Cabanagem

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Cabanagem – História do Brasil

Na década de 1830, a província do Grão-Pará, que compreendia os estados do Pará e do Amazonas, tinha um pouco mais de 80 mil habitantes (sem incluir a população indígena não-aldeada). De cada cem pessoas, quarenta eram escravos indígenas, negros, mestiços ou tapuios, isto é, indígenas que moravam nas vilas.

Belém, nessa época, não passava de uma pequena cidade com 24 mil habitantes, apesar de importante centro comercial por onde era exportado cravo, salsa, fumo, cacau e algodão.

A independência do Brasil despertou grande expectativa no povo da região.

Os indígenas e tapuios esperavam ter seus direitos reconhecidos e não serem mais obrigados a trabalhar como escravos nas roças e manufaturas dos aldeamentos; os escravos negros queriam a abolição da escravatura; profissionais liberais nacionalistas e parte do clero lutavam por uma independência mais efetiva que afastasse os portugueses e ingleses do controle político e econômico. O resto da população – constituída de mestiços e homens livres -, entusiasmada com as ideias libertárias, participou do movimento, imprimindo-lhe um conteúdo mais amplo e mais radical.

A grande rebelião popular, que aconteceu em 1833, teve origem num movimento de contestação, ocorrido dez anos antes e que havia sido sufocado com muita violência, conhecido como “rebelião do navio Palhaço”.

O descontentamento que dominava não só Belém, mas igualmente o interior do Pará, aumentou com a nomeação do novo presidente da província, Lobo de Souza. O cônego João Batista Campos, importante líder das revoltas ocorridas em 1823 e duramente reprimidas, tornou-se novamente porta-voz dos descontentes, principalmente da igreja e dos profissionais liberais.

A Guarda Municipal, pró-brasileira, era conscientizada por um de seus membros, Eduardo Angelim, que denunciava sobretudo os agentes infiltrados em toda parte.

A partir de 1834, as manifestações de rua se multiplicaram e o governo reagiu prendendo as lideranças. Batista Campos, Angelim e outros líderes refugiaram-se na fazenda de Félix Clemente Malcher, onde já se encontravam os irmãos Vinagre. Ali foi planejada a resistência armada.

Iniciava-se a Cabanagem, a mais importante revolta popular da Regência. Esse nome indicava a origem social de seus integrantes, os cabanos, moradores de casas de palha. Foi “o mais notável movimento popular do Brasil, o único em que as camadas pobres da população conseguiram ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade”, segundo o historiador Caio Prado Júnior.

As forças militares foram extremamente violentas, incendiando a fazenda de Malcher e prendendo-o juntamente com outros líderes. Revoltado, o povo de Belém acompanhava os acontecimentos.

O destacamento militar de Abaeté se rebelou em protesto contra a perseguição feita a Eduardo Angelim. Após a morte de Batista Campos, o grupo se rearticulou em quatro frentes e atacou Belém.

Com a adesão de guarnições da cidade, a vitória foi total. O presidente da província, Lobo de Souza, e o comandante das tropas portuguesas foram mortos, e os revoltosos, soltos.

Malcher foi aclamado presidente da província.

Iniciava-se o primeiro governo cabano. Sem muitas lideranças, o povo escolheu Clemente Malcher, por ser um homem respeitado por todos. Porém, ele continuava com “cabeça” de fazendeiro e começou a tomar atitudes que os cabanos consideraram traição.

Os desentendimentos levaram à primeira importante ruptura das lideranças: de um lado, Malcher e as elites dominantes, e, de outro, os Vinagre e Angelim, juntamente com os cabanos e boa parte da tropa.

Malcher foi preso, mas, a caminho da cadeia onde ficaria por algum tempo, foi morto por um popular.

Cabanagem – O que foi

Cabanagem foi uma grande revolta popular que explodiu na província do Pará, em 1835. Dela participou uma multidão de pessoas muito pobres, submetidas à exploração dos poderosos da região. Eram negros, índios e mestiços que trabalhavam na exploração de produtos de floresta e moravam em cabanas à beira dos rios. Por isso, eram chamados de cabanos e a rebelião ficou conhecida como Cabanagem.

Os cabanos queriam sair da situação de miséria em que viviam. Para isso, tinham que lutar contra os responsáveis pela exploração social e pelas injustiças. A princípio, os cabanos foram apoiados por fazendeiros do Pará descontentes com a política do governo imperial e com a falta de autonomia da província.

Os fazendeiros queriam mandar livremente no Pará e exportar sem barreiras os produtos da região (cacau, madeira, ervas aromáticas, peles etc.).

Não demorou muito para que os fazendeiros se afastassem da Cabanagem, pois ficaram com medo das ideias que existiam no movimento. Os cabanos queriam acabar com a escravidão, distribuir terras para o povo e matar os exploradores.

Um dos chefes da Cabanagem foi o padre Batista Campos que, no sertão paraense, costumava benzer os pedaços de pau utilizados como armas pelos pobres.

cabanagem teve muitos outros líderes populares, conhecidos por apelidos curiosos como o João do Mato, Domingos Onça, Mãe da Chuva, Gigante do Fumo.

Em janeiro de 1835, tropas de cabanos conquistaram a cidade de Belém (capital da província) e mataram várias autoridades do governo, entre elas o presidente da província.

Os cabanos tomaram o poder, mas tiveram grande dificuldade em governar.

Por quê?

Faltava-lhe organização, havia muita briga entre os líderes do movimento e a rebelião foi traída várias vezes.

Tudo isso facilitou a repressão violenta comandada pelas tropas enviadas pelo governo do império. A liquidação completa dos cabanos só ocorreu em 1840, depois de muito sangue derramado.

Calcula-se que foram mortos mais de 30 mil cabanos. Os que sobreviveram às perseguições foram presos e escravizados.

Cabanagem – Rebelião

Cabanagem (1835-1840)

Na década de 1820, uma divisão entre as classes dominantes brancas de Belém levou à guerra civil, que logo se espalhou para os índios dominados, mestiços, negros e mulatos. Depois de anos de luta, a guerra se transformou em um movimento popular revolucionário que varreu o Pará como um incêndio.

Em 1835, os guerrilheiros marcharam sobre Belém, tomando a cidade após nove dias de combates sangrentos. Instalaram um governo popular, que expropriou as riquezas dos mercadores, distribuiu alimentos para todo o povo e declarou a independência de Belém. Mas a experiência revolucionária foi imediatamente estrangulada por um bloqueio naval britânico, sendo a Grã-Bretanha a principal beneficiária do comércio com o Brasil na época.

Um ano depois, uma grande força do governo brasileiro recapturou Belém. A grande maioria da população da cidade fugiu para o interior para resistir novamente. Ao longo dos quatro anos seguintes, os militares caçaram e massacraram qualquer um que considerassem hostil. O massacre da Cabanagem foi uma das mais selvagens das muitas campanhas militares do Brasil contra seu próprio povo. Ao todo, cerca de 30.000 pessoas da população paraense de 150.000 morreram no conflito.

É interessante pensar no resultado de uma revolta vitoriosa, causa à qual posteriormente se juntaram os estados do Amazonas e Maranhão. Hoje, o Brasil poderia estar três estados distantes de seu atual. A “nova” região possivelmente teria sido chamada de segunda Confederação Equatorial (após a primeira, que envolveu a Revolução Pernambucana de 1817).

Um resultado favorável também teria se destacado como a única verdadeira revolução do povo e para o povo.

O nome “Cabanagem” refere-se ao tipo de cabana (cabana) utilizada pelos mais pobres que vivem próximos aos riachos, principalmente mestiços, escravos libertos e indígenas. Os agricultores de elite do Grão-Pará, embora vivessem muito melhor, se ressentiam de sua falta de participação nas decisões do governo central, que era dominado pelas províncias do Sudeste e Nordeste.

Cabanagem – Revolta

Cabanagem (1835-1840)

Uma das mais importantes revoltas nativistas do período da Regência, ocorreu entre 1835 e 1840 e destacou-se pelo seu caráter eminentemente popular, onde os cabanos (moradores de cabanas nos vilarejos ribeirinhos e que deram o nome ao movimento), índios, negros e mestiços foram os personagens principais.

Cabanagem representa um prosseguimento das manifestações que se desenrolaram na Província do Grão-Pará desde a independência do Brasil. A presença portuguesa na região era marcante, tendo os paraenses lutado contra o domínio lusitano; desde 1833 a província foi marcada pelas sangrentas disputas dos partidos Caramuru (formado por portugueses) e Filantrópico (formado por brasileiros).

A luta originou-se do combate à penúria e às péssimas condições sociais em que vivia a população paraense, liderado pelo Cônego Batista Campos, que se destacou em várias disputas contra a metrópole até o nascimento do movimento revolucionário mais articulado.

O primeiro êxito revolucionário ocorreu em Belém, em janeiro de 1835, a partir do assassinato do presidente da Província do Grão-Pará e dos comandantes das Armas e da Força Naval, quando os revoltosos tomaram o poder. Com o envio de novos chefes militares pelo Governo Imperial e ante a invasão da Capital pelos revoltosos, liderados por Pedro Vinagre e Eduardo Angelin, o Brig. Francisco José bloqueou e ocupou a Capital em maio de 1840, tendo capturado os líderes e os enviado ao Rio de Janeiro, onde foram condenados à prisão.

O império concedeu aos revoltosos anistia irrestrita. Estava assim terminada revolta, que representou o único movimento popular em que as camadas inferiores da população conseguiram, com certa estabilidade, ocupar o poder de toda uma província.

Cabanagem – Origem

Seringueiros, índios, mestiços e negros, homens pobres e explorados, membros do clero e liberais nacionalistas esperavam diversos resultados da independência brasileira, mas poucos foram efetivamente alcançados.

Cabanagem (1833 – 1836), uma rebelião regencial ocorrida nos estados Pará e Amazônia, foi o primeiro movimento popular que chegou ao poder no Brasil, apesar de ter sido mal conduzido e rapidamente derrotado pela regência

Os indígenas e tapuios (indígenas que não falavam o tupi antigo) queriam o reconhecimento de seus direitos e parar de trabalhar como escravos nas manufaturas e roças. Os negros desejavam a abolição da escravatura.

Entre os proprietários, profissionais liberais e clérigos, as reivindicações eram pelo afastamento de portugueses e ingleses do poder político e econômico. Sobretudo, o que unia todos era o clamor pela liberdade e independência, inicialmente paraense, e posteriormente difundido ao longo do Rio Negro.

Cabanagem – Período

Cabanagem (1835-1840)

No período da Regência (1831-1841), ocasião em que o Império do Brasil ficou sem um monarca de fato, explodiram rebeliões por todos os lados.

Do extremo Sul, como foi o caso da Revolução Farroupilha (1835-1845), ao extremo Norte, quando da Revolta dos Cabanos (1835-1840), eclodiram movimentos insurgentes mostrando o descontentamento das provinciais brasileiras com a concentração do poder no eixo Rio-São Paulo. A diferença entre elas, entre os farrapos e os cabanos, deu-se em que enquanto na primeira foi a estância quem entrou em guerra, na segunda, na cabanagem, foi o povo da selva quem pegou em armas contra o poder da oligarquia.

A tragédia do bridge “palhaço”

“A insurreição foi geral. Por toda a parte aonde houve um homem branco ou rico a quem matar e alguma coisa a que roubar aparecia logo quem se quisesse encarregar desse serviço, e deste modo ainda hoje estão em rebeldia todo o Alto e Baixo Amazonas.” Brigadeiro Soares Andréia em relatório ao Ministro da Guerra, Belém do Pará, 1836

Quase uns trezentos homens sufocavam no porão do brigue “Palhaço” ancorado nas aforas do porto de Belém do Pará quando a gritaria começou. Berravam por água e por ar. Asfixiavam-se. Eram do 2º Regimento de Artilharia de Belém que se insurgira contra a junta governativa em agosto de 1823. Quem os prendeu e os removeu para a masmorra flutuante foi o comandante Greenfell, um daqueles ingleses oficiais de marinha a soldo de D. Pedro I, que lá estava para assegurar a integração do Grão-Pará ao Brasil recém independente.

Assustados com a barulheira dos encarcerados, meio endoidecidos pelo calor e pela sede, a tripulação da improvisada galé os acalmou a tiros e à noite espargiu sobre eles, ainda empilhados lá embaixo, uma nuvem de cal. Na contagem matinal do dia seguinte, no dia 22, só deram com 4 vivos. Dias depois restou só um, João Tapuia. Morreram 252 milicianos e praças, sufocados e asfixiados.

Um pavor acometeu o Pará. O interior ferveu. Gente comum morrera como bicho.

Quanto a responsabilidade pela tragédia, como sempre ocorre, ninguém a assumiu. Para milhares de tapuias e de caboclos paraenses, genericamente chamados de “cabanos”, devido as choças que habitavam, a independência até então não dissera a que veio. Agregou-se a isso o fato dos poderosos locais, quase todos portugueses, donos do comércio grosso e de vastas terras, ainda reservavam para si o controle das instituições, e que, como ativista do partido dos “Caramurús”, almejavam reatar com Lisboa na primeira oportunidade que houvesse.

A hora da vingança popular soou dez anos depois do massacre dos amotinados, sufocados no bridge “Palhaço”. Em 1833, num momento de desentendimento da Regência com a oligarquia de Belém (dividida entre o partido filolusitano dos Caramurus e os nacionalistas chamados de Filantrópicos), abriu-se uma brecha para que o furor nativo emergisse. Em janeiro de 1835, capitaneados pelos irmãos Vinagre e por Eduardo Argelim, um ex-seringueiro, a Selva marchou contra a Cidade.

Os cabanos eram milhares, tapuias de todas as tribos e caboclos do todas as misturas. Assassinaram o presidente da província, e os chefes militares, do exército e da marinha. O que restou do governo de Belém, apavorado com a insurgência, escafedeu-se para a ilha Tatuoca, montando ali uma precária resistência enquanto esperavam rezando um socorro qualquer da Regência.

O porto de Belém no século 19

Na capital abandonada, enquanto isso, assumiam os revolucionários. Ao contrário de tantas outras rebeliões daquela época, comandadas por robespierres do engenho e dantons da estância, a cabanagem foi inteiramente popular, liderada por gente do povo mesmo, pelo Bararoá, pelo Borba e pelo lendário Maparajuba do Tapajós. A massa porém, egressa do mato e dos igarapés, não sabia bem o que fazer com o que conquistara, não conseguiu fazer com que a vitória inicial se transformasse em algo seguro, num estado revolucionário como os jacobinos fizeram na França em 1793.

Tudo deu para desandar.

Enquanto isso, Belém padecia. O mato crescia por tudo e o lixo se empilhava. Não havia serviço público algum. O rebelde, o apigáua paraense saído da palhoça da beira de rio, descuidava-se da cidade.

Os prédios públicos, obra do desenho do italiano Antônio Landi, eram tomados por bichos e, disseram que, até a boiuna de prata, a malvada cobra-grande, andou habitando neles. Oito meses e 19 dias depois, com a chegada das tropas da Regência em maio de 1836, os cabanos foram obrigados a se retirarem, refugiando-se nos matos.

Um viajante, o reverendo norte-americano Daniel Kidder (*), que lá esteve logo depois da retomada de Belém em ruínas, encontrou a maioria das fachadas dos prédios e das casas furadas à bala ou lambidas pelo fogo.

Seguiu-se então, sob comando das tropas imperiais, o terror branco, ao mata-cabano, momento em que a floresta encheu-se de sangue. Estimaram as vítimas da repressão do governo em mais de 30 mil mortos. A cabanagem traumatizou por muitos anos o Pará.

Se o poeta Manuel Bandeira muito mais tarde, encantado, admirando as mangueiras que dão as boas sombras das ruas de Belém, a “cidade pomar” (obra do intendente Lemos, no auge da extração da borracha), disse que nela “o céu esta encoberto de verde”, provavelmente hoje, olhando para o mesmo céu (corridos mais de cento e oitenta anos dos gazeamentos do brigue “Palhaço” e das chacinas governamentais nas florestas do Pará), veria-o ainda enrubescido de vergonha pela impunidade que por lá ainda continua soberana..

Cabanagem – Causa

Cabanagem (1835-40), também denominada como Guerra dos Cabanos, foi uma revolta de cunho social ocorrida na então Província do Grão-Pará, no Brasil.

Entre as causas dessa revolta citam-se a extrema miséria do povo paraense e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.

A denominação Cabanagem remete ao tipo de habitação da população ribeirinha mais pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios. A elite fazendeira do Grão-Pará, embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste.

Entre os anos de 1835 e 1840 o município esteve no centro da Guerra da Cabanagem, considerada a de participação mais autenticamente popular da história do país, única em que a população efetivamente derrubou o governo local.

Posteriormente receberia o título de Imperial Município, conferido por D. Pedro II (1840-1889). Entre as causas dessa revolta citam-se a extrema miséria do povo paraense e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.

A denominação Cabanagem remete ao tipo de habitação da população ribeirinha mais pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios.

A elite fazendeira do Grão-Pará, embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste.

A guerra durou cerca de cinco anos e provocou a morte de mais de 40.000 mil pessoas, cerca de 30% da população do Grão-Pará foi dizimada, tribos inteiras foram completamente exterminadas, visto como exemplo a tribo Mura.

Cabanagem – Antecedentes

Durante a Independência, o Grão-Pará se mobilizou para expulsar as forças reacionárias que pretendiam reintegrar o Brasil a Portugal. Nessa luta, que se arrastou por vários anos, destacaram-se as figuras do cônego e jornalista João Batista Gonçalves Campos, dos irmãos Vinagre e do fazendeiro Félix Clemente Malcher.

Formaram-se diversos mocambos de escravos foragidos e eram frequentes as rebeliões militares. Terminada a luta pela independência e instalado o governo provincial, os líderes locais foram marginalizados do poder.

Em julho de 1831 estourou uma rebelião na guarnição militar de Belém do Pará, tendo Batista Campos sido preso como uma das lideranças implicadas. A indignação do povo cresceu, e em 1833 já se falava em criar uma federação. O presidente da Provincia, Bernardo Lobo de Souza, desencadeou uma política repressora, na tentativa de conter os inconformados. O clímax foi atingido em 1834, quando Batista Campos publicou uma carta do bispo do Pará, Romualdo de Sousa Coelho, criticando alguns políticos da província. Por não ter sido autorizada pelo governo da Província, o cônego foi perseguido, refugiando-se na fazenda de seu amigo Clemente Malcher. Reunindo-se aos irmãos Vinagre (Manuel, Francisco Pedro e Antônio) e ao seringueiro e jornalista Eduardo Angelim reuniram um contingente de rebeldes na fazenda de Malcher. Antes de serem atacados por tropas governistas, abandonaram a fazenda. Contudo, no dia 3 de novembro, as tropas conseguiram matar Manuel Vinagre e prender Malcher e outros rebeldes. Batista Campos morreu no último dia do ano, ao que tudo indica de uma infecção causada por um corte que sofreu ao fazer a barba.

Cabanagem – Populares enfrentaram oficiais

Na noite de 6 de Janeiro de 1835 os rebeldes atacaram e conquistaram a cidade de Belém, assassinando o presidente Lobo de Souza e o Comandante das Armas, e apoderando-se de uma grande quantidade de material bélico. No dia 7, Clemente Malcher foi libertado e escolhido como presidente da Província e Francisco Vinagre para Comandante das Armas.

O governo cabano não durou por muito tempo, pois enquanto Malcher, com o apoio das classes dominantes pretendia manter a província unida ao Império do Brasil. Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e os cabanos pretendiam se separar. O rompimento aconteceu quando Malcher mandou prender Angelim. As tropas dos dois lados entraram em conflito, saindo vitoriosas as de Francisco Vinagre.

Clemente Malcher, assassinado, teve o seu cadáver arrastado pelas ruas de Belém.

Agora na presidência e no Comando das Armas da Província, Francisco Vinagre não se manteve fiel aos cabanos. Se não fosse a intervenção de seu irmão Antônio, teria entregue o governo ao poder imperial, na pessoa do marechal Manuel Jorge Rodrigues (julho de 1835). Devido à sua fraqueza e ao reforço de uma esquadra comandada pelo almirante inglês Taylor, os cabanos foram derrotados e se retiraram para o interior. Reorganizando suas forças, os cabanos atacaram Belém, em 14 de agosto. Após nove dias de batalha, mesmo com a morte de Antônio Vinagre, os cabanos retomaram a capital.

Eduardo Angelim assumiu a presidência. Durante 10 meses, a elite se viu atemorizada pelo controle cabano sobre a Província do Grão-Pará.

A falta de um projeto com medidas concretas para a consolidação do governo rebelde, provocaram seu enfraquecimento. Em março de 1836, o brigadeiro José de Sousa Soares Andréia foi nomeado para presidente da Província. A sua primeira providência foi a de atacar novamente a capital (abril de 1836), em função do que os cabanos resolveram abandonar a capital para resistir no interior.

As forças navais sob o comando de John Pascoe Grenfell bloquearam Belém e, no dia 10 de maio, Angelim deixou a Capital, sendo detido logo em seguida. Entretanto, ao contrário do que Soares Andréia imaginou, a resistência não terminou com a detenção de Eduardo Angelim. Durante três anos, os cabanos resistiram no interior da província, mas aos poucos, foram sendo derrotados.

Ela só cederia com a decretação de anistia aos revoltosos (1839). Em 1840 o último foco rebelde, sob liderança de Gonçalo Jorge de Magalhães, se rendeu.

Calcula-se que de 30 a 40% de uma população estimada de 100 mil habitantes morreu.

Em homenagem ao movimento Cabano um monumento foi erguido na entrada da cidade de Belém: o Memorial da Cabanagem, projetado por Oscar Niemayer, aliás o único no norte do Brasil.

Fonte: br.geocities.com/www.sampaio.to.gov.br/www.dicionarioinformal.com.br/www.senado.gov.br

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