Invasões Holandesas no Brasil

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Invasões Holandesas no Brasil – História

Em 1600, segundo Joannes De Laet, os holandeses possuíam dois fortes de madeira (Forte Nassau e Forte Oranje) na margem oriental do rio Xingu. Estes foram construídos por colonos da Zelândia. Em 1616, uma expedição Zeeland sob o comando de Pieter Adriaenszoon Ita navegou com 150 homens. Chegaram às margens do Rio Ginipape onde construíram um forte numa península.

Esta colônia sobreviveu por seis anos. As informações históricas sobre esses assentamentos são incompletas, mas durante os primeiros vinte anos do século XVII os holandeses mantiveram alguns fortes nesta região.

Aqui eles negociavam com os nativos.

A TENTATIVA ANTECIPADA

Após a fundação da WIC (West Indische Compagnie) em 1621, os holandeses voltaram seus olhos para a cidade mais importante do Brasil português: Salvador da Bahia de Todos os Santos.

A expedição para a conquista de Salvador da Bahia começou em dezembro de 1623. Totalizou 26 veleiros, 450 canhões e 3300 homens. O almirante era Jacob Willekens, o comandante das tropas era Jan Van Dorth.

O Almirante chegou ao largo de Salvador em 8 de maio de 1624. Na manhã de 9 de maio de 1624 as tropas holandesas desembarcaram a poucos quilômetros de Salvador, avançaram e entraram na cidade na manhã de 10 de maio de 1624. O governador português Diogo de Mendonça rendeu-se. Esta conquista acabou por ser de curta duração. De fato, na véspera da Páscoa de 1625, uma frota portuguesa de 52 navios, 1.185 canhões e 12.566 homens apareceu em Salvador. Os holandeses foram desmoralizados e capitulados em 30 de abril de 1625, um dia após a entrada dos portugueses na cidade. Este foi o fim da primeira, mas não a última, tentativa holandesa de capturar o Brasil português.

NOVA HOLANDA

A segunda e mais duradoura tentativa começou no verão de 1629. Desta vez o objetivo era Pernambuco, a melhor colônia açucareira do Brasil. O comandante da frota holandesa era Hendrick Corneliszoon Loncq.

Chegou a Pernambuco em fevereiro de 1630 com uma frota de 67 navios, 1.170 canhões e 7.000 homens. Eles lançaram seu ataque em 15 de fevereiro de 1630 e a ação foi bem-sucedida. Na noite de 16 de fevereiro de 1630, os holandeses estavam na posse de Olinda; a 3 de março acabou toda a resistência portuguesa e os holandeses eram senhores de Recife, Olinda e da ilha de António Vaz. A partir de 14 de março de 1630, os holandeses governaram suas conquistas por meio de um conselho político.

Enquanto isso, o governador português Mathias de Albuquerque organizou a resistência. Alguns acampamentos fortificados foram construídos ao redor do Recife, o mais importante se chamava Arraial do Bom Jesus, a apenas cinco quilômetros do Recife. Em maio de 1631, os holandeses ocuparam uma pequena ilha perto de Itamaracá, onde construíram um forte chamado Oranje, guarnecido por 366 homens sob o comando de Crestofle d’Artischau Arciszewski, capitão polonês. Os ataques portugueses impediram os holandeses de desenvolver seus fortes. Em novembro de 1631 os holandeses abandonaram Olinda e tentaram conquistar o Forte do Cabedelo na Paraíba, o Rio Grande, o Rio Formoso e o Cabo de Santo Agostinho, mas todas essas tentativas falharam. Em 20 de abril de 1632 um mulato português, Domingo Fernandes Calabar desertou para os holandeses. Nasceu em Porto Calvo (Alagoas) e conhecia muito bem o país; sua deserção foi muito útil para os holandeses.

Em 1º de maio de 1632, os holandeses ocuparam a pequena cidade de Igaraçu, perto da ilha de Itamaracá. Em fevereiro de 1633 o forte do Rio Formoso foi conquistado pelos holandeses e em março de 1633 também foi conquistado o arraial de Afogados e ali foi construído um forte. Em junho de 1633 a ilha de Itamaracá foi ocupada e ali foi fundado um povoado; em dezembro de 1633 van Ceulen capturou o Forte dos Reis Magos (Forte Holandês Ceulen) na foz do Rio Grande do Norte. Em março de 1634 os holandeses ocuparam um ponto de apoio no “pontal” do Cabo Santo Agostinho.

Após um breve cerco, o Forte Cabedelo na Paraíba rendeu-se em 19 de dezembro de 1634 e a cidade da Paraíba rendeu-se alguns dias depois.

Agora os holandeses controlavam todo o litoral do Cabo de Santo Agostinho ao Rio Grande.

Em março de 1635 os holandeses atacaram e conquistaram Porto Calvo. A 8 de Junho de 1635, após um cerco de três meses, foi também conquistado o arraial do Bom Jesus e, um mês depois, o Forte da Nazaré no Cabo de Santo Agostinho. O governador português com mais de 7.000 pessoas fugiu para o sul, mas encontrou cerca de 500 holandeses no forte de Porto Calvo, que lhe impediu o caminho.

Ele teve que atacar este lugar e após um breve cerco os holandeses capitularam.

Neste ataque os portugueses capturaram Domingo Fernandes Calabar que foi condenado à morte como traidor. A morte de Calabar foi um duro golpe para os holandeses. Em 24 de julho de 1635, os holandeses reocuparam Porto Calvo, que havia sido abandonado pelos portugueses em 22 de julho.

No início de 1636, reforçados por 2.500 homens de Portugal, os portugueses tomaram a iniciativa. Eles avançaram em Porto Calvo, mas seu comandante holandês, von Schoppe, evacuou a cidade.

A conquista de Porto Calvo deu aos portugueses a possibilidade de realizar muitas incursões contra Pernambuco, o que se tornou bastante inseguro para os holandeses.

Nessa época a diretoria do WIC decidiu colocar um Governador Colonial à frente da colônia brasileira chamado Nova Holanda. Johan Maurits, conde de Nassau-Siegen, foi o homem escolhido para este cargo; ele foi uma boa escolha.

O GOVERNO DE JOHAN MAURITS VAN NASSAU-SIEGEN (1637–1644)

João Maurício deixou a Holanda em 25 de outubro de 1636 e chegou ao Recife em 23 de janeiro de 1637. Resolveu não perder tempo em capturar Porto Calvo, que atacou com uma força de 3.000 soldados holandeses, 1.000 marinheiros e 1.000 ameríndios em 18 de fevereiro de 1637; o comandante napolitano Bagnuoli foi derrotado e os holandeses capturaram o forte após duas semanas de cerco.

Johan Maurits, saqueou a pequena cidade de Penedo e construiu um forte (Fort Maurits) a 18 milhas da foz do rio São Francisco. Com a conquista de sua primeira colônia de plantation, os holandeses passaram a precisar de escravos. Desde 1612 possuíam o pequeno forte de Moure na Costa do Ouro (atual Gana), mas os portugueses eram os donos desta costa. Com efeito, desde 1482 possuíam a grande fortaleza de São Jorge da Mina, o centro mais importante do tráfico de escravos. Para isso, Johan Maurits enviou uma expedição para atacar Elmina (São Jorge da Mina), a chave da Gold Coast.

A fortaleza capitulou em 28 de agosto de 1637. Em novembro de 1637, o coronel von Schoppe invadiu a província de Sergipe del Rey, e o comandante napolitano Bagnuoli escapou. Em dezembro de 1637 também foram conquistadas a província do Ceará e a cidade de Fortaleza. Agora os holandeses controlavam metade das então províncias brasileiras.

Os portugueses mantiveram um controle tênue sobre Salvador e a metade sul do Brasil.

No entanto, mesmo Salvador foi sitiada por um curto período de tempo em 1638. Em 8 de abril de 1638, uma força holandesa de 4.600 homens (3.600 holandeses e 1.000 ameríndios) tentou capturar Salvador.

Os holandeses desembarcaram, mas a guarnição da cidade era superior em número aos assaltantes. Johan Maurits decidiu arriscar um ataque em 17 e 18 de maio de 1638, que chegou muito perto de um sucesso.

No entanto, este ataque acabou sendo uma grande derrota para os holandeses e eles recuaram em 25-26 de maio. Enquanto os portugueses tivessem Salvador nas mãos, os holandeses no Brasil nunca estariam em condições seguras.

Em 1640 Portugal revoltou-se contra a Espanha, restabeleceu a sua independência e o duque de Bragança foi proclamado rei. Quando Johan Maurits recebeu a notícia, celebrou-a com festividades. Mas, apesar disso, a guerra continuou. Em 1641 os holandeses reocuparam São Cristóvão (que havia sido abandonada em 1637), e em novembro de 1641 também foi tomada a cidade de São Luís do Maranhão.

Foi iniciada uma expedição para a conquista de áreas chave da África portuguesa: São Tomé, Angola e Benguela. Em 23 de agosto de 1641 uma frota de 21 navios e 3.000 homens sob o comando de Jol e Henderson ancorou ao largo de Luanda (Angola) e três dias depois a cidade foi ocupada. Também Benguela (na atual Angola) foi tomada e em outubro as ilhas de São Tomé (16 de outubro de 1641) e Annobon foram capturadas. Finalmente, em fevereiro de 1642, foi também tomado o Forte de Axim, na Costa do Ouro, o último em mãos portuguesas. Com essas conquistas, o WIC tornou-se o governante de toda a costa da África Ocidental. Os melhores mercados de escravos naquela época estavam, portanto, sob o controle do WIC.

Desde o início Johan Maurits descreveu o Brasil como um país lindo e se apaixonou por ele. Ele era favoravelmente inclinado para os fazendeiros portugueses (moradores) e tolerava os padres católicos romanos.

Ele deu à colônia uma forma de governo local representativo através da criação de conselhos municipais e rurais. Ele desenvolveu o país; ruas, pontes e estradas construídas na cidade do Recife.

Na vizinha ilha de António Vaz fundou uma nova cidade chamada Mauritsstad ou Maurícia, onde foi construído o primeiro observatório astronômico e estação meteorológica das Américas em dois grandes sítios (chamados Boa Vista e Vrijburg), que incluíam jardins zoológicos e botânicos. Ele era um “Mecenas”. Em Nova Holanda, artistas famosos como Frans Post e Albert Eckhout e cientistas como Piso, Marcgraf e outros chegaram da Holanda.

Os holandeses eram, nessa época, os donos do Oceano Atlântico e Recife era, como Batávia no Oriente, a capital do império WIC (West Indische Compagnie). Em 1642, eles eram mestres de Nieuw Amsterdam (atual Nova York) e da colônia Nieuw Nederland na América do Norte. No Caribe possuíam as ilhas de Curaçao (hoje Curaçao), Aruba, Bonaire, Sint Eustatius, Sint Maarten, Saba, Tobago, St. Croix.

Na Costa Selvagem (hoje Guiana e Suriname) possuíam colônias no rio Essequibo e no rio Berbice, as ilhas de Santa Helena (uma possessão VOC) e Fernando de Noronha no Atlântico e a colônia de Nova Holanda ou Brasil Holandês. Na costa da África Ocidental tinham os castelos de Arguin (Mauritânia), Gorée (Senegal), Axim, Butri, Shama, Elmina, Moure (todos na Costa Dourada ), as ilhas de São Tomé e Annobon no Golfo da Guiné; os portos de Luanda e Benguela em Angola.

Os súditos holandeses no Brasil foram divididos em duas categorias: os empregados da WIC (soldados, burocratas, ministros calvinistas) chamados de “dienaaren” e os demais (colonos, comerciantes, artesãos e taverneiros) chamados de “vrijburghers” ou “vrijluiden”.. Muitos deles eram ex-soldados, que se casaram e se estabeleceram, mas também havia pessoas que emigraram da Holanda para buscar uma nova vida em Nova Holanda. Os livres-burgueses e comerciantes eram o pilar econômico da colônia, e a maior parte do comércio estava sob seu controle. Mas, apesar disso, a comunidade Burgher no Brasil era muito escassa para os propósitos do WIC.

Na colônia havia também uma florescente comunidade judaica de 1.450 almas em 1644. A população civil branca total de “vrijburgher” era de cerca de 3.000.

O controle holandês sobre o Brasil sempre esteve em perigo, e o WIC falhou em seu objetivo de colonização. A maioria dos colonos eram moradores portugueses de religião e língua diferentes, sempre prontos a revoltar-se contra os “hereges”. Em outubro de 1642 a província do Maranhão se revoltou e após um ano de combates as tropas holandesas recuaram. Em abril de 1642, os diretores do WIC escreveram a Johan Maurits, informando-o para retornar à Holanda na primavera de 1643. Ele não ficou feliz com isso e adiou sua partida até maio de 1644.

O FIM DE UMA “NOVA HOLANDA”

Privado da liderança de Johan Maurits, o WIC perdeu o controle sobre a colônia. Após sua partida, os fazendeiros portugueses se revoltaram contra o domínio holandês e após a batalha de Tabocas (3 de agosto de 1645), que terminou com uma derrota holandesa, os holandeses foram forçados à defensiva. Os portugueses conquistaram o controle da “várzea”.

As forças portuguesas atacaram Serinhaém e a guarnição holandesa rendeu-se em 6 de agosto de 1645. Em 13 de agosto de 1645 a fortaleza holandesa do Pontal de Nazaré no Cabo de Santo Agostinho também se rendeu.

Em 2 de setembro de 1645 os “moradores” da Paraíba se levantaram contra os holandeses e o Forte de Porto Calvo rendeu-se em 17 de setembro, seguido em 18 de setembro também pelo Forte Maurits no rio São Francisco. Em 22 de setembro, Sergipe del Rey, por sua vez, insurgiu-se contra os holandeses e no final do ano de 1645 os holandeses possuíam apenas Recife e em seus arredores os Fortes de Cabedelo (Paraíba), Ceulen (Rio Grande do Norte), as ilhas de Itamaracá e Fernando de Noronha.

Devido ao cerco de Recife pelos portugueses desde agosto de 1645, os palácios e parques de Johan Maurits e muitos outros edifícios em Mauritsstad foram arrasados para uma melhor defesa do Recife.

Na capital sitiada havia cerca de 8.000 homens, mas em junho, julho e agosto de 1646 uma frota holandesa de socorro chegou ao Recife. Em novembro de 1646 Fort Maurits foi reocupado pelos holandeses, mas em abril seguinte o local foi abandonado. Em fevereiro de 1647 uma expedição holandesa de 26 navios e 2.400 homens ocupou a ilha de Itaparicá na Baía de Todos os Santos. Este seria o último “coup de main”.

Uma nova frota portuguesa de 15 navios e 3.800 homens deixou Portugal em 18 de outubro de 1647 sob o comando de António Teles de Menezes, Conde de Vila-Pouca de Aguiar e governador do Brasil. Em 7 de novembro de 1647 outra frota portuguesa de 7 navios e 600 homens deixou Lisboa sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benavides, embora seu objetivo final fosse Luanda. Em 13 de dezembro de 1647, os holandeses evacuaram Itaparicá.

Uma nova frota holandesa sob o comando de Witte de With deixou a Holanda no dia seguinte ao Natal de 1647 e chegou – em Recife em março de 1648. Na noite de 17 para 18 de abril de 1648, um esquadrão holandês de 5.000 homens sob o comando do comandante von Schoppe atacou as forças portuguesas no “ várzea” e marcou o primeiro sucesso. No entanto, na manhã de 19 de abril de 1648, os portugueses (apenas 2.200 homens) lançaram um ataque aos Guararapes, que acabou sendo uma vitória esmagadora. Os holandeses deixaram 500 mortos e 556 feridos. Pouco depois, os portugueses reocuparam Olinda.

Os holandeses em Recife foram novamente sitiados. Em 12 de maio de 1648 Salvador Correia de Sá com 15 navios e 2.000 homens partiu do Rio para Luanda na tentativa de reconquistá-lo.

Ele conseguiu retomar Luanda em 24 de agosto de 1648. No final do ano de 1648 as forças holandesas no Brasil totalizavam cerca de 6.000 homens brancos e 600 ameríndios.

Em 18 de fevereiro de 1649, uma força holandesa de 3.500 homens ocupou os Guararapes. O comandante português Francisco Barreto marchou contra eles com uma força de 2.600 homens e a batalha subsequente de 19 de fevereiro foi uma vitória esmagadora para os portugueses, e os holandeses deixaram 957 mortos.

Uma expedição holandesa sob o comando de Mathias Beck desembarcou em abril de 1649 no Ceará, que havia sido abandonado no final de 1643 e fundou um novo forte chamado Schonenburgh.

Em fevereiro de 1650, a situação dos holandeses no Recife, fortemente sitiados por terra, era muito precária, e a guarnição de 3.000 homens estava desmoralizada. Havia cerca de 8.000 civis, dos quais cerca de 3.400 eram vrijburghers, 600 eram judeus e 3.000 a 4.000 eram ameríndios ou negros. A escassez de alimentos e provisões era o pior inimigo. A força das guarnições dA Nova Holanda era de cerca de 4.000 homens incluindo as guarnições da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Em 20 de dezembro de 1653, uma frota portuguesa de 77 navios apareceu ao largo do Recife. Entretanto, e ao contrário do que acontecia em 1650, os depósitos da vila estavam cheios de mantimentos, mas nesta altura a guarnição estava bastante despreparada para oferecer resistência.

Em 22 de janeiro de 1654, os holandeses pediram termos de rendição e, em 26 de janeiro de 1654, a capitulação foi assinada.

Não só Recife, mas todos os lugares ainda em mãos holandesas foram incluídos: Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Itamaracá, Fernando de Noronha.

Os portugueses fizeram sua entrada triunfal em Recife em 28 de janeiro de 1654 e o WIC nunca se recuperou da perda da Nova Holanda.

Invasões Holandesas no Brasil – O que foram

Não foi uma guerra regional, ao contrário teve repercussão mundial representando a luta pelo controle de açúcar e das fontes de suprimento de escravos.

Em 1578 o rei de Portugal Dom Sebastião I, desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir no norte da África, seu tio o cardeal Dom Henrique passou a ser o rei. Com sua morte assumia o trono de Portugal, Dom Felipe II da Espanha. O Brasil passou a ser um domínio espanhol em resultado da União Ibérica.

A Holanda era inimiga da Espanha e desta forma o comércio do açúcar com o Brasil foi proibido, os holandeses para não perder o rentável negócio resolveu através da Companhia das Índias Ocidentais invadir o Brasil e dominar a produção mundial do açúcar.

Invasões Holandesas no Brasil
Paisagem pernambucana com um rio, obra do pintor holandês Frans Post (1612-1680).

Em 10 de maio de 1624 a cidade de Salvador na Bahia foi atacada pelos holandeses e ocupada, mas por pouco tempo sendo expulsos por espanhóis e portugueses em 1625. Em 1630 os batavos desta vez vão atacar Pernambuco. Desta vez os holandeses só vão sair em 1654, após guerras e uma rica indenização de Portugal.

Em 1637 foi enviado para o Brasil o Conde Maurício de Nassau, responsável pela Nova Holanda no nordeste brasileiro. Nassau deu liberdade de religião, restaurou as cidades de Olinda e Recife, construiu prédios, pontes, fortes, jardins zoológico e botânico, trouxe cientistas, cartógrafos e pintores, entre eles Franz Post que retratou o Brasil daquela época.

Entre 1640 e 1641 sete das catorze capitânias brasileiras estavam sob o controle dos holandeses, e os banqueiros judeus da Holanda emprestaram dinheiro aos senhores de engenho, mas em 1640 iniciou a guerra entre a Holanda e a Inglaterra, pela disputa do comércio mundial. E os holandeses precisando de dinheiro começaram a cobrar as dívidas dos brasileiros, tomando as terras dos que não pudessem pagar.

Em 1640 Portugal havia rompido com a Espanha, era o fim da União Ibérica, em 1644 Nassau voltava para a Holanda, no Brasil os senhores de engenho começaram a Insurreição Pernambucana na tentativa de expulsar os holandeses. E obtiveram êxito em 1654, mas com Portugal pagando pesada indenização.

Os holandeses vão para as Antilhas onde passaram a produzir o açúcar que vai levar a crise do produto no Brasil, alguns holandeses já haviam ido embora do Brasil e ido fundar a cidade de Nova Amsterdã em 1626 (atual Nova York nos Estados Unidos).

Invasões Holandesas no Brasil – Ocupação

Antes do período de domínio espanhol sobre Portugal (1580 a 1640), portugueses e holandeses têm vários acordos comerciais: companhias privadas holandesas ajudam a financiar a instalação de engenhos de açúcar, participam da distribuição e comercialização do produto na Europa e do transporte de negros da África para o Brasil.

Espanha e Holanda, no entanto, são potências rivais e, durante o domínio espanhol, os holandeses são proibidos de aportar em terras portuguesas e perdem os privilégios no comércio do açúcar.

Invasão da Bahia (1624-1625)

A primeira tentativa holandesa de se estabelecer no Brasil ocorre em maio de 1624. Uma expedição conquista Salvador e consegue resistir aos portugueses por quase um ano. Em abril de 1625 são repelidos por uma frota de 52 navios organizada por Espanha e Portugal.

Comandados por Jacob Willekens e Johan van Dorth os holandeses tomaram Salvador, mas não conseguiram estabelecer maiores contatos na área açucareira devido à resistência chefiada pelo bispo D. Marcos Teixeira. Em 1625 a conjugação de tropas pernambucanas com a esquadra luso-espanhola de Fradique de Toledo Osório conseguiu expulsar os invasores.

Invasão de Pernambuco e Ocupação do Nordeste

Em 1630, nova expedição ocupou Pernambuco, sendo a resistência no interior liderada por Matias de Albuquerque que, conseguiu sustentar-se, até 1635, quando a superioridade de recursos dos invasores acabou por obrigá-lo a retirar-se.

A par da luta militar, os holandeses procuraram consolidar-se e expandir sua dominação.

Entre 1637 e 1644 passou a governar o domínio holandês o conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen que realizou melhoramentos urbanos no Recife e desenvolveu uma política de entendimento com proprietários de engenhos e comerciantes portugueses.

Simultaneamente, a Companhia ampliava seus investimentos nos engenhos pernambucanos, emprestava dinheiro aos senhores e avançava militarmente sobre outras regiões.

O fracasso na tentativa de conquistar Salvador (1638) não impediu que os holandeses estendessem seu domínio até o Maranhão.

A restauração da independência portuguesa (1640), a saída de Nassau do governo por desentendimento com a Companhia (1644) e o vencimento dos empréstimos aos senhores de engenho motivaram a Insurreição Pernambucana, movimento cujos principais líderes foram João Fernandes Vieira, Henrique Dias, Felipe Camarão e André Vidal de Negreiros.

Vencedores nas batalhas do monte das Tabocas (1644) e Guararapes (1648 e 1649), isolaram os holandeses em Recife, obrigando a capitulação em 1654.

Em 1661 foi assinado o tratado de Haia, no qual os holandeses desistiam do Brasil, mediante uma indenização.

A invasão de Olinda e Recife (1630-1654)

O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o Almirante Pieter Heyn, a serviço da W.I.C., interceptou e saqueou a frota espanhola que transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas.

De posse desses recursos, os neerlandeses armaram nova expedição, desta vez contra um alvo menos defendido, mas também lucrativo, na região Nordeste do Brasil.

O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pelos espanhóis. Investiram, desse modo, sobre a Capitania de Pernambuco, em 1630, conquistando Olinda e depois Recife.

A invasão de Salvador (1624-1625)

A invasão, inicialmente, teve caráter exclusivamente mercantil. Os navios da Companhia das Índias Ocidentais (WIC), em 1624, atacaram a Capital do Estado do Brasil, aprisionando o governador-geral Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624). O governo da cidade de Salvador, passou a ser exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth.

Durante o período em que Van Dorth esteve no poder, houve mudanças radicais na vida dos brasileiros e portugueses radicados na Bahia. Houve a libertação dos escravos, que passaram a ser tratados em pé de igualdade com os brancos e adaptação do povo aos costumes da República Holandesa.

Em 1625 a Espanha enviou, como reforço, uma esquadra de 52 navios, com quase 14.000 homens, a maior então enviada aos mares do Sul: a famosa Jornada dos Vassalos.

Essa expedição derrotou e expulsou os invasores holandeses.

Holandeses em Pernambuco

Em 1630 os holandeses fazem nova investida. Conquistam Recife e Olinda, em Pernambuco, maior centro produtor de açúcar da colônia. Permanecem na região por 24 anos.

Conquistam o apoio de boa parcela da população pobre local, como o mulato Calabar, e de muitos senhores de engenho.

O período de maior prosperidade da colônia holandesa ocorre no governo do príncipe de Nassau, entre 1637 e 1644. Quando Nassau volta para a Holanda, a vila de Recife entra em rápida decadência.

Conflitos entre os administradores e donos de engenho reduzem a base de apoio dos holandeses e sua resistência diante dos constantes ataques portugueses.

As invasões holandesas – Período

1624- Tentativa de Invasão de Salvador. Depois de 9 meses foram expulsos pela jornada dos Vassalos ( 52 navios e 12 000 homens);
1625-
 Invadiram Salvador pela 2ª vez, ficaram uma semana e foram expulsos;
1628- 
Invadiram Fernando de Noronha;
1630-
 Invasão de Pernambuco( 37 navios e 3000 soldados holandeses). Resistência( 1630-1637). Nassau (1637-1644). Insurreição PE (1645-1654);

Os colonos brasileiros produtores de cana-de-açúcar aceitaram a colonização holandesa inicialmente, pois estes ajudariam o engenho e o desenvolvimento da indústria do açúcar.

Calabar foi um traidor do exército luso e passou para o lado holandês.

A Holanda possuía uma economia desenvolvida, tinha capitais provenientes das imigrações de judeus e protestantes, tem tolerância religiosa, poderia fazer altos investimentos no Brasil.

1637- Vai para a região colonizada o governador holandês Maurício de Nassau Siegen (1637-1644), ele reformou Recife ( Mauritztadz), reurbanização de Recife, modernizou-a fez obras de arte, enriqueceu a cultura, as ciências, europeização, estabeleceu a liberdade religiosa e ajudou financeiramente os engenhos, financiou-os. Trouxe investimentos através do Banco de Amsterden e fez distribuição de terras. Seu objetivo era retomar a produção açucareira;

Os engenhos começaram a entrar em crise num ano de pragas e seca e a Companhia das Índias Ocidentais, que cobrava altos impostos começou a cobrar os inadimplementos e pressionar os senhores de engenho, começou a tomar terras, acabou com a demissão de Maurício de Nassau, pois ele “privilegiava” os senhores de engenho, isso acarretou a Insurreição Pernambucana.

Invasões Holandesas – Motivo

Por duas ocasiões, os holandeses tentaram se estabelecer no Nordeste brasileiro: em 1624 na Bahia e em 1630 em Pernambuco.

Os motivos dessas investidas: parceiros dos portugueses no comércio de açúcar e escravos, os holandeses tiveram seus interesses econômicos prejudicados quando os portugueses passaram,em 1580, o trono português para a Coroa Espanhola.

Como eram rivais dos espanhóis, os holandeses não só perderam o comércio de açúcar, como também foram proibidos de aportar em terras portuguesas.

Para tentar recuperar seus negócios na África e na América, em 1621 o governo e um grupo de companhias holandesas fundam a Companhia das Índias Ocidentais (espécie de empresa comercial, militar e colonizadora) e partem para as investidas.

A primeira tentativa dos holandeses em ocupar o Nordeste brasileiro ocorreu em maio de 1624, quando eles atacam e ocupam Salvador, Bahia, cidade da qual seriam expulsos em abril de 1625, depois de um mês de lutas contra as tropas luso-espanholas.

Em fevereiro de 1630, acontece a segunda investida: chega ao litoral pernambucano uma esquadra de 56 navios da Companhia das Índias Ocidentais e os holandeses ocupam Olinda e Recife.

A ocupação não é total, porque no Arraial do Bom Jesus, a 6 km do Recife, guerrilhas são comandadas por luso-brasileiros como Henrique Dias, Martin Soares Moreno e Felipe Camarão.

Em janeiro de 1637, o conde João Maurício de Nassau-Siegen chega ao Recife trazendo um grande contingente militar; em pouco tempo consegue adesão dos cristãos novos, dos índios, dos negros e mulatos e, apesar das guerrilhas, expande o domínio holandês no litoral nordestino, do Maranhão até a foz do Rio São Francisco.

Com medidas como a concessão de empréstimos aos senhores de terra, o conde restabelece a produção de açúcar e, até a restauração de Portugal, em 1640, os holandeses não enfrentam grandes problemas no Nordeste brasileiro.

Em 1644, por discordar do governo holandês que precisava de dinheiro e determinou o imediato pagamento dos empréstimos concedidos aos senhores de terra nordestinos, Maurício de Nassau retorna à Europa.

Com a ausência do conde, o domínio holandês no Nordeste é enfraquecido e a 03 de agosto de 1645 acontece a Batalha das Tabocas, o primeiro confronto entre os holandeses e os luso-brasileiros.

Este conflito deu início a expulsão definitiva dos holandeses que aconteceria nove anos mais tarde (ver Batalha dos Guararapes). Enquanto permaneceu no Nordeste brasileiro, Maurício de Nassau conseguira administrar sem problemas a colônia holandesa.

Ele recebia salário milionário, ajuda de custo e ainda ficava com 2% sobre todos os lucros obtidos pela colônia. Daí, sua disposição em realizar obras de urbanização no Recife; estimular a recuperação de engenhos; desenvolver fazendas de gado. Para conquistar simpatia, permitia a liberdade política e de culto.

Em sua equipe, Maurício de Nassau trouxera cientistas que realizaram estudos de medicina, história, meteorologia e astronomia, além de artistas como Albert Eckhout e Franz Post, os primeiros pintores a retratar cenas da vida brasileira.

Um dos fatores que contribuíram para a derrota dos holandeses: enfraquecida pela guerra contra a Inglaterra, em 1652, a Holanda não teve condições de reforçar sua posição no Brasil. No livro “O Negócio do Brasil – Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641/1649” (Topbooks, 1998), o historiador pernambucano Evaldo Cabral de Melo diz que a expulsão dos holandeses não foi resultado de guerras valentes, mas de um acordo pelo qual Portugal pagou 4 milhões de cruzados (equivalentes a 63 toneladas de ouro) para ter o Nordeste brasileiro de volta.

Sob ameaça permanente de novos ataques não só ao Nordeste brasileiro como também a Lisboa, segundo o historiador, Portugal passou 15 anos negociando e em 1669 fechou o negócio.

O pagamento da indenização levou quatro décadas, através de prestações anuais.

Durante esse período, houve ameaças de calote, o que só não aconteceu porque nessas ocasiões os Países Baixos (que eram a principal potência econômica e militar do Século XVII) despachavam a Marinha de Guerra até a foz do Rio Tejo.

Invasões Holandesas no Brasil – Causa

As invasões holandesas estão interligadas a aspectos vários, sendo que devemos salientar a disputa holandesa pelo açúcar e pelos conhecimentos que permitiriam quebrar a hegemonia luso – espanhola de produção e comercialização daquele produto, à Guerra dos Trinta Anos, à União Ibérica, à Restauração da Monarquia Portuguesa e à Companhia das Índias Ocidentais.

Os processos de conquista

Os holandeses, que durante o século XVI se tornaram detentores de uma poderosa tecnologia naval, aperceberam-se da vulnerabilidade das povoações portuguesas instaladas no Brasil, possuindo um especial interesse na região do Nordeste, devido à sua produção de açucar. Oscilando algum tempo entre Pernambuco ou S. Salvador da Bahia, decidiram primeiramente atacar e conquistar a segunda povoação, tendo o primeiro ataque holandês à costa brasileira ocorrido em 1624, na região baiana. A esta chegaram 1700 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens. Apesar dos alertas emitidos da Península Ibérica e das tentativas de Diogo Mendonça Furtado, Governador – Geral do Brasil, para defesa da costa brasileira, os invasores desembarcam a 10 de Maio de 1624 e, para sua grande surpresa e contentamento, quase não encontraram resistência.

Os poucos disparos de canhão das tropas holandesas conseguiram destruir os navios lusos ancorados no porto da cidade e dispersar, devido ao pânico, os defensores de S. Salvador.

O governador ainda tentou entrincheirar-se no Palácio, o que acabou sendo uma manobra inútil, pois tanto ele como o seu filho e alguns dos seus oficiais foram aprisionados pelas tropas invasoras e enviados para os Países Baixos.

Começava o primeiro perído de presença neerlandesa naquele território. Num primeiro momento existiu um claro interesse pela zona urbana. Contudo, posteriormente à tomada da cidade e do seu saque, os holandeses decidiram investigar a região da Bahia e seu entorno. Contudo, apenas conseguiram ocupar São Salvador da Bahia, porque sempre que se aventuravam no desconhecido, eram atacados por portugueses numa manobra quase de guerrilha.

Mais tarde, a união ibérica, que reunia as coroas espanhola e portuguesa, decidiu reagir a esta conquista efetuada dentro de um território comum, formando uma esquadra que rumaria ao Brasil para reconquistar o território ocupado. Os holandeses ficariam retidos dentro dos limites da cidade de S. Salvador. Em 1625 enfrentariam as tropas organizadas com o intuito de expulsá-los da cidade. A esquadra era comandada por Dom Fradique de Toledo Osório, que acabaria bem sucedido em seus intentos. Após duros combates, os invasores retiraram-se no 1º de Maio. Contudo, tal não seria o fim dos planos que os Países Baixos possuíam para o Brasil.

A derrota infligida em 1625 serviu apenas para que os Países Baixos ponderassem melhor as atitudes a tomar face aos propósitos que possuíam, refinando assim os seus planos. Em Fevereiro de 1630 uma esquadra com 64 navios e 3800 homens conquistará a zona de Pernambuco, passando a dominar as cidades de Recife e Olinda. Sem possuir treino militar, a população opta por não resistir, e os invasores enviam mais 6000 homens para a região, de forma a garantir a posse da mesma.

Fortificaram as cidades conquistadas e deslocaram para as mesmas homens e armamento suficientes para mantê-las sob o seu poder, combatendo a guerrilha que se organizava contra a sua presença em terras brasileiras. Incendiavam e saqueavam os engenhos dos que se rebelavam e prometiam paz e prosperidade aos que lhes vendessem o açucar produzido. Aliaram-se aos índios e firmavam alianças com os mesmos, para melhor dominarem a zona.

Contudo, a conquista e manutenção do território não foi fácil. No Brasil os holandeses depararam-se com uma melhor organização das atividades de guerrilha, sediadas especialmente no Arraial do Bom Jesus, lugar a meia distância entre Olinda e Recife. À frente dessas investidas encontrava-se Matias de Albuquerque.

Num período inicial a resistência conseguiu, em alguns momentos, manter os holandeses isolados no litoral, impedindo assim uma real tomada de posse do interior pernambucano. Porém, a partir de 1634, graças à “traição” de Domingos Fernandes Calabar e à habilidade do coronel Crestofle Arciszewski, os neerlandeses conseguem a derrota deste movimento de guerrilha, conquistando o Arraial Velho do Bom Jesus e iniciando um processo de estabilização da região.

Fonte: www.colonialvoyage.com/Frederico Czar (Professor de História)/www.smileatyou.com/www.conhecimentosgerais.com.br

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