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Estética – O que é
Estética ou Filosofia da Arte é uma área da especulação filosófica acerca da arte e do belo.
Nela, surgem questões como: será o juízo estético subjetivo ou objetivo? Existirá um padrão do gosto? O que é o belo?
Será a arte superior ou inferior à natureza? Qual o papel do artista? Perguntas centrais para uma compreensão, ainda que breve, da Filosofia da Arte.
A arte sempre esteve intimamente ligada à filosofia e certos grandes pensadores tiveram uma influência duradoura na criação
Ao longo da história do pensamento filosófico várias foram as concepções acerca do fazer artístico bem como os filósofos que se propuseram a pensar sobre a arte e o belo, a título de exemplo: Platão, Aristóteles, Cícero, Hume, Kant, Schelling, Hegel, dentre tantos outros que com pensamentos ora divergentes ora convergentes deram valiosíssimas contribuições para pensarmos a arte e a beleza quer seja para vermos uma obra de arte em um livro ou visitarmos a museus, exposições, mostras, galerias de arte. A seguir, faremos uma breve incursão no pensamento dois grandes filósofos gregos que pensaram o status filosófico da criação artística.
A estética (do grego aisthètikos, percepção pelos sentidos) só se tornou uma disciplina filosófica em 1750, sob o impulso do filósofo alemão Alexander Baumgarten. Mas as questões levantadas pela criação e percepção estéticas foram discutidas desde a Antiguidade.
Estética – Definição
A estética é um dos ramos tradicionais da filosofia.
A filosofia da arte, ou estética, pode ser definida como a disciplina que busca responder à pergunta: o que é beleza?, ou o que é uma obra de arte?
Então quem busca pensar sobre o fenômeno da arte.
O objetivo é extrair leis do estudo de diferentes formas de arte que nos permitam responder a essa questão.
A palavra estética deriva do grego αίσθησιs / aisthesis que significa beleza/sensação.
A estética define etimologicamente a ciência do sensível. Esse significado está presente, por exemplo, na Crítica da Razão Pura de Kant, onde a estética é o estudo da sensibilidade ou dos sentidos.
Mas o uso deu à palavra outro significado que não está relacionado à etimologia quando estética designa a ciência da beleza ou a filosofia da arte. Embora a palavra estética tenha etimologia grega, ela era desconhecida na antiguidade, pois a ciência da estética só surgiu na era moderna e em um contexto alemão.
Foi o filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, discípulo de Christian Wolff, que introduziu o neologismo “estética” (em latim: Aesthetica) no século XVIII e lhe deu seu significado moderno com a publicação do primeiro volume de sua Estética em 1750. Ele definiu uma disciplina filosófica nova e independente, inicialmente baseada na distinção platônica entre coisas sensíveis (aistheta) e inteligíveis (noeta).
Na obra Meditações Filosóficas (1735), Baumgarten define a estética como “a ciência do modo de conhecimento e da exposição sensível”, depois em Estética (1750): “A estética (ou teoria das artes liberais, gnoseologia inferior, arte da beleza do pensamento, arte do analogon da razão) é a ciência do conhecimento sensível”. De fato, Baumgarten considera a ideia de beleza como uma percepção ou sentimento confuso e, portanto, como uma forma inferior de conhecimento, daí o uso do termo estética. A estética se opõe à lógica, assim como as ideias confusas se opõem, na escola de Wolff e Leibniz, às ideias claras. Sua estética também é uma teoria das belas artes. Ela substitui historicamente a Poética iniciada por Aristóteles.

O termo estética assume significados diferentes conforme a língua, não tendo sido adotado nos mesmos períodos e seguindo a influência das mesmas obras filosóficas (as de Kant e Hegel em particular). Além disso, esse campo de estudo também é referido por termos sinônimos ou relacionados.
Estética é “a teoria, não da beleza em si, mas do julgamento que pretende avaliar a beleza, assim como a feiura, com justiça”.
Na língua inglesa, o campo da estética era tradicionalmente categorizado em Crítica, seguindo Elements of Criticism (1762) do filósofo Henry Home, e era geralmente definido como “crítica da arte”.
Desde a década de 1950, a influência dominante da filosofia analítica no mundo anglo-saxão também tendeu a restringir o escopo da estética a uma única filosofia da arte (ver estética analítica). Na língua francesa, esse campo de estudo era geralmente chamado, antes do século XIX, de “teoria das artes” ou “crítica do gosto”. Em seus comentários sobre os Salões da segunda metade do século XVIII, Diderot usa os termos “maneira” ou “gosto” em sua crítica de arte.
Charles de Villers escreveu em 1799: “Diderot queria introduzir este termo Estética na Enciclopédia, mas não decolou. Temos apenas obras fragmentárias e uma doutrina eclética sobre os princípios do gosto: esses princípios não estão escritos em um determinado código e de acordo com um método verdadeiramente científico, é óbvio que não temos estética.”
A palavra estética entrou na língua francesa no final do século XVIII e só apareceu no Dicionário da Academia Francesa em 1835. Sua primeira aparição em um dicionário filosófico se deve a Charles Magloire Bénard (o tradutor francês de Hegel) em 18459. O nome designa “a ciência da beleza” e a “filosofia das belas-artes”.
O termo também deriva de: esteticismo, que caracteriza a avaliação dos valores humanos do ponto de vista exclusivamente estético (segundo o belo e o agradável), e posteriormente designa um movimento artístico e literário inglês do século XIX. Estetização (alemão: Ästhetisierung), o processo de transformar um fenômeno inicialmente não estético em realidade estética. O esteta, uma pessoa sensível à beleza. O esteta, um filósofo especializado no campo da estética.
Estética e Filosofia da Arte
Explorar a estética dentro da filosofia da arte nos permite mergulhar no mundo da beleza, da arte e da interpretação cultural.
Este campo examina como a arte influencia nossos sentidos, nossas emoções e nossa compreensão do mundo.
Filosofia da Arte em Platão
De acordo com Jimenez, para Platão a arte grega assume, na civilização ateniense, papel eminentemente político e pedagógico. Daí o filósofo grego olhar com desconfiança a arte e os artistas e elencar uma série de critérios rigorosos a serem obedecidos, pelos artistas, caso queiram permanecer na “cidade ideal” e não serem expulsos.
Tal expulsão dos poetas é relatada no livro III de A República, a exemplo: os músicos que preferem o ouvido ao espírito. E isso se justifica haja vista a arte para Platão, dever refletir o real, não a imitação das paixões e emoções humanas que, a seu ver, deturpariam o real.
Para Platão, a pintura e a escultura eram as formas mais degradáveis da mimese (imitação): cópia da cópia de cópia, e assim sucessivamente, de onde nunca chegaríamos a conhecer a realidade primeira (essência) do real, mas cópias imperfeitas de cópias.
A representação desse conceito platônico que distingue essência e aparência no mundo das artes fica evidente na famosa obra do belga René Magritte (1898-1967) “Isso não é um cachimbo” (Ceci n’est pas une Pipe) em que o artista faz questão de relembrar a distinção entre a representação pictórica de um cachimbo e o próprio cachimbo. Indo além, o filósofo Platão distinguiria ainda um outro nível de veracidade que seria a ideia de cachimbo da qual surgiu o cachimbo instrumento para só depois dar origem à obra do pintor Magritte. Daí o filósofo entender a pintura como cópia da cópia de cópia, ou seja, uma simulacro da realidade presente no mundo inteligível.
No limite, O artista, para Platão, não faz nada mais do que duplicar a realidade sensível já duplicada. Todavia, cumpre ressaltar que o filósofo não quer negar a arte, pelo contrário, justamente por ver nessa a sua importantíssima função ele estabelece critérios rigorosos para que os artistas produzam suas artes a serem exibidas na Polis.
Ainda de acordo com Jimenez, em Hípias Maior Sócrates ao interrogar O que é o belo? Chega à conclusão que não sabe defini-lo em si mesmo, haja vista o belo em si não pode ser encontrado no mundo sensível, mas habitar o suprassensível. O belo imanente (sensível) é para Platão um simulacro, cópia debilitada da realidade. Isso, impõe-nos um problema: como detectar o belo se o que nos é apresentado é apenas fragmentos frágeis do denominado belo em si presente no mundo suprassensível? Uma pergunta certamente retórica, mas que pode conduzir a profundas reflexões sobre a relação do homem contemporâneo com a criação artística.
Filosofia da Arte em Aristóteles
Aristóteles, contrário ao seu mestre Platão, se coloca resolutamente a favor da imitação. Não concebe a arte como submissa à Filosofia, nem pretende “expulsar” os poetas da cidade. No limite, a concepção de arte que Aristóteles terá se dá, guardadas as devidas proporções, em oposição à de Platão. Todavia, ao contrário do que se possa pensar, Aristóteles não contribuiu para a autonomia da arte, mas antes empreendeu, como assinala Jimenez: “a desvalorização secular da criação artística e da minoração do papel social do artista” (p. 211).
Na Poética, Aristóteles, entende que imitar é legítimo, uma tendência natural a todos os homens que possibilita-nos construir uma gama muito diversa de significados a longo da existência. Pela imitação, nos distinguimos dos demais animais e ainda obtemos diversos conhecimentos desde a infância, a saber: linguagens, as línguas, os modos de comportamento,etc. Daí o filósofo não ver motivo para desprezar o papel da imitação no processo de criação artística.
Emanuel KANT (1724-1804)
A beleza como sentimento
Kant é o primeiro filósofo a tentar uma análise do sentimento de beleza, ao mesmo tempo em que admite que a admiração é uma afeição imediata e subjetiva que não requer demonstração para ver a luz do dia.
Entre as diferentes “qualidades” do sentimento de beleza, Kant cita o grau de presença do objeto: a emoção estética é uma “impressão”, um julgamento reflexivo, que se refere ao próprio sujeito e não ao objeto e que permite o florescimento de um “sentimento vital” universal.
Diferentemente do agradável ou do bom, a particularidade do sentimento de beleza é ser desinteressado: ele não tem outro fim senão a pura contemplação, um sentimento ativo e eufórico que alimenta o entendimento.
Edmundo BURKE (1729-1797)
A beleza do caos
Em 1757, Edmund Burke introduziu uma distinção entre a estética da beleza e a do “sublime”, uma emoção ligada à paixão e ao pathos que resiste ao jogo da razão pura e do entendimento. Burke define uma impressão subjetiva, um choque fisiológico causado pelo indistinto e pelo infinito. Ela se impõe como um sonho e evoca o caos, atraindo-nos para o nada para melhor nos lembrar da vida.
A estética do sublime é movida por um instinto de autopreservação, alimentado por um mecanismo de substituição ou empatia que nos permite deleitar-nos com o espetáculo do horror e do terror.
Georg Wilhelm Friedrich HEGEL (1770-1831)
O sensível espiritualizado
Hegel vê na Arte um compromisso entre a sensibilidade e o absoluto. Uma obra não pode ter como objetivo apenas despertar sentimentos, pois estes permanecem “envoltos na forma mais abstrata da subjetividade individual”. Nem visa a melhoria moral porque a Arte seria então apenas um meio, não um fim.
Inspirada na filosofia cristã, a Estética de Hegel apela aos sentidos, mas é essencialmente destinada à mente.
Ela nos permite revelar uma verdade que escapa à compreensão: a representação sensível do absoluto.
A obra de arte seria, assim, uma manifestação do divino (ou “um absoluto”, “uma verdade”, “o Espírito”…) que operaria pela mediação do homem criador. Isso permitiria que a mente humana se tornasse consciente de si mesma.
Frederico NIETZSCHE (1844-1900)
A arte como afirmação vital
Para Nietzsche, a arte é a atividade metafísica por excelência. Só ele pode revelar a dimensão trágica da existência. O artista transcende seus limites e comunga com o mundo natural.
A estética nietzschiana é um fenômeno fisiológico: para ele, o corpo é mais espiritual que a mente. E a sensibilidade artística sendo intuitiva, o conhecimento que ela gera não pode ser conceituado, ele é necessariamente intuitivo.
Nietzsche concebe a arte como uma dualidade: “o apolíneo” é uma expressão do indivíduo, da medida e da perfeição, enquanto “o dionisíaco” é um caos no qual o sujeito esquece e se dissolve. O criador deve pagar com sua pessoa, em sua carne, para abolir sua subjetividade, porque a consciência não é capaz disso.
Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/lecollectionneurmoderne.com/www.les-philosophes.fr/www.icours.com
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