Sofística

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Os sofistas renderam sabores e dissabores ao longo da história da filosofia. Foram severamente criticados por: Sócrates, Platão e Aristóteles que os consideravam “mercenários da educação”, “charlatães do conhecimento”. Termos pesados não!? Explicar quem são, quais as suas importâncias e as críticas que a eles foram direcionadas é a intenção desse texto. Siga em frente e entenda a sofística.

Contextualizando, a sofística surge dentro do chamado Período Clássico da filosofia: marcado pela preocupação ontológica e gnosiológica e de forte cunho antropológico e humanista. Destarte, eles deslocam o eixo da reflexão filosófica da physis e do cosmos (objeto de investigação pré-socrática) para o fenômeno humano e suas manifestações o que, no limite, poderíamos afirmar que abriram as portas para a filosofia moral.

Os sofistas podem ser definidos como sendo mestres nômades e ardilosos oradores que tinham como incumbência ensinar a arte da argumentação aos que pagassem por seus serviços. Há quem os defina como sendo os “iluministas gregos”. Mas aí você pode estar se perguntando porque pagar para aprender a argumentar?

Sofistas

E para isso é importante retornar na história e entendermos que na Grécia Antiga, especialmente em Atenas, o regime democrático não era o representativo como temos aqui no Brasil no qual se elege alguém que julgamos ter bases sólidas para defender os nossos interesses. Os gregos adotavam a democracia direta, ou seja, os próprios cidadãos eram responsáveis por defender os seus interesses; daí a necessidade de saber fazer o reto uso da palavra para que pudessem convencer os seus interlocutores, nas assembleias, de que suas propostas de intervenção social eram as melhores e que mereciam atenção cuidadosa.

São características comuns aos sofistas:

– Eloquentes oradores;

– Exigiam pagamento por seus ensinamentos;

– Eram nômades (sentiam-se cidadãos da Hélade).

Dentre os seus representantes, destacam-se:

Protágoras propõe o axioma do homo mensura: “o homem é a medida de todas as coisas”. Em outras palavras, não é aceitável a existência de uma verdade universal haja vista ela depender de cada um, do homem individual. Nesse sentido, diante de um meio copo d’água e da pergunta se ele está meio cheio ou meio vazio a resposta de Protágoras seria que depende de quem olha para esse copo: para um otimista ele poderá estar meio cheio; e um pessimista considera-lo meio vazio. Embora diversas essas respostas elas não alterariam a realidade do meio copo d’água. Com isso, Protágoras estabelece o relativismo da verdade e nega a possibilidade de discriminar o “ser” e o “não-ser” que atormentou inúmeros filósofos.

Górgias, o niilista ocidental, constrói a sua retórica visando impossibilitar a existência de uma verdade absoluta. A seu ver o ser é inexistente, incognoscível, inexprimível.

Os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles serão uma verdadeira pedra no sapato dos sofistas. A ver desses filósofos, a educação deveria ser gratuita e pública, como era na Academia de Platão, no Liceu de Aristóteles ou nos ensinamentos públicos de Sócrates; jamais a educação deveria ser endereçada mediante compensação pecuniária.

Os sofistas, ao contrário, fizeram do ensino uma profissão, preparavam para o exercício da cidadania apenas quem pudesse pagar por seus ensinamentos. Daí serem chamados de “mercenários da educação”, “charlatães do ensino” e tantos outros termos depreciativos.

Todavia, embora criticados por Sócrates, Platão e Aristóteles é inegável a contribuição que os sofistas deram para a civilização helênica: educaram política e pedagogicamente os cidadãos, além de renovar os antigos valores da tradição.

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Fábio Guimarães de Castro

Referências Bibliográficas

ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni. História da Filosofia (vol. I). 8. ed. São Paulo: Paulus, 2007.

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