Artigo

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Subclasse de palavras variáveis que se antepõe ao substantivo para identificar e determinar o ser que este exprime.

Se se trata de um ser já conhecido utiliza-se o artigo definido.

Se se trata de um simples representante de uma dada espécie ao qual não se fez menção anterior utiliza-se o artigo indefinido.

Formas Simples

Artigos Definidos

Artigos Indefinidos

 

Singular

Plural

 

Singular

Plural

Masculino

o

os

Masculino

um

uns

Feminino

a

as

Feminino

uma

umas

 

Formas Combinadas (Contração)

 

Artigos Definidos

 

Artigos Indefinidos

Preposições o a os as Preposições um uma uns umas
a ao à aos às em num numa nuns numas
de do da dos das          
em no na nos nas de dum duma duns dumas
por (per) pelo pela pelos pelas          

Artigo – Palavra

Artigo é a palavra variável que antepomos aos substantivos para determiná-los. Indicando-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.

Quanto a classificação o Artigo pode ser:

Definidos: Os Definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.

Indefinidos: Os Indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso e geral.

Quanto ao Gênero e ao Número o Artigo pode ser:

Número Artigo Definido: Artigo Indefinido:

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

Singular

o

a

um

uma

Plural

os

as

uns

umas

Observação: Isoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de significação.

Artigo – Classe

Classe variável que define ou indefine um substantivo.

Podem ser:

Definidos: o/a, os/as

Indefinidos : um/uma, uns/umas

Flexionam-se em:

Gênero

Número

Servem para:

Substantivar uma palavra que geralmente é usada como pertencente a outra classe.

Exemplo

calça verde (adjetivo)

o verde (substantivo) da camisa, não (advérbio) quero

“Deu um não (substantivo) como resposta”.

Evidenciar o gênero do substantivo.

Exemplo

o colega

a colega

o dó

o cônjuge

Artigo – Uso

Usos e Não usos do Artigo Definido e Indefinido

O Artigo como classe gramatical

No Brasil é grande a preocupação com a crase, mas poucas pessoas se dão conta de que conhecer bem o artigo é imprescindível para se fazer bom uso do acento indicativo de crase. O artigo é a palavra que introduz o substantivo, indicando-lhe o gênero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).

O artigo definido – o, a, os, as – individualiza, determina o substantivo de modo particular e preciso. Designa um ser já conhecido do leitor ou ouvinte.

Exemplos:

O violino está desafinado. [referência a um instrumento específico, seja o meu ou o seu, enfim aquele já mencionado]

A lâmpada queimou. [a apontada ou a única no local]

Falei com os meninos. [meninos já conhecidos do falante]

Vimos as estrelas no telescópio. [as estrelas de que falávamos antes]

O artigo definido também é empregado para indicar a espécie inteira; isto é, usa-se o singular com referência à pluralidade dos seres:

O homem é mortal. [ = todos os homens]

A acerola contém grande quantidade de vitamina C.

Dizem que o brasileiro é cordial.

O artigo indefinido – um, uma, uns, umas – determina o substantivo de modo impreciso, indicando que se trata de simples representante de uma dada espécie.

Designa um ser ao qual não se fez menção anterior.

Exemplos:

Um violino está desafinado. [um dentre os vários da orquestra]

Uma lâmpada queimou. [uma das diversas existentes no local]

Falei com um menino. [não é particularizado]

Vimos uma estrela no telescópio. [uma representante da espécie]

Marcos deve ter uns quarenta anos. [aproximação]

Por questão de estilo, evita-se a utilização freqüente de um, uma. O abuso do artigo indefinido torna a frase pesada e deselegante.

Observe nos períodos abaixo como certos artigos são desnecessários:

A menina ganhou (uns) lindos brinquedos.
Recebemos do interior de São Paulo (uns) pêssegos maravilhosos.
O funcionário está respondendo a (um) processo por malversação de dinheiro.
“Sou muito feliz por ter (uns) pais como vocês”, escreveu a criança.
Ter (uma) boa saúde é fundamental.
Colocar um coração de (um) babuíno em um recém-nascido foi (um) ato tão ousado quanto atravessar o Atlântico a nado.
Vi Laura em (uma) tal consternação que achei melhor ficar quieto.
Encontrei (uma) certa resistência quando sugeri que discutíssemos o assunto em (uma) outra ocasião.

Não se usa o artigo indefinido antes de pronome de sentido indefinido, como certo, outro, qualquer, tal.

Casos específicos

O desfile foi um horror! Foi uma alegria te ver.

Certo. O artigo indefinido é usado como reforço em expressões exclamativas.

Ensino técnicas modernas de alfabetização. / Ensino as técnicas modernas de alfabetização.

Certo. Na 1ª frase está subentendida a indeterminação: umas/algumas técnicas; na 2ª, entende-se que sejam todas as técnicas existentes no momento.

A neve e o vento glacial alteraram a paisagem européia e não pouparam país.

Está certa a ausência do artigo, pois significa que nenhum país (da Europa) foi poupado no pior inverno dos últimos anos. É importante notar que a indefinição se faz mentalmente – não é preciso constar explicitamente o artigo ou o pronome indefinido. Caso a reportagem estivesse se referindo só à Inglaterra ou à Suécia, por exemplo, o redator teria escrito “não pouparam o país”.

Normalmente nos guiamos pela intuição, mas é possível estabelecer algumas normas que presidem o uso ou a omissão do artigo. Vejamos caso a caso.

Só é possível comparecer ao baile com trajes de época.

“De época” é expressão usada para designar um traje, uma fantasia característica do passado. Com o artigo [da época], seríamos obrigados a determinar qual.

(A) Graça pediu que você ligasse para ela.

O artigo pode ser usado junto a um nome de pessoa quando existe familiaridade. Mas em algumas regiões do Brasil dispensa-se o artigo sistematicamente diante do nome da pessoa.

João Figueiredo pediu para ser esquecido.

Os nomes próprios de pessoas (famosas ou não), quando usados por inteiro, não precisam do artigo.

Gostaria de descer o Amazonas até os Andes.

Usa-se o artigo com nomes próprios geográficos, nomes de países e de alguns Estados brasileiros (o Paraná, o Rio de Janeiro, a Bahia, o Rio Grande do Sul, o Espírito Santo etc.)

Visitarei (o) Recife nos próximos dias.

Nomes de cidades geralmente prescindem de artigo. Há exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto. Quanto a Recife, é facultativo o uso.

Finalmente visitarei a Ouro Preto dos meus sonhos.

Nomes de cidades passam a admitir o artigo desde que acompanhados de qualificação (“dos meus sonhos”, neste caso).

D. Pedro II, imperador do Brasil, dava longos passeios pelos jardins do Palácio.

Dir-se-ia o imperador se D. Pedro II tivesse sido o único e não um imperador do Brasil.

Sua Alteza casou com Dona Teresa Cristina. / Espero não ter interrompido V. Exa.

Não se usa artigo antes de pronomes pessoais e de tratamento.

Falei com a srta. Ana, sua secretária, antes de vir procurá-la, senhora deputada.

Dentre as expressões de tratamento, senhor, senhora e senhorita são as únicas que admitem artigo, mas não quando vocativo, ou seja, quando nos dirigimos à própria pessoa.

Santo Antônio é seu padroeiro e confidente.

Os adjetivos São, Santo e Santa, quando acompanhados de nome próprio, não admitem artigo, assim como Nosso Senhor e Nossa Senhora.

Voltou para casa mais tarde do que de hábito./ Voltou para a casa dos pais depois da separação.

O artigo é omitido antes da palavra casa quando designa residência, lar. Mas não quando particularizada ou usada na acepção de prédio, estabelecimento.

Finalmente estou em terra – já não agüentava o enjôo do navio.

Omite-se o artigo junto ao vocábulo terra quando em oposição a bordo, mar.

Esteve em palácio, por convocação do senhor Governador.

Costuma-se omitir o artigo com a palavra palácio quando designa a residência ou o local de despacho de um chefe de governo.

Pagou Cz$ 40,00 o quilo da maçã. / Custa mil o metro.

O artigo é usado nas expressões de peso e medida com o sentido de “cada”.

O inverno brasileiro é moderado.

Usa-se o artigo com as estações do ano, exceto quando elas vêm precedidas de ‘de’, significando próprio de, como em “Gosto do sol de inverno”.

O artigo caso a caso (conclusão)

(O) meu carro custou a pegar, hoje de manhã.

É indiferente o emprego do artigo antes de possessivos acompanhados de substantivos.

Aquele carro que acharam é (o) meu.

Em função substantiva (isto é, no lugar do substantivo), o possessivo tem um sentido quando acompanhado de artigo (o meu carro = o único que possuo), e outro sentido sem o artigo (“é meu” denota uma simples idéia de posse).

Quem não tem suas dificuldades?

Dispensa o artigo o pronome possessivo usado em expressões com o valor de “alguns”.

Vem cá, meu amor.

Quando o possessivo faz parte de um vocativo, não admite o artigo.

Dou em meu poder seu ofício de 15 de setembro.

O artigo é omitido com o possessivo em certas expressões feitas: em nosso poder, a seu bel-prazer, por minha vontade, cada um a seu turno, a meu modo, em meu nome, a seu pedido etc.

Sal, pimenta e açúcar devem ser usados em quantidades moderadas.

Omite-se o artigo antes de palavras de sentido geral, indeterminado.

Você tem razão em não dar confiança ao rapaz, pois ele só disse mentiras.

Não se usa o artigo antes de substantivos abstratos, em expressões que não contêm nenhuma determinação.

Apresentou-se na festa com o marido e o irmão.

Normalmente se repete o artigo para evitar ambigüidade, pois sem ele os dois substantivos podem designar o mesmo ser.

Não seria o caso acima, porque não se casa com irmão, mas fica diferente agora: Admiro o meu irmão e amigo (uma pessoa). Admiro o meu irmão e o meu amigo (duas pessoas).

Já não se estuda Latim nas escolas.

Dispensam o artigo as matérias de estudo empregadas com os verbos ensinar, aprender, estudar e equivalentes.

Artigo – Gramática

Artigos são palavras que precedem aos substantivos (ou seja vem antes dos substantivos) para determiná-lo ou indeterminá-lo.

Os artigos definidos ( o, a, os, as),de modo geral, indicam seres determinados , conhecidos da pessoa que fala ou escreve.

Artigo é a palavra variável em gênero e número que precede um substantivo, determinando-o de modo preciso (artigo definido) ou vago (artigo indefinido).

Os artigos classificam-se em:

01) Artigos Definidos: o, a, os, as.

02) Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.

Exemplos

O garoto pediu dinheiro. (Antecipadamente, sabe-se quem é o garoto.
Um garoto pediu dinheiro. (Refere-se a um garoto qualquer, de forma genérica.)

Emprego dos artigos 01) Ambos

Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso.

Ex.

Ambos os atletas foram declarados vencedores. (Atletas é substantivo que exige artigo.)
Ambas as leis estão obsoletas. (Leis é substantivo que exige artigo.)
Ambos vocês estão suspensos. (Vocês é pronome de tratamento que não admite artigo.)

02) Todos: Usa-se o artigo entre o pronome indefinido todos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso. Ex.

Todos os atletas foram declarados vencedores.
Todas as leis devem ser cumpridas.
Todos vocês estão suspensos.

03) Todo: Diante do pronome indefinido todo, usa-se o artigo, para indicar totalidade; não se usa, para indicar generalização. Ex.

Todo o país participou da greve. (O país todo, inteiro.)
Todo país sofre por algum motivo. (Qualquer país, todos os países.)

04) Cujo: Não se usa artigo após o pronome relativo cujo. Ex.

As mulheres, cujas bolsas desapareceram, ficaram revoltadas. (e não cujo as bolsas.)

05) Pronomes Possessivos: Diante de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo. Ex.

Encontrei seus amigos no Shopping.
Ensontrei os seus amigos no Shopping.

06) Nomes de pessoas: Diante de nome de pessoas, só se usa artigo, para indicar afetividade ou familiaridade. Ex.

O Pedrinho mandou uma carta a Fernando Henrique Cardoso.

07) Casa: Só se usa artigo diante da palavra casa (lar, moradia), se a palavra estiver especificada. Ex.

Saí de casa há pouco.
Saí da casa do Gilberto há pouco.

08) Terra: Se a palavra terra significar “chão firme”, só haverá artigo, quando estiver especificada. Se significar planeta, usa-se com artigo. Ex.

Os marinheiros voltaram de terra, pois irão à terra do comandante.
Os astronautas voltaram da Terra.

09) Nomes de lugar: Só se usa artigo diante da maioria dos nomes de lugar, quando estiver qualificado. Ex.

Estive em São Paulo, ou melhor, estive na São Paulo de Mário de Andrade.

Nota: Alguns nomes de lugar vêm acompanhados de artigo: a Bahia / o Rio de Janeiro / o Cairo; outros têm o uso do artigo facultativo.

São eles: África, Ásia, Europa, Espanha, França, Holanda e Inglaterra.

10) Nomes de jornais, revistas…: Não se deve combinar com preposição o artigo que faz parte do nome de jornais, revistas, obras literárias. Ex.

Li a notícia em O Estado de São Paulo.

Artigo – Definido e Indefinido

Artigo é a partícula que vem sempre antes de um substantivo para designar seu gênero, particularizando-o ou generalizando-o.

Qualquer classe gramatical de palavras que for precedida de artigo será automaticamente substantivada.

Quanto à capacidade de particularizar ou de generalizar um substantivo, o artigo pode ser classificado em definido (particularizante, indica um ser específico dentro da espécie) ou indefinido (generalizante, indica um ser qualquer dentro da espécie).

Veja a tabela de artigos seguinte:

Artigos Definidos

Número / Gênero Masculino Feminino
Singular le la
Plural les las

Artigos Indefinidos

Número / Gênero Masculino Feminino
Singular un une
Plural uns unes

Observação: Os artigos indefinidos no plural não são exatamente usados como o plural dessas formas no singular. São equivalentes ao pronome indefinido alsun e compostos. O verdadeiro plural do artigo indefinido singular é simplesmente a ausência de artigos.

Além disso, há o artigo l’, usado no lugar de le e de la antes de palavras começando com vogal: l’ammy, l’episode, l’office.

O artigo une ainda possui a forma un’, que possui o mesmo uso de l’ mas que não deve ser usada comumente, somente em textos literários e em discursos orais muito cerimoniosos: un’ammante, un’officiélle.

Artigo – Substantivo

Na frase, há muitas palavras que se relacionam ao substantivo.Uma delas é o artigo.

Artigo é a palavra que se antepõe ao substantivo para determiná-lo.

Exemplos:

A menina

uma menina.

Classificação do Artigo

O artigo se classifica de acordo com a idéia que atribui ao ser em relação a outros da mesma espécie.

Exemplos:

Um homem tocou a campainha.
Era o técnico chamado para consertar a TV.

O artigo um que se refere ao substantivo homem indica o ser de maneira imprecisa: trata-se de um homem qualquer entre os demais.

O artigo o que se refere ao substantivo técnico indica o ser de maneira precisa:trata-se de um ser específico, que já era esperado.

Portanto, o artigo classifica-se em:

Definido

É aquele usado para determinar o substantivo de forma definida:

o
as
os
as

Indefinido

É aquele usado para determinar o substantivo de forma indefinida:

um
uma
uns
umas

Flexão do Artigo

O artigo é uma classe variável. Varia de gênero e número para concordar com o substantivo a que se refere.

O PAPEL DOS ARTIGOS NO DISCURSO

Estudos da Linguagem

Este trabalho aborda o conceito dos artigos em português sob o ponto de vista da gramática tradicional, diacrônica e sincronicamente. Com base na distinção entre artigo definido e indefinido, enfatizando-se seu valor semântico e seu papel no discurso.

A tradição gramatical brasileira descreve “artigo” como a parte do discurso que indica o gênero, o número, a determinação ou indeterminação de um substantivo.

E em função de sua capacidade de generalizar ou particularizar o sentido do nome com que se relaciona, o artigo é classificado em definido e indefinido.

Morfologicamente, o artigo flexiona-se em gênero e número; sob o aspecto sintático funciona como um determinante, já que sempre vem anteposto ao substantivo – toda palavra precedida de artigo passa a ser classificada como substantivo – e com ele forma um sintagma nominal. Exerce, pois, a função de adjunto adnominal e por isso possui um relevante papel semântico que é o de diminuir a extensão e aumentar a compreensão do termo a que se refere.

Sabe-se que, de um modo geral, na produção do discurso, às relações entre as unidades lingüísticas, devem ser considerados o contexto social e os interesses diversos entre os interlocutores em cada situação comunicativa. E nessa perspectiva, o uso do artigo implica vários pressupostos e o seu papel discursivo vai além do prescrito pelas gramáticas.

O artigo não serve somente para distinguir um indivíduo de uma espécie – artigos definidos – ou para indicar uma espécie de substantivos – artigos indefinidos; aqueles se juntam ao substantivo para indicar que se trata de um ser já conhecido do leitor ou ouvinte, seja por ter sido mencionado antes, seja pelas circunstâncias que cercam a enunciação; estes são empregados para mencionar um simples representante de uma dada espécie ao qual não se faz menção anterior, são, portanto, introdutores de uma nova informação no discurso.

Isso pode ser comprovado com os seguintes exemplos:

(a)  Pedro levou seu filho ao zoológico. O menino teve medo do leão.

(b)  Pedro levou seu filho ao zoológico. Um menino teve medo do leão.

 A diferença referencial entre (a) e (b) é causada pelo uso em (a) do artigo definido e em (b) do indefinido; “filho” e “menino”, no primeiro caso, são a mesma pessoa; no segundo, são duas pessoas distintas.

Diacronicamente, o artigo definido origina-se de uma mudança da noção dêitica do pronome demonstrativo latino ille . Conseqüentemente, aquele possui comportamento semelhante a este , cuja característica mais relevante é indicar a posição de um termo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo ou no espaço em que se realiza a comunicação. Contudo, a sua função de apontar para não se manifesta tão clara e acentuada como nos demonstrativos que apontam localizando . Já, o artigo indefinido origina-se do numeral latino “unus”, o qual já desempenhava a função de artigo indefinido no próprio latim clássico.

Após analisar os aspectos de ordem diacrônica, que comprovam a origem pronominal dos artigos, Monteiro (2002:233) apresenta uma série de argumentos favoráveis a uma interpretação sincrônica do artigo como pronome, uma vez que, semanticamente, o artigo se comporta como um pronome, ou seja, retoma um termo já expresso (valor anafórico) e também permite a atualização de seu referente no discurso (valor dêitico).

O prof. Azeredo (2000:40) compartilha dessa posição quando afirma que “os artigos definidos (o, a, os, as) perderam certas tipicidades sintáticas dos pronomes demonstrativos propriamente ditos, mas guardam o valor dêitico e o papel anafórico de sua origem histórica”.

Os dêiticos realizam o fenômeno da dêixis (ato de mostrar), identificar o referente. A dêixis diz respeito principalmente às pessoas que participam da interação verbal, ou a lugares e tempos que são localizados a partir da situação de fala.

Segundo Mattoso Câmara (1999:123), o significado dos demonstrativos com os quais o artigo tem em comum a mesma função, que é a de informar o destinatário de que alguma entidade específica ou grupo de entidade está colocado em referência, é o seguinte:

Este: O … aqui (perto de mim)

Esse: O … aí (perto de ti) Aquele: O … ali (nem perto de mim nem de ti) O: O … lá (neutro: em algum lugar do universo do discurso)

Depreende-se, então, que o é um dêitico não marcado em relação à categoria de proximidade, por oposição aos outros demonstrativos, dêiticos marcados.

Porém, o artigo definido neutraliza a oposição de localização, fazendo com que o designado seja apresentado na sua universalidade e abstração.

Tal comportamento pode ser observado a seguir:

(c) O carro está mal estacionado.

(d) Este carro está mal estacionado.

A diferença básica, nesses exemplos, é que (c) só pode ser usado se o carro for conhecido do falante e do ouvinte e já tenha sido citado anteriormente na conversação, enquanto (d) só pode ser empregado se o carro estiver presente na situação de enunciação. Observa-se nitidamente, nesses casos, a distinção entre o artigo definido e o pronome demonstrativo, uma vez que não podem configurar juntos numa mesma seqüência.

A anáfora refere-se a um termo já constante do contexto, isto é, retoma outras passagens de um texto. Consiste em identificar objetos, pessoas, momentos, lugares e ações por alguma referência anteriormente mencionada no discurso. Já a catáfora ocorre quando o item de referência antecipa um signo ainda não expresso no texto.

A função do artigo indefinido é introduzir nominalmente um objeto que não estava no campo comum de atenção dos dialogandos, ou seja, marca a introdução de informações novas, que uma vez inseridas no contexto, passam a ser acompanhadas pelo artigo definido, quando retomadas. Portanto, a noção de anafórico e catafórico está ligada à função de identificação e à de apresentação do referente, exercidas pelo artigo definido e indefinido respectivamente.

Em geral, o artigo indefinido funciona como catafórico isto é, remete à informação seguinte (termo novo no contexto) e o artigo definido funciona como anafórico , ou seja, faz referência a outras passagens do mesmo texto.

Observe-se o exemplo:

(e) “Depois de algum tempo, aproximou-se de nós um desconhecido trajado de modo estranho. O desconhecido tirou do bolso do paletó um pequeno embrulho”.

Considerando-se os conceitos ora arrolados, uma abordagem discursiva torna-se necessária, pois na medida em que se estende ao nível textual, cobre a falha dos enfoques tradicionais. E a seguir, passa-se à análise de alguns fragmentos, numa tentativa de comprovar que os artigos ocupam lugar significativo no discurso, e que a identificação de definido ou indefinido vai além da simples convenção de generalizar ou especificar. Os exemplos abaixo revelam alguns dos valores estilísticos que os artigos expressam.

(f) O crime organizado, formado pelos traficantes paulistas, aterrorizou a polícia.
(g) O crime organizado, formado por traficantes paulistas, aterrorizou a polícia.
(h)
Ele é cirurgião plástico, mas não é um Pitanguy.
(i)
Azeredo não é um professor, é o professor.

Entre (f) e (g), verifica-se a conseqüência da contração do artigo definido com a preposição (pelos x por ). O “crime organizado”, em (f), é composto por todos os traficantes de São Paulo; enquanto, em (g), é formado apenas por alguns traficantes paulistas.    

No exemplo (h), tem-se o uso do indefinido para apresentar um determinado espécime de uma categoria (cirurgião) como exemplo a ser alcançado. A propaganda de uma marca conhecida de eletrodomésticos serve-se freqüentemente desse recurso. Em (i), observa-se a oposição entre o artigo indefinido e o definido para indicar que alguém é o expoente máximo dentro de uma categoria.    Em casos como (h) e (i), questiona-se o emprego de um autêntico artigo ou de um recurso homônimo, ainda não classificado pelos estudiosos da língua, do mesmo modo que na distinção entre o e este já mencionada anteriormente.  

A sutileza de muitas modificações de significado transmitida pelos artigos confere a essa classe gramatical uma importância bem maior do que a dedicada a eles pela gramática tradicional, ao enfocar apenas seu aspecto morfossintático.

Não se pode, portanto, estudar o artigo sem levar em conta o locutor, o destinatário e outras condições que contribuem para a determinação do conteúdo de um enunciado: o contexto lingüístico e extralingüístico, o conhecimento, a experiência prévia comum e as pressuposições.

Após estas breves considerações sobre os artigos, defende-se que a gramática deveria abordar não apenas aspectos de ordem morfossintáticos, mas pragmáticos e discursivos da classe categorial em questão.

Maria Regina Bogéa Rezende

REFERÊNCIAS

AZEREDO, José Carlos de. (2000). Iniciação à sintaxe do português. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
CÂMARA, Jr., Joaquim Mattoso. (1999). Estrutura da língua portuguesa. 30. ed. Petrópolis: Vozes.
MONTEIRO, José Lemos. (2002). Morfologia portuguesa . 4. ed. rev. e ampl. Campinas: Pontes.

Fonte: www.priberam.pt/kplus.cosmo.com.br/victorian.fortunecity.com/br.geocities.com/www.estacio.br

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