Empirismo

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Empirismo – O que é

O ambiente histórico-filosófico moderno é marcado, entre outras características pelo surgimento da ciência empírica.

E é nesse contexto que surgem duas grandes correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo que, embora diversas quanto ao método, pretendem estabelecer uma base segura de investigação a cerca dos limites e possibilidades do conhecer.

 Nesse texto, atentaremos para o empirismo, suas bases epistemológicas e citaremos os nomes de alguns dos empiristas mais renomados na História da Filosofia fazendo, sempre que possível, paralelo com a realidade atual.

Rejeitando o postulado da origem inata de nossas ideias na mente tal qual postulava os filósofos da vertente racionalista, os filósofos empiristas elevam a experiência a uma outra dimensão, tornando-a única fonte objetiva do conhecimento humano da realidade que o cerca. Para tanto, os empiristas tomam como base as ciências naturais e a sua observação cuidadosa por meio dos sentidos.

Empirismo – Definição

Oposto ao racionalismo, o empirismo apoia a ideia de que todo conhecimento, crenças e gostos humanos derivam da experiência sensorial interna ou externa, direta ou indiretamente.

Se o termo empirismo designa, entre os gregos, uma forma de ceticismo ligada à escola de Pirro, seu uso só se generalizou no século XIX sob um novo significado.

A palavra “empirismo” é usada para interpretar a história da filosofia distinguindo retrospectivamente, antes de Kant, os filósofos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz) que defendiam ideias inatas, e os empiristas (Bacon, Locke, Berkeley, Hume, Condillac) para quem todo conhecimento é a posteriori. O critério para distinguir entre essas duas correntes diz respeito principalmente ao problema da construção do conhecimento humano objetivo.

Enquanto os racionalistas defendem a ideia da onipotência da mente e da lógica, os empiristas deduzem todo conhecimento da experiência passiva dos nossos sentidos e, assim, fundam uma teoria de evidência confirmatória. Com a Crítica da Razão Pura (1787), Kant, no entanto, modifica a tese empirista ao acrescentar a dimensão ativa da mente humana, pois “do fato de que todo conhecimento começa com a experiência, não se segue que ele derive inteiramente da experiência”.

No século XX, o empirismo lógico (Russell, Wittgenstein) fez da razão um instrumento para classificar dados observacionais em afirmações bem fundamentadas. A psicologia associacionista – segundo a qual se pode reconstruir toda a vida mental a partir da maneira como os dados sensoriais elementares se combinam na consciência – também é empirista.

Empirismo – Filosofia

Defendido desde a Antiguidade, o empirismo se refere à ideia de que a observação e a experiência sensorial desempenham um papel central na aquisição e justificação de nossas crenças, sejam elas comuns (acho que o gato está no jardim porque acabei de vê-lo lá), ou muito mais sofisticadas, como as sustentadas pelos cientistas (de acordo com os resultados das análises e a natureza dos artefatos encontrados nas proximidades, este esqueleto é de um aurignaciano).

Se o empirismo se encaixa bem com as intuições do senso comum, ele não é epistemologicamente autoevidente.

De fato, nem toda experiência carrega necessariamente a verdade: as aparências às vezes enganam, e até mesmo o paleoantropólogo mais escrupuloso está sujeito a cometer erros.

Parece, portanto, falso afirmar que a experiência é suficiente para estabelecer o conhecimento: por um lado, ela é sempre limitada (mesmo que todos os corvos que vi até agora fossem pretos, não posso concluir que todos os corvos são pretos) e, por outro lado, deve ser conduzida e interpretada com um mínimo de método e razão, caso contrário, como Bouvart e Pécuchet no romance homônimo de Flaubert, pode-se tirar dela as conclusões mais bizarras. Mas então qual o papel da experiência sensorial no desenvolvimento do nosso conhecimento?

Para melhor compreender em que consiste a doutrina do empirismo, partiremos de uma definição que a caracteriza pela adesão a três teses: uma tese psicológica; uma tese epistemológica; e finalmente, uma tese semântica. Veremos como, ao longo da história da filosofia ocidental, diferentes autores tentaram articular essas três teses de maneira coerente e as dificuldades que enfrentaram. O mais delicado deles é o fato de que o empirismo parece ser um terreno fértil para o ceticismo, em vez de uma base para o conhecimento. Teremos, assim, a oportunidade de examinar as origens do empirismo como método na arte médica, depois seu desenvolvimento e sua elaboração como doutrina propriamente filosófica durante a Modernidade. Veremos então como, recorrendo à análise lógica e semântica dos enunciados, os filósofos da primeira metade do século XX tentaram afastar a ameaça cética que ainda parece estar associada ao empirismo e o impede de desempenhar plenamente seu papel na teoria do conhecimento. O fracasso dessa tentativa e as alternativas que foram então propostas para explicar o valor do conhecimento empírico, apesar de tudo, nos permitirão, em última análise, entender melhor os termos em que o debate epistemológico é apresentado hoje, em particular no que diz respeito ao valor da experiência perceptiva como prova ou justificação.

Empirismo e Metafísica

Empirismo

O grande problema que essa corrente terá de lidar é com os fenômenos metafísicos: alma, liberdade, justiça, Deus que não podem ser conhecidos mediante a experiência concreta e cientificamente comprovada. É neste sentido, que o empirismo, levado às derradeiras consequências, conduzirá fatalmente a um ceticismo ainda que apenas metafísico, tal qual o ceticismo humano. Caso tenha interesse em se aprofundar no conceito de ceticismo sugerimos a leitura do texto Ceticismo disponível neste Portal, o link encontra-se presente na bibliografia.

Representantes:

Os representantes que aderiram à vertente empírica e a sistematizaram em seu corpus teórico são dos mais diversos filósofos desde a Antiguidade (Sofistas, Estoicos e Epicuristas) à Contemporaneidade, mas dentre os mais relevantes para o objetivo deste texto, cumpre citar: John Locke (1632-1704); David Hume (1711-1776); Étienne Bonnot de Condillac (1715-1780); John Stuart Mill (1806-1873), dentre outros.

Hume: Sentido versus Razão

Em sua obra Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Hume é bastante claro quanto à importância dos sentidos na observação cuidadosa da realidade. Segundo o filósofo britânico, as faculdades da razão “podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos, porém nunca podem alcançar integralmente a força e a vivacidade da sensação original”.

E, a seguir, fazendo um paralelo com a poesia, afirma: “Todas as cores da poesia, apesar de esplêndidas, nunca podem pintar os objetos naturais de tal modo que se tome a descrição pela imagem real”. Desse modo, Hume não só valoriza os sentidos, mas mostra a incapacidade de a razão, sozinha, ser objetiva o suficiente para descrever, com precisão, a realidade sensível.

Para os filósofos empiristas o conhecimento pleno da realidade não seria possível fazendo uso estrito da faculdade da razão, mas só se efetivaria mediante a experimentação por meio dos órgãos dos cinco sentidos. E para entender isso basta recorrermos à ideia de computador ou celular com o qual você neste exato momento pode estar lendo este texto.

Para conhecer o que é um computador, segundo os empiristas, faz-se necessário estabelecer contato com ele.

Esse contato pode ser: visual, quando o vejo diante dos meus olhos de forma física ou representado por imagem; auditivo, quando alguém que já o conhece me descreve nos mínimos detalhes; tátil, quando tenho acesso à materialidade do computador; olfativo, quando consigo detectá-lo pelo cheiro próprio às maquinas; palatável, quando mediante o paladar o indivíduo consegue detectar a presença de um computador e não de um alimento, por exemplo.

Fonte: Colégio São Francisco/Fábio Guimarães de Castro/www.philomag.com/encyclo-philo.fr

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