo é outro costume da festa. São postos dois deste, um grande para os adultos e outro menor para as crianças. No momento, desta competição (normalmente feita por volta das duas da tarde) as atenções voltam-se todas para esta prática, sendo que os espectadores torcem e vibram com os concorrentes.

A procissão e a celebração eucarística são o ponto alto das comemorações.

Realizada no final da tarde de Domingo a caminhada de fé pelas ruas da cidade é divida em alas. Na frente, seguindo a tradição, segue a cruz procissional, depois as crianças da cruzada eucarística, os coroinhas levando incenso, a Congregação Mariana feminina e masculina, o apostolado da oração, o pároco com o santo lenho, por fim a banda. Ao centro vai os andores, de Nossa Senhora, de São Benedito e do Divino Espírito Santo, junto a eles segue as damas de honra, os anjos, os pajens, o rei e a rainha. Os anjos possuem roupas em cores variadas, combinando com a cor do andor que estão prestando honras.

Por fim, a celebração da missa fecha os festejos com a consagração eucarística, que conta com a presença de moradores e visitantes.

O processo de Comunicação/Símbolos e Signos

Como a festa do divino em São Luis do Paraitinga é um ato popular que faz parte das manifestações folclóricas e tem suas características comunicacionais, para a análise foi necessário conhecer o processo de comunicação e seus ingredientes. De acordo com David Berlo, a palavra processo é :

“Quando chamamos algo de processo, queremos dizer também que não tem um começo, um fim, uma sequência fixa dos eventos.Não é uma coisa estática, parada.(…)Os ingredientes do processo agem um sobre o outro.”(BERLO, 1999, p.)

O processo de comunicação de acordo com o modelo de Berlo possui seis ingredientes sendo: 1) fonte, 2) codificador, 3) mensagem, 4) canal, 5) decodificador, 6) receptor. No presente trabalho fizemos uma análise sobre a mensagem que é definido como

“produto físico real do codificador-fonte, ou seja, quando falamos, o discurso é a mensagem. Se escrevemos, a escrita é a mensagem. Ao pintarmos, a pintura é a mensagem.Quando gesticulamos, os movimentos dos braços, as expressões do rosto são mensagem.” (BERLO, 1982,p.60)

Pelo menos três fatores compõem a mensagem, o código, o conteúdo e o tratamento.

“Um código pode ser entendido como qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter uma significação para alguém.”(1982,p.63) Ao analisar a comunicação de outros, devemos nos concentrar a atenção no conjunto de símbolos (o código) que a fonte usou para produzir a mensagem. Para estudar ou analisar um conjunto de símbolos passamos pela semiótica. “O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo. Semiótica é a ciência dos signos”. (…) “A semiótica é a ciência geral de todas as linguagens”.(SANTAELLA, 1983,p.8) De acordo com Peirce “um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é,portanto, um certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente.”(SANTAELLA,1983,p.58) Na festa do divino em São Luis do Paraitinga foi possível identificar vários símbolos e signos que fazem parte do processo de comunicação da festa.

Metodologia

Num primeiro momento, utilizou-se da pesquisa bibliográfica em livros para atender os conceitos de cultura, folclore, festas populares e o processo de comunicação.

Depois partimos para uma pesquisa qualitativa através de entrevistas com a população que participa desta manifestação, buscando identificar os símbolos que representam a festa do Divino em São Luis do Paraitinga. Para a análise foi utilizado também o Vídeo documentário produzido pela produtora universitária Univap TV.

Resultados

Como resultado identificaremos vários símbolos que estão presentes na Festa do Divino de São Luis do Paraitinga, desde o próprio nome de divino, e suas origem ao maior símbolo que é a bandeira, que apresenta em suas cores e desenhos algum significado religioso.

A palavra “ Divino” com origem no latim “divinu”, refere-se ao sobrenatural, sublime, perfeito, à coisas sagradas como define o dicionário. Para a fé católica, ele é o próprio espírito de Deus. Segundo os relatos bíblicos, Cristo prometeu, ante de sua crucificação, que não deixaria seus seguidores órfãos e mandaria o seu espírito para acompanha-los e fortalecê-los em suas caminhadas. As festividades no município vale paraibano marcam justamente a efetivação desta promessa, ou seja, a descida da terceira pessoa da Santíssima Trindade sobre os apóstolos, a qual se denomina Pentecoste.

A figura do festeiro é de suma importância por representar uma ideia da qualidade da festa que será realizada. Segundo o pesquisador Antônio Cândido, o alimento, a sua quantidade e qualidade são alguns dos critérios para avaliar a eficiência e definir o prestígio do festeiro.

Um ponto que conta a favor das arrecadações das prendas é a crença no poder da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Segundo os pesquisadores Thereza e Tom Maia, a crença popular diz que nada deve ser negado ao Divino para se ter boa sorte. Por isso um grande número de prendas é recolhido.

O Império é um local onde cada elemento que o compõe possui uma simbologia para a fé católica. A sua decoração é feita segundo um motivo de reflexão ( em 2003 foi “ Estrelas cintilam luz e brilho a realeza do Cristo”) onde são trabalhadas as simbologias das cores vermelha ( fogo, que segundo bíblia é a forma com que o Espírito Santo veio aos apóstolos) e dourada (alusão ao ouro que um dos reis magos ofereceu ao menino Jesus e a realeza do próprio Cristo, digno de preciosidades).

No altar erguido ficam a coroa, o cetro (demonstrando a dignidade de rei que o Divino representa) e a pomba branca (também o representando, baseado na passagem bíblica, onde Jesus ao ser batizado recebe o Espírito Santo em sua cabeça em forma desta ave), vigiados a todo instante por uma pessoa que assume o papel de guarda de honra de Cristo, o imperador ali.

A tradicional distribuição do sal bento (o qual atribuem a capacidade de curar doenças e livrar de maus acontecimentos), das orações do Divino e de bilhetes contendo lições de vida (recentemente incorporados nas práticas festivas, como sendo um recado do Divino a pessoa que lê-lo) são feitas também neste local.

Enquanto o Império é o local de maior simbologia, a bandeira do Divino é o objeto de maior significado para a fé dos devotos. Toda vermelha com a figura da pomba branca, que também está na coroa no topo do mastro, ela possui várias fitas dependuradas. Segundo um dos participantes da Folia do Divino, Benedito Faria, cada uma das fitas faz alusão a um dos sete dons do Espírito Santo (Sabedoria, Entendimento, Ciência, Conselho, Fortaleza, Piedade e Temor a Deus). No entanto, os nós feitos nelas representam pedidos a serem atendidos.

Carregar uma delas é considerado um ato de grande honra, e muitas promessas são feitas neste sentido.

As casas e comércios enfeitados lembram a espiritualidade vinda no dia de Pentecostes, ao mesmo tempo dizem que estão celebrando a festa com alegria e pedindo bênçãos. Ela torna-se um símbolo do município neste período.

O mastro é uma tradição realizada na maioria das comemorações em louvor a santos (como por exemplo nas festas juninas de Santo Antônio, São João e São Pedro). De acordo com o pároco da cidade, o mastro é uma maneira de lembrar os fiéis da morte de Jesus na cruz pelos pecados da humanidade.

A dança da fita, somente feita por meninas, era concorrida por todas as moradoras porque dizia-se que quem participava era as garotas mais formosas da cidade. Atualmente, existe um grupo desta manifestação, comandado há mais de cinqüenta anos por Dona Didi.

No ano de 2003, este grupo não se apresentou por falta de ensaios e quem esteve presente foram meninas de São Paulo, capital, inspiradas na dança feita no município vale paraibano.

A criadora do grupo conta que o seu objetivo foi de valorizar a expressão folclórica e levar garotas de um grande centro urbano a gostar dos costumes interioranos.

Hoje, os participantes do moçambique e da congada dizem que fazem parte delas por motivo de fé e devoção. Já para as crianças e adolescentes entrevistados as alegações dividem-se entre fé e diversão.

Em todos os grupos é forte a presença de crianças, e há uma grande preocupação dos mais velhos de transmitir e ensinar sobre a dança.

A festa do Divino Espírito Santo, no ano da pesquisa, apenas um grupo destes dois tipos de manifestação (dos vários que se apresentaram) era do município. Os outros eram das cidades da região como Taubaté, Guaratinguetá e Aparecida.

Esta preocupação também está presente num pequeno grupo da Folia do Divino.

Tocando viola, sanfona e cavaquinho os foliões saem pelas casas pedindo bênçãos aos proprietários, que normalmente oferecem um café e doam uma prenda. No dia da festa saem pelas ruas cantando e tocando. Por ocasião da pesquisa, somente um conjunto de foliões foi detectado, e não era de São Luís do Paraitinga.

Esta é uma tradição da cidade que faz muito sucesso entre as crianças, que saem pelas ladeiras e ruas da cidade correndo atrás dos gigantes de pano. Hoje, existem várias que confeccionam os seus próprios bonecões utilizando roupas velhas e uma armação feita de bambu.

O folclore na festa, hoje, é bem aceito pela Igreja. Existem manifestações que estão inclusas na religião oficial. É o que acontece com a rainha e o rei do Congo que participam das celebrações eucarísticas e das procissões. Segundo Dona Didi, estas duas figuras fazem as honras ao Divino, Imperador, assim como os pajens e damas da corte presentes na procissão.

Carla Guimarães Carla Guimarães Celeste Marinho Manzanete

Referências Bibliográficas

BERLO, David K. O processo da comunicação introdução á teria e a prática. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

BERLO, David K. O processo de Comunicação.São Paulo: Martins Fontes, 2003.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas da pesquisa social.Editora: Atlas,1999.

SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.

BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. 3ª.Edição.São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CANDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito. Estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos meios de vida. 9ª.Edição. São Paulo: Coleção Espírito Crítico – Editora 34, 2001.

MAIA, Thereza e Tom. Vale do Paraíba: Festas Populares. São Paulo.Editora: Parma, 1990.

BOAL, Augusto. Fala-se em cultura: O que é?. Caros Amigos. Nº.46, p.42. Rio de Janeiro: Casa Amarela, Janeiro, 2001.

FRADE, Cáscia. Folclore, Nº.3.2ª.Edição. São Paulo: Coleção para entender.Editora Global, 1997.

CAVALCANTI, Maria Laura. Entendendo o Folclore. Julho, 1992.

WEIL, Simone.A condição operária e outros estudos sobre opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

AMARAL, Rita. A festa do divino espírito santo em Pirenópolis.

Fonte: www.ufpi.br/ www.aceja.com.br/www.superzap.com/www.igrejaparati.com.br/encipecom.metodista.br/

 

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