Colocação Pronominal

Colocação Pronominal – O que é

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Dá-se o nome de colocação pronominal ao emprego adequado dos pronomes oblíquos átonos.

O emprego desses pronomes é sempre observado em relação ao verbo.

Dessa forma, os pronomes oblíquos átonos podem estar nas seguintes posições:

Ênclise

Próclise

Mesóclise

Em geral, a posição mais adequada desses pronomes é a enclítica. Porém, as formas do particípio não admitem ênclise, ou seja, não é possível termos um pronome oblíquo átono após um particípio. Use, neste caso, a próclise.

Exemplo:

Ele tinha dado-me um presente. [Inadequado] Ele tinha me dado um presente. [Adequado]

Colocação Pronominal – Pronomes

Colocação Pronominal é o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.

Eles podem ser colocados de três maneiras diferentes, de acordo com as seguintes regras:

PRÓCLISE

Próclise é a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo. Usa-se a próclise quando houver palavras atrativas.

São elas:

Palavras de sentido negativo.
Ela nem se incomodou com meus problemas.
Advérbios.
Aqui se tem sossego, para trabalhar.
Pronomes Indefinidos.
Alguém me telefonou?
Pronomes Interrogativos.
Que me acontecerá agora?
Pronomes Relativos
A pessoa que me telefonou não se identificou.
Pronomes Demonstrativos Neutros.
Isso me comoveu deveras.
Conjunções Subordinativas.
Escrevia os nomes, conforme me lembrava deles.

Outros usos da próclise:

01) Em frases exclamativas e/ou optativas (que exprimem desejo):

Ex. Quantas injúrias se cometeram naquele caso!
Deus te abençoe, meu amigo!

02) Em frases com preposição em + verbo no gerúndio:

Ex. Em se tratando de gastronomia, a Itália é ótima.
Em se estudando Literatura, não se esqueça de Carlos Drummond de Andrade.

Em frases com preposição + infinitivo flexionado:

Ex. Ao nos posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns inimigos.
Ao se referirem a mim, fizeram-no com respeito.

04) Havendo duas palavras atrativas, tanto o pronome poderá ficar após as duas palavras, quanto entre elas.

Ex. Se me não ama mais, diga-me.
Se não me ama mais, diga-me.

MESÓCLISE

Mesóclise é a colocação dos pronomes oblíquos átonos no meio do verbo. Usa-se a mesóclise, quando houver verbo no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, sem que haja palavra atrativa alguma. O pronome oblíquo átono será colocado entre o infinitivo e as terminações ei, ás, á, emos, eis, ão, para o Futuro do Presente, e as terminações ia, ias, ia, íamos, íeis, iam, para o Futuro do Pretérito.

Por exemplo, o verbo queixar-se ficará conjugado da seguinte maneira:

Futuro do Presente / Futuro do Pretérito

queixar-me-ei / queixar-me-ia
queixar-te-ás / queixar-te-ias
queixar-se-á / queixar-se-ia
queixar-nos-emos / queixar-nos-íamos
queixar-vos-eis / queixar-vos-íeis
queixar-se-ão / queixar-se-iam

Para se conjugar qualquer outro verbo pronominal, basta-lhe trocar o infinitivo.

Por exemplo, retira-se queixar e coloca-se zangar, arrepender, suicidar, mantendo os mesmos pronomes edesinências: zangar-me-ei, zangar-te-ás…

Obs: Lembre-se de que, quando o verbo for transitivo direto terminado em R, S ou Z e à frente surgir os pronomes O(s) ou A(s), as terminações desaparecerão.

Ex. Vou cantar a música/Vou cantá-la. O mesmo ocorrerá, na formação da mesóclise: Cantarei a música/Cantá-la-ei.

Os verbos DIZER, TRAZER E FAZER, conjugados no Futuro do Presente e no Futuro do Pretérito, adquirem as formas direi, dirás, traria, faríamos, por exemplo.

Na formação da mesóclise, ocorre o mesmo: Direi a verdade/Di-la-ei; Farão o trabalho/Fá-lo-ão; Traríamos as apostilas/Trá-las-íamos.

Obs.: Se o verbo não estiver no início da frase e estiver conjugado no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar Próclise, quanto Mesóclise.

Ex.: Eu me queixarei de você/Eu queixar-me-ei de você. Os alunos se esforçarão/Os alunos esforçar-se-ão.

ÊNCLISE

Ênclise é a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo.

Usa-se a ênclise, principalmente nos seguintes casos:

01) Quando o verbo iniciar a oração.

Ex. Trouxe-me as propostas já assinadas.
Arrependi-me do que fiz a ela.

02) Com o verbo no imperativo afirmativo.

Ex. Por favor, traga-me as propostas já assinadas.
Arrependa-se, pecador!!

Obs.: Se o verbo não estiver no início da frase e não estiver conjugado no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar Próclise, quanto Ênclise.

Ex.: Eu me queixei de você/Eu queixei-me de você.
Os alunos se esforçaram/Os alunos esforçaram-se.

Colocação Pronominal – Emprego

EMPREGO DE “EU e TU” / “TI e MIM”

Os pronomes “eu” e “tu” só podem figurar como sujeito de uma oração. Assim, não podem vir precedidos de preposição funcionando como complemento. Para exercer esta função, deve-se empregar as formas “mim” e “ti”.

Exemplos:

Nunca houve brigas entre eu e ela. (errado)
Nunca houve brigas entre mim e ela. (certo)

Todas as dívidas entre eu e tu foram sanadas. (errado)
Todas as dívidas entre mim e ti foram sanadas. (certo)

Sem você e eu, aquela obra não acaba. (errado)
Sem você e mim, aquela obra não acaba. (certo)

A festa não será a mesma sem tu e elas. (errado)
A festa não será a mesma sem ti e elas. (certo)

Perante eu e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (errado)
Perante mim e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (certo)

Levantaram calúnias contra os alunos e eu. (errado)
Levantaram calúnias contra os alunos e mim. (certo)

Observação: Os pronomes “eu” e “tu”, no entanto, podem aparecer como sujeito de um verbo no infinitivo, embora precedidos de preposição.

Exemplos:

Não vais sem eu mandar.
Dei o dinheiro para tu comprares o carro.
Esta regra é para eu não esquecer.

COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS

REGRAS PRÁTICAS PARA A COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS:

Os pronomes átonos são geralmente empregados depois do verbo (ÊNCLISE), muitas vezes antes(PRÓCLISE) e, mais raramente, no meio (MESÓCLISE).

ÊNCLISE

As formas verbais do infinitivo impessoal (precedido ou não da preposição “a”), do gerúndio e do imperativo afirmativo pedem a ênclise pronominal.

Exemplos:

Urge obedecer-se às leis.
Obrigou-me a dizer-lhe tudo.
Bete pediu licença, afastando-se do grupo.
Aqueles livros raros? Compra-os imediatamente!

Observação: Se o gerúndio vier precedido da preposição “em”, deve-se empregar a próclise.

Exemplo: “Nesta terra, em se plantando, tudo da.”

Não se inicia um período pelo pronome átono nem a oração principal precedida de pausa, assim como as orações coordenadas assindéticas, isto é, sem conjunções.

Exemplos:

Me contaram sua aventura em Salvador. (errado)
Contaram-me sua aventura em Salvador. (certo)

Permanecendo aqui, se corre o risco de ser assaltado. (errado)
Permanecendo aqui, corre-se o risco de ser assaltado. (certo)

Segui-o pela rua, o chamei, lhe pedi que parasse. (errado)
Segui-o pela rua, chamei-o, pedi-lhe que parasse. (certo)

Observação: A ênclise não pode ser empregada com verbos no futuro e no particípio passado.

PRÓCLISE

Deve-se colocar o pronome átono antes do verbo, quando antes dele houver uma palavra pertencente a um dos seguintes grupos:

A) palavras ou expressões negativas:

Exemplos:

Não me deixe sozinho esta noite!
Nunca se recuse ajudar a quem precise.
Nem nos conte porque você fez isso.
Nenhum deles me prestou a informação correta.
Ninguém lhe deve nada.
De modo algum (Em hipótese alguma) nos esqueceremos disso.

B) pronomes relativos:

Exemplos:

O livro que me emprestaste é muito bom.
Este é o senhor de quem lhe contei a vida.
Esta é a casa da qual vos falei.
O ministro, cujo filho lhe causou tantos problemas, está aqui.
Aquela rua, onde me assaltaram, foi melhor iluminada.
Pagarei hoje tudo quanto lhe devo.

C) pronomes indefinidos:

Exemplos:

Alguém me disse que você vai viajar.
Quem lhe disse essas bobagens?
Dos vários candidatos entrevistados, alguns (diversos) nos
pareceram bastante inteligentes.
Entre os dez pares de sapato, qualquer um me serve para ir a
festa no sábado.
Quem quer que me traga uma flor, conquistará meu coração.

D) conjunções subordinativas:

Exemplos:

Deixarei você sair, quando me disser a verdade.
Posso ajudar-te na obra, se me levares contigo.
Faça todo esse trabalho, como lhe ensinei.
Entramos no palácio, porque nos deram permissão.
Fiquem em nossa casa, enquanto vos pareça agradável.
Continuo a gostar de ti, embora me magoasse muito.
Confiei neles, logo que os conheci.

E) advérbios:

Exemplos:

Talvez nos seja fácil fazer esta tarefa.
Ontem os vi no cinema.
Aqui me agrada estar todos os dias.
Agora vos contarei um conto de fadas.
Pouco a pouco te revelarei o mistério.
De vez em quando me pego falando sozinho.
De súbito nos assustamos com os tiros.

Observação: O pronome átono pode ser colocado antes ou depois do infinitivo impessoal, se antecedendo o infinitivo vier uma das palavras ou expressões mencionadas acima.

Exemplos:

“Tudo faço para não a perturbar naqueles dias difíceis”; ou “Tudo faço para não perturbá-la…”

MESÓCLISE

Emprega-se o pronome átono no meio da forma verbal, quando esta estiver no futuro simples do presente ou no futuro simples do pretérito do indicativo.

Exemplos:

Chamar-te-ei, quando ele chegar.
Se houver tempo, contar-vos-emos nossa aventura.
Dar-te-ia essas informações, se soubesse.

Observação: Se antes dessas formas verbais houver uma palavra ou expressão que provocam a próclise, não se empregará, conseqüentemente, o pronome átono na posição mesoclítica.

Exemplos:

Nada lhe direi sobre este assunto.
Livrar-te-ei dessas tarefas, porque te daria muito trabalho.

EMPREGO DO PRONOME ÁTONO EM LOCUÇÕES VERBAIS PERFEITAS E EM TEMPOS COMPOSTOS

São locuções verbais perfeitas aquelas formadas de um verbo auxiliar modal (QUERER, DEVER, SABER, PODER, ou TER DE, HAVER DE), seguido de um verbo principal no infinitivo impessoal. Neste caso, o pronome átono pode ser colocado antes ou depois do primeiro verbo, ou ainda depois do infinitivo.

Exemplos:

Nós lhe devemos dizer a verdade.
Nós devemos lhe dizer a verdade.
Nós devemos dizer-lhe a verdade.

Observação: No entanto, se no caso acima mencionado as locuções verbais vierem precedidas de palavra ou expressão que exija a próclise, só duas posições serão possíveis para empregar-se o pronome átono: antes do auxiliar ou depois do infinitivo.

Exemplos:

Não lhe devemos dizer a verdade.
Não devemos dizer-lhe a verdade.

TEMPOS COMPOSTOS

Nos tempos compostos, formados de um verbo auxiliar (TER ou HAVER) mais um verbo principal no particípio, o pronome átono se liga ao verbo auxiliar, nunca ao particípio.

Exemplos:

Tinha-me envolvido sem querer com aquela garota.
Nós nos havíamos assustado com o trovão.
O advogado não lhe tinha dito a verdade.

Observação: Quando houver qualquer fator de próclise, esta será a única posição possível do pronome átono na frase, ou seja, antes do verbo auxiliar.

EMPREGO DOS PRONOMES ESTE/ESSE/AQUELE

Os pronomes “este, esta, isto” devem ser empregados referindo-se ao âmbito da pessoa que fala (1ª pessoa do singular e do plural – eu e nós), e quando se quer indicar o que se vai dizer logo em seguida (referência ao “tempo presente). Relacionam-se com o advérbio “aqui” e com os pronomes possessivos “meu, minha, nosso, nossa”.

Exemplos:

Este meu carro só me dá problemas.
Esta casa é nossa há dez anos.
Isto aqui são as minhas encomendas.
Ainda me soam aos ouvidos estas palavras do Divino Mestre:
“Amai ao próximo como a vós mesmos.”
Espero que por estas linhas… (no começo de uma carta, por exemplo)
Neste momento, está chovendo no Rio de Janeiro. (= agora)
Ele deve entregar a proposta nesta semana. (= na semana em que estamos)
Não haverá futebol neste domingo. (= hoje)
O pagamento deverá ser feito neste mês. (= mês em que estamos)

Empregam-se os pronomes “esse, essa, isso”, com relação ao âmbito da pessoa com quem se fala (2ª do singular e do plural – tu e vós; e também com “você, vocês); e quando se quer indicar o que se acabou imediatamente de dizer (referência ao “tempo passado”). Relacionam-se com o advérbio “aí” e com os pronomes possessivos “teu, tua, vosso, vossa, seu, sua (igual a “de você”).

Exemplos:

Essa sua blusa não lhe fica bem.
Quem jogou esse lixo aí na tua calçada?
Isso aí que você está fazendo tem futuro?
Esses vossos planos não darão certo.
Esses exemplos devem ser bem fixados.
Despeço-me, desejando que essas palavras… (no final de uma carta)
Tudo ia bem com Rubinho até a 57ª volta; nesse momento, acabou
o combustível.
Ele pouco se dedicava ao trabalho, por isso foi dispensado.

Os pronomes “aquele, aquela, aquilo” devem ser empregados com referência ao que está no âmbito da pessoa ou da coisa de quem ou de que se fala (3ª pessoa do singular e do plural – ele, ela, eles, elas). Relacionam-se com o advérbio “lá” e com os possessivos “seu, sua ( igual a “dele, dela”).

Exemplos:

Aquele carro, lá no estacionamento, é do professor Paulo.
Aquela garota bonita é da sua turma?
Eu disse ao diretor aquilo que me mandaste dizer.

Observação: Numa enumeração, empregamos os pronomes “este, esta, isto” para nos referir ao elemento mais próximo, e “aquele, aquela, aquilo” para os anteriores.

Exemplo: Em 96, adquiri duas coisas muito importantes para mim: uma casa e um computador. Este no início do ano e aquela no fim.

Guarde duas dicas ao se referir à situação dos pronomes “esse” e “este” em um texto:

“esse” indica “passado”, e ambas as palavras se escrevem com dois ss.

“este” indica “futuro”; em ambos os termos temos a presença do t.

DICAS

COM A GENTE / CONOSCO / COM NÓS

A expressão “com a gente” é típica da linguagem coloquial brasileira. Só pode ser usada em textos informais.

Exemplos:

A outra turma vai se reunir com a gente às 10h.
A sua irmã vai com a gente ao clube hoje.

Em textos formais, que exijam uma linguagem mais cuidada, devemos usar a forma “conosco”.

Exemplos:

Os pais dos alunos querem uma reunião conosco.
Os diretores irão conosco ver o prefeito.

Devemos usar “com nós” antes de algumas palavras:

_ Antes de “todos, mesmos, dois” – “O presidente deixou a decisão com nós todos.” “O presidente deixou a decisão com nós mesmos.” “O presidente deixou a decisão com nós dois.”

Colocação Pronominal – Língua Portuguesa

A língua portuguesa culta, falada no Brasil, por certa teimosia, continua aderindo a normas de colocação do pronome oblíquo átono junto a verbos, conforme os ditames de Portugal.

Daí a grande disparidade entre os processos do uso erudito e do uso cotidiano.

O pronome pessoal oblíquo átono pode estar em:

Próclise – antes do verbo: Não me apresentem conclusões precipitadas.

Ênclise – depois do verbo: Fizeram-me declarações insensatas

Mesóclise – no meio do verbo: Realizar-se à um desfile cívico.

Muitos escritores modernos e contemporâneos de peso em nossas letras já aboliram a prática dessa norma; mas ela existe!

São pronomes oblíquos átonos aqueles que, postos depois de um verbo, ou intercalado nele, usam o hífen.

Chama-se próclise à anteposição do pronome oblíquo ao verbo. Não há hífen e segue algumas regras.

Exemplo: Nunca me procuraram para esclarecimentos.

A ênclise consiste na posição do pronome oblíquo átono após a forma verbal. É a posição normal, não atraída do pronome.

A mesóclise ocorre com a intercalação do oblíquo na forma verbal. Aparece entre hifens.

Mesóclise

Só ocorre com verbos flexionados no futuro do indicativo, quando iniciando período ou depois de sinal de pontuação.

Exemplos: Dar-me-ás boas notícias? Ainda hoje, entregar-me-ás os documentos.

Nota: A própria expressão formal, em nossos dias, tem abandonado essa colocação que dá um ar esnobe, antipático à expressão.

Próclise

Ocorre quando há palavras eufonicamente atrativas, a saber:

a) Sentido negativo sem pausa (advérbios, pronomes indefinidos): Nunca me deste apoio. Ninguém te abandonou.

b) Pronomes demonstrativos: Isto me causa angústia.

c) Palavras que e quem: Espero que me ouças. Não sei quem me procurou hoje.

d) Verbo no gerúndio precedido de “em”: Em me procurando, atenderei.

e) Orações optativas com sujeito anteposto ao verbo: Bons ventos te tragam até aqui!

f) Orações exclamativas, iniciadas com palavras exclamativas: Quanto me aborreces!

g) Orações interrogativas, iniciadas por palavras interrogativas: Como te enganaste assim?

Colocação do pronome átono no tempo composto e na locução verbal

No tempo composto basta seguir as mesmas regras do tempo simples (dadas acima), lembrando que nunca se prende o pronome oblíquo átono a um particípio.

Assim, é incorreto dizer-se: Haviam falado-me.

O correto será: Haviam-me falado.

No caso das locuções verbais (verbo auxiliar + infinitivo ou gerúndio) vejam-se os exemplos:

a) verbo auxiliar + infinitivo: Posso dizer-lhe/ Posso-lhe dizer. Não posso dizer-lhe/Não lhe posso dizer.

b) verbo auxiliar + preposição + infinitivo: Estou a esperá-lo/Não estou a esperá-lo.

c) Verbo auxiliar + gerúndio: Estava observando-o/ Não o estava observando/Não estava observando-o .

Nota: Apesar das normas de colocação dos pronomes oblíquos átonos, devem sempre prevalecer o bom senso e os ditames do estilo.

Colocação Pronominal – Gramática

Colocação Pronominal, ou Topologia/Sínclise Pronominal, é o nome que se dá à parte da Gramática que trata, basicamente, da adequada posição dos pronomes oblíquos átonos junto aos verbos.

Relembrando os pronomes oblíquos átonos (POAs):

o, a, os, as (que viram -lo, -la, -los, -las diante de verbos terminados em -r, -s e-z ou viram -no, -na, -nos, -nas diante de verbos terminados em ditongo nasal (exceto os verbos no futuro do indicativo)

Ex.: Comprei uma casa (Comprei-a) / Vou comprar uma casa (Vou comprá-la) / Eles compraram uma casa (Eles compraram-na) / Eles comprarão a casa (Eles comprarão-na (INADEQUADO))

Você vai entender por que está INADEQUADA esta última forma na parte 2; ‘segura a onda’!

Além desses, há:

me, te, se, nos, vos, lhe (s)

Relembrados os POAs, vamos às regras:

Próclise é o nome que se dá à colocação pronominal antes do verbo.

Ela é usada em clássicos 12 (doze) casos:

1) Palavra de sentido negativo antes do verbo

Ex.: Não se esqueça de mim.

não, nunca, nada, ninguém, nem, jamais, tampouco, sequer, etc.

Obs.: Após pausa (vírgula, ponto-e-vírgula…), usa-se ênclise: Não; esqueça-se de mim!

2) Advérbio ou palavra denotativa antes do verbo

Ex.: Agora se negam a depor.

Obs.: Se houver pausa (vírgula, ponto-e-vírgula…) após o advérbio, usa-se a ênclise: Agora, negam-se a depor.

já, talvez, só, somente, apenas, ainda, sempre, talvez, também, até, inclusive, mesmo, exclusive, aqui, hoje, provavelmente, por que, onde, como, quando, etc.

3) Conjunções subordinativas antes do verbo

Ex.: Soube que me negariam.

que, se, como, quando, assim que, para que, à medida que, já que, embora, consoante, etc.

Obs.: Ainda que a conjunção esteja oculta, haverá próclise: Como não o achei, pedi-lhe (que) me procurasse.

4) Pronomes relativos antes do verbo

Ex.: Identificaram-se duas pessoas que se encontravam desaparecidas.

que, o qual (e variações), cujo, quem, quanto (e variações), onde, como, quando.

Obs.: Em linguagem literária, encontramos uma colocação raríssima (inexistente nos registros formais no estágio atual da língua) chamada de apossínclise, em que o POA vem antes da palavra negativa: Convidei duas pessoas que se não falavam há tempos.

5) Pronomes indefinidos antes do verbo

Ex.: Poucos te deram a oportunidade.

alguns, todos, tudo, alguém, qualquer, outro, outrem, etc.

6) Pronomes interrogativos antes do verbo

Ex.: Quem te fez a encomenda?

que, quem, qual, quanto

Obs.: Informação que cabe para qualquer caso de próclise: ignora-se a expressão intercalada, colocando o POA antes do verbo, pois seu antecedente ainda é o pronome ‘quem’: Mesmo quem, diante de situações precárias, se encontra calmo, padece.

7) Entre a preposição em e o verbo no gerúndio.

Ex.: Em se plantando tudo dá.

Obs.: O POA virá antes do gerúndio se estiver modificado por um advérbio: João não era ligado a dinheiro, pouco se importando com o conforto advindo dele.

8) Com certas conjunções coordenativas aditivas e certas alternativas antes do verbo

Ex.: Ora me ajuda, ora não me ajuda. Não foi nem se lembrou de ir.

nem, não só/apenas/somente… mas/como (também/ainda/senão)…, tanto… quanto/como…, que, ou… ou.., ora…ora, quer… quer…, já… já…, etc.

9) Orações exclamativas e optativas (exprimem desejo)

Ex.: Quanto se ofendem por nada, ora bolas! Deus te proteja, meu filho, que bons ventos o tragam logo.

10) Com o infinitivo flexionado precedido de preposição

Ex.: Foram ajudados por nos trazerem até aqui.

11) Com formas verbais proparoxítona

Ex.: Nós lhe desobedecíamos sempre.

12) Com o numeral ambos

Ex.: Ambos te abraçaram com cuidado.

IMPORTANTE: Muitos gramáticos chamam de ‘palavras atrativas’ os termos que antecedem um verbo, os quais implicam a realização da próclise.

Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos

Fernanda, quem te contou isso?

Fernanda, contaram-te isso?

Nos exemplos acima, observe que o pronome “te” foi expresso em lugares distintos: antes e depois do verbo. Isso ocorre porque os pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as) podem assumir três posições diferentes numa oração: antes do verbo, depois do verbo e no interior do verbo. Essas três colocações chamam-se, respectivamente: próclise, ênclise e mesóclise.

1) Próclise

Na próclise, o pronome surge antes do verbo.

Costuma ser empregada:

a) Nas orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo.

Exemplos:

Ninguém o apoia.
Nunca se esqueça de mim.
Não me fale sobre este assunto.

b) Nas orações em que haja advérbios e pronomes indefinidos, sem que exista pausa.

Exemplos:

Aqui se vive. (advérbio)
Tudo me incomoda nesse lugar. (pronome indefinido)

Obs.: caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise.

Por Exemplo:

Aqui, vive-se.

c) Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos.

Exemplos:

Quem te convidou para sair? (pronome interrogativo)
Por que a maltrataram? (advérbio interrogativo)

d) Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (que exprimem desejo).

Exemplos:

Como te admiro! (oração exclamativa)
Deus o ilumine! (oração optativa)

e) Nas conjunções subordinativas:

Exemplos:

Ela não quis a blusa, embora lhe servisse.
É necessário que o traga de volta.
Comprarei o relógio se me for útil.

f) Com gerúndio precedido de preposição “em”.

Exemplos:

Em se tratando de negócios, você precisa falar com o gerente.
Em se pensando em descanso, pensa-se em férias.

g) Com a palavra “só” (no sentido de “apenas”, “somente”) e com as conjunções coordenativas alternativas.

Exemplos:

Só se lembram de estudar na véspera das provas.
Ou se diverte, ou fica em casa.

h) Nas orações introduzidas por pronomes relativos.

Exemplos:

Foi aquele colega quem me ensinou a matéria.
Há pessoas que nos tratam com carinho.
Aqui é o lugar onde te conheci.

2) Mesóclise

Emprega-se a mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo, desde que não se justifique a próclise. O pronome fica intercalado ao verbo.

Exemplos:

Falar-lhe-ei a teu respeito. (Falarei + lhe)
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)

Observações:

a) Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.

Por Exemplo:

Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. (O pronome “tudo” exige o uso de próclise.)

b) Com esses tempos verbais (futuro do presente e futuro do pretérito) jamais ocorre a ênclise.

c) A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária.

3) Ênclise

A ênclise pode ser considerada a colocação básica do pronome, pois obedece à sequência verbo-complemento. Assim, o pronome surge depois do verbo.

Emprega-se geralmente:

a) Nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), pois, na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo.

Exemplos:

Diga-me apenas a verdade.
Importava-se com o sucesso do projeto.

b) Nas orações reduzidas de infinitivo.

Exemplos:

Convém confiar-lhe esta responsabilidade.
Espero contar-lhe isto hoje à noite.

c) Nas orações reduzidas de gerúndio (desde que não venham precedidas de preposição “em”.)

Exemplos:

A mãe adotiva ajudou a criança, dando-lhe carinho e proteção.
O menino gritou, assustando-se com o ruído que ouvira.

d) Nas orações imperativas afirmativas.

Exemplos:

Fale com seu irmão e avise-o do compromisso.
Professor, ajude-me neste exercício!

Observações:

1) A posição normal do pronome é a ênclise. Para que ocorra a próclise ou a mesóclise é necessário haver justificativas.
2)
A tendência para a próclise na língua falada atual é predominante, mas iniciar frases com pronomes átonos não é lícito numa conversação formal.

Por Exemplo:

Linguagem Informal: Me alcança a caneta.
Linguagem Formal: Alcança-me a caneta.

3) Se o verbo não estiver no início da frase, nem conjugado nos tempos Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito, é possível usar tanto a próclise como a ênclise.

Exemplos:

Eu me machuquei no jogo.
Eu machuquei-me no jogo.
As crianças se esforçam para acordar cedo.
As crianças esforçam-se para acordar cedo.

Colocação Pronominal – Regras

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom mulato
Da nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro. (Oswald de Andrade)

No poema acima, o autor trata de uma questão bastante discutida na gramática da língua portuguesa, que é a sintaxe de colocação ou topologia pronominal.

O próprio texto já mostra a diferença de tratamento entre a norma culta (Dê-me um cigarro) e a norma popular (Me dá um cigarro).

Todos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, os, as, lhes) podem ocupar três posições com relação aos verbos.

Essas colocações dos pronomes chamam-se, respectivamente:

Próclise (antes do verbo): Me dá um cigarro.
Mesóclise (no meio do verbo): Dar-me-á um cigarro.
Ênclise (depois do verbo): Dê-me um cigarro.

Segundo a Gramática que herdamos de Portugal, a colocação normal do pronome é a ênclise. No entanto, no Português escrito e falado no Brasil hoje, nota-se uma preferência marcante pela próclise, fato já constatado por Oswald de Andrade no texto acima.

A colocação pronominal não é uma questão de análise sintática, isto é, a posição do pronome não determina sua função na frase. Trata-se de um problema de eufonia (palavra grega que significa “som bom”). Assim, se houver dúvida quanto à posição do pronome, a melhor regra é escolher a forma que soar melhor ao ouvido e estar atento ao nível de linguagem que se sequer.

Qual forma é a mais correta: Joana me falou ou Joana falou-me? Nenhuma das duas é melhor que a outra. Pode-se dizer que a primeira se presta a situações que exigem uma formalidade maior.

Regras gerais

1. Próclise

Geralmente ocorre a próclise:

a. Em orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo “não, nunca, nada, ninguém, jamais, nem (=e não) etc.

Exemplos:

Nunca mais ___ vi____.Nunca mais ____ esqueci___ também. (a)
Não ____ iludamos _____, o jogo está feito. (nos)

b. Nas orações em que haja advérbios e pronomes indefinidos, sem que exista pausa:

Exemplos:

Enfim _____ vejo _____. (te)
O homem trabalha, produz e assim _____ desliga ____ do reino animal. (se)
Todos ____ entreolharam ____. (se)
Vários _____ ergueram_____ sorrindo. (se)

Observação: Se houver pausadepois do advérbio, emprega-se a ênclise. Se o verbo estiver no futuro, emprega-se a mesóclise.

Exemplos:

Enfim, vejo-te.
Amanhã, vê-lo-ei.

c. Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos:

Exemplos:

Que força ____ levanta _____? (o)
Por que _____ procuram _____ com tanta insistência? (o)
– Mas como, como você _____ conhece _____ então? (o)

d. Nasorações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (orações que exprimem desejo):

Exemplos:

Oh, como _____ lembro _____ da ricamente posta! (me)
Quanto _____ custa ______ dizer a verdade! (nos)

e. Nas orações subordinadas, por causa da presença das conjunções subordinativas (caso, como, embora, enquanto, que, porque, quando, se etc) e dos pronomes relativos (que, o qual, a qual, os quais,as quais, cujo, cujos, cuja, cujas, onde):

Exemplos:

A sociedade em que viverão nossos filhos terá muito a ver com a educação que _____ dermos _____ hoje. (lhes)
Quando _____ acalmei _____, estava sentindo dores no corpo… (me)
Há pessoas que ______ querem_____ bem.(nos) É justo que _____ ampares _____ (o).

f. Com o gerúndio precedido da preposição “em”:

Exemplos:

Em _____ tratando _____ de finanças, dirija-se ao tesoureiro. (se)
Em _____pensando _____ em verão, pensa-se em praia. (se)

g. Nas orações coordenadas sindéticas alternativas:

Exemplos:

Ou _____calça _____ luva e não se põe o anel,
Ou _____põe _____ o anel e não se calça a luva! (se)

2. Mesóclise

Regra geral: Só será empregada com verbos no “futuro do presente” e no “futuro do pretérito”, desde que não haja palavra para que exija próclise:

Exemplos:

_____________________, assim o que neste ano aconteceu com outros feriados. (Repetir + se — Fut Pres. Ind.)
________________ que os amigos tinham prazer em lhe abrir a bolsa (Dizer + se — Fut. Pret. Ind.)
O senhor Brito, na sua ternura, _________________ abraçado se não fossem os embrulhos. (Ter + me — Fut. Pret. Ind.)
_________________ assim que puder. (Fazer + o — Fut. Pres. Ind.)
_________________ todos os documentos em virtude da fraude. (impugnar + se — Fut. Pres. Ind.)

Atenção:

“Não lhe pedirei nada.” – advérbio
“Ninguém se importaria.” – pronome indefinido
“Eles não o teriam feito de propósito.” – advérbio

3. Ênclise

Emprega-se, geralmente, a ênclise:

a. Com verbos no início do período (desde que não seja o futuro), pois na língua culta não se inicia frase com pronome oblíquo átono:

Exemplos:

Aconteceu-me uma coisa realmente extraordinária (C. Anjos)
Ouviu-se um vozerio. Aproximou-se um grupo de entusiastas… (Aníbal Machado)

b. Com verbos no modo imperativo afirmativo:

Exemplos:

Fala, fala mais, conta-me tudo. (M. Assis)
Procure seus colegas e convide-os.
Romano, Romano, escuta-me!

c. Com verbos no gerúndio, desde que não formem locução verbal nem venham precedidos da preposição “em” ou de qualquer outra palavra atrativa:

Exemplos:

… puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la consolando-a. (C. Lispector)
“O anão chegara-se a Inocência, tomando-lhe uma das mãos.” (V. de Taunay)
Eis a razão de todos os males, disse ela levantando-se.

d. Junto a infinitivo não-flexionado, precedido da preposição “a” , em se tratando dos pronomes vocálicos “o, a, os, as”. Tais pronomes assumirão as formas “lo, la, los, las”:

Exemplos:

Todos corriam a __________ (ouvir + o). Jamais me recusei a _____________ (receber + os).
Começou a ______________ (maltratar + as). Sabe ele se tornará a _______ algum dia? (ver + os)

e. Vindo o infinitivo impessoal regido da preposição “para”, quase sempre é indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo, mesmo com a presença do advérbio “não”.

Exemplos:

Corri para __________________________________ (defender + os)..
Calei para não _______________________________ (contrariar + as).
Fiz de tudo para não __________________________ (magoar + te)

Fonte: www.nlnp.net/www.colegiosaofrancisco.com.br/www.cursoderedacao.com

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