História da Alexander McQueen

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A morte de Alexander McQueen, põe fim à carreira de um dos mais talentosos e iconoclastas estilistas. As passarelas nunca mais serão as mesmas sem ele.

É difícil resumir a carreira de Alexander McQueen pegando como exemplo só uma temporada. Mas o desfile de inverno 2009, um de seus últimos, é uma síntese perfeita do que o estilista melhor sabia fazer: uma alfaiataria impecável, salpicada por doses de bom humor e rebeldia – muitos looks eram paródias das criações de Chanel e Dior, os dois nomes mais “santos” da história da moda. Iconoclasta, rebelde e avesso a entrevistas, o inglês ganhou cedo a alcunha de enfant terrible: aos 16 anos, abandonou o colégio e foi ser aprendiz de alfaiate em Savile Row, a rua mais tradicional de Londres no quesito terno perfeito.

Foi entre um corte e outro que ele teria costurado palavras obscenas no forro dos modelos encomendados pelo príncipe de Gales.

Mas, se é verdadeira, a lenda foi esquecida: em 2003, a rainha Elizabeth concedeu ao estilista a medalha de cavaleiro em agradecimento a sua contribuição à moda britânica.

História

O começo de tudo

Caçula de seis filhos, de origem humilde – seu pai era taxista –, McQueen começou a brilhar em 1994, ano em que concluiu o mestrado na badalada Central Saint Martins College of Art and Design. Mesmo sem ter terminado os estudos, criou sua própria etiqueta, em 1992, e garantiu uma vaga na sala de Louise Wilson, a famosa professora da Saint Martins, conhecida por farejar talentos como ninguém.

No desfile de formatura, conquistou outra expert: Isabela Blow, então editora da revista Tatler, comprou todas as peças e rebatizou o estilista – o primeiro nome, Lee, foi abandonado pelo segundo, Alexander.

A troca deu sorte. Apenas dois anos depois, em 1996, McQueen foi recrutado pela Givenchy para assumir o posto deixado por seu colega de faculdade John Galliano. Ficou na maison francesa até 2001, quando negociou a venda de parte da sua marca para a PPR, o grupo arquirrival da LVMH, dona da Givenchy.

A negociação reforçou sua fama de bad boy e o desfile de inverno 2001/2002, um carrossel do terror, foi uma espécie de resposta: ele exorcizou os fantasmas com uma coleção que ecoava a melancolia dos escritores Edgar Allan Poe e Lord Byron, referências fortes em seu trabalho.

A morte e a beleza trágica, aliás, foram recorrentes em sua carreira. “Ele tinha uma sensibilidade única e representava a contestação e o inconformismo de toda uma geração. Além disso, era um grande criador de imagens”, diz a jornalista Érika Palomino, que acompanhou a trajetória de McQueen desde o início. “Com a sua morte, tudo vai ficar mais careta.”

Veia teatral

Alexander McQueen

Os desfiles de McQueen na Semana de Moda de Paris tinham mesmo o dom de se destacar frente às dezenas de coleções comerciais. Teatral e único, ele colocou robôs tingindo vestidos na passarela (verão de 1999), recriou A Noite dos Desesperados, de Sidney Pollack, com modelos dançando até a exaustão (verão 2004), montou um xadrez humano (verão 2005), homenageou Hitchcock (inverno 2005), projetou na passarela um espectro de Kate Moss (inverno 2006). Criou peças que muitas vezes se aproximavam da arte – e nem sempre eram compreendidas.

“McQueen mostrou ao mundo em poucas e boas palavras a coragem de um artista que não tinha medo de se expor”, avalia Alexandre Herchcovitch, estilista brasileiro que muitas vezes é comparado ao gênio inglês (ambos elegeram as caveiras como seu símbolo, pois mesclam a tradição com a rebeldia e chamaram a atenção da mídia já no desfile de formatura).

Sua saída de cena em 11 de fevereiro, quando tirou a própria vida (especula-se que a morte de sua mãe, Joyce, apenas uma semana antes tenha motivado seu suicídio), deixou a moda órf㠖 e mais triste. Se serve de consolo, o grupo PPR, que detém 51% das ações da marca Alexander McQueen, anunciou que vai mantê-la no mercado. Mesmo que isso não leve em conta as convicções do próprio estilista.

Em Fashion Victim: The Killing of Gianni Versace, documentário produzido em 2001, McQueen deu a seguinte declaração: “Não acho que a marca (Versace) deva continuar após a morte de Gianni. Um designer tão autoral como ele não pode ser substituído. Quando eu morrer, não quero que ninguém continue por mim”.

O lado doce do bad boy

Se por um lado não era simpático com a mídia e não se preocupava em explicar suas coleções, alimentando o mito de menino mau da moda inglesa, McQueen era fiel a seus amigos — foi um dos primeiros a defender Kate Moss no episódio do jornal Daily Mirror, que publicou fotos da modelo usando cocaína, e ficou de luto em 2007, ano em que sua amiga e musa, Isabela Blow, se suicidou. Se tinha um ar sombrio e triste, que flertava com a morte, era romântico.

Se olhava para o passado — viajava para a Inglaterra eduardiana, recriava corsets que faziam as modelos perderem o fôlego (Abbey Kee Kershaw desmaiou em um desfile) —, era também uma ponte para o futuro: o último desfile, do verão 2010, tinha looks anos-luz à frente da concorrência e sapatos com saltos de 30 cm.

Alexander McQueen

E, se não se rendia aos apelos comerciais (sua marca quase sempre operou no vermelho), era capaz de transformar produtos banais em itens de colecionador: os tênis da Puma e as malas da Samsonite são provas disso.

Fãs de peso

Alexander McQueen

Não eram só as passarelas que serviam de palco para as criações de McQueen. Cate Blanchett e Sarah Jessica Parker eram duas entusiastas de seus tartãs e vestidos excêntricos.

Já Björk e Lady Gaga usaram figurinos dele em vídeos — Homogenic (dirigido pelo estilista) e Bad Romance, respectivamente — e aparições públicas.

McQueen também brincou de editor e fez da modelo Aimeé Mullins, portadora de deficiência física, musa, na histórica edição de 1998 da revista Dazed & Confused. Vai fazer falta.

Alexander McQueen, precoce na vida e na arte

Surpreendente, arrojado, intenso, contemporâneo, inovador, majestoso, apaixonante e genial. Estes são alguns dos incalculáveis adjetivos que fazem referência ao trabalho do inglês Alexander McQueen, estilista que conquistou o mundo da moda ao longo das última duas décadas e que abalou o mesmo segmento, no dia 10 de fevereiro, ao ser encontrado morto precocemente, aos 40 anos, em sua casa, na cidade de Londres.

Filho de um taxista e nascido na mesma Londres que o viu partir, por motivos que nunca serão realmente conhecidos, McQueen começou a “flertar” com o mundo da moda ao desenhar roupas para suas irmãs.

Já aos 16 anos, o inglês deixou a escola e passou a se dedicar exclusivamente à sua grande paixão, atuando como aprendiz de alguns dos maiores nomes da moda britânica, entre eles Anderson & Shephard, Gieves & Hawkes e Angels & Bermans, onde aprendeu os “truques” para a execução técnica e dos mais diversificados cortes de vestuários.

Toda esta experiência contribuiu para que Alexander McQueen concluísse, com muito destaque, o mestrado em design de moda na conceituada Saint Martins College of Art and Design e, posteriormente, negociasse sua coleção de graduação com a estilista Isabella Blow, fato que impulsionou a sua carreira e fez com que McQueen conquistasse o respeito do mercado, recebendo o convite para atuar como estilista da maison de alta-costura parisiense Givenchy.

A contribuição para a grife de Paris fez com que o inglês tivesse contato com os maiores nomes da moda mundial, adquirindo subsídios e conhecimentos para a criação da maison Alexander McQueen, grife própria que lhe deu fãs e clientes renomados, entre eles as cantoras Rihanna e Lady Gaga, dois dos principais nomes da música pop internacional, e que fazia parte do poderoso grupo de grifes Gucci, pertencentes ao Pinault-Printemps Redoute (PPR), empresa francesa de varejo e artigos de luxo.

Já celebrado e disputado pela indústria da moda, McQueen continuava o seu intenso e audacioso processo de criação, consolidando-se profissionalmente ao lançar tendências que marcaram o mundo, entre elas as calças de cintura baixa, as estampas de caveiras, as peças de alfaiataria, a estética gótica e os desfiles tratados como verdadeiras superproduções, que levavam a tecnologia, o drama e as artes cênicas para cima das passarelas.

Foi assim que o fantástico Alexander McQueen construiu uma carreira de sucesso, marcada por poucas polêmicas, por um trabalho inconfundível e, infelizmente, por um final tão dramático quanto às suas principais colecões.

McQueen se foi, mas suas contribuições para o mundo da moda, repletas de tendências e conceitos, serão difundidas por muitos e muitos anos.

Fonte: elle.abril.com.br/ www.guiatextil.com

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