Figuras de Palavras

Figuras de Palavras – Tipo

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Comparação Simples

É a comparação entre dois elementos de um mesmo universo.

Exemplo:

Esse carro é tão veloz como aquele avião.

Comparação por Símile

É a comparação entre dois elementos de universos diferentes.

Exemplos:

Meu pai é bravo como um leão.
Aquela mulher tem a voz suave como a de um pássaro.

Metáfora

É uma comparação direta, um termo substitui outro pela semelhança que é resultado da imaginação.

Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia, constitui uma metáfora.

Exemplos:

Esse homem é uma fera!
A vida é uma cartola de mágico.
No calor da discussão, trocaram ofensas.
Minha namorada é uma gata.

Catacrese

É o emprego impróprio de uma palavra ou expressão por falta de outra no nosso vocabulário.

Exemplos:

Boca da garrafa.
Banana de dinamite

Catacreses mais originais atualmente

Embarcarei no avião das onze horas. (embarcar = tomar barca)
Comprei uma ferradura de prata. (ferradura = peça de ferro)
Eu ganho uma mesada semretal. (mesada = pagamento por mês)
Gosto de azulejo amarelo (azulejo = azul)
Enterrei uma agulha no dedo (enterrar = pôr debaixo da terra)

Sinestesia

É uma figura que resulta da fusão de sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

Exemplos:

Comia o sabor vermelho da fruta.
(sabor = gosto, paladar) (vermelho = visão)

Um áspero sabor de indiferença
(áspero = tato) (sabor = paladar)

A luz crua da manhã me invadia.
(luz = visão) (crua = paladar)

Antonomásia

É a substituição de um nome próprio de pessoas por um outro que tenha relação com suas ações, qualidades e características.

Exemplos:

A rainha dos baixinhos = Xuxa
O rei do futebol = Pelé
O Criador = Deus
O poeta dos escravos = Castro Alves
A águia de Haia = Rui Barbosa

Sinédoque

É a substituição de um termo por outro, em que os sentidos destes termos têm uma relação de extensão desigual (ampliação ou redução).

Os casos são:

A parte pelo todo ou vice-versa

Exemplos:

a) Aquele homem tem mil cabeças de gado. cabeça = parte do boi
b)
Aquela madame veste um urso. urso = todo pele de urso = parte

Gênero pela espécie ou vice-versa

Exemplos:

a) Os mortais pensam e sofrem. mortais = homens
b)
A estação das rosas chegou. estação das rosas = primavera

Singular pelo plural ou vice-versa

Exemplos:

a) O brasileiro é romântico. brasileiro = todos os brasileiros
b)
As chuvas chegaram. chuvas (plural) = tempo de chuva (singular)

O determinado pelo indeterminado

Exemplo:

a) Ele fez mil perguntas. mil = indeterminado

A matéria pelo objeto

Exemplo:

a) O bronze soa chamando para a missa. bronze = matéria de que é feito o sino

O indivíduo pela classe

Exemplo:

a) Ele é o Judas da turma. Judas = classe dos traidores

Metonímia

É a substituição de um nome por outro, havendo entre eles algum relacionamento de semelhança.

Os casos são:

O autor pela obra

Exemplos:

a) Gosto de ler Jorge Amado.
b)
Estou escutando Beatles.

Causa pelo efeito ou vice-versa

Exemplos:

a) Sou alérgico a cigarro. efeito = fumaça causa = cigarro
b)
Eles ganham a vida com suor. causa = trabalho efeito = suor

O continente pelo conteúdo ou vice-versa

Exemplos:

a) Bebi duas caixas de leite. continente = caixas conteúdo = leite
b)
Passem-me a manteiga. (manteigueira) conteúdo = manteiga continente = manteigueira

O lugar pelo produto

Exemplo:

Vamos tomar champanha. (Vinho produzido em Champanha (França))

O inventor pelo invento

Exemplo:

Vou comprar um ford. (Ford foi o inventor do carro)

O concreto pelo abstrato ou vice-versa

Exemplos:

a) Este aluno tem ótima cabeça. abstrato = inteligência concreto = cabeça
b)
A juventude brasileira é maravilhosa. abstrato = juventude concreto = pessoas jovens

Símbolo pela coisa simbolizada

Exemplos:

a) Ele carrega a cruz. cruz = símbolo do cristianismo
b)
O rei perdeu a coroa. coroa = símbolo do poder, da realeza
c)
Aquele homem não tira os chinelos. chinelos = símbolo da preguiça

Onomatopéia

É a figura que reproduz os sons da natureza por meio de palavras.

Exemplos:

O tique-taque do meu coração…
O zum-zum-zum das crianças no prédio…

Outros exemplos: cricri, reco-reco, bem-te-vi, tchibum!, pum! pum!

Símbolo (Alegoria)

É a figura que representa um fato, uma entidade, uma crença.

Exemplos:

Branco – significa paz, serenidade.
Cabeça – poder, força, liderança.
Verde – representa a esperança.

Figuras de palavras ou tropos ou Alterações Semânticas

Metáfora

Emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo.

Exemplos

A Amazônia é o pulmão do mundo.
Encontrei a chave do problema.
/ “Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta.” (Luís Gonzaga Junior)

Observações

Rocha Lima define como modalidades de metáfora: personificação (animismo), hipérbole, símbolo e sinestesia. ? Personificação – atribuição de ações, qualidades e sentimentos humanos a seres inanimados. (A lua sorri aos enamorados) ? Símbolo – nome de um ser ou coisa concreta assumindo valor convencional, abstrato. (balança = justiça, D. Quixote = idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal das cores) Esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas

Catacrese

Uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na ausência de termo específico.

Exemplos

Espalhar dinheiro (espalhar = separar palha)
/ “Distrai-se um deles a enterrar o dedo no tornozelo inchado.” – O verbo enterrar era usado primitivamente para significar apenas colocar na terra.

Observações

Modernamente, casos como pé de meia e boca de forno são considerados metáforas viciadas. Perderam valor estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre seres.
Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora

Metonímia

Substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associação de significado.

Exemplos

Ler Jorge Amado (autor pela obra – livro)
Ir ao barbeiro (o possuidor pelo possuído, ou vice-versa – barbearia)
Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo – leite)
Ser o Cristo da turma. (indivíduo pala classe – culpado)
Completou dez primaveras (parte pelo todo – anos)
O brasileiro é malandro (sing. pelo plural – brasileiros)
Brilham os cristais (matéria pela obra – copos).

Antonomásia, perífrase

Substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique. Fusão entre nome e seu aposto.

Exemplos

O mestre = Jesus Cristo
A cidade luz = Paris
O rei das selvas = o leão
Escritor Maldito = Lima Barreto

Observação

Rocha Lima considera como uma variação da metonímia

Sinestesia

Interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).

Exemplo

“Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz deliciava … / Na dolência velada das sonatas / Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava / Brancas sonoridades de cascatas … / Tanta harmonia melancolizava.” (Cruz e Souza)

Observação

Para Rocha Lima, representa uma modalidade de metáfora

Anadiplose

É a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase.

Exemplo

“Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados.”

Figuras de Palavras – Comunicação

Figuras que estão relacionadas com a mudança de sentido das palavras.

As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

São figuras de palavras:

a) comparação
b)
metáfora
c)
metonímia
d)
sinédoque
e)
catacrese
f)
sinestesia
g)
antonomásia
h)
alegoria

Comparação

É a comparação direta de qualificações entre seres, com o uso do conectivo comparativo (como, assim como, bem como, tal qual, etc.).

Exemplos

Minha irmã é bondosa como um anjo (existe uma relação de qualificações entre a irmã e o anjo; houve, pois, uma comparação, que se estabeleceu por meio do conectivo como)

Age o neto tal quais os avós (existe uma semelhança de ações entre o neto e os avós; houve, pois, uma comparação, que se estabeleceu por meio do conectivo tal quais)

Metáfora

Assim como a comparação, consiste numa relação de semelhança de qualificações. É, porém, mais sutil e exige muita atenção do leitor para ser captada, porque dispensa os conectivos que aparecem na comparação. É o mecanismo pelo qual se toma “emprestada” a característica de um ser utilizando esse próprio ser como característica. Cabe ao receptor da mensagem saber qual é a característica em comum dos dois seres. Constitui uma das mais importantes e freqüentes figuras de linguagem, sendo muito utilizada tanto na poesia quanto na prosa.

Exemplos

Minha irmã é um anjo (existe uma relação de qualificações entre a irmã e o anjo; como não houve um conectivo que estabelecesse a relação comparativa, chama-se a essa comparação mental de metáfora. A palavra anjo não está sendo utilizada em seu sentido original; foi tomada como uma qualificação. Cabe ao receptor saber que a característica em comum entre os dois seres é a bondade)

Tenho que viajar muito. São os ossos do ofício (que características em comum têm o ato de viajar muito e os ossos? É simples: viajar muito é uma das exigências, uma das partes que compõem o trabalho do emissor dessa mensagem; os ossos são algumas das partes que compõem os corpos de alguns seres vivos. Houve a transferência do sentido de componente, algo necessário, da palavra ossos para o ato de viajar. Cabe ao receptor decodificar essa transferência)

Metonímia

É a utilização de uma palavra por outra.

Essas palavras mantêm-se relacionadas de várias formas:

O autor pela obra: Você já leu Camões (algum livro de Camões)?
O efeito pela causa: O rapaz encomendou a própria morte (algo que causaria a sua própria morte)
O instrumento pela pessoa que dele se utiliza: Júlio sem dúvida é um excelente garfo (Júlio come muito; o garfo é um dos instrumentos utilizados para comer)
O recipiente (continente) pelo conteúdo: Jonas já bebeu duas garrafas de uísque (ele bebeu, na verdade, o conteúdo de duas garrafas de uísque); Os Estados Unidos assistem ao espetáculo das eleições (as pessoas que moram nos Estados Unidos assistem…)
O símbolo pela coisa significada: O povo aplaudiu as medidas tomadas pela Coroa (a coroa, nessa acepção, é símbolo da monarquia, do rei).
O lugar pelo produto: Todos gostam de um bom madeira (o vinho produzido na Ilha de Madeira).
A parte pelo todo: Havia várias pernas se entreolhando no ônibus (na verdade, eram as pessoas, que têm as pernas, que se entreolhavam).
O abstrato pelo concreto: A juventude de ontem não pensa como a de antigamente (Os jovens de hoje…)
O singular pelo plural: O paulista adora trabalhar (Os paulistas…)
A espécie ou classe pelo indivíduo: “Andai como filhos da luz”, recomenda-nos o Apóstolo [referindo-se a São Paulo, que foi um dos apóstolos (espécie, classe)] O indivíduo pela espécie ou classe: Camila é, como diz sua tia, uma judas [judas (indivíduo) foi o mais conhecido traidor (espécie, classe) da história] A qualidade pela espécie: Os acadêmicos estão reunidos (em vez de os membros da academia…)
A matéria pelo objeto: Você tem fogo (isqueiro)?

Sinestesia

É a figura que proporciona a ilusão de mistura de percepções, mistura de sentidos.

Exemplos

Você gosta de cheiro-verde [como um cheiro (olfato) pode ser verde (visão)] Que voz aveludada Renata tem [como um som (audição) pode ser aveludado (tato)].

Perífrase (ou antonomásia)

É uma espécie de apelido que se confere aos seres, valorizando algum de seus feitos ou atributos. Ressalte-se que se consideram perífrases somente os “apelidos” de valor expressivo, nacionalmente relevantes e conhecidos.

Exemplos

Gosto muito da obra do Poeta dos Escravos (antonomásia para Castro Alves).
O Rei do Futebol já fez mais de mil golos (antonomásia para Edson Arantes do Nascimento).
Tu gostas da Terra da Garoa (antonomásia para cidade de São Paulo)?
Eis a terra do ouro verde (antonomásia para café)

Observação: Note que somente as antonomásias referentes a nomes próprios têm iniciais maiúsculas.

FIGURAS DE LINGUAGEM SEMÂNTICAS

TIPOS FIGURAS DE PALAVRAS

Símile ou comparação

Consiste numa comparação explícita, com a presença do elemento comparativo: como, tal qual, igual a, feito, que nem (coloquial), etc., entre duas palavras ou expressões.

Ela é bela como uma flor.
Ele é esperto feito uma raposa.
Ele é magro que nem um caniço.
O menino manteve-se firme, tal qual uma rocha.

Metáfora

Consiste numa comparação implícita, numa relação de similaridade, entre duas palavras ou expressões.

Ela é uma flor.
Ele é uma raposa.
Somente a Ingratidão — essa pantera —
Foi tua companheira inseparável (Augusto dos Anjos)

Metonímia

Consiste numa comparação parcial implícita, numa relação de contigüidade ou aproximação, entre o significado de uma palavra ou expressão e uma parte do significado, ou um significado associado ao, de outra palavra ou expressão.

Pode compreender relações de parte-todo, características, localização, continente-conteúdo, causa-efeito, etc.

Beber um Porto.
Ser vítima do latifúndio.
Deixar de ser um João.
Sua beleza é um avião.

Sinédoque

É um tipo de metonímia centrado na idéia de inclusão, normalmente baseado na relação parte-todo.

Exemplos

Conseguir um teto e um pouco de pão.
Lutar pela criança e pelo velho.
Tomar uma Brahma.
Comprar uma gilete.

Catacrese

Consiste no emprego de um termo figurado por falta de outro termo mais apropriado. É um tipo de metonímia ou metáfora que, de tão usada, já deixou de ser considerada como tal pelos falantes.

A perna da mesa
O dente de alho.
O pé de feijão.

Perífrase

Consiste na substituição de um termo por uma expressão que o descreva.

A capital do Brasil.
A cidade maravilhosa.
Quando a indesejada das gentes (= morte) vier.

Antonomásia

Um tipo especial de perífrase que consiste na substituição de um nome próprio por um nome comum, ou vice-versa, ou ainda pela denominação de alguém por meio de suas características principais ou por fatos marcantes de sua vida.

O Poeta dos Escravos.
A Redentora.
Ele é um D. Juan.

Antítese

Quando uma idéia se opõe a outra, sem impedi-la nem torná-la absurda. As idéias em si podem ser diametralmente opostas e até excludentes.

Estava mais morto do que vivo.
De repente, do riso fez-se o pranto.
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão

Paradoxo

É a antítese extremada, em que duas idéias que se excluem são apresentadas como ocorrendo ao mesmo tempo e no mesmo contexto, o que gera uma situação impossível, uma idéia absurda.

Amor é ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
Quer abrir a porta
Não existe porta.

Litotes

Consiste na afirmação de alguma coisa pela negação do seu contrário.

Não é feia a pequerrucha. (= é bonita)
Ele não era nada bobo. (= era esperto)
Ela não era nenhuma miss Brasil. (= era feia)

Antífrase

Consiste em se afirmar exatamente o contrário do que se quer dizer; geralmente é um tipo de ironia.

Chegou cedo, heim! (para alguém atrasado)
Muito bonito, seu Fulano! (quando alguém acabou de cometer um erro ou disparate)
Coisinha linda! (para uma pessoa muito feia)

Ironia

Figura de linguagem na qual aquilo que se diz não corresponde exatamente ao que se quer dizer, com intuito jocoso, cômico ou crítico.

Oba, jiló de novo!
Como escritor, ele é um ótimo guitarrista!
— Posso tentar o pneumotórax, doutor?
— Não, só resta cantar um tango argentino!

Sarcasmo

É o nome que se dá à ironia usada com intuito ofensivo, agressivo ou malévolo.

Tá linda de vermelho, parecendo um caqui.
Nossa, como ela é inteligente. Sabe até ler!
Ele tem dentes lindos, todos três!

Alusão ou citação

Quando um autor se vale de trechos, imagens ou personagens de um outro autor para a confecção de sua obra.

E quando escutar um samba-canção

Assim como Eu preciso aprender a ser só

Reagir e ouvir o coração responder:

Eu preciso aprender a só ser

Elementar, meu caro aluno!

Clichê ou frase-feita

Consiste no uso de uma expressão popular de uso geral dentro da obra de um autor.

Quem tudo quer, tudo perde.
Pouco com Deus é muito.
Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

Paródia

Consiste na modificação de trecho ou obra de um outro autor, ou ainda de um clichê, com intuito jocoso, cômico ou crítico.

Qual a diferença entre o charme e o “funk”?

Um é de analfabeto, outro de ignorante.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que a água desiste.
Ó pátria amada, em dólares atada,

Salve-se, salve-se.

Ambigüidade

Figura de linguagem em que um determinado trecho pode ser interpretado de duas ou mais maneiras diferentes, por efeito da anfibologia ou do uso de polissemias ou homônimos. A ambigüidade muitas vezes é um vício de linguagem, mas também pode ser um valioso recurso estilístico, na medida em que ela abre o texto para duas ou mais interpretações.

Márcio foi à casa de Pedro e beijou sua mulher.
A mãe da aniversariante deu bolo.
Sou a favor do Vale do Paraíba. Afinal, já temos o vale-transporte, o vale-idoso, por que não favorecer nossos irmãos do Nordeste? (resposta do Vestibular)
Eu sou, eu fui, eu vou! (Raul Seixas)

Reiteração

Quando se repete uma idéia, quer por meio de um sinônimo ou expressão sinônima, quer por meio de uma palavra cujo significado esteja de alguma forma associado ao significado da primeira palavra ou expressão.

Era uma mulher fina, uma verdadeira dama.
Não suba nessa árvore. Você pode cair do galho.
Era uma vítima do imperialismo. O latifúndio o sugava, roubava-lhe tudo que tinha.

Observação

Não confundir a reiteração, de grande valor estilístico, com a iteração, que é a simples repetição de uma palavra ou sua repetição por meio de um pronome-cópia, geralmente sem qualquer valor estilístico.

Gradação

Muitas vezes, a reiteração se ordena numa escala de grandeza ou de intensidade, constituindo uma gradação, que pode ser ascendente (do menos para o mais) ou descendente (do mais para o menos).

Estava pobre, quebrado, miserável.
A mulher, linda na obscuridade, revelou-se bonitinha, apenas simpática na claridade.
Casa, cidade, nação (Ferreira Gullar)

Pleonasmo

Consiste na repetição desnecessária, por meio de um sinônimo ou expressão sinônima, de uma idéia já expressa de maneira completa.

Palavras de baixo calão.
Este filme é baseado em fatos reais.
Houve divergências de opiniões e controvérsias.

Tautologia

É um tipo de pleonasmo exagerado, extremamente óbvio, que chega a causar espanto em quem escuta. Ao contrário do pleonasmo puro e simples, a tautologia pode ter grande valor estilístico, na medida em que opõe o que é ao que deveria ou poderia ser.

Exemplos

Os mortos não estão vivos.
A Lapa vai voltar a ser a Lapa.
A conclusão deve concluir.

Prosopopéia

Quando um ser inanimado é representado como um animal ou quando um ser inanimado ou um animal é representado como um ser humano. No primeiro caso, a prosopopéia é chamada de animismo (exemplos 101 e 102) e no segundo caso, de personificação ou antropomorfização exemplos 103 e 104).

O vento rugia.
Meu cachorro me sorriu latindo.
O Lobo Mau e os Três Porquinhos.

Animalização ou zoomorfismo

Quando um ser humano é descrito como se assemelhando a um animal, pelas suas características, funções, aparência física, etc. Muito usado na ficção mais moderna.

Um homem vai devagar

Um cachorro vai devagar

Um burro vai devagar (Drummond)

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. (. . .) via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. (Aluíso Azevedo)

Alegoria

Consiste na representação de um conceito abstrato como um ser concreto e animado, uma imagem de grande valor pictórico, geralmente humana.

uma caveira com uma foice — alegoria da morte
uma mulher vendada com uma espada numa mão e uma balança na outra — alegoria da justiça
Papai Noel — alegoria do Natal

Sinestesia

Consiste na associação de palavras referentes a dois sentidos distintos: audição e visão, visão e tato, tato e paladar, paladar e olfato, etc.

Sentiu um toque doce.
Era uma visão amarga.
Ele tinha uma voz sombria.

Eufemismo

Consiste na substituição de um termo desagradável ou inaceitável por um termo mais agradável ou aceitável.

Ele não está mais entre nós. (= morreu)
Já era um senhor. (= velho)
Era pouco chegado a higiene. (= sujo)

Disfemismo

Ao contrário do eufemismo, consiste na intensificação do caráter desagradável ou pejorativo de um expressão, substituindo-a por outra mais ofensiva ou humilhante.

rolha-de-poço (= pessoa gorda)
pintor-de-rodapé (= pessoa baixa)

Hipérbole

Consiste no exagero ao se afirmar alguma coisa, com intuito emocional ou de ênfase.

Subi mais de mil e oitocentas colinas.
Chorar um rio de lágrimas.

Hipálage

Recurso sintático-semântico que consiste em atribuir a um ser ou coisa uma ação ou qualidade que pertence a outro ser ou outra coisa presente ou subentendido no texto.

a buzina impaciente do carro (o motorista é que é impaciente, não o carro ou a buzina)
as vizinhas das janelas fofoqueiras (são as vizinhas que são fofoqueiras, não as janelas)
o vôo negro dos urubus (são os urubus que são negros, não seu vôo)

COMPARAÇÃO SIMPLES

Comparação simples e uma comparação entre dois elementos de um mesmo universo.

E muito comum compararmos as coisas que nos rodeiam. Freqüentemente dizemos que tal coisa e melhor que outra, que fulano e mais simpático do que beltrano assim por diante. Comparar e uma forma de organizar nossas experiências no mundo. Sempre que temos que escolher alguma coisa, fazemos uma comparação antes tomar a decisão. E essa comparação é feita muitas vezes sem que percebamos. Por exemplo, quando vamos a um restaurante. No cardápio, temos agrupados as bebidas, pratos, as sobremesas. Olhamos o grupo das bebidas, comparamos e escolhemos a que mais nos agrada; o mesmo acontece em relação aos pratos e as sobremesas. E para escolher, utilizamos os nossos critérios.

Se temos pouco dinheiro, o critério será o preço. Se estivermos com muita fome, provavelmente escolheremos o prato pelo seu tamanho.

Pensamos deste modo:

Macarrão é mais barato do que carne. Então, e vou pedir macarrão. Nesse caso comparamos o macarrão à carne, utilizando o critério preço

Um prato de macarrão vai matar mais a minha fome o que um prato de carne. Comparamos o macarrão à carne , utilizando o critério que mata mais a fome.

Em ambos os casos, estamos comparando elementos de um mesmo universo : tanto o macarrão quanto a carne são comidas.

Observe outras comparações entre elementos de mesmo universo: Este time joga melhor do que aquele. Um fusca é menos espaçoso do que um Opala. Cristina ë tão estudiosa quanto Paula. O meu caderno tem mais páginas do que o seu

COMPARAÇÁO METAFÓRICA (OU SÌMILE)

Comparação metafórica ou símile é uma comparação entre dois elementos de universos diferentes.

Observe:

Esta criança é forte como um touro. Nesse caso, estamos comparando a criança a um touro, dois elementos de universos bastante diferentes. Aproximamos esses elementos porque “enxergamos” uma característica comum a ambos, ou seja, a força.

Veja mais exemplos:

A casa dela é escura como a noite. Associamos a casa à noite porque ambas são escuras. O remédio que eu tomo é ruim feito o diabo.

O remédio que eu tomo é ruim feito diabo. Associamos o remédio ao diabo porque atribuímos uma caraterística comum a eles: a ruindade.

Ele chorou que nem um condenado. Associamos o modo como ele chorou com o modo como imaginamos que choraria um condenado. Observe que em todas essas comparações há sempre palavras ou expressões que estabelecem a relação entre termos comparados.

São os conectivos comparativos: como, feito, que nem, assim como, tal, tal qual, qual, etc.

As comparações apresentadas anteriormente são chamadas comparações metafóricas, pois elas dependem mui to do sujeito que as enuncia – da sua sensibilidade, do s estado de espírito, da sua experiência, etc .

METÁFORA

Metáfora é a figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido.

Na comparação metafórica (ou símile), um elemento A é comparado a um elemento B através de um conectivo comparativo (como, assim como, que nem, qual, feito etc. ).

Muitas vezes a comparação metafórica traz expressa no próprio enunciado a qualidade comum aos dois elementos:

Esta criança é forte como um touro . elemento A qualidade comum conectivo elemento B

Já na metáfora, a qualidade comum e o conectivo comparativo não são expressos e a semelhança entre os elementos A e B passa a ser puramente mental:

Do ponto de vista lógico, a criança é uma criança, e um touro é um touro. Uma criança jamais será um touro. Mas a criança é teria a sua força comparada á de um touro.

Veja o exemplo: “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”(Carlos Drummond de Andrade)

A associação do tempo a uma cadeira ao sol é puramente subjetiva. Cabe ao leitor completar o sentido de tal associação, a partir da sua sensibilidade, da sua experiência. Essa metáfora, portanto, pode ser compreendida das mais diferentes formas. Isso não quer dizer que ela possa ser interpretada de qualquer jeito, mas que a compreensão dela é flexível, ampla.

Observe a transformação de comparações metafóricas (ou símiles) em metáforas:

O Sr. Vivaldo é esperto como uma raposa. (comparação metafórica)

O Sr. Vivaldo é uma raposa. (metáfora)

A vida é fugaz como chuva de verão. (comparação metafórica)

A vida é chuva de verão. (metáfora)

Nesse último exemplo, o elemento A (as mangueiras está sendo comparado ao elemento B (intermináveis serpentes), pois há uma semelhança no modo como ambos se põem em relação ao chão. Os galhos da mangueira, por serem baixos e tortuosos, lembram intermináveis serpentes

Na linguagem cotidiana, deparamo-nos com inúmeras expressões como: cheque-borracha cheque-caubói voto-camarão manga-espada manga-coração-de-boi

Nos exemplos já vistos, fica bastante claro o porquê existência de metáforas. Diante de fatos e coisas novas, que não fazem parte da sua experiência, o homem tem a tendência de associar esses fatos e essas coisas a outros fatos e coisas que ele já conhece. Em vez de criar um novo nome para o peixe, ele o associa um objeto da sua experiência (espada) e passa a denominá-lo peixe-espada. O mesmo acontece com peixe-boi, peixe-zebra, peixe-pedra, etc. (Se quiser fazer uma experiência, abra o dicionário na palavra “peixe” e verá quantas expressões são formadas a parti desse processo . ) Muitos verbos também são utilizados no sentido metafórico. Quando dizemos que determinada pessoa “é difícil de engolir”, não estamos cogitando a possibilidade de colocar essa pessoa estômago adentro. Associamos o ato de engolir (ingerir algo, colocar algo para dentro) ao ato de aceitar, suportar, agüentar, em suma, conviver.

Alguns outros exemplos:

A vergonha queimava-lhe o rosto. As suas palavras cortaram o silêncio. O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa mente. Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar. Meu coração ruminava o ódio.

Até agora, vimos apenas casos de palavras que assumiam um sentido metafórico.

No entanto, existem expressões inteiras (e até textos inteiros) que têm sentido metafórico, como:

ter o rei na barriga
ser orgulhoso, metido saltar de banda
cair fora, omitir-se pôr minhocas na cabeça
pensar em bobagens , pensar em tolices
dar um sorriso amarelo
sorrir sem graça tudo azul
tudo bem ir para o olho da rua
ser despedido, ser mandado embora

Como se pode perceber, a metáfora afasta-se do raciocínio lógico, objetivo. A associação depende da subjetividade de quem cria a metáfora, estabelecendo uma outra lógica, a lógica da sensibilidade.

CATACRESE

Catacrese é um tipo especial de metáfora. A catacrese não é mais a expressão subjetiva de um indivíduo, mas já foi incorporada por todos os falantes da língua, passando a ser uma metáfora corriqueira e, portanto, pouco original.

Observe: “Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore.” (Cecília Meireles)

A primeira frase causa-nos estranheza, espanto. A associação que se faz entre um beijo e uma borboleta afoga da em mármore é original e está diretamente relacionada sensibilidade do sujeito que criou tal frase. Todos deve concordar que poucas pessoas fariam tal associação. Trata se de uma metáfora original. Já na segunda frase, relacionamos diretamente a e pressão “pé a página” à parte inferior da página. Mas , pensarmos bem, uma página não tem pé. Houve uma associação entre o pé (parte inferior do corpo humano) e parte inferior da página, daí a expressão “pé da página”. Esta metáfora já foi incorporada pela língua, perdeu s caráter inovador, original e transformou-se numa metáfora comum, morta, que não mais causa estranheza. Em outras palavras, transformou-se numa catacrese.

O mesmo processo ocorreu nas seguintes expressões:

Pé de mesa Cabeça de alfinete Tronco telefônico
Pé de cadeira braço de cadeira árvore genealógica
Pé de cama braço de mar maçã do rosto
Pé de montanha cabelo de milho folha de papel
Pé de laranja barriga da perna dente de alho

Uma curiosidade: A palavra “azulejo” originalmente servia para designar ladrilhos de cor azul. Hoje, essa palavra perdeu a sua idéia de azul e passou a designar ladrilhos de qualquer cor. Tanto que dizemos azulejos brancos, amarelos, azuis, verdes, etc.

Essa é uma outra característica da catacrese: as palavras perdem o seu sentido original e

Procure prestar atenção ao grande número de catacreses que utilizamos no dia-a- dia.

SINESTESIA

Sinestesia é outro tipo de metáfora. Consiste em aproximar, na mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos. Como na metáfora, trata-se de relacionar elementos de universos diferentes.

Observe:

Uma melodia azul tomou conta dá sala. Sensação auditiva e Visual

A sua voz áspera intimidava a platéia. sensação auditiva tátil

Senti saudades amargas. sentimento sensação gustativa

Esse perfume tem um cheiro doce. sensação olfativa e gustativa

METONÍMIA

Metonímia é a figura de palavra que consiste na substituição de um termo por outro, em que a relação entre os elementos que esses termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.

Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. Dizemos que, na metonímia, há uma relação de contiguidade entre sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui. Contigüidade significa “proximidade”, “vizinhança”.

Se à idéia de morte associamos a idéia de palidez ,é porque há urna relação de proximidade entre elas. O rosto do morto é pálido; portanto a morte causa palidez.

A palidez é um efeito da morte. Não se trata de uma aproximação de termos de universos distantes, mas de termos vizinhos, contíguos. Lembre-se de que na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.

Exemplos de metonímia

Sou alérgico a cigarro. O cigarro é a causa, a fumaça é o efeito. Pode-se ser alérgico a fumaça, mas não ao cigarro.

Muitos pintores, embora famosos, não conseguem viver da pintura. “Pintura”, aqui, está sendo utilizada no lugar de “quadros”, o produto da pintura; há uma relação de causa e efeito, portanto.

Ele ganha a vida com o suor. O suor é o efeito; o trabalho, a causa.

Os cabelos brancos chegaram antes do esperado. Os cabelos brancos são o efeito, a velhice é a causa.

Conhecemos muitos símbolos que não deixam de ser modalidades da metonímia, como:

a cruz: o cristianismo
a espada: o poder militar
o cetro: o poder monárquico, a autoridade
a coroa: o poder monárquico, a realeza
os chinelos: o ócio, o conforto
a máscara: a falsidade, a dissimulação

SINEDOQUE

Sinédoque é a substituição de um termo por outro, em que os sentidos desses termos têm uma relação de extensão desigual. Na sinédoque há uma ampliação ou uma redução do sentido usual de uma palavra.

Compare os dois enunciados:

Comer o pão com o suor do rosto.

Comer o alimento com o trabalho do corpo.

Observe que “pão” substitui “alimento” “suor” substitui “trabalho” e “rosto” substitui corpo.

Observe outros exemplos:

Não dá para viver sem um teto . Não dá para viver sem uma casa.

Esse animal não pode ficar solto no pasto. Esse cavalo não pode ficar solto no pasto. (referindo-se a um cavalo) “Animal” é uma totalidade, incluindo vaca jacaré. cobra. Etc… Neste caso, “animal” (geral) está substituindo “cavalo” (particular); o todo substitui a parte.

Fulano de tal mandou prender todo mundo. “Homem” substitui uma pessoa determinada; “homem” ë uma categoria geral que substitui um indivíduo especifico.

Fonte: www.graudez.com.br/geocities.yahoo.com.br

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