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O que é escolástica?
Escolástica e Patrística integram as escolas filosófico-cristãs da Idade Média. Essa, elaborada pelos padres da Igreja, visava, por meio da reinterpretação de textos do pensamento filosófico-pagão grego, sedimentar as bases teológicas e ideológicas do cristianismo e justificar racionalmente a fé católica que professavam. Aquela, propondo uma nova leitura dos textos aristotélicos e um trato dialético das questões centrais sobre fé e razão, visava articulá-las com o mínimo de contradição possível e assim não apenas responder às principais críticas feitas pelos ditos hereges, mas também convencer o maior número de indivíduos possível a aderirem à fé cristã.
Escolástica – O que é
Escolástica e Patrística integram as escolas filosófico-cristãs da Idade Média. Essa, elaborada pelos padres da Igreja, visava, por meio da reinterpretação de textos do pensamento filosófico-pagão grego, sedimentar as bases teológicas e ideológicas do cristianismo e justificar racionalmente a fé católica que professavam. Aquela, propondo uma nova leitura dos textos aristotélicos e um trato dialético das questões centrais sobre fé e razão, visava articulá-las com o mínimo de contradição possível e assim não apenas responder às principais críticas feitas pelos ditos hereges, mas também convencer o maior número de indivíduos possível a aderirem à fé cristã.
De acordo com Reale, a escolástica transcende ao mero conjunto de doutrinas, para ser, em síntese: “a filosofia e a teologia que eram ensinadas nas escolas medievais”.
Seu programa de pesquisa, como cita o próprio autor: “vai do uso acrítico da razão e da consequente aceitação da doutrina cristã com base na ‘autoridade’ às primeiras tentativas de penetração racional na revelação e às construções sistemáticas, que leem e interpretam as verdades cristãs de forma argumentada”.
Noutros termos, a filosofia da tradição é usada para auxiliar e embasar a interpretação da Sagrada Escritura ou ainda para consolidar uma argumentação racional para o corpo doutrinário cristão. O pensador máximo da Patrística, Agostinho de Hypona, já tinha ensinado aos cristãos que não basta crer, faz-se necessário também compreender.
E por isso, os Escolásticos tiveram que atentar que a pura leitura dos textos bíblicos, se não auxiliada pela razão, pouco convenceria seus adeptos de que a verdade ensinada na Igreja não contradiz os princípios basilares da reta razão: logicidade e não-contradição.
O uso que os escolásticos fizeram do pensamento platônico e aristotélico tinha, para Reale, uma finalidade muito clara: “demonstrar que as verdades da fé cristã não são disformes ou contrárias às exigências da razão humana, que, ao contrário, encontra nessas verdades a sua completa realização”.
O principal expoente da Escolástica é o filósofo italiano São Tomás de Aquino que, a partir duma reinterpretação do pensamento aristotélico irá aproximar fé e razão. Desse modo, a razão que antes era usada para denegrir a fé torna-se importante aliada na busca da verdade. O que inviabilizaria, de antemão, uma contraposição entre Filosofia e Teologia. Essa união e os efeitos dela é claramente exposta na teoria das cinco vias da existência de Deus quando o filósofo usa de argumentos racionais para concluir a existência de Deus.
Escolástica – Definição

Derivado do latim schola (escola), que por sua vez vem do grego skholè (σχολή, tempo dedicado ao estudo), esse substantivo, frequentemente usado como adjetivo, designa a filosofia medieval conforme ensinada nas escolas e universidades eclesiásticas do século IX ao XVII, centros da vida intelectual na Europa.
Ligada à religião cristã, a escolástica tenta harmonizar razão e fé, dando grande importância à formalização do raciocínio e ao respeito aos autores antigos. Por isso, busca conciliar o máximo possível a herança da filosofia antiga com a teologia medieval. Distinguimos entre a escolástica inicial (marcada pelo neoplatonismo e pelo pensamento de Agostinho, e dominada pela disputa sobre universais entre realistas e nominalistas), a alta escolástica (influenciada pelo aristotelismo judaico e árabe, e da qual Tomás de Aquino, no século XIII, foi uma das principais figuras) e a escolástica tardia (preocupada em particular com os debates sobre o nominalismo, liderados por Guilherme de Ockham).
O formalismo de seus métodos argumentativos, seu raciocínio excessivamente especulativo e suas exigências teológicas marcam o declínio da escolástica e de sua linguagem, julgada “bárbara” por Erasmo, para dar lugar, no século XVII, à chamada filosofia “moderna”, que substituiu a lógica medieval pelo método da matemática e da ciência experimental.
Escolástica – Conceito
Em seu uso usual, seja como substantivo genérico ou adjetivo, a palavra “escolástico” remete à ideia de repetição ou comentário sobre o que já foi dito, de sutileza pedante, em oposição à originalidade, ao espírito de descoberta pela investigação das coisas em si.
Este significado resume parte da crítica dirigida, desde o Renascimento, ao regime de pensamento e de ensino que caracteriza a Idade Média a partir do século XIII, principalmente na teologia, e que é designado pela palavra “escolástica” em seu sentido específico, o único que será aqui retido. Estamos, portanto, lidando com um fato cultural muito específico, do qual precisamos apenas analisar a natureza e as condições históricas.
O surgimento da escolástica corresponde a uma situação e a uma exigência específica: esta forma mental também atingiu, a partir da segunda metade do século XIII, um equilíbrio, uma espécie de classicismo, que evoluiria rapidamente.
A Escolástica continuará sua história com conteúdo modificado e em um estilo diferente, mas mantendo as mesmas formas. Podemos dizer, portanto, que, na corrente sempre atormentada do pensamento medieval, o século XIII marca uma inflexão significativa, ainda que seja bastante fácil identificar, nos séculos que o precederam, elementos e resultados que ele assumiu.
Portanto, a descrição a seguir tem dois polos: a estrutura original da escolástica e a crítica que lhe foi feita por Erasmo e Lutero; seguraremos assim os dois elos extremos de uma cadeia histórica.
Escolástica – Formas, Textos e Métodos
A análise da escolástica e do seu espírito pode começar muito simplesmente pelo exame das formas (literárias e intelectuais) que lhe são específicas.
Essas formas são indicadas por títulos que aparecem continuamente nos catálogos de obras escolásticas: comentários, questões disputadas, questões quodlibetais, somas. Todos têm uma base e intenção didática (scola significa “escola”). Os comentários têm como objetivo auxiliar na compreensão de obras (de natureza religiosa, filosófica, científica) consideradas fundamentais; as questões resolvem, segundo um esquema rigorosamente regulamentado, problemas de teologia ou filosofia; uma soma é o resumo sistemático de um conjunto doutrinário, um resumo que pode ser muito longo. A composição de obras nessas diversas categorias consiste na aplicação de certos métodos a um determinado conjunto de textos; métodos e textos que, com as formas que foram listadas, constituem o sistema ou regime mental característico da escolástica.
Os desenvolvimentos teóricos na Idade Média sempre foram baseados em textos. Aqueles nos quais os escolásticos baseiam principalmente seu trabalho são de ordem religiosa e secular. Os textos religiosos são as Escrituras (Antigo e Novo Testamento), em sua tradução latina; expressões do ensinamento oficial da Igreja, em particular as decisões conciliares; os escritos dos “santos”, como Agostinho, Hilário, Gregório Magno, e também os tratados atribuídos a um certo Dionísio, o Areopagita, que teria sido convertido por São Paulo e se tornado seu confidente (na verdade, este breve corpus foi composto por volta de 510 por um neoplatônico cristão ainda não identificado), finalmente e sobretudo os quatro Livros das Sentenças (Libri sententiarum), onde Pedro Lombardo (o “Mestre das Sentenças”, antigo aluno de Abelardo) havia organizado, por volta de 1150, todos os dados e problemas da fé cristã, tal como haviam sido determinados, discutidos e compreendidos pelos principais pensadores da Igreja. A escolha das Sentenças como livro básico do ensino teológico é uma das características da escolástica. Os textos seculares são essencialmente, para a filosofia, as obras de Aristóteles, a maioria das quais só recentemente foi traduzida para o latim (segunda metade do século XII).
Devemos acrescentar a isso alguns discípulos e comentadores do filósofo grego, principalmente os filósofos muçulmanos Avicena (Ibn Sīnā) e Averróis (Ibn Rušd).
Nestes dois conjuntos de escritos, destacam-se aqueles que são objeto de comentário: a Escritura (sacra pagina), Dionísio, as Sentenças, Aristóteles; as outras, que servem para compreender e desenvolver o ensinamento contido nas primeiras, são menos decisivas, mas têm, no entanto, grande importância: também elas são, em graus variados, autoridades (auctoritates); eles acrescentam seu peso ao do raciocínio e o colocam primeiro no caminho da sua verdade.
Os métodos cujos resultados são coletados em escritos escolares e cujo exercício efetivo é refletido são, acima de tudo, lectio, por um lado, quaestio e disputatio, por outro. A Lectio consiste em explicar os textos fundamentais do ensino (por exemplo, além dos citados acima, as Instituições de Prisciano para a gramática, a Aritmética de Boécio); o texto é dividido em suas diversas partes, depois comentado detalhadamente; finalmente, os problemas que ela coloca são examinados. A quaestio e a disputatio devem-se ao fato de que as dificuldades dos textos “lidos”, a diversidade das soluções propostas, suscitam questões, problemas que se destacam e exigem um tratamento especial. A quaestio surge no início do século XII; No século XIII, a técnica estava perfeitamente desenvolvida.
Em sua forma mais precisa e clara, uma pergunta inclui: a declaração de um problema (Utrum…?: é isso…?); a produção de autoridades que se inclinam a concluir em um sentido, depois daquelas que se inclinam a concluir em outro; a solução para o problema; a resposta aos argumentos que iam no sentido que era rejeitado – isto é, mais prontamente do que a refutação das “autoridades”, a sua fixação, por meio dos esclarecimentos e distinções adequados, no quadro da solução fornecida (para ilustrar este esquema, vejam-se, por exemplo, as questões que constituem a Summa Theologica de Tomás de Aquino). Este procedimento é imposto ao próprio comentário, tanto na teologia (comentários sobre as Sentenças) como em outros assuntos (temos, por exemplo, Questões sobre Prisciano); Essa maneira de repensar o assunto pode levar a modificar a economia do texto base. Incluída no ensino, a quaestio é obra exclusiva do professor; quando outros atores estão envolvidos, assume a forma ativa de disputatio, sujeita a regulamentações universitárias precisas (as questões disputadas se desenvolvem na escola do mestre, com a participação de seus alunos e graduados; para questões quodlibetais, a participação é ampliada e a escolha dos temas discutidos é deixada aos assistentes)
Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/www.philomag.com/www.universalis.fr
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