Caixa de Pandora

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Para entendermos o mito da caixa de Pandora faz-se necessário regredir para avançar. Ou melhor, entendermos: quem foi Pandora? Por quem ela foi criada? Com que finalidade? Será fruto de bênção ou castigo divino dado a algum deus? Enfim, objetivo deste texto é justamente desvendar algumas dessas questões que orbitam o mito da caixa de Pandora.

Quem foi Pandora?

Reza a mitologia grega que Pandora teria sido a primeira mulher mortal fruto de Hefesto e Atena, que sob ordens da fúria de Zeus (devido a ousadia de Prometeu em roubar o fogo dos deuses e dar aos homens) teriam a criado juntamente com o auxílio de vários outros deuses que lhe deram diversas habilidades e qualidades: graça, persuasão, equilíbrio, força, sabedoria, paciência, beleza etc. Assim criada, Pandora nascera à semelhança dos deuses imortais.

Síntese do Mito

Irado com Prometeu (que foi acorrentado no Monte Cáucaso e teve o seu fígado devorado pela eternidade por uma águia), Zeus estende o castigo a Epimeteu e o oferece Pandora em casamento. Irradiado com a beleza singular de Pandora, Epimeteu, mesmo após ser alertado por seu irmão (Prometeu) dos perigos mortais de receber algum presente de Zeus, Epimeteu aceita e toma Pandora por sua esposa. Junto a Pandora vem a caixa (jarra/vaso) na qual estavam guardados todos os males que assombrariam a humanidade, mas bem lá no fundo da caixa restaria a esperança.

O que ocorre é que Pandora e Epimeteu não sabiam o que essa caixa guardava. De onde surgiu a grande dúvida e a consequente necessidade em abri-la e verificar o seu conteúdo haja vista só saberem que era um presente de casamento dado por Zeus.  As versões dessa lenda atribuem ora a Epimeteu, ora a Pandora a culpa por ter aberto a caixa. Mas é comum atribuírem a Pandora a culpa de tê-la aberto e deixar escapar todos os males que, de agora para frente, iriam atormentar os humanos como: as guerras, as dores, os desentendimentos, as doenças etc. Reza a lenda que Pandora tentara fechar a caixa e assim impedir que mais males fossem libertos, mas só conseguira guardar o que restara em seu fundo: a esperança. A partir de então, a vida humana na terra seria marcada pelo eterno mal.

Caixa de Pandora

Análise de Nietzsche sobre o mito

Em sua obra Humano, Demasiado Humano o filósofo alemão Friedrich W. Nietzsche nos conta a sua leitura do clássico mito da caixa (vaso) de Pandora. A seguir, temos a íntegra do aforismo 71 da obra em questão.

“Pandora trouxe o vaso que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado “vaso da felicidade”. E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente; então, seguindo a vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro. O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele possui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens — é a esperança. — Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens”.

Nota

Em se tratando de história mitológica é bastante comum a existência de várias versões para contar uma mesma história. Isso se deve ao fato de terem como característica basilar a transmissão oral e não a escrita conforme estamos acostumados. E talvez seja justamente nisso que resida a maior importância de termos contato com essas lendas que, para além de fixar algo como verdade absoluta, põe em questão vários de nossos posicionamentos e nos transporta para um mundo muito diferente do material ao qual estamos acostumados.

História em Vídeo

Fábio Guimarães de Castro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NIETZSCHE, F. W. Humano Demasiado Humano (tradução de Paulo Cezar de Souza). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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