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Para entendermos o mito da caixa de Pandora faz-se necessário regredir para avançar.
Ou melhor, entendermos: quem foi Pandora? Por quem ela foi criada? Com que finalidade? Será fruto de bênção ou castigo divino dado a algum deus? Enfim, objetivo deste texto é justamente desvendar algumas dessas questões que orbitam o mito da caixa de Pand
Caixa de Pandora – O que é
O mito da Caixa de Pandora foi descrito completamente pela primeira vez por Hesíodo em sua obra “Trabalhos e Dias”. Este mito está intimamente ligado ao do Titã Prometeu e, posteriormente, à sua história.
Mais tarde, o trágico grego Ésquilo apresentaria seu herói Prometeu listando todos os presentes que ele havia oferecido aos homens. De fato, foi Prometeu quem levou a humanidade do estado selvagem à civilização. Ele ensinou aos humanos a arte de observar as estrelas e domar animais. Prometeu inventou números e letras, criou a navegação, a medicina e a arte da adivinhação.
Ele também revelou aos homens o que a terra esconde em suas profundezas: bronze, ferro, ouro e prata. Infelizmente, Prometeu também deu aos humanos o fogo que ele havia roubado dos Deuses.
Caixa de Pandora – História
Para se vingar de Prometeu, Zeus ofereceu a mão de Pandora como presente a Epimeteu, um dos irmãos de Prometeu. Apesar de Prometeu fazê-lo jurar não aceitar presentes de Zeus, Epitemeu concordou em tomar Pandora como sua esposa. Como presente de casamento, Zeus deu a Pandora uma caixa misteriosa que ele proibiu que ela abrisse.
Esta caixa, que na verdade era um jarro, continha todos os males e infortúnios da humanidade: doença, velhice, miséria, orgulho, loucura, paixão, engano, vício, guerra, fome…
Cedendo à curiosidade (um presente de Hermes), Pandora tomou pouca precaução ao levantar a tampa da caixa e a abriu o suficiente para que todos os males terríveis saíssem, sem que ela pudesse fazer nada para contê-los. Somente a Esperança permaneceu no fundo do jarro. Mas a caixa de Pandora estava aberta!
Desde aquele dia amaldiçoado, os homens vivem cercados por mil infortúnios e calamidades. E quanto à Esperança, sempre guardada na caixa, embora às vezes enganosa, não é considerada “um mal”.
Pouco depois de Prometeu roubar o fogo do céu para dar aos homens, Zeus, o rei do Olimpo, decidiu, em sua terrível raiva, punir o Titã por sua traição, mas também se vingar da raça mortal que estava se tornando muito poderosa e invasiva, criando a primeira mulher para levá-los à ruína. Ele então ordenou que Hefesto, o deus ferreiro, moldasse a primeira mulher de barro e água, dando-lhe a aparência e a beleza de deusas imortais. Então cada atleta olímpico ofereceu-lhe um presente divino, como o rei do céu havia exigido.
Então, Atena deu-lhe vida e ensinou-lhe artes manuais como a tecelagem e depois vestiu-o; Afrodite deu-lhe a beleza e a arte da sedução; Peitho, a deusa da persuasão, concedeu-lhe a arte de convencer; As instituições de caridade colocaram um colar de ouro em volta do pescoço dela para realçar sua beleza; as Horas coroaram sua cabeça com flores; Apolo lhe deu talento musical e Hermes lhe ensinou a fala, mas também a arte de mentir, sob as ordens de Zeus. Essa mulher, que possuía a aparência de uma deusa, mas uma alma humana, foi chamada de Pandora, que significa “aquela que tem todos os dons” ou “aquela que recebeu os dons de todos”.
Pandora, a primeira mulher criada por Zeus e pelos deuses do Olimpo
Orgulhoso dessa nova criação, Zeus o enviou à Terra sob a orientação de Hermes e o ofereceu em casamento ao próprio irmão de Prometeu, o titã Epimeteu. Entretanto, apesar das recomendações e advertências do irmão, o titã simplório aceitou o presente de Zeus, deslumbrado pela beleza de Pandora. Na verdade, Pandora foi a primeira mulher que existiu, pois até então apenas os homens povoavam a Terra e se reproduziam um pouco como os cereais. Eles não conheciam fadiga, nem velhice, nem sofrimento; Um dia eles desapareceram, ainda jovens, em perfeita calma, como se tocados pelo sono.
Foi então que a vingança do mestre do Olimpo tomou forma: ele ofereceu a Pandora, como presente de casamento, uma caixa misteriosa que ele a proibiu de abrir. Anteriormente, Zeus havia trancado ali todas as calamidades resultantes da descendência de Nix, a deusa primordial, a saber, velhice, doença, guerra, fome, miséria, loucura, vício, engano, paixão, orgulho e morte. Pandora, tomada pela curiosidade sobre a caixa mágica, passou noites inteiras contemplando-a, imaginando os tesouros que ela poderia conter. Entretanto, numa noite escura, ela finalmente abriu a tampa da caixa, completando assim os desígnios sombrios de Zeus, que sabia perfeitamente que Pandora quebraria sua proibição.
Então, uma vez que a caixa foi aberta, miríades de calamidades caíram sobre a Terra em uma nuvem escura e entraram nos lares, em todos os países e nas almas de todos os homens. Zeus interveio rapidamente para ordenar que Pandora fechasse a caixa, o que ela fez ansiosamente, mas tarde demais, apenas Élpis, o conhecimento ou esperança ou mais precisamente “da expectativa de algo”, mais lenta para reagir, permaneceu trancada na caixa. Zeus também completou seu trabalho de organizar o mundo ao purgar o Éter, o céu celestial, de todas as calamidades de Nyx, precipitando-as na Terra através do ato de Pandora.
Desde aquele dia, toda a humanidade sofreu mil calamidades, lembrando aos homens que ninguém poderia escapar da vontade de Zeus. Este evento então pôs fim à era de ouro do homem e inaugurou a era de prata. Os homens suportariam o sofrimento, a morte e teriam que trabalhar a terra com as mãos para garantir sua subsistência, mas também aprenderiam a conviver com as mulheres. A humanidade se tornou escrava dos deuses, sem redenção possível. A longa jornada da humanidade continuou pela Idade do Bronze, terminando com o Dilúvio, do qual apenas os descendentes de Pandora e Prometeu, Deucalião e Pirra, sobreviveriam.
Quem foi Pandora?
Pandora segurando a caixa em suas mãos
Reza a mitologia grega que Pandora teria sido a primeira mulher mortal fruto de Hefesto e Atena, que sob ordens da fúria de Zeus (devido a ousadia de Prometeu em roubar o fogo dos deuses e dar aos homens) teriam a criado juntamente com o auxílio de vários outros deuses que lhe deram diversas habilidades e qualidades: graça, persuasão, equilíbrio, força, sabedoria, paciência, beleza etc. Assim criada, Pandora nascera à semelhança dos deuses imortais.
Após o roubo do fogo, Zeus quis punir Prometeu e também a humanidade por essa afronta. Então ele ordenou que Hefesto criasse um “presente” para enviar aos humanos. Hefesto então moldou a primeira mulher humana mortal a partir de barro e água. Deram-lhe o nome de Pandora ou Pandora: nome composto de “pan”, que significa “tudo” em grego, e também de “dôron”, que significa presente, dádiva. Pandora é, portanto, “aquela que tem todos os dons”.
Várias divindades então correram para oferecer presentes à futura companheira do homem. Primeiro, Atena deu vida a Pandora. Ela o vestiu e também o ensinou a ser habilidoso com as mãos, particularmente na arte da tecelagem.
Afrodite, por sua vez, dotou Pandora de beleza. Enquanto Apolo lhe concedeu um certo talento musical. Por fim, as Graças divinas lhe ofereceram colares de ouro; e as Horas, guirlandas de flores da primavera.
Mas Hermes lhe deu o pior presente: ensinou-lhe a arte da mentira e da persuasão e lhe deu um caráter instável. Por fim, Hera deu o toque final e a dotou de ciúmes.
Pandora, assim criada, tinha um belo corpo virgem, dotado de fala. Mas no seu seio ela escondeu mentiras e palavras enganosas.
Com este presente que é Pandora, os Deuses oferecem infortúnio aos homens mortais.
Significado da expressão “abrir a caixa de Pandora”
Assim, ao levantar a tampa do jarro, Pandora trouxe infortúnio à humanidade. A curiosidade e a indiscrição de Pandora estariam então na origem dos vários infortúnios que se abateram sobre os homens.
A “Caixa de Pandora” simboliza, portanto, a causa de uma catástrofe.
“Abrir a caixa de Pandora” significa provocar, intencionalmente ou não, uma série de problemas. Desencadear uma série de eventos sucessivos e desastrosos. Ou pronunciar palavras ou produzir fatos que são a origem do infortúnio.
Síntese do Mito
Irado com Prometeu (que foi acorrentado no Monte Cáucaso e teve o seu fígado devorado pela eternidade por uma águia), Zeus estende o castigo a Epimeteu e o oferece Pandora em casamento. Irradiado com a beleza singular de Pandora, Epimeteu, mesmo após ser alertado por seu irmão (Prometeu) dos perigos mortais de receber algum presente de Zeus, Epimeteu aceita e toma Pandora por sua esposa. Junto a Pandora vem a caixa (jarra/vaso) na qual estavam guardados todos os males que assombrariam a humanidade, mas bem lá no fundo da caixa restaria a esperança.
O que ocorre é que Pandora e Epimeteu não sabiam o que essa caixa guardava. De onde surgiu a grande dúvida e a consequente necessidade em abri-la e verificar o seu conteúdo haja vista só saberem que era um presente de casamento dado por Zeus. As versões dessa lenda atribuem ora a Epimeteu, ora a Pandora a culpa por ter aberto a caixa.
Mas é comum atribuírem a Pandora a culpa de tê-la aberto e deixar escapar todos os males que, de agora para frente, iriam atormentar os humanos como: as guerras, as dores, os desentendimentos, as doenças etc.
Reza a lenda que Pandora tentara fechar a caixa e assim impedir que mais males fossem libertos, mas só conseguira guardar o que restara em seu fundo: a esperança. A partir de então, a vida humana na terra seria marcada pelo eterno mal.
Caixa de Pandora
Análise de Nietzsche sobre o mito
Em sua obra Humano, Demasiado Humano o filósofo alemão Friedrich W. Nietzsche nos conta a sua leitura do clássico mito da caixa (vaso) de Pandora. A seguir, temos a íntegra do aforismo 71 da obra em questão.
“Pandora trouxe o vaso que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado “vaso da felicidade”. E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente; então, seguindo a vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro. O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele possui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens – é a esperança. – Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens”.
Nota
Em se tratando de história mitológica é bastante comum a existência de várias versões para contar uma mesma história. Isso se deve ao fato de terem como característica basilar a transmissão oral e não a escrita conforme estamos acostumados. E talvez seja justamente nisso que resida a maior importância de termos contato com essas lendas que, para além de fixar algo como verdade absoluta, põe em questão vários de nossos posicionamentos e nos transporta para um mundo muito diferente do material ao qual estamos acostumados.
Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/vivreathenes.com
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