Preposição

Preposição – O que é

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Preposição é uma palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo relação de subordinação (regente – regido). Antepõem-se a termos dependentes (OI, CN, adjuntos etc. e orações subordinadas).

Divide-se em:

Essenciais (maioria das vezes são preposições)

a
ante
após
até
com
contra
de
desde
em
entre
para
per
perante
por
sem
sob
sobre
trás

Acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição)

afora
conforme (= de acordo com)
consoante
durante
exceto
salvo
segundo
senão
mediante
visto (= devido a, por causa de) etc.
(Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem)

As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais regem as formas retas dos pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram)

As locuções prepositivas, em geral, são formadas de adv (ou locução adverbial) + preposição – abaixo de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, perto de, até a, a par de, devido a etc.

Observação

A última palavra da loc. prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última palavra de uma loc. adverbial nunca é preposição

Emprego

combinação – preposição + outra palavra sem perda fonética (ao/aos)

contração – preposição + outra palavra com perda fonética (na/àquela)

não se deve contrair de se o termo seguinte for sujeito (Está na hora de ele falar)

a preposição após, acidentalmente, pode funcionar como advérbio (=atrás) (Terminada a festa, saíram logo após.)

trás, modernamente, só se usa em locuções adverbiais e prepositivas (por trás, para trás por trás de)

Pronome pessoal oblíquo X preposição X artigo

Preposição – liga dois termos, sendo invariável

Pronome oblíquo – substitui um substantivo

Artigo – antecede o substantivo, determinando-o

Relações estabelecidas pelas preposições

Isoladamente, as preposições são palavras vazias de sentido, se bem que algumas contenham uma vaga noção de tempo e lugar.

Nas frases, exprimem diversas relações:

autoria – música de Caetano

lugar – cair sobre o telhado / estar sob a mesa

tempo – nascer a 15 de outubro / viajar em uma hora / viajei durante as férias

modo ou conformidade – chegar aos gritos / votar em branco

causa – tremer de frio / preso por vadiagem

assunto – falar sobre política

fim ou finalidade – vir em socorro / vir para ficar

instrumento – escrever a lápis / ferir- se com a faca

companhia – sair com amigos

meio – voltar a cavalo / viajar de ônibus

matéria – anel de prata / pão com farinha

posse – carro de João

oposição – Flamengo contra Fluminense

conteúdo – copo de (com) vinho

preço – vender a (por) R$ 300, 00

origem – descender de família humilde

especialidade – formou-se em Medicina

destino ou direção – ir a Roma / olhe para frente

Preposição – Palavra

Palavras invariáveis que exprimem relações entre duas partes de uma oração que dependem uma da outra.

a ante após até

com conforme contra consoante de desde durante em excepto entre mediante para perante por salvo sem segundo sob sobre trás

TIPOS DE PREPOSIÇÕES

Essenciais

por
para
perante
a
ante
até
após
de
desde
em
entre
com
contra
sem
sob
sobre
trás

As essenciais são as que só desempenham a função de preposição.

Acidentais

afora
fora
exceto
salvo
malgrado
durante
mediante
segundo
menos

As acidentais são palavras de outras classes gramaticais que eventualmente são empregadas como preposições. São, também, invariáveis.

Locução Prepositiva

São duas ou mais palavras, exercendo a função de uma preposição:

acerca de
a fim de
apesar de
através de
de acordo com
em vez de
junto de
para com
à procura de
à busca de
à distância de
além de
antes de
depois de
à maneira de
junto de
junto a
a par de…

As locuções prepositivas têm sempre como último componente uma preposição.

Combinação

Junção de algumas preposições com outras palavras, quando não há alteração fonética.

Exemplos

ao (a + o)
aonde (a + onde)

Contração

Junção de algumas preposições com outras palavras, quando a preposição sofre redução.

Exemplos

do (de + o)
neste (em + este)
à (a + a)

Observação

Não se deve contrair a preposição de com o artigo que inicia o sujeito de um verbo, nem com o pronome ele(s), ela(s), quando estes funcionarem como sujeito de um verbo.

Por exemplo a frase “Isso não depende do professor querer” está errada, pois professor funciona como sujeito do verbo querer.

Portanto a frase deve ser “Isso não depende de o professor querer” ou “Isso não depende de ele querer”.

Circunstâncias: As preposições podem indicar diversas circunstâncias:

Lugar = Estivemos em São Paulo.
Origem
= Essas maçãs vieram da Argentina.
Causa
= Ele morreu, por cair de um andaime.
Assunto
= Conversamos bastante sobre você.
Meio
= Passeei de bicicleta ontem.
Posse
= Recebeu a herança do avô.
Matéria
= Comprei roupas de lã.

Preposição – Classe

Preposição é uma classe invariável que liga termos, às vezes, liga orações.

Há palavras que, na frase, são usadas como elementos de ligação: uma delas é a preposição.

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos.

Exemplos

O professor gosta de trabalhos noturnos. (liga termos de uma oração)
O professor gosta de trabalhar à noite. (liga orações)

Exemplos das preposições mais comuns:

a
ante
após
até
com
contra
de
desde
em
entre
para
perante
por
sem sob
sobre
trás

DICAS

O que caracteriza uma palavra como pertencente a uma classe não é a sua forma e sim a função que desempenha dentro da oração.

Os exemplos citados servem como roteiro, mas não devem limitar sua visão do assunto. Analise cada caso, você descobrirá palavras funcionando como preposição que não estão nesta lista.

Preposição – Uso

Há palavras que, na frase, são usadas como elementos de ligação: uma delas é a preposição.

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos.

Nessa ligação entre os dois termos, cria-se uma relação de subordinação em que o segundo termo se subordina ao primeiro.

Locução Prepositiva

É o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma preposição.

Exemplos

afim de
através de
à custa de…

Preposição – Característica

Podemos considerar os pronomes como uma classe de substitutos, pela característica que apresentam de, na maioria dos casos, poderem ser comutados por sintagmas substantivos.

O sistema de pronomes do português é rico e complexo.

São os seguintes os pronomes da língua portuguesa:

    1ª Sing. 2ª Sing. 3ª Sing. 1ª Plural 2ª Plural 3ª Plural
Reto   eu tu ele ela nós vós eles elas

Oblíquo OD

    o, lo, no a, la, na     os, los, nos as, las, nas

Oblíquo SSp

Átono me te lhe nos vos lhes
Reflexivo átono me te se nos vos se
Tônico mim ti ele ela nós vós eles elas
Reflexivo tônico mim ti si nós vós si
com+ pronome comigo contigo consigo conosco convosco consigo

Tratamento

    Você O Sr. A Sra. V.S.ª V.Ex.ª     Vocês Os Srs. As Sras. V.S.as V.Ex.as

Flexões dos pronomes

Os pronomes são flexionados em pessoa, gênero, número, e caso, embora o sistema pronominal seja defectivo, como se observa no quadro de pronomes, onde existem lacunas que correspondem à ausência de algumas possibilidades de flexão. A flexão em gênero, por exemplo só existe para alguns pronomes de terceira pessoa. Muitas flexões apresentam a mesma forma que outras próximas no quadro.

A flexão de caso, em português, está presente apenas nos pronomes, que comportam três casos: reto, oblíquo OD e  oblíquo SSp.

Reto. O caso reto é empregado quando o pronome desempenha função de sujeito da frase.
Oblíquo OD
. O caso oblíquo OD é usado quando o pronome funciona como objeto direto na frase.
Oblíquo SSp
. O caso oblíquo SSp, por sua vez, é usado em função de sintagma substantivo preposicionado. Uma especialização do caso oblíquo SSp são os pronomes reflexivos. O oblíquo reflexivo é usado quando o pronome ocupa função de objeto indireto e, além disso, o sujeito e o objeto indireto da frase denotam o mesmo referente.

Terceira pessoa em função de segunda

Uma característica marcante do nosso sistema pronominal é a possibilidade de, em certos casos, se usar uma flexão de pessoa com valor de outra. O caso mais notável dessa peculiaridade ocorre quando nos dirigimos à quem se fala (segunda pessoa do discurso) usando pronomes de terceira pessoa. Nesse caso, o verbo também pode vir flexionado em terceira pessoa.

Observe os exemplos:

Tu podes me informar as horas?

Você pode me informar as horas?

O pronome da frase um está flexionado em segunda pessoa e o pronome da frase dois, está em terceira pessoa. No entanto, as frases se equivalem já que por meio de ambas, nos dirigimos ao receptor, ou seja, à segunda pessoa do discurso.

O uso de flexões de terceira pessoa em lugar de segunda explica-se historicamente. Os pronomes de tratamento eram formas cerimoniais de se dirigir às autoridades. Pela etiqueta da época, não se considerava apropriado dirigir-se à autoridade diretamente, usando pronomes de segunda pessoa. Os pronomes de tratamento, na verdade, citavam a pessoa a quem se fala de uma forma indireta, referindo-se à seus atributos.

Por exemplo: Em vez de dizer:

Tu podes me conceder um favor?

dizia-se:

Vossa mercê pode me conceder um favor?

Vossa senhoria pode me conceder um favor?

A forma de tratamento vossa mercê evoluiu para o pronome atual você. Essa maneira de se dirigir à quem se fala em terceira pessoa se consolidou na língua portuguesa e hoje não se limita aos pronomes de tratamento e às situações formais. Temos no português contemporâneo, regras que definem como usar flexões pronominais de terceira pessoa em função de segunda.

Vamos conhecer essas regras a seguir:

Reto. Frases com o pronome tu podem ser comutadas com correspondentes que usem pronomes de tratamento. Por exemplo: Tu podes me fazer um favor? Você pode me fazer um favor? O senhor pode me fazer um favor? Observe que o verbo concorda com a pessoa do pronome.
Oblíquo SSp átono
. Frases com o pronome te podem ser comutadas por correspondentes que usem lhe ou a + pronome de tratamento. Exemplos: Concedo-te o benefício. Concedo-lhe o benefício. Concedo a você o benefício. Concedo ao senhor o benefício.
Oblíquo SSp tônico
. Frases com o pronome ti são comutáveis por correspondentes que apresentem o pronome lhe ou pronomes de tratamento. Exemplos: Concedo a ti o benefício. Concedo-lhe o benefício. Concedo a você o benefício. Concedo ao senhor o benefício. Observe que lhe substitui preposição + pronome tônico.
Com + pronome
. Frases com a forma contigo podem ser permutadas com correspondentes que usem consigo ou com + pronome de tratamento. Exemplos: Vou contigo ao escritório. Vou consigo ao escritório. Vou com você ao escritório. Vou com o senhor ao escritório.

Não existem formas de segunda pessoa para oblíquo OD átono, oblíquo SSp átono reflexivo, oblíquo SSp tônico reflexivo, e pronomes de tratamento logo, não há como fazer permuta com formas de terceira pessoa nesses casos.

No caso dos pronomes lhe e consigo, somente pelo contexto podemos discernir se estão sendo usados em função de segunda ou terceira pessoa.

Embora os pronomes de tratamento sejam de terceira pessoa, seu uso ocorre praticamente só em função de segunda.

A classe das preposições é fechada de palavras relacionais, pois mediam uma relação entre dois itens da frase. De forma simplificada, podemos entender as preposições como uma ponte semântica entre dois itens que, intercalados pela preposição, formam o que chamaremos de conjunto preposicionado.

Esse conjunto é composto de três elementos:

ANTECEDENTE + PREPOSIÇÃO + CONSEQÜENTE

Veja exemplos:

Antecedente Preposição Consequente
Livro de História.
Viagem a Paris.
Café com leite.

Em português, excepcionalmente, a preposição entre pode mediar a relação entre um antecedente e dois conseqüentes, ou então, conseqüente plural.

Antecedente Preposição Consequente 1   Consequente 2
Ficou entre a cruz e a espada.

As principais preposições do português são:

Preposição Exemplo de uso
A Viagem a Paris
Afora Todos desistiram, afora os mais insistentes.
Após Paulo retirou-se após a discussão.
Ante Ficou parado ante a porta.
Até Correu até cair de cansaço.
Com Café com leite
Como Receberam o troféu como prêmio.
Conforme Ocorreu conforme o esperado.
Consoante O rito se deu consoante os costumes.
Contra Lutaram um contra o outro.
De Copo de leite.
Desde Não o vejo desde o ano passado.
Durante Ele saiu durante o discurso.
Em Siga em frente.
Entre Estava entre a cruz e a espada.
Exceto Todos votaram a favor, exceto os radicais.
Fora Tudo corre bem, fora alguns detalhes.
Mediante Pudemos participar mediante recurso.
Menos Todos compareceram, menos ele.
Para (pra) Comida para gatos. Bom pra cachorro.
Por (Per) Passamos por ele no caminho. Ele passou pelos percalços ileso.
Perante Apresentou-se perante o juiz.
Salvante Resolvi todas as questões, salvante a última.
Salvo Chegaremos logo, salvo algum imprevisto.
Segundo Estamos no caminho certo, segundo o mapa.
Sem Café sem açúcar.
Sob Trabalho sob pressão.
Sobre Pedra sobre pedra.
Tirante Conheço essas pessoas, tirante uns poucos.
Visto Ele terá alta, visto o resultado do exame.

A forma pra é uma variante informal de para.

As preposições por e per ocorrem em distribuição complementar. A preposição por predomina, mas não pode ocorrer antecedendo artigos definidos.

Não são válidas as combinações a seguir:

Por a,

por as,

por o,

por os.

As formas inaceitáveis acima devem ser substituídas pelas contrações equivalentes de per com os artigos definidos.

Per + a = pela

Per + as = pelas

Per + o = pelo

Per + os = pelos

Afora esses casos de contração, a preposição arcaica per só ocorre em algumas poucas expressões da língua como de per si ou per capita.

Ordem e contigüidade no conjunto preposicionado

Os elementos do conjunto preposicionado não precisam ser necessariamente contíguos, como vemos nos exemplos a seguir:

Viajei ontem a Recife.

Comecem imediatamente a estudar.

Contou a fofoca para todos.

Podemos intercalar outros itens entre os elementos do conjunto preposicionado, respeitando a regra que não se interpõe nada entre a preposição e o conseqüente.

São inaceitáveis construções como:

Contou para a fofoca todos.

Reservei para, o melhor, ti.

Quanto à ordem, é aceitável a inversão específica da ordem típica do conjunto preposicionado como neste exemplos:

A todos contou a fofoca.

Para ti, reservei o melhor.

As duas ordens aceitáveis são portanto:

ANTECEDENTE + PREPOSIÇÃO + CONSEQÜENTE (típica)

PREPOSIÇÃO + CONSEQÜENTE + ANTECEDENTE

São inaceitáveis outras ordens, tais como:

CONSEQÜENTE + PREPOSIÇÃO + ANTECEDENTE

Todos a contou a fofoca.

ANTECEDENTE + CONSEQÜENTE + PREPOSIÇÃO

Contou a fofoca todos a.

O conjunto preposicionado e os sintagmas

A preposição media a relação entre dois itens da frase formando o conjunto preposicionado. No entanto, esse conjunto não se contém em um único sintagma.

De modo genérico, podemos descrever essa característica com a representação a seguir:

Sintagma 1 Sintagma 2
antecedente preposição + conseqüente

Veja alguns exemplos:

Sintagma 1 Sintagma 2
Doce S de leite. SAdj
Colorido Adj à mão. SAdv
Comecem V a estudar. Prep V
Ele contou Suj SV a todos. OI

As relações entre os elementos do conjunto preposicionado se dão em uma camada à parte da estrutura de sintagmas. É como se tivéssemos dois níveis de interpretação sobrepostos sobre a mesma frase. Vamos exemplificar analisando o enunciado doce de leite.

Na camada sintática, doce é sintagma substantivo simples. Leite é sintagma substantivo simples, que por sua vez integra o sintagma adjetivo de leite.

Na camada do conjunto preposicionado, doce é o antecedente e leite é o conseqüente.

Na tabela a seguir, temos a maioria das possibilidades de cruzamentos entre conjuntos preposicionados e sintagmas.

Antecedente   Preposição + conseqüente  
Tudo correu bem, F   de modo geral. SAdv  
Eles partem Suj SV   em viagem SAdv hoje. SAdv
Letícia emprestou Suj SV   a Otávio OI o livro. OD
O médico Suj é SV contra  a cirurgia. SAdj  
Água S mineral SAdj sem gás. SAdj  
Entediado Adj   com a monotonia. SAdv  
Vestida Vvcv   para matar. Prep Vn  

Sintagmas avulsos preposicionados

No modelo completo, a preposição só ocorre concomitantemente a um antecedente e a um conseqüente.

Nos sintagmas avulsos, porém, podemos encontrar a preposição associada apenas ao conseqüente, como mostram os exemplos a seguir:

Até a vitória.

Para você, com carinho.

Com sua licença, por favor.

Os exemplos são sintagmas preposicionados avulsos. Pode-se entendê-los em muitos casos como frases elípticas, em que o antecedente foi omitido. Mesmo nos sintagmas isolados observamos que a preposição precede de imediato o conseqüente.

Combinação de preposições

Nas combinações, duas preposições atuam em conjunto para criar o elo semântico entre antecedente e conseqüente. As preposições aparecem lado a lado e a interpretação do elo semântico que elas definem se dá pela composição dos sentidos individuais de cada preposição.

Veja exemplos:

Desceu de sobre a árvore.

Os preços baixaram em até 10%.

Ele tem o maior carinho para com você.

A umidade se infiltrou por entre as tábuas.

Sob perspectiva histórica, as preposições afora, após, dentre e perante são combinações.

Afora = a + fora

Após = a + pós

Dentre = de + entre

Perante = Per + ante

Os falantes de hoje, porém, já deixaram de perceber essas preposições como combinações, até porque duas delas incluem preposições arcaicas (per e pós). No português contemporâneo, podemos considerar esses casos como preposições simples.

Análise semântica da preposição

Primeiramente, vamos classificar a função semântica das preposições segundo a necessidade.

São três as possibilidades: necessária, abundante e redundante.

Necessidade semântica

Observe a série seguinte:

Viajei com documentos.

Viajei sem documentos.

Aqui, a função semântica da preposição é evidente. É pela preposição que diferenciamos o sentido dos enunciados. Nesse exemplo, se a preposição for removida o enunciado fica inaceitável e incompreensível. A preposição é necessária à compreensão do enunciado.

Abundância enfática

Observe o exemplo:

Concordo com você.

Nesse caso, a preposição apenas enfatiza semanticamente o enunciado. O sentido de agrupamento, companhia, concordância, unidade, que a preposição agrega à frase já está presente no verbo. É impossível concordar contra alguém. Temos uma situação em que a preposição apenas reafirma o sentido já portado pelos demais elementos do enunciado. Isso não quer dizer que a preposição pode ser removida da frase. A construção do exemplo é abundante, mas a preposição é obrigatória. Sem a preposição, o enunciado resulta inaceitável.

Concordo você.

Observe que a escolha da preposição nesses casos não é arbitrária. O significado portado pela preposição deve se harmonizar com os demais itens do enunciado.

Redundância enfática

Veja os exemplos:

Procurar por alguém. Procurar alguém.

Encontrar com um amigo. Encontrar um amigo.

Observe que a preposição pode ser removida dos enunciados sem prejuízo para a compreensão ou para a aceitabilidade. A preposição, nesse caso, enfatiza semanticamente a mensagem. O importante nesse tipo de construção é que o significado associado à preposição se harmonize com os demais termos do enunciado.

Função adjetiva

Considere os exemplos:

Caminhão de cimento.

Piso de cimento.

Nos exemplos acima, a preposição de coopera na adjetivação do antecedente.

O algoritmo para interpretar o enunciado pode ser expresso assim:

O antecedente tem um atributo intrinsecamente relacionado com o conseqüente e a preposição explicita a natureza dessa relação.

Mas qual atributo é considerado no conjunto preposicionado? No primeiro enunciado dado, podemos intuir que o caminhão transporta cimento e no segundo, que o material construtivo do piso é o cimento. Temos dois usos bem distintos para o trecho de cimento. Como o falante discerne qual é o sentido correto para esse tipo de adjetivação? Trata-se de um mecanismo de associação metonímico. A natureza da relação entre o antecedente e o conseqüente não é explícita. É pelo contexto que o falante chega ao significado. Sem dúvida, nesses casos o falante deve contar com sua experiência acumulada, intuição e, às vezes, até com a imaginação. A preposição de coopera no processo, pois primariamente porta a idéia de origem, proveniência. Por meio de recursos retóricos essa significação básica gera significações correlatas como constituição, propósito, característica primária, etc.

O caráter adjetivo fica claro nas séries a seguir:

Memória de prodígio. Memória prodigiosa.

Homem de consciência. Homem consciencioso.

Análise da qualidade. Análise qualitativa.

Observe que sintagma preposicionado pode ser substituído a contento por adjetivos equivalentes.

Relação de posse

Em Português, a relação de posse é uma função adjetiva específica da preposição de.

Dizemos:

Livro de Pedro.

Carro de Lúcia.

É interessante observar que a língua portuguesa, nesse detalhe, não herdou a solução do latim, que reservava uma flexão de caso especialmente para indicar a relação de posse.

Função adverbial

A preposição participa de várias construções com função adverbial. Predomina, nesse caso, a relação locativa e suas derivações.

Relações locativas

As relações locativas ou de movimento e situação são um caso específico de uso das preposições em função adverbial.

Observe a série:

Cheguei de Porto Alegre ontem.

Estou em Curitiba hoje.

Vou a São Paulo amanhã

As preposições estão ligadas relações espaciais conforme o esquema:

origem=de > situação=em > destino=a

Vetor locativo

Para uma melhor compreensão das relações locativas vamos conceber o vetor locativo. Vamos considerá-lo como uma seta disparada de uma origem semântica, que passa através de uma posição referencial de situação e que avança para um destino semântico.

Baseados no vetor locativo, construímos frases como esta:

Vim de Florianópolis. Estou em Curitiba. Vou a São Paulo.

A origem do vetor locativo se vincula a preposições como de. O local em que o vetor se encontra se liga a preposições como em, entre e por. Já o destino do vetor está associado a preposições como a e para.

Funções derivadas da locativa

Por derivação, as relações fundamentais de origem e destino, podem gerar outras relações como:

Origem = posição de referência.

Destino = posição relativa.

Veja nos exemplos, como isso se dá.

Ele está a norte de Manaus.

O país está à beira do abismo.

Na primeira frase, norte é uma posição relativa a Manaus, que foi tomada como referência. Na segunda frase, beira é uma posição relativa a abismo, que é a posição de referência da frase.

Por derivação de relações locativas, também se produz relações temporais.

A correspondência, nesse caso é a seguinte:

Origem = Antes/Início

Destino = Depois/Fim.

Veja exemplos:

O expediente se estende de 9 horas até 18 horas.

Trabalhou de sol a sol durante toda a vida

Dissipação da função semântica

A função semântica da preposição fica clara quando observamos séries como a seguinte:

Falei a Pedro.

Falei ante Pedro.

Falei após Pedro.

Falei com Pedro.

Falei contra Pedro.

Falei de Pedro.

Falei em Pedro.

Falei para Pedro.

Falei perante Pedro.

Falei por Pedro.

Falei sem Pedro.

As frases acima se distinguem quanto ao sentido pelo uso da preposição. Percebe-se nelas uma clara função semântica da preposição. Por outro lado, existem muitos casos em que a função semântica da preposição se dilui consideravelmente.

Veja alguns exemplos em que a preposição sofreu esvaziamento da função semântica:

Acabo de comprar um livro.

Assisti ao filme.

O médico atendeu ao paciente.

Ele está para chegar.

Pensei em você.

Precisamos de tempo.

Ele simpatizou com você.

Deliberadamente, escolhemos exemplos em que a preposição sucede um verbo. Nesses casos, o uso da preposição é condicionado por algumas características da frase, mas principalmente pelo verbo que a antecede.

Poderíamos nos questionar: afinal, por que simpatizamos com alguém, em vez de * simpatizar a alguém ou * simpatizar por alguém? Aparentemente, o verbo simpatizar não permite escolha da preposição que o sucede por critérios semânticos objetivos.

Provavelmente, uma pesquisa histórica nos indicaria porque as preposições são usadas em frases como as exemplificadas. É provável que em fases anteriores da formação do idioma, a função da preposição fosse marcadamente semântica, mas o tempo se encarregou de dissipar o valor semântico da preposição nessas frases.

Fraseologias prepositivas

Observe a série de frases:

O gato está embaixo da mesa.

O livro está em cima da cama.

Consideravam-no um cidadão acima de qualquer suspeita.

A qualidade do filme está abaixo da crítica.

Os segmentos marcados em negrito são fraseologias, ou seja, enunciados que se repetem nos discursos sempre da mesma forma, sob mesmas condições. As fraseologias apresentadas nessa série estão ligadas a relações locativas. Nas duas primeiras frases da série as relações locativas estabelecidas pelas preposições são diretas e objetivas. Elas nos esclarecem sobre relações espaciais entre objetos. Nas duas últimas frases da série, temos relações derivadas da locativa.

Em muitos casos, as fraseologias prepositivas podem ser permutadas por uma preposição equivalente como exemplificado a seguir:

O gato está embaixo da mesa. O gato está sob a mesa.

O livro está em cima da cama. O livro está sobre a cama.

Essa possibilidade de tratar algumas fraseologias prepositivas como substitutas de preposição levou muitos gramáticos a considerar essas ocorrências como locuções. A favor dessa linha de análise temos o fato de que muitas fraseologias prepositivas realmente são interpretadas pelos falantes como um bloco semântico. Os usuários já não interpretam as fraseologias prepositivas palavra a palavra. Pelo uso intensivo que fazem delas, assimilam-nas como um bloco. Em nossa análise, no entanto, não vamos tratar essas ocorrências como locuções. Entendemos que as fraseologias prepositivas têm uma estrutura sintática que se integra harmoniosamente à estrutura da frase que as contém. Não precisamos considerar as fraseologias prepositivas como uma locução para fazer a análise sintática da frase

  Destino Situação Origem
O gato está   embaixo da mesa.
O livro está   em cima da cama.
A negociata se deu   por baixo dos panos.
Todos estão a par   do assunto.
Eles negociam a partir   do preço mínimo.
Gostaria de falar a respeito   do problema.
O preço está acima   da média.
A estrada fica adiante   do matagal.
Conseguimos, apesar   dos percalços.
A vassoura está atrás   da geladeira.
Obtive a informação através   de contatos.
A discussão girou em torno   de detalhes.

Relações locativas

Boa parte das fraseologias prepositivas advém de enunciados baseados em relações locativas. Podemos analisá-las com auxílio do vetor locativo.

Algumas fraseologias prepositivas são construídas na ordem ORIGEM > SITUAÇÃO > DESTINO e outras na ordem de sentido contrário: DESTINO > SITUAÇÃO > ORIGEM.

Veja nas tabelas, como fraseologias prepositivas se encaixam no modelo do vetor locativo.

Ortografia de fraseologias prepositivas

A ortografia brasileira trata algumas fraseologias prepositivas de forma diferenciada.

Algumas palavras que compõem a fraseologia são grafadas como se formassem uma palavra única, como se vê nos exemplos a seguir:

Abaixo
A
cerca
A
cima
A
diante
A
pesar
A
trás
A
través
De
fronte
De
trás
Em
baixo

Observe a série:

Festa da vitória.
Brilho do olho.
Estrada das cataratas.
Terra dos pinheirais.

Os itens em negrito são resultados de acomodações fonológicas. No caso, são contrações da preposição de com os artigos definidos a, o, as e os. Em português, as preposições interagem fonologicamente com outros itens de léxico. Nessas interações predominam as contrações. Veja no quadro, a lista completa das contrações prepositivas do português.

Preposição Termo adicional Contração
A A À*
A As Às*
A O Ao
A Os Aos
A Aquela Àquela *
A Aquelas Àquelas *
A Aquele Àquele *
A Aqueles Àqueles *
A Aquilo Àquilo *
A Onde Aonde
Com Mim (migo) Comigo
Com Ti (tigo) Contigo
Com Si (sigo) Consigo
Com Nós (nosco) Conosco
Com Vós (vosco) Convosco
De A Da
De As Das
De O Do
De Os Dos
De Daí
De Ali Dali
De Onde Donde
De Aquela Daquela
De Aquelas Daquelas
De Aquele Daquele
De Aqueles Daqueles
De Aqui Daqui
De Aquilo Daquilo
De Ele Dele
De Eles Deles
De Ela Dela
De Elas Delas
De Essa Dessas
De Essas Dessas
De Esse Desse
De Esses Desses
De Esta Desta
De Estas Destas
De Este Deste
De Estes Destas
De Isso Disso
De Isto Disto
De Entre Dentre
Em A Na
Em As Nas
Em O No
Em Os Nos
Em Ele Nele
Em Ela Nela
Em Eles Neles
Em Elas Nelas
Em Aquilo Naquilo
Em Essa Nessa
Em Essas Nessas
Em Esse Nesse
Em Esses Nessas
Em Isso Nisso
Em Isto Nisto
Em Algum Nalgum
Em Outro Noutro
Em Outros Noutros
Em Outra Noutra
Em Outras Noutras
Em Um Num
Em Uns Nuns
Em Uma Numa
Em Umas Numas
Pra a Pra
Pra as Pras
Pra o Pro
Pra os Pros
Per a Pela
Per as Pelas
Per o Pelo
Per os Pelos

* A contração da preposição a como o artigo a, se realiza no discurso oral geralmente como vogal alongada e na escrita se representa pelo a craseado.

O encontro entre a preposição com e os pronomes oblíquos foge ao padrão válido para as demais preposições.

São válidos os enunciados a seguir:

A mim, a ti, a si, a nós, a vós.

De mim, de ti, de si, de nós, de vós.

No entanto, não são aceitáveis as formas seguintes:

Com mim,

com ti,

com si,

com nós,

com vós.

No lugar dessas formas inaceitáveis, usa-se: Comigo, contigo, consigo, conosco, convosco.

Nessas contrações, o português contemporâneo preservou as formas arcaicas dos pronomes oblíquos: migo, tigo, sigo, nosco e vosco.

Preposição – Unidade

Chama-se preposição a uma unidade lingüística desprovida de independência – isto é, não aparece sozinha no discurso, salvo por hipertaxe (à46) – e, em geral, átona, que se junta a substantivos, adjetivos, verbos e advérbios para marcar as relações gramaticais que elas desempenham no discurso, quer nos grupos unitários nominais, quer nas orações.

Não exerce nenhum outro papel que não seja ser índice da função gramatical de termo que ela introduz.

Em:

Aldenora gosta de Belo Horizonte

a preposição de une a forma verbal gosta ao seu termo complementar Belo Horizonte para ser o índice da função gramatical preposicionada complemento relativo (à 419).

Já em:

homem de coragem,

a mesma preposição de vai permitir que o substantivo coragem exerça o papel de adjunto adnominal do substantivo homem – função normalmente desempenhada por adjetivo. Daí dizer-se que, nestes casos, a preposição é um transpositor, isto é, elemento gramatical que habilita uma determinada unidade lingüística a exercer papel gramatical diferente daquele que normalmente exerce. Ora, o substantivo normalmente não tem por missão ser palavra modificadora de outro substantivo, razão por que não é comum dizer-se homem coragem; para que coragem esteja habilitado a assumir o papel gramatical do adjetivo corajoso (homem corajoso), faz-se necessário o concurso do transpositor de: homem de coragem.

Neste papel, o termo anterior à preposição chama-se antecedente ou subordinante, e o posterior chama-se conseqüente ou subordinado.

O subordinante pode ser substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio ou interjeição:

livro de história
útil a todos
alguns de vocês
necessito de ajuda
referentemente ao assunto
ai de mim!

O subordinado é constituído por substantivo, adjetivo, verbo (no infinitivo ou gerúndio) ou advérbio:

casa de Pedro
pulou de contente
gosta de estudar
em chegando
ficou por

No exemplo:

De noite todos os gatos são pardos,

o grupo unitário de noite exerce na oração o papel de adjunto adverbial; mas que temos como núcleo é outro substantivo, cujo significado lexical está incluído no amplo campo semântico das designações temporais das partes do dia: noite. Impõe-se a presença do transpositor de para que o substantivo fique habilitado ou constituindo uma locução adverbial temporal (de noite) e assim possa exercer a função de adjunto adverbial na oração acima.

No exemplo primeiro:

Aldenora gosta de Belo Horizonte,

diz-se que a preposição aparece por servidão gramatical, isto é, ela é mero índice de função sintática, sem correspondência com uma noção ou categoria: gramatical, exigida pela noção léxica do grupo verbal e que, exterior ao falante, impõe a este o uso exclusivo de uma unidade lingüística [GGh.1, 99]. É que ocorre, por exemplo, com “a regência obrigatória de determinada preposição para os objetos que são alvo direto do processo verbal (tratar de algum coisa, etc.)” [MC.4, 217].

Preposição e significado

Já vimos que tudo na língua é semântico, isto é, tudo tem um significado, que varia conforme o papel léxico ou puramente gramatical que as unidades lingüísticas desempenham nos grupos nominais unitários e nas orações.

As preposições não fazem exceção a isto:

Nós trabalhamos com ele, e não contra ele.

Contextos deste tipo ressaltam bem o significado de unidades como com ele e contra ele, auxiliados por diferentes preposições. Todavia, devemos lembrar aqui a noção de significado unitário (que não quer dizer significado único), exposta nas páginas de introdução.

Ora, cada preposição tem o seu significado unitário, fundamental, primário, que se desdobra em outros significados contextuais (sentido), em acepções particulares que emergem do nosso saber sobre as coisas e da nossa experiência de mundo.

Coseriu lembra, para tanto, o caso da preposição com, à qual as gramáticas atribuem englobadamente os significados de “companhia” (dancei com Marlit), “modo” (estudei com prazer), “instrumento” (cortei o pão com a faca), “causa” (fugiu com medo do ladrão), “oposição” (lutou com o ladrão), entre outras.

A língua portuguesa só atribui a com o significado de “co-presença”; o que, na língua, mediante o seu sistema semântico, se procura expressar com esta preposição é que, na fórmula com + x, x está sempre presente no “estado de coisas” designado. Os significados ou sentidos contextuais, analisados pela nossa experiência de mundo e saber sobre as coisas (inclusive as coisas da língua, que constitui a nossa competência lingüística) nos permitem dar um passo a mais na interpretação e depreender uma acepção secundária.

Assim, em cortar o pão com faca, pelo que sabemos o que é “cortar”, “pão”, “faca”, entendemos que a faca não só esteve presente ao ato de “cortar o pão”, mas foi o “instrumento” utilizado para a realização desta ação.

Já em dancei com Marlit, emerge, depois da noção da “co-presença”, o sentido de “companhia”, pois que em geral não se pratica a dança sozinho. Em estudei com prazer, o prazer não só esteve “presente”, mas representou o “modo” de como a ação foi levada a termo.

Mas que a preposição com por si não significa “instrumento”, prova-o que esta interpretação não se ajusta a:

Everaldo cortou o pão com a Rosa,

pois que, assim como sabíamos o que significa faca, sabemos o que é Rosa: não se trata de nenhum instrumento cortante, capaz de fatiar o pão; teríamos, neste exemplo, uma acepção contextual (sentido) de “ajuda”, ou “companhia”, por esta ou aquela circunstância em que o pão se achava e que só o entorno ou situação poderia explicar o conteúdo da oração.

Assim, não se deve perder de vista que, na relação dos “significados” das preposições, há sempre um significado unitário de língua, que se desdobra em sentidos contextuais a que se chega pelo contexto e pela situação.

O sistema preposicional do português, do ponto de vista semântico, está dividido em dois campos centrais: um que se caracteriza pelo traço “dinamicidade” (física ou figurada) e outro em que os traços de noções “estáticas” e “dinâmicas” são indiferentemente marcados ambos, tanto em referência espaço quanto ao tempo.(1)

Ao primeiro campo pertencem: a, contra, até, para, por, de e desde; segundo: ante, trás, sob, sobre, com, sem, em e entre.

O primeiro grupo admite divisão em dois subgrupos:

a) movimento aproximação ao ponto de chegada (a, contra, até, para);
b)
movimento afastamento (de, desde). A preposição por se mostra compatível com as duas noções aqui apontadas.

O primeiro subgrupo ainda se pode dividir em duas outras noções suplementares:

a) “chegada ao limite” (a, até, contra, sendo que a contra se adiciona a noção de “limite como obstáculo” ou “confrontamento”;
b)
“mera direção” (para).

O segundo subgrupo também admite divisão em duas outras noções afastamento:

a) “origem” (de);
b)
“mero afastamento” (desde).

O segundo grupo admite divisão em dois subgrupos:

a) situação definida e concreta (ante, trás, sob, sobre);
b)
situação mais imprecisa (com, sem, em, entre).

O primeiro subgrupo acima ainda se pode dividir em duas outras noções suplementares:

a) “situação horizontal” (ante, trás);
b)
“situação vertical” (sob, sobre).

O segundo subgrupo também admite divisão em duas outras noções suplementares:

a) “co-presença”, distribuída em “positiva” (com) e “negativa” (sem);
b)
em que a noção de “limite”, dentro da imprecisão que caracteriza par, marca a preposição entre.

Veja adiante o quadro resumo do sistema preposicional do português ponto de vista semântico.

Unidades convertidas em preposições

No sentido inverso à criação de advérbios ou locuções adverbiais mediante o emprego de preposições combinadas com substantivos (à noite, de tarde, com prazer, etc.), certos advérbios ou outras palavras transpostas à classe de advérbio, e certos adjetivos imobilizados no masculino podem converter-se em preposição:

Fora os alunos ninguém mais pôde entrar no salão.
Após a chuva vieram os prejuízos.
Os negociantes foram soltos mediante fiança.
Durante o jogo, a torcida cantava o hino do clube.
Também podem converter-se em preposição adjetivos como exceto, salvo, visto, conforme, segundo, consoante, mediante e os quantificadores

Locução prepositiva

É o grupo de palavras com valor e emprego uma preposição.

Em geral a locução prepositiva é constituída de advérbio ou locução adverbial seguida da preposição de, a ou com:

O garoto escondeu-se atrás do móvel.
Não saímos por causa da chuva.
O colégio ficava em frente a casa.
O ofício foi redigido de acordo com o modelo.
Às vezes a locução prepositiva se forma de duas preposições, como: de per (na locução de per si), até a e para com.
Foi até ao colégio.
Mostrava-se bom para com todos.

OBSERVAÇÃO

O substantivo que às vezes entra para formar estas locuções em geral está no singular; mas o plural também é possível: Viver à custa do pai (ou às custas pai), O negócio está em via de solução (ou em vias de solução).

Preposições essenciais e acidentais

Há palavras que só aparecem língua como preposições e, por isso, se dizem preposições essenciais: a, ar, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sob trás.

São ACIDENTAIS as palavras que, perdendo seu valor e emprego primitivos, passaram a funcionar como preposições: durante, como, conforme, feito exceto, salvo, visto, segundo, mediante, tirante, fora, afora, etc.

Só as preposições essenciais se acompanham de formas tônicas dos pronomes oblíquos:

Sem mim não fariam isso.

Exceto eu, todos foram contemplados.

Acúmulo de preposições

Não raro duas preposições se juntam para dar maior efeito expressivo às idéias, guardando cada uma seu sentido primitivo:

Andou por sobre o mar.

Estes acúmulos de preposições não constituem uma locução prepositiva porque valem por duas preposições distintas.

Combinam-se com mais freqüência as preposições: de, para e por com entre, sob e sobre.

“De uma vez olhou por entre duas portadas mal fechadas para o interior outra sala…” [CBr.1, 175].

“Os deputados oposicionistas conjuravam-no a não levantar mão de sobre os projetos depredadores” [CBr.l].

OBSERVAÇÕES

l.a) Pode ocorrer depois de algumas preposições acidentais (exceto, salvo, tirante, inclusive, etc. de sentido exceptivo ou inclusivo) outra preposição requerida pelo verbo, sendo que esta última preposição não é obrigatoriamente explicitada:

Gosto de todos daqui, exceto ela (ou dela).

Sem razão, alguns autores condenam, nestes casos, a explicitação da segunda preposição (dela, no exemplo acima).

Senhoreou-se de tudo, exceto dos dois sacos de prata [CBr apud MBa.3, 326].

2) Na coordenação não é necessário repetir as preposições, salvo quando assim o exigirem a ênfase, a clareza ou a eufonia:

Quase não falaram com o diretor e repórteres.

Quase não falaram com o diretor e com os repórteres.

A repetição é mais freqüente antes dos pronomes pessoais tônicos e do reflexivo:

Então desde o Nilo ao Ganges / Cem povos armados vi / erguendo torvas falanges / contra mim e contra ti [Passos apud ED.2, § 223, a].

A norma se estende às locuções prepositivas, quando é mais comum a repetição do último elemento da locução:

Antes do bem e do mal estamos nós.

Quando a preposição se encontra combinada com artigo, deve ser repetida se repetido está o artigo:

“Opor-se aos projetos e aos desígnios d’alguns.” [ED.2]

3) Uma expressão preposicionada indicativa de lugar ou tempo pode ser acompanhada de uma segunda de significado local ou temporal:

Levou-o para ao pé da cruz.

Desde pela manhã esperava novas notícias.

“Nós não fazemos senão andar atrás delas, desde pela manhã até a noite desde a noite até pela manhã” [Mesquita apud MB a.2, 70].

Trata-se aqui de expressões petrificadas que valem por uma unidade léxica (ao pé de, pela manhã, etc.) e como tais podem depois ser precedidas de preposição.

Combinação e contração com outras palavras – Diz-se que há combinação quando a preposição, ligando-se a outra palavra, não sofre redução.

A preposição a combina-se com o artigo definido masculino: a+ o = ao; a+os = aos.

Diz-se que há contração quando, na ligação com outra palavra, a preposição sofre redução.

As preposições que se contraem são:

1- Pode-se também considerar contração apenas o caso de crase; nos outros, diremos que houve combinação. A NGB não tomou posição neste ponto. Na realidade o termo combinação é muito amplo para ficar assim restringido.

A nomenclatura tradicional, por exemplo, só emprega combinação de pronomes.

A

Com o artigo definido ou pronome demonstrativo feminino

a + a = à; a + as = às (esta fusão recebe o nome de crase)

Com o pronome demonstrativo

a + aquele = àquele; a + aqueles = àqueles (crase)

a + aquela = àquela; a + aquelas = àquelas (crase)

a + aquilo = àquilo (crase)

OBSERVAÇÕES

1.ª) Muitas vezes a ligação ou não da preposição à palavra seguinte depende da necessidade de garantir a clareza da mensagem, amparada por entoação especial:

“Para Saussure a “ciência” dos signos era para ser um ramo da psicologia social, e a lingüística uma subespécie deste ramo apesar de a mais importante” [JDe.1, 20].

M. Bandeira sentiu necessidade de não proceder à crase em a aquela no exemplo: “Para tudo isso, porém, existe a adesão em massa. É o maior medo de Oswald de Andrade. De fato nada resiste a aquela estratégia paradoxal” [MB 248].

2.ª) Não se combina o artigo quando este é parte integrante do sintagma nominal como no seguinte exemplo:

Há quem conheça o que se decidiu chamar de o espírito carioca.

É pela mesma razão de conservar a integridade que se deve evitar fazer a combinação da preposição com a palavra inicial dos títulos de livros, jornais e demais periódicos de Os Lusíadas; em Os Sertões.

Também é preferível não se usar apóstrofo (d’Os Lusíadas), nem a repetição do artigo (dos Os Lusíadas).

A prática dos escritores se mostra muito indecisa neste particular [AK.2, 5,

De

1) com o artigo definido masculino e feminino

de+o = do; de+a = da; de+os = dos; de+as = das

2) com o artigo indefinido (menos freqüente):

de + um = dum; de + uns = duns

de + uma = duma; de + umas = dumas

3) com o pronome demonstrativo:

de + aquele = daquele; de + aqueles = daqueles

de + aquela = daquela; de + aquelas = daquelas

de + aquilo = daquilo

de + esse = desse; de + esses = desses; de + este = deste; de + estes = destes de + essa = dessa; de + essas = dessas; de + esta = desta; de + estas = destas de + isso = disso; de + isto = disto

4) como pronome pessoal:

de + ele = dele; de + eles = deles

de + ela = dela; de + elas = delas

5) com o pronome indefinido:

de + outro = doutro; de + outros = doutros

de + outra = doutra; de + outras = doutras

6) com advérbio:

de + aqui = daqui; de + aí = daí; de + ali = dali, etc.

Em

1. com o artigo definido, graças à ressonância da nasal:

em +o = no; em+os = nos; em +a = na; em +as = nas

2) com o artigo indefinido:

em + um = num; em + uns = nuns

em + uma = numa; em + umas = numas

3) com o pronome demonstrativo:

em + aquele = naquele; em + aqueles = naqueles

em + aquela = naquela; em + aquelas = naquelas

em + aquilo = naquilo

em + esse = nesse; em + esses = nesses; em + este = neste; em + estes = nestes; em + essa = nessa; em + essas = nessas; em + esta = nesta; em + estas = nestas; em + isso = nisso; em + isto = nisto

4) com o pronome pessoal:

em + ele = nele; em + eles = neles

em + ela = nela; em + elas = nelas

Per

1) com as formas antigas do artigo definido:

per + lo = pelo; per + los = pelos; per + Ia = pela; per + Ias = pelas

2) Para (pra) – com o artigo definido:

para (pra) + o = pro; para (pra) + os = pros; para (pra) + a = pra; para (pra) + as = pras

3) Co(m) – com artigo definido, graças à supressão da ressonância nasal (ectlipse):

co(m) + o = co; co(m) + os = cos; co(m) + a = coa; co(m) + as = coas

A preposição e sua posição

Em vez de vir entre o termo subordinante e o subordinado, a preposição, graças à possibilidade de outra disposição das palavras, pode vir aparentemente sem o primeiro:

Por lá todos passaram.

(subordinado) (subordinante)

Os primos estudaram com José.

(subordinante) (subordinado)

Com José os primos estudaram.

(subordinado) (subordinante)

“Quem há de resistir?

Resistir quem há de?” [LG]

Principais preposições e locuções prepositivas

a de exceto abaixo de de acordo com fora de acerca de, cerca de debaixo de junto a acima de de cima de junto de a fim de de conformidade com mediante à frente de defronte de na conta de ante dentre não obstante antes de dentro para ao lado de dentro de para com ao longo de dentro em per ao redor de desde, dês por a par com detrás de por baixo de apesar de diante de por cima de após durante por defronte de após de em por dentro de a respeito de embaixo de por detrás de à roda de em cima de por diante de até em favor de por meio de até a em frente de quanto a, enquanto a atrás de em lugar de segundo através de em prol de sem com em razão de sem embargo de como em troco de sob conforme em vez de sobre consoante entre trás contra

EMPREGO DA PREPOSIÇÃO

1) A

Esta preposição aparece nos seguintes principais empregos:

a) Introduz complementos verbais (objetos indiretos) e nominais representados por nomes ou pronomes oblíquos tônicos:

“Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude, [MM].

“O nosso amor próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses”.

“A força é hostil a si própria, quando a inteligência a não dirige” [MM].

b) Introduz objetos diretos:

“O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos” [MM].

“O homem que não é indulgente com os outros, ainda se não conhece a si próprio”

c) Prende infinitivos a certos verbos que o uso ensinará:

“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar a entender que o fazem por exceção de regra” [MM].

Geralmente tais verbos indicam a causa, o início, a duração, a continuação ou o termo de movimento ou extensão da idéia contida no verbo principal.

Os principais são: abalançar-se, acostumar-se, animar-se, anuir, aparelhar-se, aprender, apressar-se, arrojar-se, aspirar, atender, atrever-se, autorizar, aventurar-se, chegar, começar (também com de e por), concorrer, condenar, continuar, costumar, convidar (também com para), decidir-se, entrar, estimular, excitar-se, expor-se, habilitar-se, habituar-se, meter-se, obrigar, pôr-se, principiar, resolver-se, vir.

d) Prende infinitivos a certos verbos, formando locuções equivalentes e gerúndios de sentido progressivo:

“Anda visitando os defuntos? disse-lhe eu. Ora defuntos! respondeu Virglia com um muxoxo. E depois de me apertar as mãos: — Ando a ver se ponho os vadios para a rua” [MA apud SS.1, 309].

e) Introduz infinitivo designando condição, hipótese, concessão, exceção:

A ser verdade o que dizes, prefiro não colaborar.

“A filha estava com quatorze anos; mas era muito fraquinha, e não fazia nada, a não ser namorar os capadócios que lhe rondavam a rótula” [MA. 1, 201]

f) Introduz ou pode introduzir o infinitivo da oração substantiva subjetiva do verbo custar:

“Custou-lhe muito a aceitara casa” [MA. 1, 1941.

g) Introduz numerosas circunstâncias, tais como:

1) termo de movimento ou extensão:

“Nesse mesmo dia levei-os ao Banco do Brasil” [MA. 1, 151].

OBSERVAÇÃO: Com os advérbios aqui, lá, cá e semelhantes não se emprega preposição: “Vem cá, Eugênia, disse ela…” [MA. 1, 96].

2) tempo em que uma coisa sucede:

“Indaguei do guarda; disse-me que efetivamente “esse sujeito” ia por ali às vezes. -A que horas?” [MA. 1, 172].

3)fim ou destino:

“… apresentaram-se a falar ao imperador” [RP apud FB.1, 145].

Tocar à missa (= para assistir à missa).

Tocar o sino a ave-marias [EQ.5, 217].

4) meio, instrumento e modo:

matar à fome, fechar à chave, vender a dinheiro, falar aos gritos, escrever lápis, viver a frutas, andar a cavalo.

Com os verbos limpar, enxugar, assoar indicamos de preferência instrumento com em, e os portugueses com a: “limpar as lágrimas no lenço, “limpar as lágrimas ao lenço”.

5) lugar, aproximação, contigüidade, exposição a um agente físico

“Vejo-a a assomar à porta da alcova…” [MA. 1, 14].

Estar à janela, ficar à mesa, ao portão, ao sol, falar ao telefone

6) semelhança, conformidade:

“Não sai a nós, que gostamos da paz…” [MA apud SS. 1, 310].

“Desta vez falou ao modo bíblico” [MA apud SS. 1].

Quem puxa aos seus não degenera.

7) distribuição proporcional, gradação:

um a um, mês a mês, pouco a pouco

OBSERVAÇÃO: Diz-se pouco a pouco, pouco e pouco, a pouco e pouco.

“Pouco a pouco muitas graves matronas… se tinham alongado da para suas honras e solares” [AH.3, 21].

8) preço:

A como estão as maçãs? A um real o quilo.

9) posse:

Tomou o pulso ao doente (= do doente).

10) forma numerosas locuções adverbiais:

à pressa, às pressas, às claras, às ocultas, às cegas, a granel, a rodo, etc.

Emprego do à acentuado

Emprega-se o acento grave no a para indicar que soa como vogal aberta nos seguintes dois casos:

1.°) quando representa a construção da preposição a com o artigo a ou o início de aquele(s), aquela(s), aquilo, fenômeno que em gramática se chama crase:

Fui à cidade.

O verbo ir pede a preposição a; o substantivo cidade pede o artigo feminino a: Fui a a cidade.

2.°) quando representa a pura preposição a que rege um substantivo feminino singular, formando uma locução adverbial que, por motivo de clareza, vem assinalada com acento diferencial:

à força, à míngua, à bala, à faca, à espada, à fome, à sede, à pressa, à noite, à tarde, etc. [SA.4, 11-23; CR.2, 233; ED.2, §§ 58 e 156; SL.1, 224].

OBSERVAÇÕES:

1.ª) Crase é um fenômeno fonético que se estende a toda fusão de vogais iguais, e não só ao a acentuado.

2.º) Não há razão para condenar-se o verbo crasear para significar “pôr o acento grave indicativo da crase”. O que se não deve é chamar crase ao acento grave: “Alencar craseava a preposição simples a” [.103, 27].

Ocorre a crase nos seguintes casos principais:

diante de palavra feminina, clara ou oculta, que não repele artigo: Fui à cidade.

Dirigia-se à Bahia e depois a Paris.

Para sabermos se um substantivo feminino não repele artigo, basta construí-lo em orações em que apareçam regidos das preposições de, em, por.

Se tivermos puras preposições, o nome dispensa artigo; se tivermos necessidade de usar, respectivamente da, na, pela, o artigo será obrigatório:

Venho da Gávea.
Fui à Gávea Moro na Gávea
Passo pela Gávea
Venho de Copacabana
Fui a Copacabana Moro em Copacabana
Passo por Copacabana

Fonte: www.graudez.com.br/www.geocities.com/www.radames.manosso.nom.br

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