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Determinismo – O que é
O determinismo é uma doutrina segundo a qual o curso dos acontecimentos está previamente traçado por uma potência superior à livre vontade do indivíduo. Essa potência superior não permite qualquer mudança na rota dos eventos causais. Assim, a perspectiva determinista enfatiza que todo o cosmos está submetido a leis naturais necessárias e imutáveis previamente traçadas pela natureza.
O determinismo é fortemente mecanicista. Todos os fatos sobre a nossa existência seriam reduzidos a resultados mecânicos de um complexo sistema causal que, sem levar em conta nossos desejos, sentimentos, anseios, estabelece a rota da nossa existência sem permitir qualquer alteração decorrente da vontade do indivíduo.
Determinismo – Definição
Determinismo é a teoria segundo a qual a sucessão de eventos e fenômenos se deve ao princípio da causalidade, podendo esta ligação, por vezes, ser descrita por uma lei físico-matemática que estabelece então o caráter preditivo desta última.
Determinismo não deve ser confundido com fatalismo ou necessitarismo. O necessitarismo afirma a necessidade dos fenômenos em virtude do princípio da causalidade, que afirma que, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, nada acontece que não seja necessário e que não possa ser previsto desde toda a eternidade. Se o necessitarismo é essencialmente uma questão de filosofia, o determinismo é principalmente uma questão de ciência. A distinção pode parecer sutil, mas o que fundamentalmente distingue o determinismo do necessitarismo é que a necessidade determinística não é uma necessidade filosófica ou especulativa, mas uma necessidade calculável de fato, em lei ou pelo menos em hipótese.
Podemos distinguir esquematicamente entre determinismo regional e determinismo universal.
Regional é o determinismo que rege um número finito de elementos (o sistema bala/cartucho é determinístico neste sentido: uma vez dados a força propulsora da pólvora, o ângulo do cano em relação à horizontal, a massa da bala e a resistência do ar, pode-se calcular com grande precisão a forma e a duração da trajetória, bem como, consequentemente, o ponto de impacto).
O determinismo universal, às vezes chamado de “determinismo laplaciano”, é problemático: podemos considerar o universo em sua totalidade como um sistema determinístico? O determinismo regional parece a priori menos problemático (muitos sistemas aparentemente obedecem a leis que os tornam necessários).
A ideia do determinismo universal foi primeiramente delineada pelo Barão d’Holbach: “Em um redemoinho de poeira levantado por um vento forte; o que quer que pareça aos nossos olhos, na mais terrível tempestade excitada por ventos opostos que agitam as ondas, não há uma única molécula de poeira ou água que seja colocada aleatoriamente, que não tenha sua causa suficiente para ocupar o lugar onde é encontrada, e que não atue rigorosamente da maneira como deve agir. Um geômetra que conhecesse exatamente as diferentes forças que atuam nos dois casos, e as propriedades das moléculas que são movidas, demonstraria que, de acordo com as causas dadas, cada molécula atua precisamente como deveria agir, e não pode agir de outra forma do que age. »
Paul Henri Thiry d’Holbach, Sistema da Natureza
D’Holbach se distingue de necessitaristas como Spinoza ou Hobbes ao afirmar a calculabilidade da necessidade.
Mas é o astrônomo e matemático Pierre-Simon Laplace quem é creditado por afirmar o determinismo universal em todo o seu rigor: “Devemos considerar o estado atual do universo como o efeito de seu estado anterior, e como a causa daquele que se seguirá.
Uma inteligência que, por um dado instante, conhecesse todas as forças pelas quais a natureza é animada e a respectiva situação dos seres que a compõem, se além disso fosse vasta o suficiente para submeter esses dados à análise, abraçaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e aqueles do átomo mais leve: nada seria incerto para ela, e o futuro, como o passado, estaria presente aos seus olhos. A mente humana oferece, na perfeição que foi capaz de dar à astronomia, um tênue esboço dessa inteligência. Suas descobertas em mecânica e geometria, juntamente com aquelas da gravidade universal, permitiram que ele entendesse nas mesmas expressões analíticas os estados passados e futuros do sistema mundial. Ao aplicar o mesmo método a alguns outros objetos de seu conhecimento, ele conseguiu reduzir os fenômenos observados a leis gerais, e prever aqueles que dadas circunstâncias devem levar à fruição. »
Pierre-Simon Laplace, Ensaio filosófico sobre probabilidades (1814)
No determinismo universal, a inteligência que conhecia com precisão absoluta a posição e a energia de qualquer objeto em sua posição inicial podia calcular a evolução do universo a qualquer momento no tempo.
Determinismo neste caso é sinônimo de previsibilidade. Entretanto, existem sistemas determinísticos imprevisíveis, como um computador executando um programa.
O determinismo social é o modelo sociológico que estabelece a primazia da sociedade sobre o indivíduo.
A tese do determinismo social
O determinismo na filosofia e na sociologia é uma doutrina que defende que as ações dos homens estão, assim como os fenômenos da natureza, sujeitas a causas externas. Isso significa que nossas decisões e ações não são livres no sentido de que teríamos decidido por conta própria usando apenas nossa razão. Para um defensor do determinismo, nossas decisões e ações não são causadas por nosso próprio reflexo, desvinculado de qualquer influência. Em outras palavras, não somos a única causa de nossas decisões, mas há ao nosso redor e dentro de nós uma infinidade de causas externas (genéticas, sociológicas, psicológicas) que podem explicar nossas escolhas e nossas ações. Aqui nos concentraremos principalmente no que é chamado de determinismo social, que é um dos aspectos que o determinismo pode assumir.
Esta tese do determinismo se opõe à ideia de que temos livre-arbítrio, ou seja, capacidade de fazer escolhas e de ser a causa dessas escolhas. Pelo contrário, se somos determinados, então nossas escolhas não são causadas por nós mesmos, nossa vontade e nossa razão, mas por elementos externos que agem sobre nós e influenciam nossas decisões.
Segundo Bourdieu, somos determinados pelo ambiente social ao qual pertencemos, porque esse ambiente social decidirá nosso acesso à cultura ou a um certo tipo de cultura, decidirá as pessoas que conhecemos, nossa rede e também decidirá nosso capital econômico. Isso significa que uma criança de origem modesta terá menos chances de prosseguir uma educação longa ou de ter um emprego muito bem remunerado, porque seu ambiente não a incentiva a fazê-lo e nem mesmo lhe dá a ideia ou o gosto por isso.
Como exemplo desse determinismo social, podemos tomar este trecho de Retour à Reims, do sociólogo Didier Eribon: “Os estudos do meu pai, portanto, não foram além da escola primária. Ninguém teria pensado nisso, de qualquer forma. Nem seus pais nem ele. Em seu ambiente, íamos à escola até os 14 anos, pois era obrigatório, e saíamos da escola aos 14, pois não era mais obrigatório. Era assim. Sair do sistema escolar não parecia um escândalo. Pelo contrário! Lembro-me de que houve muita indignação na minha família quando a escolaridade foi tornada obrigatória até os 16 anos: “Qual é o sentido de obrigar as crianças a continuar a escola se elas não gostam, quando prefeririam trabalhar?” “repetíamos, sem nunca questionar a distribuição diferencial desse “gosto” ou dessa “falta de gosto” pelos estudos.”
Como podemos explicar a persistência das desigualdades?
Pierre Bourdieu explica o determinismo social em particular através da teoria do capital. Ele distingue três capitais diferentes. Por capital, queremos dizer o que possuímos.
Segundo ele, existem:
Capital econômico, ou seja, todos os bens que uma pessoa possui.
Capital cultural, ou seja, conhecimento, acesso à cultura, ter pais cultos, frequência regular ou ocasional a locais culturais.
Capital social, ou seja, a rede de relacionamentos à qual ele pode recorrer em caso de necessidade e que muitas vezes vem do nosso círculo familiar.
Segundo Bourdieu, dependendo se somos ricos ou não nessas diferentes capitais, teremos acesso mais fácil a um determinado nível social. Por exemplo, será mais difícil para uma criança de origem desfavorecida aspirar a ir estudar por muito tempo em Paris, porque ela já deve ter a ideia e o desejo de fazê-lo (capital cultural), será necessário dinheiro (capital econômico) e será muito mais fácil se sua família tiver conexões em Paris ou na área em que ela deseja estudar (capital social).
São esses diferentes capitais que são transmitidos através da família e que provocam o que Bourdieu chama de “reprodução social”. Por reprodução social, ele quer dizer que crianças de um determinado contexto social tendem a permanecer nesse mesmo contexto.
O Destino na Mitologia Grega

Todas as culturas tentaram ler o destino que estava reservado, especialmente aos homens. Para isso, recorreram a deuses, búzios, tarô, bola de cristal, grãos, desenhos na borra de café, linhas da mão, entre tantas outras formas. Na mitologia grega, existiam as “fiandeiras do destino” (frequentemente presentes na Poesia Clássica), chamadas de Moiras, elas eram três irmãs chamadas de Láquesis, Cloto e Átropos, cada uma delas eram encarregadas de tecer um momento da vida, existência e morte dos seres humanos e deuses. Láquesis, era a responsável por dar início à fiação da vida. Cloto, tinha por função tecer os fios e assim manipular o destino e, por fim, Átropos que era encarregada de cortar o fio da existência e assim produzir a morte.
Dica de Aprofundamento
Para melhor compreender a questão do destino na mitologia grega, recomendamos que assista ao vídeo do Canal Fatos Desconhecidos, que apresenta a história das Moiras e como que elas cuidavam do destino dos mortais e deuses.
Determinismo em Édipo Rei
Em Édipo Rei, Sófocles apresenta a história de Édipo, cujo destino estava traçado pelos deuses a cometer um parricídio contra seu pai e incesto contra sua mãe. Perturbados com essa profecia do oráculo de Delfos, Laio e Jocasta, seus pais, acham por melhor matar o menino para que a profecia não se cumprisse.
Laio e Jocasta chamam um pastor e ordena levar o menino Édipo e abandoná-lo no monte Citerão para ser devorado pelos bichos. Incapaz de tamanha crueldade, o pastor desobedece à ordem do Rei Laio e dá o menino para Políbio, o rei de Corinto. Édipo cresce sem saber que era adotado. Quando descobre, possesso de raiva, Édipo sai sem rumo e, numa encruzilhada, despois de um desentendimento com um senhor já de idade, mata o rei Laio, seu pai biológico (sem saber, cumpre-se parte da profecia).
Chegando a Tebas e conseguindo solucionar o enigma da esfinge, Édipo é declarado rei de Tebas, casando-se com Jocasta, sua mãe com quem teve quatro filhos (concretiza o seu destino). Quando descobre que Laio e Jocasta são seus pais e que ele cometeu parricídio e incesto, Édipo fura seus próprios olhos por vergonha da própria desgraça que trouxera para Tebas.
Sugerimos, ainda, que assista à encenação da tragédia comediada produzida pelo canal “Os Artenticos”:
Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/apprendrelaphilosophie.com/www.techno-science.net
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