Figuras de Linguagem

Figuras de Linguagem – O que é

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Figuras de Linguagem diz respeito às formas conotativas das palavras.

Recria, altera e enfatiza o significado institucionalizado delas.

Incidindo sobre a área da conotação, as figuras dividem-se em:

1) Figuras de construção (ou de sintaxe) tem esse nome porque interferem na estrutura gramatical da frase

2) Figuras de palavras (ou tropos) constituem-se de figuras que adquirem novo significado num contexto específico.

3) Figuras de pensamento, que realçam o significado das palavras ou expressões

Figuras de construção (ou de sintaxe)

Elipse

Omissão de um termo facilmente identificável. O principal efeito é a concisão.
De mau cordo, mau ovo (De mau cordo só pode sair mau ovo)

Pleonasmo

Repetição de um termo ou idéia. O efeito é o reforço da expressão.
Vi-o com meus próprios olhos.
Rolou pela escada abaixo.

Onomatopéia

Consiste na imitação de um som.
O tique-taque do relógio a enervava.

Há ainda: zeugma, polissíndeto, iteração (repetição), anáfora, aliteração, hpérbato, anacoluto, e silepse.

Figuras de palavras (ou tropos)

Metáfora

Fundamenta-se numa relação subjetiva, ela consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu e para isso parte de uma associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espécie de comparação abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assim como, que nem, tal qual etc.)

Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos da mocidade.

Metonímia

Consiste na substituição de um nome por outro porque entre eles existe alguma relação de proximidade.
O estádio (os torcedores) aplaudiu o jogador.

Há ainda: catacrese e antonomásia.

Figuras de pensamento

Antítese

É a figura que evidencia a oposição entre idéias.
Buscas a vida, eu, a morte.

Hipérbole

É uma afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico.
Chorou um rio de lágrimas.
Toda vida se tece de mil mortes.

Eufemismo

Consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis.
Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra)
O hábil político tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver (=o hábil político roubou dinheiro)

Ironia

Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica.
Que belo negócio! (= que péssimo negócio!)
O rapaz tem a sutileza de um elefante.

Há ainda: prosopopéia, gradação e apóstrofe.

Figuras de Linguagem – Divisão

A divisão das figuras de linguagem (em figuras de palavras, figuras de pensamentos e figuras de construção) segue um critério didático e por isso pode haver classificações diferentes se procurado em vários autores.

A expressão Figuras de Estilo foi criada para uni-las num todo, sem divisão alguma.

Figura de Palavras Figuras de Pensamentos Figuras de Construção
Comparação Simples
Comparação por Símile
Metáfora
Catacrese
Sinestesia
Antonomásia
Sinédoque
Metonímia
Onomatopéia
Símbolo (alegoria)
Antítese
Paradoxo
Ironia
Perífrase
Eufemismo
Disfemismo
Hipérbole
Gradação
Prosopopéia
Apóstrofe
Elipse
Zeugma
Polissíndeto
Assíndeto
Pleonasmo
Inversão ou Hipérbato
Anacoluto
Anáfora
Silepse
Anadiplose
Diácope
Epístrofe
Assonância
Aliteração
Paranomásia

Figuras de Linguagem – Palavras

São recursos que tornam mais expressivas as mensagens.

Subdividem-se em: figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.

Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.

“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (…)”

d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.

“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”

e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se sebentende, com o que está implícito.

A silepse pode ser:

De gênero
Vossa Excelência está preocupado.

De número
Os lusíadas glorificou nossa literatura.

De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.

“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.

“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.

Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma idéia com finalidade enfática.

Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopéia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)

“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).

“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos.

Observe: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.

O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:

…os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante.

Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade, ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a) barbarismo: consiste em gravar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.

pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.

Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz; desvio na sintaxe de concordância)

c) ambigüidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.

O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.

Paguei cinco mil reais por cada.

e) pleonasmo: consiste na repetição desnecessária de uma idéia.

A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.

f) neologismo: é a criação desnecessária de palavras novas.

Segundo Mário Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.

g) arcaísmo: consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso.

Vossa Mercê me permite falar? (em vez de você)

h) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.

O menino repetente mente alegremente.

Figuras de Linguagem – Formas

AMBIGUIDADE

Palavras com duplo sentido.

Manuel Bandeira, poeta maior, escreveu um texto chamado “Poema só para Jayme Ovalle”. Para um poema cujo tema é essencialmente a solidão, o título é intencionalmente ambíguo. No poema de Bandeira, “só” pode referir-se a “poema” (“poema solitário”, por exemplo) ou a “Jayme Ovalle” (“poema feito exclusivamente para Jayme Ovalle”, por exemplo).

É importante também destacar o papel da pontuação. Compare a frase “Só você não conseguirá a resposta” com “Só, você não conseguirá a resposta”. Parecem iguais. As palavras são as mesmas, a ordem das palavras é a mesma, mas a vírgula faz a diferença.

Na primeira, “só” significa “apenas”; na segunda, “sozinho/a”.

Vale lembrar a expressão “a sós”, invariável: “Quero ficar a sós”; “Queremos ficar a sós”; “Ele quer ficar a sós”; “Eles querem ficar a sós”.

Não faça confusão. Quando “só” significa “sozinho/a”, varia, ou seja, tem singular e plural. Quando significa “somente, apenas”, não varia, não tem plural. E a expressão “a sós” é fixa, invariável.

Outros exemplos de frases ambíguas:

“Encontrei seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h.”
(O escritório era da pessoa com quem se estava falando ou do chefe dela?)

Ao saber que um sobrinho havia levado uma mordida, minha mulher perguntou: “Afinal, quem mordeu o Pedro?” A resposta foi imediata: “Foi a cachorra da namorada do João neurótica.”
(Quem mordeu o Pedro foi:
1. a cachorra, que é neurótica e pertence à namorada do João?
2. a cachorra, que pertence à namorada neurótica do João?
3. a namorada do João, que, além de ser uma “cachorra”, é uma
neurótica?

ANACOLUTO

Ruptura da ordem lógica da frase. É um recurso muito utilizado nos diálogos, que procuram reproduzir na escrita a língua falada. Também permite a caracterização de estados de confusão mental.

Exemplo

“Deixe-me ver… É necessário começar por… Não, não, o melhor é tentar novamente o que foi feito ontem.”

ANÁFORA

R epetição sistemática de termos ou de estruturas sintáticas no princípio de diferentes frases ou de membros da mesma frase. É um recurso de ênfase e coesão.

Exemplo

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
(Manuel Bandeira)

ANTÍTESE

Aproximação de palavras de sentidos opostos.

Exemplos

Na ofuscante CLARIDADE daquela manhã, pensamentos SOMBRIOS o perturbavam.

ASSÍNDETO

É a coordenação de termos ou orações sem utilização de conectivo. Esse recurso costuma imprimir lentidão ao ritmo narrativo.

Exemplo

“Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio ruída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.” (Graciliano Ramos)

CATACRESE

P alavra que perdeu o sentido original.

Exemplos

salário (= pagamento que era feito em sal)
secretária (= móvel em que se guardavam segredos)
azulejos (= ladrilhos azuis)

ELIPSE

O omissão de um ou mais termos de uma oração, o qual se subentende, se presume.

Exemplos

Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para se plantar.
(Omissão do verbo HAVER)

Na memorável “Canto triste” (música de Edu Lobo e letra de Vinicius de Moraes), há um belo exemplo de elipse: “Onde a minha namorada? Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço, peço apenas que ela lembre as nossas horas de poesia…”. No trecho “Onde a minha namorada?”, está subentendido um verbo (“está”, “anda” etc.). É bom lembrar que existe um caso específico de elipse, que alguns preferem chamar de “zeugma”. Trata-se da omissão de termo já citado na frase. É o caso, por exemplo, de “Ele primeiro foi ao cinema, depois, ao teatro”. Em “depois, ao teatro”, não se repetiu a forma verbal “foi”, expressa na primeira oração (“Ele primeiro foi ao cinema”). Há um caso específico de zeugma, que ocorre quando a palavra omitida tem flexão diferente da que se verifica no termo expresso anteriormente. É o caso, por exemplo, de “Eu trabalho com fatos; você, com boatos”. Que palavra está subentendida? É a forma verbal “trabalha”, flexionada na terceira pessoa do singular e deduzida de “trabalho”, da primeira pessoa do singular do presente do indicativo de “trabalhar”. Esse caso de zeugma é chamado por alguns de “zeugma complexa” (ou “zeugma complexo”, já que, para alguns dicionários, a palavra “zeugma” é masculina, mas, para outros, feminina; há ainda os que a consideram palavra de dois gêneros, isto é, que pode ser usada indiferentemente no masculino ou no feminino).

EUFEMISMO

O Dicionário “Houaiss” diz que é “palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar (…) outra palavra, locução ou acepção menos agradável, mais grosseira…”. O “Aurélio” diz que é “ato de suavizar a expressão duma idéia substituindo a palavra ou expressão própria por outra mais agradável, mais polida”.

Exemplos

Ontem, Osvaldo partiu dessa pra melhor (em vez de “morreu”)
Este trabalho poderia ser melhor (em vez de “está ruim”).

Às vezes, a suavização é feita de um jeito todo particular: pela negação do contrário. Para que não se diga, por exemplo, que determinado indivíduo é burro, diz-se que é pouco inteligente, ou simplesmente que não é inteligente. Esse caso, que contém forte dose de ironia, chama-se “litotes”. É bom que se diga que com a litotes não necessariamente se suaviza.

Para que se diga que uma pessoa é inteligente, pode-se dizer que não é burra: “Seu primo não é nada burro”.

Em suma, a litotes é “modo de afirmação por meio da negação do contrário”, como define o “Aurélio”.

HIPÉRBOLE

É bom observar que no extremo oposto do eufemismo está a “hipérbole”. Se com aquele suavizamos, atenuamos, abrandamos, com esta aumentamos, enfatizamos, exageramos.

Exemplos

Eu já disse um milhão de vezes que não fui eu quem fez isso!
Ela morreu de medo ao assistir aquele filme de suspense.
Hoje está um frio de rachar!
Aquela mãe derramou rios de lágrimas quando seu filho foi preso.
Não convide o João para sua festa, porque ele come até explodir!
Os atletas chegaram MORRENDO DE SEDE.

GALICISMO ou FRANCESISMO

P alavra ou expressão francesa usada na língua portuguesa ou em outra língua qualquer.

Exemplos: vitrine (por vitrina, espécie de caixa com tampa envidraçada, ou armário com vidraça móvel, onde se guardam objetos expostos à venda ou a serem vistos; fetiche (por feitiço); gauche (por desajeitado); ter lugar (por realizar-se); fazer um passeio (por dar um passeio).

GRADAÇÃO

Consiste em encadear palavras cujos significados têm efeito cumulativo.

Exemplo

Os grandes projetos de colonização resultaram em pilhas de papéis velhos, restos de obras inacabadas, hectares de floresta devastada, milhares de famílias abandonadas à própria sorte.

HIBRIDISMO

Em língua portuguesa, significa palavras em cuja formação entram elementos de idiomas diferentes.

Exemplos

“Biologia” – bio (vem do latim e significa vida) + logia (vem do grego e significa estudo ou ciência): ciência que estuda a vida. Em “automóvel”, por exemplo, temos o elemento grego “auto” associado a “móvel”, que vem do latim. Em “sociologia”, temos “socio”, do latim, e “logia”, do grego.

Em “burocracia”, temos “buro”, do francês “bureau”, que significa “escritório”, “repartição”, e “cracia”, que vem do grego e significa “poder”, “autoridade”. A burocracia nada mais é do que o poder de quem mexe com papéis.

Repetindo: o processo pelo qual se formam palavras pela união de elementos de línguas diferentes chama-se “hibridismo”. São também híbridas palavras como “televisão” (soma do grego “tele”, que significa “longe”, “distante”, com “visão”, que vem do latim); “abreugrafia” (que vem de “Abreu”, sobrenome do médico brasileiro que criou determinado processo radioscópico, e “grafia”, elemento grego, que significa “descrição”, “escrita”); “pitangueira” (soma de “pitanga”, que vem do tupi, com o sufixo latino “eiro/a”); “sambódromo”, que reúne “samba”, de origem africana, e “dromo”, do grego (“lugar em que se corre”). Quando se pensa que “sambódromo” é formada por um elemento africano e outro grego, mas só faz sentido no português do Brasil, entende-se por que língua e cultura são elementos indissociáveis.

HIPÉRBATO

É a inversão da ordem natural das palavras.

Exemplo

“De tudo, ao meu amor serei atento antes” (ordem indireta ou inversa)

Em vez de “Serei atento ao meu amor antes de tudo” (ordem direta)

IRONIA

Consiste em, aproveitando-se do contexto, utilizar palavras que devem ser compreendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir. É um poderoso instrumento para o sarcasmo.

Exemplo

Muito competente aquele candidato! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum.

METÁFORA

Palavra empregada fora de seu sentido real, literal, denotativo.

Exemplos

Eliana não SE DOBROU às desculpas do namorado que a deixou esperando por uma hora.

Ontem à noite choveu CANIVETES!

Na base de toda metáfora está um processo comparativo:

Senti a seda do seu rosto em meus dedos.

(Seda, na frase acima, é uma metáfora. Por trás do uso dessa palavra para indicar uma pele extremamente agradável ao tato, há várias operações de comparação: a pele descrita é tão agradável ao tato quanto a seda; a pele descrita é uma verdadeira seda; a pele descrita pode ser chamada seda.)

METONÍMIA

Ocorre quando uma palavra é usada para designar alguma coisa com a qual mantém uma relação de proximidade ou posse.

Exemplo

Meus olhos estão tristes por que você decidiu partir.
(Olhos, na frase acima, é uma metonímia. Na verdade, essa palavra, que indica uma parte do ser humano, esta sendo usada para designar o ser humano completo.)

ONOMATOPÉIA

Emprego de palavras apropriadas na tentativa de se imitar o som de alguma coisa.

Exemplos

Não conseguia dormir com o TIC-TAC do relógio da sala.

“Lá vem o vaqueiro pelos atalhos, tangendo as reses para os currais. Blem… blem… blem… cantam os chocalhos dos tristes bodes patriarcais. E os guizos finos das ovelhinhas ternas dím… dím… dím… E o sino da igreja velha: bão… bão… bão…” (Ascenso Ferreira)

PERÍFRASE

Uso de um dos atributos de um ser ou coisa que servirá para indicá-lo.

Exemplos

Na floresta, todos sabem quem é o REI DOS ANIMAIS.
(REI DOS ANIMAIS = LEÃO)

A CIDADE MARAVILHOSA torce para um dia sediar os Jogos Olímpicos. (CIDADE MARAVILHOSA = RIO DE JANEIRO)

PLEONASMO

Repetição, no falar ou no escrever, de idéias ou palavras que tenham o mesmo sentido.

É vício quando empregado por ignorância: Subir para cima; é figura quando consciente, para dar ênfase à expressão.

Exemplos

A MIM só me restou a esperança de dias melhores.

Casos de pleonasmos considerados estilísticos:

Camões, em “Os Lusíadas”, escreveu “De ambos os dous a fronte coroada”. (Esta frase está na ordem inversa. Na ordem direta seria “A fronte de ambos os dous coroada.” E “dous” é uma forma, hoje em desuso, equivalente a “dois”.

Observação: A palavra “ambos” é da mesma família das palavras “ambivalente”, “ambidestro”, “ambívio” (“encruzilhada”), “ambígeno” (“proveniente de duas espécies diversas”) etc.

“Ver com os próprios olhos”. É óbvio que ninguém vê com as orelhas, nem vê com os olhos de outra pessoa. Mas essa combinação é aceita justamente por ser considerada expressiva, sobretudo pela palavra “próprios”: “Vi com meus próprios olhos.”

Um outro bom exemplo de pleonasmo consagrado é “abismo sem fundo”. Pouquíssimas pessoas sabem que, na origem, a palavra “abismo” significa “sem fundo”. Ao pé da letra, “abismo” é “lugar sem fundo”.

Quando se perde a noção da origem de uma palavra, é natural que ocorram ligeiras mudanças em seu significado, o que justifica certos pleonasmos, como o de “abismo sem fundo”. Afinal, hoje em dia, o sentido corrente de “abismo” não é de “lugar sem fundo” e sim de “lugar muito fundo”.

Convém lembrar que existe a forma paralela “abisso”, hoje pouco usada. É dela que se forma o adjetivo “abissal”.

Apesar de o substantivo “abisso” estar fora de moda, o adjetivo “abissal” é mais usado que “abismal”: “A ignorância dele é abissal/abismal.” Ambas as formas são corretas e equivalentes.

POLISSEMIA

É a propriedade que tem a mesma palavra de assumir significados diferentes.

Exemplos

Lúcia bateu a porta. (fechou)
Roberto bateu o carro. (trombou)
Meu coração bate rápido. (pulsa)

Em uma propaganda da Bradesco Seguros de automóveis vemos, na foto, um pincel de barbeiro, usado para espalhar o creme de barbear no rosto do cliente, e a legenda: “Esta cidade está cheia de barbeiros” (alusão aos maus motoristas)

POLISSÍNDETO

É o uso repetido da conjunção (do conectivo), entre elementos coordenados. Esse recurso costuma acelerar o ritmo narrativo.

Exemplos

“O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.”
(Machado de Assis)

“No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego
Trabalhe, e teima, e lima, e sofre, e sua!”
(Olavo Bilac)

PROSOPOPÉIA ou PERSONIFICAÇÃO (ou ainda METAGOGE)

Consiste em atribuir características de seres animados a seres inanimados ou características humanas a seres não-humanos.

Exemplos

“A floresta gesticulava nervosamente diante do lago que a devorava. O ipê acenava- lhe brandamente, chamando-o para casa.”

As estrelas sorriem quando você também sorri.

SILEPSE

Figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido, e não segundo as regras da sintaxe. A Silepse pode ser de pessoa, número ou gênero.

Exemplos

“Os brasileiros somos roubados todos os dias.” Quem diz ou escreve a frase dessa forma põe o verbo na primeira pessoa do plural para deixar claro que é brasileiro e é roubado. Nessa frase, por exemplo, a concordância não foi feita com “os brasileiros”, mas com o sentido, com a idéia que se quer enfatizar. É claro que teria sido possível empregar a forma “são” (“Os brasileiros são roubados…”), no entanto, o enfoque mudaria completamente.

No exemplo anterior, ocorre silepse de pessoa, já que se trocou a terceira pessoa pela primeira.

A de número ocorre quando se troca o singular pelo plural (ou vice-versa), como se vê neste exemplo: “A turma chegou cedo, mas, depois que foi dado o aviso de que o professor se atrasaria, desistiram de esperar e foram embora”desistiram” e “foram” se referem ao termo “turma”, mas não concordam com a forma dessa palavra (singular), e “. Nessa frase, as formas verbais sim com a idéia contida em seu significado (“alunos”, no caso). A silepse de número é comum com o vocativo representado por coletivo, seguido de verbo no pluralverbo (“venham”) não concorda com a palavra “turma”, mas com sua idéia. : “Turma, turma, venham”. De novo, o

A silepse é de gênero quando se troca o masculino pelo feminino (ou vice-versa). Em “São Paulo está assustadíssima com a brutalidade”, exemplo clássico, o adjetivo “assustadíssima”, no feminino, não concorda com “São Paulo”, nome de santo, masculino, mas com “cidade”, palavra que não foi dita ou escrita. O mesmo processo se dá quando se diz “Porto Alegre é linda”. “Porto” é palavra masculina, mas a concordância de “linda” também se dá com “cidade”.

Em certos casos, ocorrem, simultaneamente, a silepse de gênero e a de número, como se vê neste exemplo, transcrito do “Dicionário Houaiss”: “Que será de nós, com a bandidagem podendo andar soltos por aí”. Na frase, o adjetivo “soltos” não concorda com a forma singular e feminina da palavra “bandidagem”, mas com sua idéia (“os bandidos”).

Observação

É bom lembrar que a Silepse também é chamada de “concordância ideológica”.

SINESTESIA

A proximação de sensações diferentes.

Exemplos

Naquele momento, sentiu um CHEIRO VERMELHO de ódio.
(CHEIRO, olfato – VERMELHO, visão)

ZEUGMA

O missão de um ou mais elementos de uma oração, mas que já foram mencionados em outra.

Figuras de Linguagem – Palavras e Frases

Praticamente todas as situações de nossa vida, temos a disposição palavras e expressões que traduzem as nossas sensações emoções. Mas nem sempre utilizamos as mesmas palavras expressões em todas as situações que vivemos.

Para as situações comuns, corriqueiras, temos um determinado número de palavras e expressões que traduzem muito bem aquilo que queremos comunicar. Elas vem automaticamente a nossa cabeça e são facilmente entendidas por todos.

Mas existem situações em que essas palavras e frases corriqueiras não conseguem traduzir com exatidão aquilo que estamos sentindo.

Através desse modo de dizer, diferente do comum procuramos enfatizar a nossas sensações.

As figuras de linguagem servem exatamente para expressar aquilo que linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente. São uma forma do homem assimilar e expressar experiências diferentes, desconhecidas e novas. Por isso elas revelam muito da sensibilidade de quem produz, forma como cada indivíduo encara as suas experiências no mundo.

Figuras de linguagem

Palavra ou grupo de palavras utilizadas para dar ênfase a uma idéia ou sentimento.

As mais difundidas, são as seguintes:

Figuras de Palavras (TROPOS)

As figuras de palavras consistem no emprego de um termo em um sentido diferente daquele em que esse termo é convencionalmente empregado.

Por exemplo, convencionalmente, o termo “porta designa” uma peça de madeira ou que gira sob dobradiças que tem a função ao de fechar móveis, automóveis e construções, etc. .

Mas quando dizemos: “Fulano não entende nada. “Ele é uma porta” , o termo “porta” não se referindo aquela peça de madeira ou de metal.

Nesse caso, a palavra porta esta sendo utilizada num sentido diferente do convencional, para definir a dificuldade compreensão, a burrice do Fulano.

Outro exemplo: ” a porta dos sentimentos” . É claro que a palavra também. neste caso, não esta sendo utilizada no seu sentido convencional. “Errar a porta” , nesta frase, sugere um ganho, uma desilusão. Nesses dois casos termos figuras de palavras.

Há casos também em que um termo, que originalmente designa alguma coisa especifica, tem seu sentido ampliado, passando a designar algo genérico. Temos exemplo do “Danone”. O nome do produto é iogurte; Danone é a marca do iogurte produzido por um determinada fabricante. Mas a marca foi identificada de tal forma com o produto que, em vez de dizermos “Vou comprar um iogurte”, freqüentemente dizemos “Vou comprar um danone” , mesmo quando o iogurte que compramos é de uma outra marca (Chambourcy, Pauli, Batavo, etc.). A palavra “Danone” , que designava um tipo de iogurte, teve seu significado ampliado e passou a designar o produto de uma forma geral.

As figuras de palavras podem ser utilizadas tanto para tornar mais expressivo aquilo que queremos comunicar quanto para suprir a falta de um termo adequado que designe alguma coisa. Além disso, elas fazem com que a língua se torne mais econômica, uma vez que uma única palavra, dependendo do contexto, pode assumir os mais diferentes significados.

FIGURAS DE SOM OU DE HARMONIA

Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ao longo de uma oração ou texto, ou ainda quando
se procura “imitar” os barulhos e sons produzidos pelas coisas ou seres.

ALITERAÇÃO

Aliteração é a figura de som provocada pela incidência reiterada de algumas consoantes ou fonemas consonantes.

“Que um Fraco Rei Faz Fraca a forte gente! “

A letra de Caetano Veloso para a música `Pipoca moderna’ é construída toda a partir de aliterações sobre os fonemas / n / e / p / .

Leia em voz alta para perceber o efeito sonoro criado por essas aliterações:

e era Nada de Nem Noite de Nego Não e era Nê de Nunca mais
e era Noite de Nê Nunca de Nada mais e era Nem de Negro Não
Porém Parece que a golpes de Pê de Pé de Pão
de Parecer Poder
(e era Não de Nada Nem)

Aqui, as aliterações marcam fortemente o ritmo ocorrerem a intervalos regulares. Esses intervalos não são, cada verso, nunca maiores que duas sílabas.

A única exceção ocorre no verso ` `porém parece que a golpes de pê” onde o intervalo maior acentua a mudança do fonema te ma: a partir desse verso e nos dois que se seguem a aliteração recairá sobre o fonema / p / .

ASSONÂNCIA

Assonância é a repetição de vogais e de sílabas semelhantes, mas não idênticas.

Observe:

“Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana Sou Ana de Amsterdaim”.
(Chico Buarque de Holanda)

O segmento -ana aparece repetido cinco vezes ao longo dos três versos: às vezes, “Ana” é um segmento autônomo, uma palavra; outras, -ana aparece repetido no interior de outras palavras (em cana, fulana, bacana) . Se você. ler o. trecho em voz alta, vai perceber que -ama (de cama) e n primeiro -am de Amsterdam (perceba que o segundo -arri é urna grafia do fonema nasal / ã / , enquanto no primeiro pronunciamos o m) são sons muito próximos ao do segmento -ana.

É justamente a essa repetição de segmentos com sons semelhantes, em várias palavras de um mesmo texto, que chamamos assonância.

Mas a assonância pode ainda ser obtida pela repetição de uma vogal:

PARONOMASIA

Paronomásia é a figura de som que consiste no emprego de palavras parônimas, ou seja, palavras semelhantes no som, porém com significações diversas.

Observe:

“Houve aquele tempo…

(E agora, que a chuva chora, ouve aquele tempo! )”.
(Ribeiro Couto)

Os termos “houve” (verbo haver) e “ouve” (verbo ouvir) coincidem do ponto de vista sonoro, embora se grafem e formas diferentes e tenham significados diversos. !~ coincidência sonora cria uma tensão semântica na poesia:. ela da novas significações à relação dos tempos presente e passado .

ONOMATOPÉIA

Onomatopéia é a palavra ou conjunto de palavras que representa um ruído ou som.

Nas histórias em quadrinhos, podemos encontrar inúmeros exemplos de onomatopéias: ` “click” sobre o desenho de uma máquina fotográfica; “cabranch” representando o barulho e uma explosão e acompanhando o desenho de uma casa em chamas; “bip! bip! bip!” para o barulho do alarme que pega um ladrão desprevenido; etc. onomatopéia nos quadrinhos é, em geral, um recurso para melhor representar as ações e os fatos, expressando o ruído que os acompanha
na realidade.

Muitos os ruídos e sons representados por onomatopéias acabam por se incorporar ã língua.

Algumas vão até motivar a criação, por derivação, de novas palavras:

o barulho do relógio tic-tac a “voz” do gato miau!
a “voz” do galo cocoricó a “voz” dos passarinhos piu-piu
o barulho de um apito trrrrriiiiiii

A língua portuguesa é extensa, as figuras de linguagem servem somente para deixar a linguagem mais bonita e diversificada.

Figuras de Linguagem – Língua Portuguesa

Figuras de linguagem são estratégias literárias que um escritor pode aplicar em determinado texto com o objetivo de fazer um efeito determinado na interpretação do leitor, são formas de expressão que caracterizam formas globais no texto.

Elas podem se relacionar com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas.

Observando o diálogo entre dois amigos, percebi duas figuras de linguagem constantes no nosso vocabulário, (nomes fictícios).

João: Antes de ir na casa da Paulinha, tive que subir lá em cima do telhado para arrumar a antena para minha mãe.
Marcos: Toda vez que você vai sair, você tem que arrumar a tal da antena da mamãe, já foram mais de um milhão de vezes, incrível.

Podemos perceber na conversa do João e Marcos, duas figuras de linguagem muito utilizadas, a primeira foi o pleonasmo “tive que subir lá em cima”.

Quem sobe, logicamente foi para cima, pois é impossível subir para baixo.

O Pleonasmo possui essa característica, trata-se de idéias já ditas e que são novamente “ditas ou confirmadas”, são expressas por idéias iguais, exemplo: Subir para cima, descer lá em baixo, Vi com os meus próprios olhos.

Podemos perceber também na conversa, a segunda figura de linguagem, que é a hipérbole: “já foram mais de um milhão de vezes”.

Ocorre a hipérbole quando há um exagero na idéia expressa, de modo a acentuar de forma dramática aquilo que se quer dizer, transmitindo uma imagem inesquecível.

Exemplos

BomBril, a esponja de aço com mil e uma utilidades.
Já te avisei mais de mil vezes.
Rios te correrão dos olhos, se chorares! (Olavo Bilac).

As principais figuras de Palavras são:

Alegoria
Antífrase
Metáfora
Metonímia ou Sinédoque
Comparação simples
Comparação por símile
Hipálage
Ironia
Sarcasmo
Catacrese
Sinestesia
Antonomásia
Metalepse
Onomatopéia
Antítese
Paradoxo
Perífrase
Eufemismo
Disfemismo
Hipérbole
Gradação
Prosopopéia ou Personificação
Apóstrofe

As Principais figuras de Construção são:

Analepse (oposto de prolepse)
Anacoluto
Anadiplose
Anáfora
Assíndeto
Aliteração
Assonância
Clímax
Diácope
Epístrofe
Epizêuxis
Inversão ou Hipérbato
Elipse
Paranomásia
Pleonasmo
Polissíndeto
Prolepse (oposto de analepse)
Silepse
Zeugma

Fonte: br.geocities.com/intervox.nce.ufrj.br/www.graudez.com.br

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