Antropomorfismo

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Antropomorfismo – O que é

Antropomorfismo é uma doutrina filosófica que interpreta toda a realidade seja ela física ou metafísica por semelhança ou analogia ao comportamento humano.

Em outros termos, o antropomorfismo atribui a seres inanimados ou irracionais (seres de natureza não humana) características exclusivas dos seres humanos: sentimentos, comportamentos, pensamentos, fala etc.

Está presente, em maior ou menor grau, em todas as religiões do mundo que moldam seus deuses tornando-os forças naturais personificadas em formas humanas idealizadas, sublimadas tendo em vista tornar as suas divindades acessíveis aos seres humanos.

Os poemas homéricos Ilíada e Odisseia educaram política e espiritualmente o povo grego fazendo uso constante da antropomorfização dos deuses, sem deixar de lado princípios como: harmonia, proporção, limite e medida que serão fundamentais para o pensamento clássico posterior.

Antropomorfismo

Crítica ao Antropomorfismo

Xenófanes de Colofonte é um dos pensadores da filosofia clássica que empreendeu uma feroz crítica ao antropomorfismo mítico presente nas epopeias e tragédias gregas, mais especificamente os poemas de Homero (Ilíada e Odisseia) e a Teogonia de Hesíodo.

Segundo o filósofo, o antropomorfismo,quando aplicado pelas religiões, altera apenas quantitativa e não qualitativamente as formas, medidas e características próprias dos seres humanos atribuídas aos deuses.

Desse modo, expõe Xenófanes:“Um deus é o supremo entre os deuses e os homens; nem em sua forma, nem em seu pensamento é igual aos mortais”. Com isso, o filósofo dá início o combate ao antropomorfismo mítico presente tanto na tradição mítica quanto na religião pública grega.

O filósofo italiano Nicola Abbagnano, em seu Dicionário de Filosofia, citando Xenofonte, afirma: “Os homens”, disse ele, “creem queos deuses tiveram nascimento e que têm voz ecorpo semelhantes aos deles” (Fr. 14, Diels);por isso, os etíopes fazem os seus deuses denariz chato enegros; os trácios dizem que têmolhos azuis e cabelos vermelhos; até os bois, oscavalos, os leões, se pudessem, imaginariam osseus deuses à sua semelhança (Fr. 16, 15)”.

Em outras palavras, os deuses projetados pela mentalidade humana reduzir-se-iam a meras reproduções quantitativas dos próprios humanos que lhes idealizaram, sem diferenças plausíveis que justifique tais idealizações.

Antropomorfismo Animal

É bastante provável que você já tenha vista expressões do tipo: “meu cão tem raiva de criança”, “o cavalo lusitano de meu avô sorriu pra mim”. Essas e outras expressões sejam conscientes ou inconscientes, ao atribuir características humanas aos animais, representam tentativas de transformação dos animais em seres humanas.

Em alguns casos, isso pode ser inclusive prejudicial ao animal, por exemplo, nos casos de superproteção em que a pessoa ignora as características próprias aos animais para poder aproximá-lo o máximo possível da sua pessoa seja colocando-lhe roupas, laços etc. Nem todos cães/gatos gostam desses enfeites e respeitar a natureza do animal é fundamental. No vídeo a baixo, a médica veterinária Dra.Daniella Sother expõe com muita clareza o processo de antropomorfização animal e suas consequências.

Antropomorfismo – Conceito

Antropocentrismo é um conceito que, embora frequentemente utilizado, não é facilmente definido.

As definições do dicionário são imprecisas, mas geralmente concordam sobre a propensão dos humanos de se verem como o centro do universo. É, portanto, uma forma de se relacionar com o mundo onde esses mesmos humanos julgam tudo em relação a si mesmos, dando atenção e importância apenas ao que lhes interessa.

De fato, o discurso acadêmico atual tende a condenar o antropocentrismo por causa de seu finalismo, ou seja, a inclinação a perceber a natureza como um recurso a ser explorado descaradamente, sendo o ser humano seu principal destinatário; no mínimo, por causa de sua excepcionalidade, ele tem mais direitos sobre ela do que qualquer outro ser vivo.

Antropomorfismo – Origem 

Desde a infância, os humanos atribuem traços comportamentais antropomórficos, como intenções, percepções e até sentimentos, aos artefatos.

Antropomorfismo é a atribuição de características do comportamento ou morfologia humana a outras entidades, como deuses, animais, objetos, fenômenos, ideias e até mesmo seres de outro mundo, quando apropriado.

Por que essa atitude é tão difundida?

No campo da psicologia, esses comportamentos têm sido atribuídos há muito tempo ao exercício de uma forma primitiva de pensamento e, em particular, à incapacidade atribuída às crianças pequenas de distinguir entre os níveis físico e mental da realidade. Também foi aceito que essa incapacidade, específica das crianças, poderia, em situações difíceis ou de grande carga emocional, afetar o comportamento dos adultos.

Pesquisas recentes mostraram, no entanto, que crianças muito pequenas são perfeitamente capazes de distinguir entre o que é físico e o que é mental. Propomos, portanto, a hipótese de que o antropomorfismo não se origina de uma modalidade específica de pensamento, mas sim de modalidades iniciais de interação aprendidas. Vários estudos dedicados ao desenvolvimento social de crianças mostram que o que chamamos de “antropomorfismo” é uma extensão para não humanos de modalidades interacionais específicas do diálogo entre humanos.

Antropomorfismo – Pensamento

No sentido usual e restrito, o termo “antropomorfismo” define o processo errôneo e ilegítimo pelo qual o pensamento insuficientemente crítico atribui a objetos localizados fora do domínio humano – objetos naturais ou objetos divinos – predicados emprestados da determinação do domínio humano, para fins explicativos ou simplesmente representativos.

Conceito essencialmente crítico, cuja função é denunciar um erro de tipo particular, uma espécie de vício inerente à natureza humana, a propensão do homem a representar em forma humana tudo o que não é ele mesmo, seja como efeito de uma simples projeção, seja de forma conceitualmente elaborada e quase doutrinária.

Em um sentido amplo e menos utilizado, tomado literalmente de sua etimologia, esse termo pode designar o ato de dotar algo de uma forma humana: criar do zero um objeto com forma humana no sentido plástico do termo, ou revestir um objeto já existente com uma forma ou atributos humanos.

Esse conceito então nos remete, num sentido positivo, a uma atividade que é criativa e significativa em si mesma. Seu escopo de aplicação não se restringe mais à crítica do conhecimento. É permitido supor que esse segundo significado seja responsável pelo primeiro.

Embora a denúncia do antropomorfismo sempre tenha existido, o termo é de origem recente. A Enciclopédia ignora isso e usa dois termos, que são relacionados, é verdade, “antropologia” e “antropopatia”. Antropologia é “a maneira de expressão pela qual os escritores sagrados atribuem a Deus partes, ações ou afeições que são apropriadas apenas aos homens, e isso para acomodar e proporcionar-se à fraqueza de nossa inteligência…”.

A Enciclopédia se refere a Malebranche: “Como a Escritura é feita tanto para os simples quanto para os eruditos, ela está cheia de antropologias. “Quanto à antropopatia, é “uma figura, uma expressão, um discurso no qual se atribui a Deus alguma paixão que é apropriada somente ao homem.” O primeiro destes termos terá a fortuna que conhecemos, revestida de um significado completamente diferente; o segundo estava destinado a desaparecer.

Há ainda razão para apontar o mesmo sentido retórico no Dicionário de Trévoux: “A antropologia é necessária quando se fala de Deus para fazer o povo compreender muitas coisas que não compreenderia sem ela”. É interessante ver Rousseau obrigado a recorrer, em Emílio, ao termo “antropomorfitas”, apesar do distanciamento da referência histórica: “Somos em grande parte verdadeiros antropomorfitas” (livro IV).

A data do aparecimento da palavra “antropomorfismo” é provavelmente por volta do final do século XVIII e início do século XIX.

Produção de objetos com forma humana

Com isso queremos dizer qualquer objeto de criação efetiva, de ποίησις. As modalidades, biológicas ou técnicas, as intenções, estéticas ou não estéticas, são diversas, e a forma, de natureza plástica ou gráfica, remete de modo figurativo ou simbólico à forma humana como seu modelo.

Isto deve incluir, antes de tudo, tanto a “reprodução” do homem pelo homem quanto a formação cultural à qual ele é universalmente submetido; então, a criação de objetos com o valor de “permanecer no lugar”, de substitutos eficazes, em modos religiosos, mágicos, mnemônicos ou mecânicos; finalmente, tudo o que oferece ao homem uma imagem de si mesmo e de sua organização, cujo objetivo pode ser estritamente objetivo, ou decorativo, ou mesmo caricatural.

Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/www.universalis.fr/nouvelles.univ-rennes2.fr

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